Aprender a Ensinar – Metodologia

Inicialmente, as crianças preferem brincar e se divertir. Figura: Beto.

O minivoleibol é um jogo no qual afluem e se agrupam esquemas motores estáticos e dinâmicos, aspectos coordenativos, da esfera cognitiva e emocional. Todos concorrendo para se conseguir novas habilidades motoras. Já falamos em outro momento sobre o trabalho desenvolvido na Itália a respeito de uma metodologia a respeito. Retornamos ao assunto para uma vez mais estimular os professores a dotarem suas escolas (ou clubes) do equipamento necessário. Faremos isto em postagens sucessivas. 

Chamamos a atenção para um fato: que o professor não se preocupe tanto no início dos trabalhos e se tudo está dando certo ou errado, mas que, junto com as suas turmas, realizem um aprendizado eficaz. Na interação professor-aluno é que se constrói a verdadeira comunicação e, consequentemente, o aprendizado pleno. Como dizia: “Faço-me criança e aprendo com elas”!   

Características e regras 

O minivôlei é um jogo coletivo praticado por duas equipes com dois ou mais jogadores num campo medindo 12m x 5m. Nas competições joga-se com três jogadores em cada campo (3×3) e, eventualmente, 4×4. 

Organização

Um ginásio pode conter vários campos lado a lado, longitudinalmente, com diferentes dimensões. 

Material e equipamento

  • várias redes pequenas
  • giz ou fita adesiva

Aprendizagem…  transformando meios de informação em meios de comunicação. 

Possibilitar que a criança atue, modifique e transforme a própria realidade, proporcionando técnicas de aprendizagem, auto-expressão e participação. 

A criança está no centro da atividade proposta:

  • o aluno é o protagonista
  • a bola é um brinquedo
  • o jogo vem antes da técnica
  • a técnica e a tática se aprendem jogando

Progressão metodológica

A progressão parte do 1×1, passa ao 2×2 e ao 3×3, onde estão contidas todas as características do jogo de equipe: 

  • a divisão do campo com o colega
  • a triangulação do passe
  • o levantamentos para o ataque
  • a tática de jogo

Estruturação da Atividade

O jogo é o instrumento principal em suas formas mais simples; com a progressiva aquisição da habilidade passa-se aos jogos mais complexos.

Zona da Mata

Repercussão juiz-forana

Dando seguimento à comunicação com os meus leitores quanto às informações de acesso, percebam como uma simples manifestação provoca reações em cadeia satisfatórias, felizmente. Além do texto postado recentemente em 26 de agosto – Carta Mineira – remeti mensagem à Professora Dra. Edna Ribeiro Hernandez Martin, Diretora da Faculdade de Ed. Física da UFJF. Em 1º de setembro recebi sua amável resposta deixando-me esperançoso quanto ao futuro relacionamento com seus alunos e professores. Espero visitá-los em breve. Mas os reflexos dessa influência já produziram frutos, pois de um único visitante em Juiz de Fora, 12 dias passados contam-se agora sete, e bastante interessados: foram consultadas 17 páginas que demandaram 32 minutos. Esses dados só foram ultrapassados por um internauta de Araçatuba (SP) que consumiu 43 páginas em tempo recorde de permanência: 54 minutos.

Valor do blogue. O fato em si poderia passar despercebido, mas acentuo principalmente aos catedráticos, professores e acadêmicos de Educação Física para o valor que representa não só a leitura em si, mas o bate-papo e os trabalhos de pesquisa. Para os docentes, especializados ou não em voleibol, a transparência e a simplicidade de detalhes que contribuirão para a riqueza de seu trabalho nas escolas. É um momento em que pretendo trazer a letra fria impressa no papel para a sala de aula, para nossa quadra de jogo, ou melhor, ainda, para a sua vida.

