Fator Olímpico

Roberto Pimentel no Favela Bairro, Rio de Janeiro.

Oportunidades de Trabalho         

Acabo de ler na Revista Endeavor (nov./2010) sobre a difusão de uma metodologia de ensino baseada no método norte-americano Fast Trac, da Fundação Kauffman, com programas implementados no Ibmec, Rio de Janeiro, na PUC do Rio Grande do Sul e no Insper, em São Paulo. Conforme a revista até o fim do ano deverá estar em 15 das principais universidades do país. Segundo o Global Entrepremnewship Monitor (GEM), desde o ano passado o número de empreendedores por oportunidade ultrapassou o de empreendedores por necessidade. E quanto mais desses empreendedores tivermos, mais emprego, renda e desenvolvimento vamos gerar.  (ver artigo “Empreendedorismo”, de 19/11)          

A revista Veja (nº 47, 24.11.2010) publicou recentemente reportagem de Roberta de Abreu Lima e Ronaldo Tavares, sob o título “Uma Chance de Ouro”. Ela trata da formação de indivíduos face às oportunidades de trabalho e emprego para milhares de brasileiros com o advento do Campeonato Mundial de Futebol de 2014 e das Olimpíadas em 2016,  ambos no Brasil. Muitos já passam a escolher cursos capazes de prepará-los para o novo mercado que se descortina. Claro que a afluência às Faculdades que tratem do assunto estará em alta (estima-se em 50%). Para aliviar os momentos de incerteza na procura do primeiro emprego, os Jogos certamente vão alavancar muitas realizações.            

Fator Olímpico. O respaldo está na vasta experiência internacional, pois países que sediaram eventos esportivos dessa envergadura experimentaram ciclos econômicos antes e depois dos jogos. Estimativas da Fundação Instituto de Administração (FIA) indicam que, só os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, surjam 120 mil postos de trabalho por ano no Brasil inteiro. Elevar o número de profissionais qualificados será pré-requisito para potencializar os ganhos com os Jogos.            

Ensino Universitário. Nos últimos meses dezenas de universidades passaram a adotar temas esportivos em sua tradicional grade de cursos e ainda criaram outras graduações e especializações voltadas para a área e que tende a aumentar. O desafio é conseguir dar conta de uma demanda premente preservando um nível acadêmico elevado. Algumas delas são a Fundação Getúlio Vargas e a PUC de Campinas.            

Visão e Metas do Procrie          

Entre as Visões do Procrie inclui-se desenvolver o Empreendedorismo entre os seus adeptos e seguidores. Oferecemos condições para uma melhor qualificação para os jovens universitários prestes a conquistar uma vaga no mercado de trabalho. Pelo que percebemos somos pioneiros nesta Missão que ainda não foi totalmente compreendida e posta em prática pelas universidades brasileiras, embora muitas delas tenham criado as “Empresas Incubadoras”.         

Aprender a Ensinar. O ensino que propomos agrega igualmente elementos teóricos e práticos, prevê a participação de “empreendedores” em salas de aula e está calcado em bases sólidas de cientistas renomados na área da Psicologia Pedagógica, além da experiência de vida do seu autor. Todas essas ações aliadas ao apoio de uma grande rede de parceiros, criam condições para multiplicarmos o número de empreendedores qualificados – objetivo maior do Procrie.         

Procrie no Brasil e no Mundo. Os números do Google Statystics falam por si só. Em menos de dois anos, o Procrie já se consolidou e se tornou referência para milhares de interessados no Brasil que frequentam suas páginas diariamente. Irradiou-se por quase 200 cidades que consomem mensalmente perto de 9 mil leituras. E isto não é certamente por suas páginas coloridas, mas por uma nova proposta de ensino. Uma metodologia criativa, inovadora e crítica. Além, é claro, com Qualidade.         

Nosso Futuro. Para consolidar e alavancarmos Centros de Referência em Iniciação Esportiva pelo país que realmente se preocupem com a qualidade do ensino com permanente acompanhamento e divulgação, há que se providenciar a presença física – não basta virtual – do mentor para a realização dos Cursos Presenciais de Formação de Professores. Neste momento, estima-se que milhões de brasileirinhos estarão contemplados nos próprios prédios escolares, democratizando o esporte e levando alento a milhares de professores da rede pública.

Aprender a Ensinar – I

Conversa com o Professor

Volto-me principalmente aos docentes de educação física que atuam em escolas e àqueles que prestam serviços em agremiações na área da Iniciação e Formação. Ressalto que as sugestões metodológicas e pedagógicas inicialmente colocadas para o ensino do voleibol devem contemplar igualmente qualquer outro desporto, é claro, guardadas suas peculiaridades. Se necessário, sugiro que se determinado assunto despertar maior curiosidade ou entendimento, que o leitor se aprofunde no próprio texto referenciado. Em caso de persistir a dúvida, a consulta imediata ao autor. Sendo assim, passemos à recapitulação do que já foi exaustivamente colocado neste Procrie.

Inicialmente, recordo que em junho/2009 – Professor de Vôlei (II) – tratei dos Problemas na Iniciação Esportiva travando um diálogo gratificante com colegas professores que explicitaram suas dúvidas e dificuldades. Possivelmente, a maior delas em qualquer escola seja a evasão de alunos com a continuidade das aulas ao longo do ano. Vi muito de perto este assunto quando meus filhos (10-12 anos) praticavam o basquete na escola. Só não percebi qualquer motivação do professor em resolver o problema, talvez porque recebia o salário pelas aulas independente do número de alunos e não era avaliado pelos seus gestores.

Pelo que sempre presenciei e também colhi no 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol (vejam Anais do Simpósio), no mundo inteiro as dificuldades e problemas são inevitáveis enquanto não houver um maior engajamento do professorado. Cumprir um currículo é uma coisa, dar uma boa aula é outra. Daí o movimento mundial na direção da meritocracia, que alguns países já fazem com sucesso. Imaginem se aquele professor de basquete ali de cima fosse remunerado não por hora/aula, mas pelo número de praticantes, como deveria proceder? Esta situação nos leva a indagar: “E no clube competitivo, quando há um limite no número de atletas?”

Farei uma pausa para contar-lhes três historinhas, duas delas de quase sucesso.

