Autonomia para o Autodidatismo

PraiaIcaraí
Clínica de Mini Vôlei, Praia de Icaraí, Niterói (RJ): 400 crianças se divertiram 2 vezes/semana durante 4 anos. Ilustração: Beto Pimentel.

 

Liberdade para Ensinar e Criar

Em 13/jan./14, Arlindo Lopes Corrêa postou mais um dos seus excelentes artigos sobre a Educação no país. Tenho sua permissão para divulgar seus ensinamentos também no Procrie, uma vez que alguns assuntos são pertinentes quanto à sequência que estou imprimindo relativa à Aprender a Ensinar. Valho-me de nossa comunhão de propósitos para anunciar sua experiência e cultura no tema.

Fica a sugestão para que os leitores enveredem pelo Blog do Arlindo e ali se ilustrem com um dos maiores especialistas brasileiro. Dessa forma perceberão a importância da “liberdade de ensinar”, livrando-nos das amarras das receitas técnicas (de bolo) e, principalmente, contribuindo para um crescimento do alunato muito além do imaginável. Em suma: livres para criar!

Aprender a Ensinar, Autodidatismo, Autonomia, Criar um Blog, Educação de Qualidade, Ensino a Distância, Formação Continuada, Resolver Problemas.

 Prioridades na Educação de Qualidade para o Brasil

“A necessidade de uma melhoria qualitativa da educação brasileira, abrangendo todos os seus níveis, é indiscutível e urgente. Todos os brasileiros preocupados com o futuro de nosso país estão conscientes disso e anseiam pelas realizações capazes de produzir essa mudança inadiável. As comparações internacionais disponíveis confirmam essa deficiência geral com clareza. Aí estão, por exemplo, os pobres resultados obtidos por nossos estudantes de 15 a 16 anos de idade nos testes do PISA (da OECD), os quais sistematicamente classificam o grupo de alunos representantes do Brasil nas últimas colocações dentre os países participantes. Da mesma forma, os rankings internacionais de qualidade dos estabelecimentos de ensino superior, em que a posição desfavorável de nossas universidades é uma triste constante”. […]

Autonomia para o Autodidatismo

“Reforçando o cabimento dessa sequência de  prioridades, um conceito que se deve lançar e difundir, nestes tempos de educação a distância em grande crescimento, tanto do lado da oferta quanto da demanda, é o conceito de ‘autonomia para o autodidatismo’. Trata-se daquele estado em que a pessoa já sabe e pode, por si só, buscar conhecimento de modo apropriado, sem recorrer à educação escolarizada, presencial. A partir da conquista desse estado de ‘autonomia para o autodidatismo’ a pessoa ganha a capacidade de multiplicar as possibilidades, ao seu alcance, de acesso ao conhecimento em geral, tendo em vista o arsenal tecnológico disponível no mundo atual e que pode ser usado, com ou sem adaptações, para fins educacionais. O momento em que esse estado é alcançado varia de pessoa para pessoa, em função de inúmeras variáveis, sendo mais relevantes o nível de  escolaridade concluído e a qualidade da educação recebida até então. Admitido esse conceito, o corolário é que sob o aspecto do indivíduo, a educação é mais prioritária antes que ele adquira essa autonomia. Ou seja, nos seus anos iniciais, especialmente na fase de alfabetização, a seguir no restante do ensino fundamental  e só depois no ensino médio. Outro ponto a ressaltar, nestes tempos de supremacia avassaladora das TIC (tecnologias de informação e comunicação) é que um dos objetivos específicos da educação deve ser o de fomentar, logo em seus anos iniciais, a  busca dessa autonomia libertadora, para que a pessoa possa centrar sua educação em  seus reais interesses e motivações, personalizando-a. É a educação para a liberdade, em que os alunos vão livrar-se das ‘xaropadas’ de professores que não dominando os conteúdos pertinentes e não tendo como ensinar verdadeiramente, passam a doutrinar os estudantes com o politicamente correto e todo o repertório ideológico que serve de álibi para encobrir suas deficiências de formação. Problema comum dos corpos docentes de muitos países, especialmente da América Latina, Brasil inclusive. Adquirida essa autonomia, o estudante já não dependerá tanto, para sua formação, da educação escolarizada, presencial, muitas vezes massificadora, projetada para atender a um ‘aluno médio’ que só existe em teoria”. […]