Querem um exemplo? Vejam o artigo “Teoria vs. Prática” (27.11.2009) no qual converso com o Professor João Crisóstomo M. Bojikian da Universidade Presbiteriana Mackenzie. O assunto derivou de minha leitura sobre um de seus magníficos escritos publicados na Internet sob o título “Vôlei vs. Vôlei”. Lembrando ainda que os conceitos de Metodologia e Pedagogia emitidos nos textos são universais, atuais e perfeitamente transferíveis para qualquer atividade humana, inclusive outros desportos.

Adquirindo conhecimento. Atualmente ando interessado em estabelecer relações entre a natureza dos textos e aprendizagens. Daí minha motivação em ampliar os diálogos. Percebo que o estilo que se imprima ao blogue tem a ver com a busca conjunta de um domínio dos assuntos. Alie-se a isto a própria natureza da mídia – escrita ágil, com poucas palavras, que informa enquanto analisa e faz crítica. É uma escrita que tem o ritmo incessante dos acontecimentos e compatível com a dinâmica da vida atual. No meu caso, isso me ajuda a ficar informado, atualizado e aprender. Fica a sugestão para os meus leitores, que agora são muitos, para que participem, indaguem, discutam e aproveitem esta excelente ferramenta em que se pretende aprender e a compartilhar algum conhecimento. Chama-se a isto “troca de experiências”.

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Internautas viçosenses

Seguindo os passos da Manchester Mineira, volto-me para a cidade de Viçosa, também da Zona da Mata. Ali encontrei a Universidade Federal, a UNIVIÇOSA e a Escola Superior. No site da Federal descubro que para a licenciatura e bacharelado em Educação Física estão destinadas 70 vagas (+ 60 no Campus Florestal). Estou fazendo contato com a direção do estabelecimento no sentido de divulgar minhas propostas. Surtirá o mesmo efeito? Aguardemos.  

Universidade Federal: plobato@ufv.br, em 7.9.2010.

Departamento de Educação Física     

Senhor Professor,

Imbuí-me da tarefa de expressar minhas experiências na área do ensino do voleibol para crianças pela web. Formatei, então, o PROCRIE, um Centro de Referência em Iniciação Esportiva virtual. Está voltado principalmente para professores e acadêmicos e sua missão traduzida em “Aprender a Ensinar”. Suas premissas estão colocadas no endereço www.procrie.com.br para o qual peço sua visita. Poderá constatar também a aceitação que venho encontrando do professorado em todo o País e, incrível, nos cinco Continentes. Com certeza, um dos milagres do Google Translate.

Estou realizando contatos com os professores responsáveis pela Educação Física no sentido de, se aprovado o que se contém no Procrie, divulgar entre seus alunos para que possam, igualmente com outros colegas do Brasil, se locupletar de minhas vivências e, mais ainda, enriquece-las com o seu contato. Ali estão contidos diversos aspectos de competências e qualificações inerentes ao profissional de Educação Física. As postagens indicam o caminho para a Meritocracia, ensino de qualidade e oportunidades de negócios.

Há pouco, poderá constatar no artigo “Carta Mineira” estabeleci contato com a ilustre Professora Edna Martin, da UFJF que amavelmente mostrou-se interessada. Além disso, já existe em Viçosa pessoa visitando o site. Atenciosamente.

Saque: técnica, tática & marketing

Ser ou não ser, eis a questão

Adquirindo conhecimento. Atualmente ando interessado em estabelecer relações entre a natureza dos textos e aprendizagens. Daí minha motivação em ampliar o diálogo com os interessados. Percebo que o estilo que se imprima ao blogue tem a ver com a busca conjunta de um domínio dos assuntos. Alie-se a isto a própria natureza da mídia – escrita ágil, com poucas palavras, que informa enquanto analisa e faz crítica. É uma escrita que tem o ritmo incessante dos acontecimentos e compatível com a dinâmica da vida atual. No meu caso, isso me ajuda a ficar informado, atualizado e aprender. Fica a sugestão para os meus leitores, que agora são muitos, para que participem, indaguem, discutam e aproveitem esta excelente ferramenta em que se pretende aprender e a compartilhar algum conhecimento. Chama-se a isto “troca de experiências”.