1ª. No colégio dos meus filhos vez por outra me insinuava junto ao professor de voleibol nas aulas extra classe para auxiliá-lo. Eram no máximo 14 alunas, de 13-14 anos. Foi sugerido à direção da escola o desenvolvimento de um programa para alunos de 9-10 com aulas pela manhã (estudavam somente à tarde). Aceita a sugestão, produzi para ele um convite que foi distribuído aos pais. Em resposta, 310 crianças aceitaram de pronto participar. Claro que não foi possível levar avante as aulas, pois se criou um lindo problema: o educandário, embora com excelentes instalações, não tinha como comportar tantos em poucas horas disponíveis. Passamos, então, à solução: as aulas de mini voleibol seriam incorporadas à grade curricular da educação física da escola. Com isso, TODOS os alunos seriam beneficiados! Ocorre que o professor Coordenador não se inclinou pela medida e sugeriu que os alunos fossem divididos em grupos, de modo a que frequentassem as aulas de 15 em 15 dias. Acreditam?

2ª. Na Praia de Icaraí, Niterói, bem em frente ao Cristo Redentor e ao Pão de Açúcar, os mais belos cartões postais da cidade do Rio de Janeiro, desenvolvi por 4-5 anos atividades regulares, duas vezes na semana, para centenas de crianças de 8-13 anos de idade. A última delas para exatamente 400, incluídos 20 alunos da APAE. Foi um projeto que marcou época e se estendeu para 300 crianças e adolescentes na Praia de Copacabana, Rio. Ressalte-se que jamais me preocupei com a formação de equipes ou mesmo técnica, mas assegurar o interesse da meninada. E consegui, pois não havia evasão e, ao contrário, sempre uma intensa procura por novas matrículas. Marcou época!

3ª. Logo que dei início ao Procrie, levei a um clube do Rio de Janeiro o projeto que consistia em criar ali um Núcleo de ensino do voleibol para 240 crianças, com aulas regulares duas vezes na semana. As instalações eram favoráveis inclusive para o incremento de outros desportos – mini basquete, badminton – uma vez que possuem cinco ginásios. A partir dessas aulas, estaria divulgando a metodologia e, através de vídeos, a pedagogia pertinente, tendo sempre em mente pesquisar novas formas criativas e incentivando universitários a participarem. Infelizmente não consegui alavancar qualquer patrocínio para manter o projeto sem ônus para os alunos. Mas se cobrasse dos seus pais a mensalidade vigente no mercado (R$ 60,00) naquela época, percebam o quanto estaria auferindo mensalmente. O grande detalhe está em saber produzir aulas consistentes, atraentes e, acima de tudo, manter o interesse dos alunos permanentemente. Não só voltam como atraem mais colegas para o seu (nosso) convívio.

Roberto Pimentel, Bené, Bernardinho e R. Tabach no Centro de Mini Vôlei na Praia de Copacabana, Rio.

Quando ainda na Praia de Copacabana com o Curso, recebi a visita da seleção brasileira feminina de voleibol, à época (1995) comandada pelo Bernardo Rezende, o Bernardinho. Tomado de entusiasmo pela criatividade, encomendou-me material e equipamento para desenvolver um pólo no Centro Rexona, em Curitiba (PR). Posteriormente, o projeto foi estendido para diversas escolas públicas do estado.

Fórmula Mágica

Concluindo, percebam que os projetos eram INCLUSIVOS, isto é, TODAS as crianças seriam ou foram contempladas com as atividades, uma vez que não se prospectava talentos para a formação de equipes competitivas, mas sim, oferecer-lhes atividades múltiplas, convívio social e diversão. Foram atendidos assim os três preceitos fundamentais da primeira fase: a) convite, em que dou a conhecer o assunto, isto é, a prática do mini voleibol; b) encantamento, traduzido em diversão e alegria; c) interesse, mantido pela diversidade das ações e multiplicidade do equipamento. O que assegurava concomitantemente mais e mais adeptos.

Em outro momento voltarei a falar-lhes ou, se preferirem, façam contato. Até breve!

Formação à Distância

Aula na escola sem o professor. Jogos de duplas com participação alegre e ruidosa da classe. Desenho: Beto.

 

Mensagem à Catarina, uma amiga portuguesíssima.       

Todos poderão contemplar nosso primeiro diálogo neste próprio site. Está em Comentários do “Convite aos Internautas”. Foi uma resposta imediata e com uma carga emocional maravilhosa. Como é gratificante estar com alguém que adora o que faz! Imagino quantos professores estão espalhados por este mundo na agradável tarefa de Ensinar e Educar crianças. Creio também que os que me encontram no Procrie percebem emoção com que trato o tema. Até hoje quando falo em Cursos ou Palestras, tenho a voz embargada e corre uma lágrima pela face. Neste momento, estou repleto de emoção e embriaguez de amor por estar ali a falar para crianças e adultos.      

Iniciação e Formação. Nunca estarão sozinhos nesta prazerosa função de Aprender a Ensinar. Chamo a atenção, entretanto, que como existem bons professores, há também boas técnicas de ensino – os Métodos. Como em educação nada é definitivo, devemos todos nos colocar em prontidão para descobrirmos ou criarmos formas mais eficientes e adequadas à época e às circunstâncias em que vivemos.       

Clube e Escola. Vejam, p.ex., como se conduz um professor de Educação Física na escola ao propor a atividade voleibol e compare com um professor/treinador da mesma modalidade em um clube. O que percebem na prática? Estejam certos de que as diferenças no âmbito mundial não diferem em muito, respeitadas algumas peculiaridades. O que digo refere-se às atitudes do professor e a metodologia a empregar. Você poderá ter um resumo nos Anais do 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol realizado na Suécia em 1975. A partir dessas observações dei início às minhas pesquisas pedagógicas e metodológicas realizando dezenas de cursos para milhares de crianças . Através dessas experiências fui compondo propostas não definitivas para aplicação em qualquer área do ensino. É claro que me servi de vários especialistas, como Vigotski, Piaget, Le Boulch, D. Wood, que me auxiliaram a interpretar e analisar mais corretamente o comportamento infantil e, por extensão, dos indivíduos.     

Intuição e Criatividade. Mas também me servi de minhas intuições e da própria liberdade de criar sem medo de errar. Em alguns artigos inicias desse site coloquei depoimentos de crianças e adultos sobre a “arte de criar”. Entre elas, “´Ninguém realiza uma aula como você, pois está plena de amor”; ou outra ainda, “As aulas de Ed. Física aqui na escola tinham que ser assim como essa”. E, finalmente, de um professor/Coordenador da escola: “Como conseguiria dar aulas sequenciais na escola, já que teve um desgaste grande em uma só?” Respondi-lhe: “A resposta a esta indagação mereceria um Curso, mas adianto-lhe que se fosse professor da escola eu conheceria todos os alunos e eles a mim; esta cumplicidade tornaria a tarefa muito mais fácil e proveitosa”.         