Ver o texto completo em… Prioridades na Educação de Qualidade para o Brasil, 13/jan./2014: http://arlindolopesc.blogspot.com.br

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E por falar em liberdade de ensinarautonomia e autodidatismo, vejam a corajosa medida que está dando certo implementada por uma diretora em uma escola de São Paulo:

Escola em SP inova ao inverter turno de alunos

Uma das raras exceções em São Paulo é o da escola estadual Francisco Brasiliense Fusco, no Jardim Umarizal, na zona oeste da capital. Há cinco anos, a diretora Rosangela Macedo Moura resolveu desafiar a lógica predominante – em que alunos a partir do 6º ano (antiga 5ª série) estudam de manhã e os de anos anteriores, à tarde – e inverter de turno os estudantes. […]

“Todos os diretores têm autonomia sobre os horários, mas muito têm medo de mudar. Quando eu alterei os turnos aqui, muitos me criticaram, dizendo que eu estava inventando moda.”

Neste ano, todos os estudantes do 6º ao 9º ano do colégio ainda estão estudando à tarde. Mas Rosangela precisou passar para noite os do ensino médio. A diretora explicou que a mudança foi uma estratégia para que ela consiga, no ano que vem, implementar o período integral para todos os anos. “Eu preciso mostrar que tinha salas livre à tarde, para convencer as autoridades que tenho como encaixar todos os alunos no período integral.” Segundo a diretora, tomar essa decisão foi triste, mas necessária. “Foi por uma boa causa, porque já está mais que provado que as crianças aqui precisam ficar o dia todo na escola.”[…]

Leia mais no sítio do uol: www.uol.com.br/

 

 

Heurística, Como Resolver Problemas

George Pólya
George Pólya.
Foto: Wikipédia.

Heurística de Pólya

Etimologia: Heurística tem origem no termo grego εὑρίσκω, que significa “encontrar” ou “descobrir”. Tem a mesma origem da palavra eureca (εὕρηκα), que significa “encontrei”. (Wikipédia)

Dando prosseguimento à série de artigos sobre como pensar e, por conseguinte, como ensinar, trataremos da Heurística de Pólya e sua aplicação em ensino esportivo. Relembro que editamos inicialmente Ideias Maravilhosas em Metodologia e a seguir, Aprender a Pensar. Falemos, então, do matemático húngaro e seus princípios dedicados ao ensino da busca de soluções para quaisquer problemas e como o descobri navegando pela internet.

A Heurística é um procedimento que, em face de questões difíceis envolve a substituição de respostas para um projeto por outras de resolução mais fácil a fim de encontrar soluções viáveis, ainda que imperfeitas. Podendo tal procedimento ser tanto uma técnica deliberada de resolução de problemas, como uma operação de comportamento automática, intuitiva e inconsciente. (Análise heurística, o que é?, por Guilherme Gonzales, https://medium.com/ux-ui-design-1/fff5b7826ecb).

Contributo Português

Boa Vista, estádio, Gira Volei Porto, Porugual
Encontro de pequenos atletas – Gira Volei – no estádio do clube Boa Vista, cidade do Porto, Portugal.

Não é sempre que um grande matemático se interessa pelos currículos e pelos métodos de ensino da matemática no ensino secundário. A esse respeito Pólya (1887-1985) é quase uma exceção. Daí o interesse das traduções de dois célebres textos sobre o ensino da matemática: How to solve it (1945) – em que nos diz como resolver problemas de todos os tipos, mesmo os que não são de matemática – e o capítulo XIV do livro Mathematical Discovery (1962-64). As traduções foram realizadas em seus trabalhos universitários por Elisa Mosquito, Ricardo Incácio, Teresa Ferreira e Sara Cravo. A revisão, por Olga Pombo. Peço permissão aos pesquisadores portugueses que me proporcionaram conhecer parte do pensamento de Pólya para estabelecer um pretenso diálogo construtivo com professores brasileiros a respeito do ensino do desporto em geral e a prática escolar. Àqueles que me honram com a sua leitura, minhas desculpas por estar falando na primeira pessoa, a intenção é relatar experiências e, em contrapartida, “ouvir” o que têm a me contar.