Bola ou búrica? Sorte ou azar? Quando criança, jogávamos muito o jogo bola de gude e num determinado tipo era necessária a escolha antecipada que o menino deveria fazer: ele lançaria a bola sobre a bola do adversário ou diretamente na búrica (pequeno buraco no chão de terra)? Esta providência foi resultado de muitas discussões, pois até então o jogador lançava a bola e no que acertasse – bola adversária ou búrica – estaria valendo. A partir dali, passou-se a definir a escolha antecipada. Isto redundou em providências táticas, pois passaram a examinar o contexto e a decidir o que seria melhor para eles. Essa regra foi também inserida no jogo de sinuca: o jogador deve enunciar a priori em que bola vai jogar e até mesmo a caçapa em que a bola vai “morrer”.

Ace! Brasil campeão mundial! Essas lembranças me foram inspiradas pelo excelente trabalho do Professor João Crisóstomo sobre a final do Mundial de Voleibol de 2002 na Argentina entre Brasil e Rússia: placar 14X13 para os brasileiros, no quinto set. Giovane, atleta que até dois pontos atrás se encontrava na reserva foi encarregado do saque para o Brasil. A partir da posição um (I), próximo à linha lateral, lançou a bola para o alto e para o lado – em direção à posição seis (VI) – em um salto com deslocamento em diagonal surpreendente, sacou em direção à posição quatro (IV) da quadra russa. “Ace”! Brasil campeão mundial!

Faço pequeno reparo à descrição do lance, pois assisti à cena no vídeo marqueteiro do próprio Giovane por duas vezes, em Florianópolis. Segundo ele, Giovane, “senti no ar que deveria inovar e alterar a direção do saque”. A bola tocou o chão adversário sobre a linha lateral correspondente, entre as posições IV e V. Mas tal não importa, pois talvez minha memória possa estar me traindo uma vez mais.

Saque marqueteiro. O lance citado – em que o Giovane decidiu a partida, e o campeonato – pode ser analisado com a mesma profundidade atribuída, mas de outros ângulos, isto é, consignando-se novas visões e, por isso, chegando-se a conclusões variadas. Um mesmo fato nunca é visto do mesmo modo pelos indivíduos presentes. Dentro de um shopingue, ouvi-o relatar esta história, a qual me atrevo a tirar possíveis interpretações. Naquele momento limitei-me a ouvir e esboçar um leve sorriso, pois não o conheço o suficiente para julgar. Contudo, como atleta de alto nível, suas qualificações estavam demasiadamente reduzidas, isto é, era um excelente “passador” e “atacante de entrada de rede” que, como dizíamos antigamente, “atacante de uma bola só”. Invariavelmente, os levantamentos para ele – sempre na “entrada da rede” (IV) – eram de bolas “chutadas” (rápidas) à meia altura e suas cortadas orientadas para a “diagonal” (entrada de rede adversária). Raríssimas vezes foi visto buscando outros pontos da quadra. Bem mais tarde, foi lançado como “atacante de bolas chutadas no meio de rede” com excelente aproveitamento, pois ninguém até então realizava este tipo de ataque. Seu saque nunca foi o ponto forte e, numa final, no ponto decisivo, não acredito mesmo. O atleta russo de entrada de rede (IV) fez golpe de vista e a bola tocou a linha. “Incrível, mas valeu”!