Aula de Mini Voleibol no Boavista F. C. Foto: Internet.

 

Trajetória. O fato de não ter ainda pretensões de treinar escalões mais elevados revela que pretende amadurecer no trato com o outro até que adquira plena confiança no que está a ensinar. É perfeitamente natural e todos que conheço assim procederam. É como se fora um estágio antes de galgar espaços adiante. Todavia, houve época em que fiz o trajeto contrário. De treinador das equipes principais de um clube no Rio, fui incumbido de treinar os infantis, o que me proporcionou um ganho extraordinário na pedagogia. Reputo como uma experiência fantástica e única. Percebi que o mais importante era despertar o interesse das crianças naquilo que lhes propunha e, a partir daí, consegui construir um método maravilhoso de ensino: Aprender Brincando e Jogando (do alemão G. Dürrwächter). Clique no  desenho acima e observe por alguns instantes cada detalhe. Tenho certeza de que suas aulas ou treinos mudarão daqui para frente. Poderá se aprofundar e conhecer melhor a metodologia consultando os títulos na Categoria Metodologia e Pedagogia.      

Curso Virtual. Lembro a todos que o ensino de métodos não requer a figura presencial. A criação de um pólo, por exemplo, no Boavista F. C., na cidade do Porto, em Portugal, é bastante viável do ponto de vista pragmático. E não só ali, mas em várias escolas e cidades pelo mundo afora. Aqui está embutida a minha Missão, de atender professores/treinadores em locais que eu jamais sonharia poder estar algum dia. Poderão ver o que lhes digo em “Convite aos Internautas”. A tendência do mundo moderno fez com que se utilizasse com maestria os Cursos a Distância, cuja busca é mundial. As tendências apontam para a utilização de recursos tecnológicos, são de curta duração e inclui até modelos de avaliação. Além disso, se estendem ao longo da vida, não implica a preocupação da obtenção de um diploma, o assunto está diretamente voltado para o interesse do aluno, o que torna o processo como uma educação permanente.      

Curso Presencial. Todavia, exemplos de atividades pedagógicas pressupõem o contato direto, presencial, em que o professor fala, exemplifica e aplica na prática o conteúdo desejado. E mais, desfaz as dúvidas e responde às indagações de seus alunos. Quem sabe possamos realizar juntos tamanha façanha também em Portugal e com a ajuda inestimável do Sovolei. Sonhar não faz mal a ninguém!             

Saudações verdes e amarelas, além é claro das axadrezadas, que muito me tocou.

Aulas na Rede

            

Curso para docentes da rede pública, Ciep Tancredo Neves, Rio.
  
Quando a Aula Chega à Rede

Sou um assinante da revista Veja há algum tempo e reputo como um dos melhores veículos de informação que conheço. Nesta semana destaco a reportagem de Roberta de Abreu Lima sob o título à epígrafe (Veja, nº 37, p.124, 14.9.2010), que vem se somar ao texto que publiquei no dia 10 p.p. sob o título Redes Sociais. Parecem se ajustar à concepção que faço do serviço que estou a imprimir no Procrie. Durante a primeira fase dei ênfase aos textos dando-me a conhecer e a mostrar como é fácil “Aprender a Ensinar”. Passei para este segundo tempo estimulando a realização dos Cursos Presenciais. E, mais à frente, propostas de criação de Núcleos em todas as cidades desse imenso País.         

Criação de Núcleos. Falta-me coroar o trabalho com uma dimensão do tipo social e comunitária e uma nova postura do professor. Poder criar programas de ensino para jovens, crianças e adultos que queiram se exercitar e divertir-se. As aulas têm de se mostrar algo muito vivo em sua comunidade, exercer fascínio e liderança e assim, inspirar cada cidadão na prática da atividade e no convívio social. O sargentão, como era chamado no meio do século passado, ou os novos técnicos oriundos de pequenos cursos – os “do ramo” – já não têm vez e denota uma nova tendência pela qual passou a figura do professor neste início de século. O professor (ou treinador) carrasco, que intimida e humilha seus alunos, saiu da moda. O novo professor pede aos alunos que o chamem pelo nome, marcando de imediato a diferença em relação à formalidade despótica de seus antecessores. O tratamento afável e colaborativo tornou-se regra da nova geração. O passo seguinte nessa atitude mais aberta é estender a mão à cidade na qual o Núcleo atua, em especial para aqueles setores sociais menos favorecidos economicamente. Não que se deixe de lado os mais abastados, paradoxalmente talvez os mais precisados. A prioridade é fazer com que a sala – quadra –  seja frequentada por todos os cidadãos. Atualmente, os exemplos mais fulgurantes da integração social por meio do esporte ou da música nos chegam por meio de projetos de ensino para crianças e jovens. Eu ainda acrescentaria, “e de seus pais e mães”. Alie-se ainda a invejável capacidade de colaboração que desperta nesses jovens para adiante, serem eles próprios receptores da mensagem e passem suas experiências a outros indivíduos. Um aspecto interessante seria recrutar moradores da cidade que já atuaram em qualquer área desportiva ou de ensino, mas não tiveram oportunidade de evoluir. Eles tomariam aulas com os professores mais experimentados e se tornariam multiplicadores da obra. Além disso, antes de levar esporte a novo público e tornar-se um facilitador na comunidade, poderão conhecer com alguma especificidade a metodologia e atitudes pedagógicas simples e eficientes. Para tanto, o Procrie estará sempre ao alcance dos interessados.               

Escola. Evidentemente, que a preferência recai na localização dos Núcleos na própria escola, onde já se encontram professores e alunos. Deve (ou pode) haver um mínimo necessário de área e equipamentos para a prática da Educação Física e Jogos. Percebam que não citei o voleibol propositalmente, uma vez que postulo um aprendizado global, como poderão perceber no meu trato metodológico em várias postagens. Nas capitais e cidades em que existam federações desportivas, cuidem para que não sejam cooptados pelo sistema e caiam na arapuca dos dirigentes. A autonomia no processo é fator preponderante para uma democratização esportiva, isto é, realizarmos “Esporte para Todos”.  Atividades bem sucedidas melhoram o desempenho dos alunos nos campos cognitivo, afetivo e do relacionamento com os demais alunos e seus professores; criam elos importantes com suas escolas e podem ser utilizadas, com vantagem, na integração da escola com a comunidade. Dar oportunidade e capacitar professores de se desenvolverem é o objetivo primacial deste Projeto.        