Em suma, Pólya explicou como resolver os problemas necessários ao estudo de heurística:

  • O objetivo da heurística é estudar os métodos e regras de descoberta e invenção.
  • Heurística, como adjetivo, significa ‘que serve para descobrir’
  • Seu objetivo é descobrir a solução do problema atual.
  • O que é uma boa educação? Sistematicamente dando oportunidade para o aluno descobrir as coisas por si mesmo.

Legou-nos outro conselho sábio:

  • Se você não pode resolver um problema, então encontre um problema mais fácil que você possa resolver.

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Dirigido Principalmente às Professoras

Lembrete, especialmente aos mestres atuantes em escolas públicas ou particulares: o que se propõe neste Procrie está direcionado a VOCÊS. Como alguns atuam em aulas de voleibol, quer seja extra-classe ou em clubes, muitas vezes podem admitir que por não serem especialistas ou não tenham qualquer vivência com o esporte, não sejam capazes de realizar BOAS AULAS de vôlei. Não concordo e para isto estou aqui a explicitar como fazê-lo e tornar-se um excelente GESTOR em matéria de ensino esportivo. Observem que usei o termo gestor, e não técnico ou treinador, uma diferença apreciável, uma vez que a educação do indivíduo é mais importante do que sua eficácia nos movimentos. Claro, não desprezemos os talentos, mas nunca em detrimento de outros menos aquinhoados em tarefas do gênero. A esses verão como é possível chegar aos respectivos limites de eficácia técnica. Não é o que muitos chamam de Inclusão?

Como exemplo prático, tenho experiência de 30 anos no auxílio a um amigo que, mesmo não tendo cursado faculdade e sem vivências como atleta de voleibol, realiza até hoje aulas e projetos com crianças e adolescentes com excelente maestria, surpreendendo inclusive a seus colegas de ensino em muitos momentos. Mas de quantos possa citar, para mim o maior de todos está descrito em Lições de Aprendizado, Perspectivas de Aprendizagem (I, II e final), a que me reporto mais a seguir em Morro do Cantagalo, Zona Sul do Rio. A meu ver, simplesmente SENSACIONAL!

Peço paciência aos leitores, mas é imprescindível que recapitulem alguns textos compilados no Procrie, que tomo a liberdade de citar:

Treinamento de Defesa (ver tb. outros artigos sobre o tema www.procrie.com.br/sumario/)

O matemático húngaro George Pólya nos dá boas lições a respeito de ensino e aprendizagem que bem podemos aplicar ao nosso dia a dia: “O que o professor diz na sala de aula não é de forma alguma pouco importante. Mas, o que os alunos pensam é mil vezes mais importante. As ideias deviam nascer na mente dos alunos e o professor devia agir apenas como uma parteira. Este é o clássico preceito socrático e a forma de ensino que a ele melhor se adapta é o diálogo socrático”. E conclui com sabedoria: “Não partilhe o seu segredo todo de uma vez só – permita que os alunos o adivinhem antes que o diga – deixe que descubram por si mesmos, tanto quanto for possível”.

Saque-CANHOTO E DESTRO
Ilustração: Beto Pimentel.

Dicas Pedagógicas  

Ensinar é um processo que tem inúmeros pequenos truques. Cada bom professor tem os seus estratagemas preferidos e cada bom professor é diferente de qualquer outro professor. 

Aprendizagem ativa 

A aprendizagem deve ser ativa, não meramente passiva ou receptiva. Dificilmente se consegue aprender alguma coisa, e certamente não se  consegue aprender muito, simplesmente por ler livros, ouvir palestras ou assistir a filmes, sem adicionar nenhuma ação intelectual. 