Conclusão. Voltando aos comentários do saque que decidiu um mundial, em igualdade de condições um detalhe pode fazer a diferença numa partida de voleibol. E no alto nível temos visto inúmeros casos através dos anos. Sorte, acaso, fatalidade? O leitor saberá tirar suas conclusões. Um cronista de basquetebol disse certa vez: “O jogo deveria ter um minuto de duração e o placar inicial partiria de 100 a 100”! Parece que estamos todos habituados a só perceber os detalhes no final das partidas; as outras fases parecem ser dispensáveis. Além disso, considere-se que um atleta fora de série não é aquele que ostenta o maior número de títulos, mas o que possui todos, ou quase todos os fatores necessários para a prática de uma modalidade esportiva, em altíssimo grau de adequação. Dessa forma, será muito pouco provável encontrar no voleibol moderno alguém com tais características, haja vista que os diferentes fatores – podemos dizer os fundamentos – estão distribuídos taticamente entre os componentes de uma equipe. Assim, são premiados (estatisticamente) “o melhor passador”, “melhor defesa”, “melhor levantador”, “melhor atacante”, e por aí vai… Isto me faz lembrar dois fatos que deixo para os leitores pensarem:

) Conversa com excelente profissional da equipe técnica da seleção brasileira masculina; indagado sobre o desempenho de um dos atletas no Mundial da Argentina (2002) disse-me categoricamente: “Ele foi eleito o melhor atacante do torneio”! No que retruquei: “Na minha primeira aula de Estatística o professor nos alertou para o perigo das conclusões apressadas, pois há que ter bom senso para interpretá-las”. E nova pergunta: “Por que então o atleta não jogou as duas últimas partidas, as finais”? Não houve resposta… (e não estava contundido)

) No início do apogeu do vôlei nacional – em 1984 – as atenções gerais estavam voltadas para três excelentes jogadores, os destaques da equipe: Bernard, Renam e Xandó. Os dois últimos com características semelhantes de ataque, principalmente vindos do fundo da quadra. Nessas circunstâncias, eram desobrigados da recepção do saque, com a missão exclusiva de ataque pela saída de rede com extrema potência. Ocorre que para não sofrerem a ação de bloqueio duplo, o que lhes prejudicava a eficiência, fazia-se necessária a participação do não menos excelente Bernard pelo meio da rede atraindo para si o respectivo bloqueador, pois era ágil e hábil em bolas rápidas, tendo para isto muita velocidade de braço. Isto fazia com que lhe fosse dada especial atenção, o que contribuía para liberar os atacantes de “ponta” (da rede) de bloqueios duplos, inclusive os que vinham do fundo (Renam e Xandó). Em muitos jogos pude ver a dificuldade que ambos possuíam e mais ainda, até de atacar com eficiência quando não tinham a possibilidade das “corridas de impulsão”. Enquanto isto, Bernard era o melhor passador – recepcionava e imediatamente atacava – e o mais eficiente, ainda que com bloqueio altíssimo à sua frente pelo meio de rede. Com certeza as estatísticas não detectavam as fintas (sem bola) que liberavam os dois “pontas” para as suas potentes cortadas.

No excelente texto do português Arlindo Miranda (sovolei/A Nossa Missão, Zona 7), ele reporta ao mesmo lance, agora com alguns detalhes do técnico Bernardo: “Perfeito: golpe forte, bola dentro, quase na linha (15-13). Éramos Campeões do Mundo. Uma curiosidade. Na manhã do jogo tínhamos acabado de treinar quando Giovane continuou se exercitando mais um pouco nos saques. Todo o mundo já estava se encaminhando para o ônibus e ele lá, testando um golpe, mais outro, outro mais. Acredite ou não, ele confidenciou aos companheiros qual era o objetivo do treinamento extra: ‘Estou caprichando no saque que vai acabar com o jogo’. A quem pensar que dei a Giovane uma instrução do tipo ‘Vai lá e saca na linha’ esclareço que não sou um estrategista tão poderoso. O que eu disse a ele foi muito diferente: ‘Giovane, entra e não perde o saque, pelo amor de Deus’. E quem pensa que ele fez somente o último ponto do jogo também se engana: os últimos 3 pontos foram dele”.