Muito Computador, Pouco Uso. Segundo a reportagem, de acordo com uma pesquisa em treze capitais brasileiras, a maioria das escolas já dispõe de computadores (98%), mas eles ainda não estão sendo adotados em prol da melhoria do ensino, pois 72% dos profissionais não se sentem preparados para aplicar a tecnologia na sala de aula, sendo que 18% das escolas nem sequer fazem uso do laboratório de computação.                     

Um Bom Começo. Será necessário mais tempo para que as atuais experiências se reflitam nos grandes indicadores do ensino. Pode-se dizer que há indícios de que o impacto é bom, talvez decisivo. Segundo um levantamento da OCDE (organização que reúne as nações mais desenvolvidas), os estudantes que cultivam o hábito de navegar na internet são justamente aqueles que, ao longo do tempo, obtêm as médias mais altas. Em quarenta países, empurrados pelos mais variados estímulos fornecidos pelo computador, eles têm encontrado novos e atraentes desafios intelectuais no ambiente virtual. É justo que nesse contexto que as aulas copiadas da velha lousa se tornam completamente ultrapassadas e desinteressantes. Conclui a secretária municipal de educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, à frente do novo projeto carioca: “Está claro que não há como obter avanços sem tornar a escola um lugar minimamente conectado à realidade dos estudantes, como estamos tentando fazer”.                     

Professores Cariocas. Nesta data (16/9) comemoramos o 1º aniversário desse site com um balanço sobre nossas atividades, eu produzindo textos e vocês, consumindo-os vorazmente, traduzidas em quase 600 visitas/mês (20% de todo o Brasil). E, incrível, em números sempre crescentes. Agora, com certeza mais cônscios, creio que podemos alavancar o processo. Entrarei em contato com a assessoria técnica da Professora Cláudia para colocar o Procrie a seu dispor mais uma vez. Imagino que temos muita contribuição a dar aos seus professores, já meus velhos conhecidos de cursos nos Cieps. Enquanto isso transcrevo a avaliação do Projeto Pedagógico Nacional que aquela secretaria realizou no início da década de 90:                   

 “Projeto interessante, rico pedagogicamente, que se coaduna com o Núcleo Curricular Básico Multieducação. A atividade básica do projeto é a prática do voleibol de uma forma mais lúdica. Neste sentido, há o favorecimento da participação de todas as crianças, não havendo uma submissão rígida à forma técnica do desporto, possibilitando-se assim a participação, independente da habilidade individual de cada indivíduo. Em suma, trata-se de uma atividade agregadora cuja metodologia pode ser estendida a outros esportes. A relação custo/benefício pode ser favorável. A Secretaria atenderia inicial e experimentalmente um determinado número de escolas com pouco dispêndio mensal – dentro dos recursos disponíveis – o que pode se tornar uma ação bastante multiplicadora a seguir”.        

Imagino que o ensino público fundamental na cidade do Rio de Janeiro detenha uma população de 700-800 indivíduos. É fabuloso e desafiador este trabalho e estou disposto ao desafio de conquistá-lo uma vez mais com todo o meu ser! Por que não tentá-lo outra vez? Aguardemos a decisão da secretária.                

 
 

           

Professor de Vôlei (VI)

Voleibol em São Luís (MA)

 

Roberto Pimentel, 16.7.2009.  Aos companheiros, Vejam artigo publicado no site www.sovolei.com /Ultimas/Tempo técnico. Trato do voleibol de praia e cito alguns aspectos da iniciação.

Cláudio, 5.8.2009. Estou fazendo parte da comunidade agora e gostaria de colocar que aqui em São Luís do Maranhão temos um Grupo do Volei que se preocupa com a formação dos alunos e criou um Festivolei, onde crianças de idade de 13 a 14 anos representam o infantil e os 10 a 12 anos representam o mirin. Montamos algumas quadras e reservamos um set para cada grupo poder jogar uns contra os outros. Acreditamos que isso faz com que os alunos possam se sentir muito mais valorizados, pois não existe cobrança técnica nem tática, só o prazer de estar participando e despertando neles o interesse pelo esporte. Somos a maioria dos colégios particulares, mas também temos professores de escolas públicas. Criamos uma competição de infanto masculino e feminino e colocamos os alunos chamados de competição ou seleção para competirem também dando continuidade ao trabalho feito com eles na fase de iniciação nos Festivais. Estamos comprometidos com o bem estar dos alunos sem esperar nada de federação ou de quem quer que seja. Tenho um blog pelo Colégio O Bom Pastor que se chama “blog do cbp” onde vocês irão encontrar fotos dos festivais e das competições criadas pelo Grupo do Vôlei. Aprendemos a dar-mos as mãos e estamos sendo vitorioso por isso. Massificar o voleibol é a nossa meta e estamos dispostos a dar continuidade ao processo.

Roberto Pimentel, 5.8.2009  Recebo com muita alegria a sua mensagem e a de seus colegas. Estão de parabéns pela iniciativa e a resolução de alavancar a atividade física e, por conseguinte, o voleibol, na cidade. Antes de mais nada devo colocar para você(s) que não sou “dono da verdade”, isto é, entrei nesta comunidade para aprender junto com todos. Apenas iniciei o debate colocando o tema “Iniciação ao Voleibol”. Assim, despertado o assunto, as experiências dos colegas vão sendo difundidas e com isto todos nós nos enriquecemos. Portanto, tenho particular interesse em me aprofundar no que fazem. Tentei entrar no blog mas certamente minha pouca intimidade com computadores tenha me impedido. Coloque textualmente o endereço e farei a visita. Preciso e, creio que todos vão querer saber, de mais detalhes e espero que responda às indagações:

1) quantos professores constam do grupo, há mulheres? 2) quantas crianças participam efetivamente? 3) quantas quadras e que dimensões? 4) todos contra todos dentro da categoria? 5) masculino, feminino ou misto? 6) % de meninos e meninas? 7) existe arbitragem, quem a realiza? 8) pais e responsáveis participam? 9) no Festival tem campeões? 10) periodicidade dos Festivais? 11) regras a serem obedecidas, ainda que rudimentares? 12) alunos de escolas publicas convivem (jogam) com os de escola particular? 13) alunos selecionados (de competição) competem além dos Festivais? onde? 14) quem e como treinam os selecionados? 15) e os demais, treinam durante as aulas regulares? Espero não tê-los assustado com tantas perguntas, mas imagino que o relato que fizer dará uma “autêntica aula de vida”. Uma vez mais congratulações e aguardamos os seus dizeres. Um grande abraço à direção pedagógica de sua escola a quem gostaria de conhecer.