Caminhos pedagógicos

  • A atual pedagogia gira em torno de como conseguir que o papel do professor se aproxime o mais possível de zero de modo que, em vez de desempenhar o papel de motor e elemento da engrenagem pedagógica, tudo passe a se basear em seu papel de organizador do meio social. (David Wood)

Uma aula sem o professor

Jogando na rua
Crianças ampliam o tempo de aprendizado sem o professor.
Ilustração: Beto Pimentel.

Ocorreu em 1981, com a equipe masculina principal de voleibol do América. Treinávamos três vezes por semana e, nesta época, tinha a companhia de um amigo, também professor, que se atualizava acompanhando-me nos treinos e jogos. Aconteceu que eu não poderia comparecer ao treino de um sábado. Combinei com todo o grupo o que deveriam realizar e despedi-me, confiante de que tudo aconteceria como planejado. Diga-se de passagem, para os cariocas os sábados e domingos são consagrados à praia. Na semana seguinte, ouvi o relato do meu amigo que, não acreditando que se realizaria o treino sem a minha presença, esteve no clube: “Queria ver, pois não acreditava que fossem comparecer. E, inacreditável! Não só estavam todos lá, como o treino transcorreu em alto nível e de maneira intensa”. Hoje, são todos meus amigos e admiradores!

 

Morro do Cantagalo, Zona Sul do Rio. Em um ginásio contendo cinco (5) mini quadras de voleibol, 24 bolas de mini vôlei e com ocupação de oito (8) alunos em cada uma delas, realizamos vários exercícios diferenciados. A cada vez, reuníamos o grupo na quadra central e um dos grupos exibia as tarefas a cumprir. A seguir, dirigiam-se às respectivas redes e se organizavam e tentavam a execução das tarefas. Logo a seguir, sem que os demais percebessem, eu produzia novo exercício com qualquer um dos grupos, o que me abreviava explicações verbais demasiadamente longas. Então, novo ciclo na quadra do meio para que este novo grupo demonstrasse novas execuções. Percebe-se que TODOS se tornam mais atentos e participantes ativos (inclusão). Além disso, buscávamos inicialmente que memorizassem a sequência dos exercícios, pois o desempenho no dia seguinte era mais confortável, sendo mais produtivo e sempre com alguma novidade. Uma delas, um torneio de duplas organizado pelo grupo de determinada rede, enquanto os demais participam regularmente da aula e seus exercícios. Mesmo nos primeiros dias as intervenções do professor devem ser minimizadas, facultando aos alunos aprenderem a se conduzir em grupo, pois no caso de dúvidas, têm que resolver pendências entre si e, principalmente, com rapidez. Simplesmente, um sucesso!

Imperdível!

Poderão constatar mais detalhes sobre a atuação no Morro do Cantagalo nos três artigos Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizagem (I, II e final). Em sua versão final verão algo que talvez jamais tenham observado. Como se procede para realizar a Interação, a Construção do Conhecimento, a construção e valor do Tatear Experimental e descobertas intuitivas através do conhecimento de princípios da Heurística.

Aprendendo a Pensar 

Jogo de peteca

  • No 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol de 1975 realizei palestra sobre o emprego do jogo de PETECA como derivativo para o aprendizado do voleibol. Era uma experiência que vinha realizando com crianças e adultos na praia de Icaraí, em Niterói. 

As nossas descobertas

  • A melhor forma de aprender alguma coisa é descobri-la por si próprio. 
  • Aquilo que se é obrigado a descobrir por si próprio deixa um caminho na mente que se pode percorrer novamente sempre que se tiver necessidade. (Lichtenberg, físico alemão do séc. XVIII)

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Aguardem a continuação do tema Aprender a Ensinar.