Antes do Mundial da Argentina a que me referi anteriormente, fui conversar com o Bernardo na Escola de Educação Física do Exército, no Rio de Janeiro, onde estava treinando a seleção. Queria mostrar-lhe que o atleta André Nascimento, canhoto, apesar de ser um dos melhores atacantes do mundo, apresentava (a meu ver) deficiências contornáveis que, se sanadas, aumentariam o seu potencial de acertos. Disse-me o treinador: “Infelizmente não há tempo agora para corrigi-lo”. E lá foram para a Argentina, retornaram campeões do mundo e o referido atleta, o “maior pontuador” dos jogos. E, pasmem, não atuou nas duas últimas partidas (as finais). Passados alguns anos, de repente o Giovane treina alguns saques antes de um jogo e é endeusado. Parece milagre?

Estratégias em jogo. E, por falar em ser ou não ser estrategista poderoso, tenho certeza de que o Bernardo é. Sabe liderar, mexer no time, fazê-lo vibrar e, mais importante, sabe conquistar a confiança do grupo. Mas isto não o torna o dono da verdade. A seu favor, lembrem-se do último set em que o Brasil venceu a Rússia na recente Liga Mundial: a equipe passou a colocar a bola em jogo no momento do saque, preocupando-se somente com os bloqueios. O que mudou o rumo do set e da partida. Sorte, azar? Não, pura competência estratégica. Quando se iniciou no voleibol, treinou no Fluminense, no Rio, com o competente Bené (artigo no Procrie). Com ele aprendeu a utilizar o saque estrategicamente. Quando treinador do feminino, no momento do saque, exibia uma placa de cartolina com a numeração correspondente onde a atleta brasileira deveria direcionar o saque, providência que funcionou por bom período. Todavia, se ele (Bernardo) prestou atenção, provavelmente deverá providenciar o aprendizado do saque tático que, positivamente a equipe brasileira ainda não aprendeu (ou não houve tempo para aprender).

O tempo, a memória, os interesses e as interpretações – a história de cada um – muitas vezes são antagonistas; em outras, nos auxiliam. Você conseguiria distingui-las umas das outras?

Voleibol na Escola (XI)

Iniciação & Formação. Problemas e Soluções

20) A treinadora e a líder

A ideia de liderança chegou ao séc. XXI carregada de poder. Seu papel sempre foi o de assegurar o cumprimento de metas, mesmo à custa de força. O líder era apenas uma imposição unilateral com vistas à realização plena de objetivos pretendidos. Ocorre que os tempos mudaram e todos os objetivos se tornaram obsoletos. Tivemos que nos adequar às exigências de um mundo mais competitivo e o que antes era apenas um bando de subordinados, passou a ser visto como um manancial produtivo. Esta ascensão do bando à categoria de grupo implicou a contrapartida do prazer, ou seja, trazer fragmentos do prazer futuro para o presente.

A treinadora – É essencialmente uma provedora de competências para que  outrem transforme essas competências em ações e produza resultados. A treinadora é aquela pessoa que acompanha o desenvolvimento das lideradas, dando-lhes suporte nos momentos difíceis e estimulando-as a avançar continuamente para a sua própria realização pessoal. Desta forma, a treinadora não leva ninguém a fazer por obrigação, mas induz a fazer porque é necessário fazer para crescer, para desfrutar intimamente a vida. A treinadora é a líder que deixou de ser o centro da equipe e se transferiu para fora dela. Em essência, a distinção entre a líder tradicional e a treinadora é o papel que esta assume quando se compromete a apoiar alguém a atingir determinada meta ou objetivo. Ela não se compromete apenas com os resultados, diferentemente do que ocorre com a líder tradicional.

A prática da aprendizagem – Uma questão que se coloca constantemente para discussão é o papel da professora no processo educacional. Durante muitos anos a professora foi sábia e inquestionável. Ela detinha o poder de decidir sobre destinos e tomava para si a obrigação e o dever de ensinar, exigindo em contrapartida, que a aluna aprendesse. Periodicamente, ela avaliava suas alunas e distribuía notas que premiavam ou puniam de acordo com a sua visão unilateral do processo. Felizmente, as coisas começam a tomar novos rumos e hoje já ninguém estranha mais quando ela sai do pedestal e vai para os braços da galera. Porque ela descobriu que assim a aluna aprende melhor.