Professor de Vôlei (IV)

 4. Reciclagem e problemas nas escolas 

Roberto Pimentel, 12.7.2009.  Infelizmente, os únicos seres neste país que conheciam o termo mini volei eram os que estavam muito próximos de mim. O Marco Aurélio só foi conhecer quando fui convidado para desenvolver técnicamente o mini no programa da CBV. Quem promovia TODAS as aulas de demonstração nas escolas era exatamente eu e mais ninguém. Desiludi-me face ao mercantilismo empregado na entidade. Imagino que tenham ficado órfãos quanto à metodologia a propor e as atitudes pedagogicas recomendadas para trabalhos com crianças. Se duvidar, frequente um dos cursos de formação que realizam. Outros, a quem emprestei e leram os Anais do 1º Simpósio Mundial de Minivolei da FIVB (Suécia, 1975), permaneceram estáticos no processo educacional, nada acrescentando ao que foi dito (e mal) há 34 anos. É incrível! Este é um dos motivos do site que estou lançando em breve. Instruir, “aprender a ensinar”, pela internet. Atualizar ou informar a quem quer fazer melhor e se interessa por uma boa formação para as crianças. Vou entrar no site e ver de que forma poderei ajudá-los.

Roberto Pimentel, 13.7.2009. Pediu-me que colaborasse na reciclagem dos professores para que eles despertem o interesse dos alunos pelo voleibol. Estive também examinando a apostila do minivôlei inserida no site da Secretaria de Esportes da Prefeitura de Duque de Caxias.   Após leitura rápida e breve análise do que estão a realizar, percebo que estão no caminho certo, isto é, incentivar a prática desportiva na escola. E mais, já agora com a preocupação da valorização do docente, através de estímulos à sua “formação continuada”. Em que consistiria esta reciclagem? Que ferramentas pedagógicas poderão contribuir para um crescimento dos docentes? Se lhes for perguntado, temos certeza de que as respostas serão evasivas e não nos levarão a nada. Você deu o primeiro passo através da confecção de textos pedagógicos. Todavia, pressupõe-se que sejam do conhecimento dos professores, pois a Pedagogia faz parte do currículo das escolas de Ed. Física. A releitura seria apenas uma lembrança de que existem alguns princípios que devem ser seguidos ao longo do ensino, já que a simples leitura (e você nunca saberá se leram) não vai modificar o comportamento deles. A tentativa louvável se perderá mais uma vez no imobilismo, isto é, tudo será igual no dia seguinte e as coisas se repetirão ano após ano. Que atitude tomar para mudar este estado de coisas?  

Todos lêem, aprendem, decoram textos. São capazes de discorrer horas sobre o assunto sentado a uma mesa. Contudo, tanta informação não é suficiente para se realizar uma aula em que se pretende ensinar algum conteúdo aos alunos. Psicologia é ciência, mas “ensinar é uma arte”. E o que falta aos professores que pretende auxiliar nesta difícil tarefa é APRENDER A ENSINAR. Precisam romper os grilhões que os prendem ao passado, um CHOQUE de criatividade e liberdade para pensar e agir, e não REPETIR ou COPIAR procedimentos usados desde a época de nossos avós. Imagino que precisam “ver e sentir” algo palpável, algo em que acreditem, que tenha crédito e que sintam que mude para melhor. E que eles podem também realizar. Há que se promover a transposição da TEORIA para a PRÁTICA. Tenho a receita para tal, já testada e aprovada ao longo de muitos anos. É um dos assuntos do site que estou criando. No caso da Secretaria, a sugestão seria um Curso de Formação Continuada para os professores que atuam no município, participantes ou não dos jogos escolares. Além disso sugiro um reexame do formato das competições de minivoleibol para crianças de 8-14 anos. Vocês poderão cooptar todo o universo do Ensino Fundamental, e não somente algumas equipes. Imagino que deva ser algo à parte dada a quantidade de participantes. Se quiser aprofundar o diálogo estarei à disposição. Não encontrei no site da Secretaria o “Fale conosco”.

Solução de problemas. Um lembrete para toda a Comunidade do Voleibol: estou à disposição para conhecer e tentar encontrar soluções para quaisquer problemas relacionados ao assunto. Isto nos enriquece a todos. Percebo que não está havendo manifestações de colegas. Participem, desnudem suas dúvidas ou problemas.

Guilherme, 14.7.2009.  Infelizmente já tentamos realizar cursos de reciclagem através da Secretaria mas parece que nossos professores e outros não pecisam adquirir novos conhecimentos apesar de demonstrarem através de seus alunos que o caminho que estão trilhando não está dando certo como você pode ver pelo número de equipes participantes, que vem caindo ano a ano. Talvez devessemos oferecer cursos com pessoas fora de nossa comunidade e de algum renome para ver se assim eles se interessam. Sei que alguns leram os textos do site e até tentam segui-los mas a maioria quer abraçar o mundo e passa a tomar conta de várias equipes em várias modalidades o que os leva a não conseguir se dedicar e demonstrar conhecimento firme e seguro para prender a atenção de seus alunos. Temos tambem vários “professores” que se aproveitaram dos “cursilhos” que o CREF ministrou  e que felizmente não o faz mais e possuem “títulos” de provisionados que lhes permite atuar com equipes escolares. No nosso Regulamento permitimos a participação apenas de Professores formados, estagiários de Educação Física acima do quarto período (conforme a lei) e estes que conseguiram a tal carteirinha do CREF. A única maneira que encontrei para efetuar alguma mudança foi acrescentando dentro do Regulamento as regras específicas do Voleibol Infantil e do Minivolei e dando uma atenção maior na categoria infantil e sub 12, que possuem um número significativo de modalidades e consequentemente pontuação para o Troféu Geral. As escolas públicas melhores colocadas ganham o direito de poder participar do JEEP. As campeãs de cada modalidade podem atuar como representantes da Olimpíada da Baixada (competição organizada pelo jornal O DIA) e a partir do ano de 2010 o Prefeito prometeu prêmios às escolas melhores colocadas. Quanto ao link – Fale conosco. realmente foi retirado pelo desuso total já que eles preferem efetuar a comunicação pessoalmente comigo nos locais de jogos e ao final de cada ano realizamos a reunião final de avaliação e nesta, as sugestões, reclamações e críticas são avaliadas pela Comissão Organizadora. Continuarei insistindo no processo de conscientização dos professores através das mudanças que pretendemos realizar em outras modalidades também, tais como o mini handebol, o tênis pongue (iniciação ao tênis) e o mini basquete. Obrigado pelos conselhos e atenção.

Professor de Vôlei (II)

2. Problemas na Iniciação Esportiva

Roberto Pimentel, 20.6.2009 – Permiti-me resumir as dúvidas e dificuldades que relataram. Coloquei algumas outras para discutirmos e buscarmos as soluções, como uma “paradinha para pensar” e enxergar as questões de outro ângulo. Para termos ideias novas, criativas, inovadoras, opinião independente, temos que aprimorar primeiro os nossos sentidos. Não lhes parece o melhor caminho? Parece que não estamos sozinhos. Entrem na “comunidade do basquete” e observem o que dizem os professores a respeito da evasão de protagonistas no RS e em Barueri (SP): “Vão discutir o problema com a coordenadoria”. Estou inclinado a convidá-los para nossas discussões, pois não acham que têm as mesmas dificuldades?

Guilherme … (1) Metodologia não motiva – (2) Crianças não conseguem jogar – (3) Exercícios monótonos – (4) Solução: aplicação de pequenos jogos; redução da quadra; não exigência de técnicas apuradas.

(1) Convite a uma busca de uma Nova Metodologia, motivo dessas conversas. Como fazer? As “receitas” são muitas, mas não redundam em melhoria. Trata-se do grande abismo entre Teoria e Prática. (2) TODOS jogam a partir da 1ª aula, não importa a sua habilidade. É importante para que se sintam seguros, participantes, incluídos entre todos: “Sou capaz!” Os aspectos psicossociais estão inteiramente assegurados e prestes a se desenvolver com força. Como realizar esta façanha numa classe? No clube os “mais fracos” seriam alijados. Devo fazer o mesmo na escola ao dispensar da aula quem não quer jogar? Só jogam os melhores? (3) Utilizo muito material “alternativo” para CRIAR os exercícios. Todos praticam ao mesmo tempo e NÃO há preocupação com o gesto técnico. Inicialmente, o que importa é que as crianças consigam ter a sensação de que estão jogando. A pouco e pouco terão mais informações. Isto implica no que disse a respeito de ”produção, atração, envolvimento, brincadeiras”. (4) Está perfeito. Contudo, a condução da classe é outra questão. Ensinar não é uma ciência, mas uma arte.

Milton… (1) Escola ou clube? – (2) Práticas lúdicas e desafios – (3) Jogo em campo reduzido.

(1) Produzi treinos excelentes em clubes renomados do Rio; o Bernardinho aplicou no Centro Rexona, em Curitiba, o mini vôlei que me “encomendou” na Praia de Copacabana; o governo estadual do Paraná aplicou-o em várias escolas. Por que não daria certo? Qualquer mudança é traumática. Os novos profissionais são levados pelo sistema a resolver estes problemas práticos, aplicando certo número de “receitas” técnicas que representam fórmulas dogmáticas ultrapassadas durante anos. Não há tempo para parar e pensar? (2) Está certíssimo, desde que haja um planejamento das ações orientadas para o aprendizado da modalidade e respeitados aspectos psico-fisiológicos da criança. (3) Perfeito, porém não basta. Como fazer numa aula com 20-30 alunos? Como motivá-los? Classes mistas? E as diferenças?

Em outro momento, se estiverem interessados, vou dizer-lhes como consegui reunir 400 crianças (8-13 anos) em curso regular na “minha praia”.

Guilherme, 8.7.2009 – É bom saber que não estamos no caminho errado. Claro que a motivação da aula é de fundamental importância e é aí que se deve depositar todo principio da aula, treino ou jogo. A ludicidade com as crianças funciona principalmente com a diversidade de atividades e materiais, mas toco aqui num elemento que considero fundamental para o ensinamento de qualquer desporto. O conhecimento, o mais profundo possível, para que aquilo que se pretende alcançar, para que o aluno ou atleta execute o movimento de forma correta, para que os movimentos não sejam executados sem um intuito ou de forma dispersa. Pensar no se faz. E para isto a segurança em corrigir, demonstrar e explicar os objetivos depende deste conhecimento profundo. Seria interessante também a troca de experiências neste nível, pois só encontramos bibliografias e estudos do voleibol de alto nível ou competitivo. As bibliografias que versam sobre a iniciação são a meu ver falhas e sem muita objetividade, muito vagas e monótonas.

Roberto Pimentel, 9.7.2009 – Fico feliz pelo aceite à participação neste bate-papo sobre a Iniciação Desportiva. E está de parabéns pelas colocações. Você mexeu muito na minha cabeça grisalha para rebuscar coisas que possam ajudar-nos nesta missão.

“O melhor cérebro da Europa Hans Magnus Enzensberger, poeta e ensaísta alemão, é um raro exemplo de intelectual que sugere que se debruce sobre um assunto com a dedicação do especialista; todavia, ele se distingue dos especialistas pela variedade de questões às quais sua curiosidade o conduz”. (Veja, 24.6.2009)

No Brasil nunca houve indivíduos – muito menos cientistas – que se preocupassem com a Iniciação Esportiva. Pelo contrário, sempre foi uma área desprezada, entregue a pessoas também muito mal preparadas, verdadeiros curiosos ou “quebra galhos”. Você mesmo observou ao consignar que as bibliografias que versam sobre o tema são falhas e sem objetividade, muito vagas e monótonas. Traduzindo, não ensinam absolutamente nada. E em continuação, mostra o caminho que devemos seguir – a troca de experiências sobre a Iniciação – pois os estudos que existem se reportam ao alto nível e só se pensa na competição, sempre com a proposta de GANHAR a qualquer preço. Você diz nas entrelinhas que precisamos buscar novos conceitos e metodologia em substituição ao que as Escolas de Educação Física e Cursos de Técnica espalhados pelo país vem praticando (e repetindo), isto quando se ocupam da matéria, pois na maioria das vezes, não merece qualquer atenção. Esse despertar teve início a partir da introdução do min voleibol no Brasil, do qual sou pioneiro. Concluí que seria interessante para todos os docentes, não treinadores de clubes, que se tomasse conhecimento do método e que o desenvolvêssemos entre os colegas. Muitos anos se passaram até que foi colocado nacionalmente no chamado programa Viva Vôlei, da CBV (fui o mentor técnico). Mas a visão dos dirigentes era mercantilista, queriam e estão conseguindo tão somente vender o produto. A proposta filosófica e a metodologia foram mais uma vez deixadas de lado e continuam “empurrando” para os menos avisados, todo aquele entulho didático do qual será muito difícil nos livrarmos. E pobre dos novos acadêmicos que não têm a quem recorrer (bibliografias falhas, no seu dizer). Como fazer?