Como suas aulas podem ganhar mais qualidade? – Unir o conhecimento acadêmico às modernas tecnologias de gestão do treinamento é a chave para que as professoras e estudantes alcancem resultados positivos na área de QUALIDADE e, por extensão, aumento de PRODUTIVIDADE.

Aulas e treinos – Chegar sempre antes das alunas. Mostrar-se feliz, divertindo-se consigo mesma e com o que a encanta – o processo de dar uma aula ou treino. Ser a mais natural possível. Ter talento para o palco, isto é, ser mais do que uma professora – uma show woman – para quem o auditório é o teatro e você a atriz responsável por oferecer drama além de tecnicismo. Descubra primeiro por que quer que as alunas aprendam o tema e o que quer que saibam, o método resultará mais ou menos por senso comum. Lembre-se que o objetivo primordial deve ser o de gerar dúvida para criar conhecimento real. Perceber que o melhor ensino só pode ser praticado quando há uma relação individual entre uma estudante e uma boa professora; uma situação em que a estudante discute as ideias, pensa sobre as coisas e fala sobre elas. É impossível aprender muito apenas sentada ou mesmo, resolvendo problemas propostos.

Para acertar nas aulas – A aula deve ser uma vitrine com a função de despertar o impulso de divertir-se na criança através da exposição atraente e tecnicamente correta dos exercícios e jogos. Mais do que tudo, a apresentação da professora e o visual da aula são responsáveis por transmitir conceitos. A boa aula aposta no equilíbrio e na programação e a criatividade é apenas o tempero na aula bem executada. Mas, lembre-se, uma aula pode estar esteticamente bonita e conter erros técnicos.

Os limites – As crianças e mesmo as adolescentes têm um limite que não deve ser ultrapassado sob pena de graves consequências posteriores. Não adianta forçar, ou melhor, seria até criminoso fazê-lo, devido às sequelas que podem advir deste comportamento. As professoras e treinadoras não devem tratar suas alunas ou atletas como mero objeto ou instrumento do seu querer, mas como um indivíduo em formação, cuidando e zelando para que nada lhe falte ou aconteça, sem os paparicos excessivos, mas com todo carinho, atenção e respeito.

O que você tem que saber antes de iniciar o seu planejamento. Eis cinco princípios para se construir uma boa programação:

Planejamento – antecipar as principais necessidades de informações e material. Suas alunas significam muito para você e o seu trabalho. Pense em tudo o que elas podem trazer de oportunidade para a sua aula.

Admita a sua incompetência – Além de planejar cuidadosamente as suas aulas, você deve manter-se receptiva para permitir mudanças futuras. É impossível não ter que mudar o seu pensamento! Afinal, as alunas mudam!

Comece já! – Não postergue a implantação de um planejamento por querer chegar à estrutura final da primeira vez. A maioria das professoras nem chega a implantar porque não aperfeiçoou suficientemente o programa. Esqueça a perfeição. Implante, tente e você vai estar à frente das demais.

Você não é a mãe, é a madrinha – Envolva o maior número possível de pessoas no projeto, principalmente a sua equipe. É delas que virá a maioria das informações. Elas serão o fator chave do sucesso do programa. Se elas não quiserem, nada vai acontecer.

Planejamento dá retorno – Meça tudo desde o início, principalmente o antes; aos poucos o resultado vai aparecendo e você vai valorizar o investimento. Nada dá mais retorno que investir no relacionamento e em conhecer as alunas.  

  • E os custos que um programa certamente envolve?
  • Os principais custos de implantação – tudo que está envolvido na coleta de dados e custos do processo – você terá que resolver com criatividade e um bom relacionamento. “Mas o maior custo mesmo é demorar para implementar”.