Uma observação importante: tanto no Brasil, como em muitos países, comete-se o erro de aplicar no mini voleibol a mesma metodologia que conhecemos, aplicada aos adultos para treinamento competitivo. E o que quer dizer com conhecimento, o mais profundo possível? Dentro de mais alguns dias espero estar lançando um novo site para auxiliar na solução para este estado caótico do ensino, especialmente da Iniciação. E não importa que desporto você pretenda ensinar. A proposta é online, voluntária, dirigida especialmente aos docentes que atuam em escolas e, especialmente, aos que não possuem qualquer intimidade com o voleibol. Pretendo oferecer toda minha experiência no setor e, principalmente, propor uma metodologia construída em parceria com o professor, segundo suas circunstâncias e objetivos. Para tanto, uma passagem da TEORIA para a PRÁTICA. E garanto o seu sucesso. Isto talvez contraste e o assuste, pois você referenda uma postura de conhecimento profundo. Estarei me baseando em teorias da aprendizagem, tal qual os pedagogos de plantão das universidades instruem, mas não ensinam. A pequena e sutil diferença é que estarei mostrando na prática como realizar e observar fenômenos manipuláveis, o primeiro passo para uma mudança de atitude frente ao problema.

(…) Pensar no que se faz. E para isto a segurança em corrigir, demonstrar e explicar os objetivos dependem deste conhecimento profundo. Chamo a isto “Aprender a Ensinar”. Muitos dizem Psicologia é ciência, mas ensinar é uma arte. A comparação do desempenho de um perito com o de um iniciante, por exemplo, revela não somente diferenças de rapidez, fluidez e precisão nas ações, mas também na estrutura da percepção, memória e operações mentais dos envolvidos. A partir deste ponto de vista, os atos de aprender a aprender, pensar e comunicar-se são explicados em função da aquisição de diversos tipos de perícia. Este me parece um caminho que devamos percorrer quando estabelecemos um planejamento para ensinar um indivíduo ou grupo de pessoas. E Vigotski nos dá uma ajudinha neste processo com uma ferramenta muito preciosa, a zona de desenvolvimento proximal.

Em outra ocasião falaremos dela.

Assegure o Interesse

Interesse e recompensa

“A aprendizagem deve ser ativa. Mas o aprendiz não agirá se não tiver motivos para agir. Tem de ser induzido a agir através de estímulos, por exemplo, através da esperança de obter alguma recompensa. O interesse pelo conteúdo da aprendizagem devia ser o melhor estímulo para a aprendizagem e o prazer da intensiva atividade mental devia ser a melhor recompensa para tal atividade. Porém, quando não podemos obter o melhor, devemos tentar obter o segundo melhor, ou o terceiro, razão pela qual não devemos esquecer motivos da aprendizagem menos intrínsecos. Para uma aprendizagem eficiente, o aprendiz deverá estar interessado nos conteúdos, a aprender e sentir prazer nesta atividade”. (D. Wood)

Estímulo, prazer, atividade mental

Retornemos à equipe adulta de voleibol do América. Colocado um problema para o grupo, aguardei por certo tempo seu desenrolar para a seguir transmitir ensinamentos. O exercício, muito simples, consistia em ultrapassar saltando uma corda elástica disposta em ziguezague, a uma altura de 1m do solo e uma extensão de aproximadamente 6m. Deveriam realizar todo o percurso, sem pausa, de uma só vez. Deixei-os à vontade com a novidade e reagiram conforme o esperado: uma sucessão de erros, tropeços, pausas e troças; houve até quem desistisse com uma ou duas tentativas. Depois de repetidas tentativas o estado de espírito não se modificou. Foi quando interferi em socorro. Inicialmente, fiz ver que ninguém conseguiu realizar o percurso segundo a regra – sem pausa. Segundo, não deveria haver motivo para troças, ao contrário, para quem se propôs compor um time, uma equipe, TODOS deveriam se ajudar mutuamente para o bem comum, um cada vez melhor desempenho do conjunto. Por isso, não se admitiria em qualquer tempo palavras ou gestos tão negativos. Propõem-se atitudes positivas, construtivas, de incentivo ao desempenho de qualquer companheiro em quaisquer circunstâncias. Finalmente: “Acredito que vocês todos, se assim o desejarem, são capazes não só de fazer o percurso integral de ida, como de ida e volta; só precisam internar o objetivo, conscientizar-se de que é capaz e, se possível, contar com o incentivo dos colegas”. O cenário teve mudança brutal. Lutavam para serem os próximos na fila que se criou para reiniciar a prova que, agora, transformou-se em luta interna, isto é, eles contra eles mesmos. Quem será capaz? Quero me provar, sou capaz! Acrescentem-se as palavras e gritos de ordem dos onze outros colegas. Nunca mais precisei lembrar-lhes sobre o significado do que seja incentivo. E vocês me perguntarão: “Teriam conseguido o feito de ir e vir, sem paradas”? Não foi no primeiro dia, mas até que o último deles conseguisse não demorou muito. Beneficiaram-se muito do que aquelas simples conquistas representavam e passaram a interpretar com outro olhar qualquer obstáculo – desportivo ou de vida – que, para ser conquistado ou ultrapassado, basta aplicação e perseverança. E que temos talentos para tal. Passei a ter mais cuidado com as exigências nos exercícios para conter excessos, tal o empenho do grupo.

Crise e oportunidade

A esse respeito, ficou famoso no mundo corporativo o conceito chinês em que “crise” e “oportunidade” são representados pelo mesmo ideograma. Em outras palavras, cada problema representa também uma oportunidade; cada tentativa realizada que retorna numa resposta satisfatória representa um reforço positivo para o indivíduo.