21) Como motivar uma equipe?

Quando estimulamos uma pessoa a realizar determinada tarefa ou a perseguir um objetivo – “Vamos lá! Você vai conseguir!” – na verdade estamos criando uma situação de prazer provocado pela percepção do afeto que age diretamente sobre a inteligência como um todo. Da mesma forma, quando apresentamos uma imagem real de sofrimento futuro, criamos uma situação de desprazer de tal intensidade que impele a pessoa a reagir contra o destino. Assim de uma ou de outra forma, estamos provocando uma reação compatível. E isso é motivar.

Motivar é cumpliciar-se – É tornar-se parceira no sonho quando a coisa é para ser sonhada; é tornar-se parceira na luta quando a coisa é para ser lutada. Os sonhos são fins que idealizamos atingir mesmo antes de conhecer o percurso ou de estarmos competentes para realizá-lo. Porém são válidos por que são referenciais registrados na mente, normalmente com forte carga emocional. Assim, quando criamos um sonho para alguém, estamos plantando uma referência emocional na sua mente.

Elogio e aprendizagem – Dizendo que a pessoa é bonita, inteligente, simpática, estamos transmitindo uma mensagem emocionalmente positiva, eficaz. Esse tipo de mensagem ativa o sistema límbico que identifica como mensagem prazerosa e a registra, incorporando-a à imagem anteriormente definida. Daí a importância fundamental do elogio na aprendizagem. Uma criança permanentemente estimulada com elogios tem muito mais chance de êxito na escola do que as que são constantemente criticadas. O elogio estimula, ajuda a compor uma auto-imagem positiva. A crítica, ao contrário, desestimula, projeta uma auto-imagem negativa.

Auto-imagem – Pode-se afirmar que o primeiro passo a ser dado por quem deseja reformular sua própria imagem interpessoal é valorizar a sua auto-imagem, fornecendo à mente informações positivas a seu respeito. Tudo o que informamos à nossa mente ela registra como verdadeiro. Assim, jamais emita uma opinião desfavorável a seu próprio respeito. Nunca admita, mesmo que intimamente, que é incompetente, incapaz, feia, antipática, fracassada. Não se veja jamais como uma derrotada, veja-se sempre como uma vencedora, cheia de glórias, prêmios e reconhecimentos. Repita para você mesma quantas vezes puder: eu sou inteligente, eu sou criativa, eu sou uma vencedora. Tenha certeza de que a sua mente vai entender isso como real e vai incorporar tais informações à sua imagem e modificar sua relação com o mundo externo. Antes de enfrentar qualquer desafio, imagine-se vitoriosa ao final. Projete uma imagem de sucesso e a sua mente cuidará de encaminhá-la para tal destino. Seja clara e precisa ao informar à sua mente a imagem que pretende ter. Jamais passe imagens fragmentadas ou indecisas. Sua mente registra a informação do jeito que esta chega até ela. Portanto, seja absolutamente clara. Quanto mais precisar as informações, mais definida será a sua imagem e, por conseguinte, mais definido será o caminho. Durante sua atuação, especialmente na área de motivação e sucesso, tenha sempre a preocupação fundamental de fortalecer a auto-imagem das suas alunas, antes mesmo de entrar na matéria propriamente dita. Os resultados são realmente surpreendentes.

Assegure o Interesse

Interesse e recompensa

“A aprendizagem deve ser ativa. Mas o aprendiz não agirá se não tiver motivos para agir. Tem de ser induzido a agir através de estímulos, por exemplo, através da esperança de obter alguma recompensa. O interesse pelo conteúdo da aprendizagem devia ser o melhor estímulo para a aprendizagem e o prazer da intensiva atividade mental devia ser a melhor recompensa para tal atividade. Porém, quando não podemos obter o melhor, devemos tentar obter o segundo melhor, ou o terceiro, razão pela qual não devemos esquecer motivos da aprendizagem menos intrínsecos. Para uma aprendizagem eficiente, o aprendiz deverá estar interessado nos conteúdos, a aprender e sentir prazer nesta atividade”. (D. Wood)