Aprender a ensinar

“Dê-lhes não só a informação, mas também saber, formas de raciocínio e hábitos de trabalho com método”. (Pólya)

Em determinada época, não sei se em 1981, as Escolas de Educação Física foram liberadas dos testes de aptidão motora por ocasião dos exames vestibulares. Isto me foi dito por um professor universitário que, horrorizado, desabafou: “Como posso agora ensinar um acadêmico a executar um toque na bola (de voleibol), se o mesmo nem segurá-la consegue?” Poderia ter-lhe replicado: “Como procederia com uma criança, ou um grupo considerável delas”?

Desafios

Esta me parece uma excelente indagação para incrementarmos um processo de aprendizagem. O desenvolvimento de uma teoria eficaz do “ponto onde o aprendiz está” e a construção de uma “psicologia do assunto” que seja operável representam desafios formidáveis. Especialmente quando se está trabalhando com uma classe grande: “Qual o próximo passo a dar” aparenta ser uma exigência impossível. Você saberia?

Teoria do Conhecimento

Aprender a Ensinar

“Ensinar não é uma ciência, mas uma arte”. Ensinar está em correlação com aprender. Eu me faço criança quando em aula e isto parece ser um diferencial. Tento ler na face do aluno, tento ver as suas expectativas e dificuldades, ponho-me no seu lugar. Questões metodológicas e pedagógicas serão tratadas à luz dos escritos de renomados mestres, e perfeitamente aplicáveis em sala de aula ou mesmo em comunidades, transportando-nos da teoria à realidade de cada grupo de pessoas.

Teoria do Conhecimento. No desenvolvimento de meus projetos, nas experiências de minhas próprias aulas e no diálogo com professores em variadas regiões do país, tenho me colocado como um pesquisador, pois andei formulando hipóteses e, mais ainda, confrontei-as com a prática e com a metodologia vigente nas universidades, com o fito de avançar na formalização das ações e dos fatos. Trata-se de um processo epistemológico – teoria do conhecimento – em psicocinética.

“A ciência do movimento humano só progredirá de fato na medida em que for simultaneamente teórica e prática”.

Quando Le Boulch descreve sumariamente este processo, isto me leva a imaginar um de nós com um texto ou página de livro assistindo uma aula de educação física numa escola. Tente compatibilizar as duas coisas: texto e prática. Descobrirá que existe um verdadeiro abismo entre o que dizemos, o que lemos e o que praticamos. Para tanto, venho desenvolvendo um projeto calcado em buscas na Psicologia Pedagógica em que objetivo realizar concretamente esta ponte entre a teoria e a prática. A tarefa é árdua e lenta e impossível de ser concretizada por um só indivíduo. Mais uma vez peço sua colaboração e empenho compartilhando comigo seu conhecimento e experiências.

“O conhecimento é essencialmente o fruto da colaboração entre o que é sensível e o que é racional. Ele é elaborado em três estágios: da observação vivida ao pensamento abstrato, do pensamento abstrato à prática”.

Dessa forma, pretendo instiga-lo a uma colaboração estreita, muito próxima, especialmente quando se trata de profissionais menos experientes, ávidos por resolver os problemas que descobrem em suas práticas diárias, mas que ainda não têm em geral uma formação suficiente no plano científico. Quase sempre serão levados naturalmente a resolver estes problemas práticos aplicando certo número de ‘receitas’ técnicas que representam outras fórmulas dogmáticas, as famosas receitas-de-bolo.

Quer um exemplo? Os inúmeros cursos de voleibol que conhece praticados em todo o país. O interessado recebe uma apostila (cartilha), é instado à frequência plena às aulas (curta duração), sem direito à contestação à quase leitura da matéria (“está tudo na apostila”). E para culminar, uma “prova” de aptidão para o esporte, constante de execução de saque, cortada etc. A seguir, o certificado de conclusão, verdadeira conquista! Com ele, sabe-se lá, podem-se pleitear melhores salários, pois enriqueceu o currículo. E depois, o que acontece com a prática diária?

Estou falando em tese e não pretendo denegrir as evidentes vantagens dos cursos. Chamo a atenção tão somente para o fato de que existem “cursos e cursos”, cabe ao interessado discernir e avaliar se valeu a pena no sentido da aquisição de conhecimento. Se o interesse era o diploma, é outra história.

Tudo o que foi dito nos traz de volta às minhas intenções. A mim interessa um diálogo construtivo a respeito do ensino do movimento, seja ele direcionado ao voleibol, basquete, futebol ou outro qualquer desporto. As bases científicas, a metodologia e pedagogia sempre surgirão se rebuscarmos e nos mostrarmos curiosos e interessados. Quais são elas, o que é melhor para o meu grupo em determinado momento, como evoluir e outras indagações, é o que quero descobrir junto com você.

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VoleiBeneCanto do Rio

No final da década de 70, “convidei-me” para realizar algumas aulas para o Bené, no Fluminense, no ginásio de baixo, como era conhecido o local em que realizava os treinamentos de mirins e infantis. Fronteiriço, uma outra quadra servia aos treinos de basquete. Ao lado, e um pouco mais acima, o antigo ginásio, onde foram realizados os primeiros Jogos Sul-Americanos, em 1951, treinavam os infanto juvenis.

Levo sempre o material pertinente: 4 mini redes, 50 bolas de tênis, bolas (bexigas) plásticas coloridas etc. Inicialmente o grupo estava composto de 16 crianças que me foram apresentadas e, a seguir, demos início à aula: naquele espaço, somente eu e os jovens atletas.  Com o desenvolvimento dos trabalhos, aconteceu algo inédito no clube: inúmeras pessoas se aperceberam de que havia algo diferente naquele local e, curiosos, acorreram para se inteirarem. O treinamento do ginásio principal também foi interrompido por instantes para que todos se certificassem do que ocorria lá embaixo e Bené percorria as instalações próximas para conclamar as pessoas a verem o que ocorria. Não cabia em si de contentamento. De minha parte, muito discretamente e sem muito esforço, simplesmente propunha aos meninos tarefas que se sucediam com intervalos mínimos. Apenas sugeri-lhes que deveriam fazer a algazarra que quisessem. Foi uma grande bagunça, isto é, gritaria e muito divertimento durante todas as demais sessões.

Quando propus jogos nas miniquadras, um outro fato chamou-me a atenção: alguns atletas do ginásio principal– infanto juvenis – desceram e se me apresentaram solicitando participar dos jogos de duplas, no que foram imediatamente atendidos. E até me desafiaram para a competição. Penso ter dado o meu recado e “vendido meu peixe”!

Um espetáculo imperdível! Continue lendo “Professor ou Treinador?”