Estímulo, prazer, atividade mental

Retornemos à equipe adulta de voleibol do América. Colocado um problema para o grupo, aguardei por certo tempo seu desenrolar para a seguir transmitir ensinamentos. O exercício, muito simples, consistia em ultrapassar saltando uma corda elástica disposta em ziguezague, a uma altura de 1m do solo e uma extensão de aproximadamente 6m. Deveriam realizar todo o percurso, sem pausa, de uma só vez. Deixei-os à vontade com a novidade e reagiram conforme o esperado: uma sucessão de erros, tropeços, pausas e troças; houve até quem desistisse com uma ou duas tentativas. Depois de repetidas tentativas o estado de espírito não se modificou. Foi quando interferi em socorro. Inicialmente, fiz ver que ninguém conseguiu realizar o percurso segundo a regra – sem pausa. Segundo, não deveria haver motivo para troças, ao contrário, para quem se propôs compor um time, uma equipe, TODOS deveriam se ajudar mutuamente para o bem comum, um cada vez melhor desempenho do conjunto. Por isso, não se admitiria em qualquer tempo palavras ou gestos tão negativos. Propõem-se atitudes positivas, construtivas, de incentivo ao desempenho de qualquer companheiro em quaisquer circunstâncias. Finalmente: “Acredito que vocês todos, se assim o desejarem, são capazes não só de fazer o percurso integral de ida, como de ida e volta; só precisam internar o objetivo, conscientizar-se de que é capaz e, se possível, contar com o incentivo dos colegas”. O cenário teve mudança brutal. Lutavam para serem os próximos na fila que se criou para reiniciar a prova que, agora, transformou-se em luta interna, isto é, eles contra eles mesmos. Quem será capaz? Quero me provar, sou capaz! Acrescentem-se as palavras e gritos de ordem dos onze outros colegas. Nunca mais precisei lembrar-lhes sobre o significado do que seja incentivo. E vocês me perguntarão: “Teriam conseguido o feito de ir e vir, sem paradas”? Não foi no primeiro dia, mas até que o último deles conseguisse não demorou muito. Beneficiaram-se muito do que aquelas simples conquistas representavam e passaram a interpretar com outro olhar qualquer obstáculo – desportivo ou de vida – que, para ser conquistado ou ultrapassado, basta aplicação e perseverança. E que temos talentos para tal. Passei a ter mais cuidado com as exigências nos exercícios para conter excessos, tal o empenho do grupo.

Crise e oportunidade

A esse respeito, ficou famoso no mundo corporativo o conceito chinês em que “crise” e “oportunidade” são representados pelo mesmo ideograma. Em outras palavras, cada problema representa também uma oportunidade; cada tentativa realizada que retorna numa resposta satisfatória representa um reforço positivo para o indivíduo.

Aprender a ensinar

“Dê-lhes não só a informação, mas também saber, formas de raciocínio e hábitos de trabalho com método”. (Pólya)

Em determinada época, não sei se em 1981, as Escolas de Educação Física foram liberadas dos testes de aptidão motora por ocasião dos exames vestibulares. Isto me foi dito por um professor universitário que, horrorizado, desabafou: “Como posso agora ensinar um acadêmico a executar um toque na bola (de voleibol), se o mesmo nem segurá-la consegue?” Poderia ter-lhe replicado: “Como procederia com uma criança, ou um grupo considerável delas”?

Desafios

Esta me parece uma excelente indagação para incrementarmos um processo de aprendizagem. O desenvolvimento de uma teoria eficaz do “ponto onde o aprendiz está” e a construção de uma “psicologia do assunto” que seja operável representam desafios formidáveis. Especialmente quando se está trabalhando com uma classe grande: “Qual o próximo passo a dar” aparenta ser uma exigência impossível. Você saberia?