 

 

 

Retrospectiva 2010-2013

MiniEuFavBairro INVERTIDAMais um ano e o Procrie permanece coerente em sua missão de levar a professoras e professores, acadêmicos de Educação Física, treinadores de diversas modalidades, uma mensagem caracterizada por um Aprender a Ensinar, que nada mais é do que descobrirmos juntos Métodos e Pedagogia condizentes aos nossos tempos. Especialmente quando muito se propaga sobre a deficiência do ensino nas universidades a respeito de estudos pedagógicos. Felizmente encontramos uma das muitas ferramentas da TI que nos conduziram a edificar este blogue. Falta-nos tão somente aprofundarmo-nos com a adição das Aulas Presenciais. Estaremos labutando neste sentido durante o ano que se inicia.

Recordamos nossa primeira postagem – Ensinar é uma Arte -, de 16/set./2009, que nos trouxe até nossos dias com a publicação do quingentésimo artigo ao final de 2013. Nessa caminhada só tivemos sucessos e a virtude de cooptarmos milhares de amigos de todas as idades espalhados por este Brasil afora. Vejam a sinopse do artigo, para nós de inestimável valor histórico e emocional:

1. Ensinar é uma Arte – Este blog está colocado à sua disposição para trocarmos ideias. Minha intenção é compartilhar conhecimento e experiências com todos aqueles que se interessam pelo ensino dos desportos, especialmente o voleibol. Se necessitar indagar algo, tirar alguma dúvida ou mostrar suas atividades manifeste-se, entre em contato. A divulgação da interpretação de fatos que vivenciei ao longo […]

Princesinha do Rio Solimões

Bandeira e Brasão de Tefé Wikipédia
Fonte: Wikipédia.

Pelos resultados que nos apresenta o Google Analytics desde que o implantamos somente em 14.5.2010, cremos que superamos todas as expectativas em matéria de aceitação dos dizeres e especialmente da forma como tratamos a informação e algum conhecimento. Neste sentido, estamos TODOS de parabéns e sou grato pela audiência e paciência com que me honram com suas leituras. Além disso, sem qualquer desmerecimento às demais, exibo meu justo orgulho pelo fato de ver uma pequena bolinha azul a brilhar na Amazônia –TEFÉ -, uma cidadezinha de 63 mil habitantes (IBGE, 2013), distante 523 km de Manaus, capital do estado, e 2.304 km de Brasília, a capital nacional. Foram incríveis 39 visitas até então, que no meu entender, representam um esforço maravilhoso de pessoas desejosas em Aprender a Ensinar. Muito obrigado tefeenses pelo seu carinho.

Mundi maio 2010 - dez 2013
Brasil 976 cidades maio 2010 - dez 2013

 

 

 

 

 

 

 

Total de visitas:   171.783      Países:  127       BRASIL:  153.470 (89,3%)   
Páginas visitadas:  276.222      Cidades: 2.288     Cidades: 976 (42,7%)    
Tempo médio/página: 00:02:24     

Principais países                                  Principais cidades
Portugal     10.211 ...  78 cidades                Rio de Janeiro   17.852    
Est. Unidos   2.401 ... 268 cidades                São Paulo        16.154  
Angola          484                                Belo Horizonte    8.575
Polônia         297                                Curitiba          7.688  
Cabo Verde      255                                Brasília          6.027
Espanha         221                                Salvador          4.342
França          211                                Recife            4.643
Moçambique      176                                Goiânia           4.281
Alemanha        171                                Fortaleza         3.861
Itália          166                                Niterói           3.182 
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Brasil Regiões Retrospectiva 2013
Principais estados
São Paulo (SP)        36.395 
Rio de Janeiro (RJ)   23.781 
Paraná (PR)           16.167 
Minas Gerais (MG)     13.766 
Rio Grande do Sul (RS) 7.347 
Santa Catarina (SC)    6.623 
Bahia (BA)             6.609 
Distrito Federal (DF)  6.026 
Pernambuco (PE)        5.263 
Goiás (GO)             5.136

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Fonte: Google Analytics. Período: 14/5/2010 - 2/1/2014.

Novas Formas de Pensar o Treinamento (1)

Foto 104Design thinking como fonte do saber

“Em Stanford, design é uma disciplina ensinada para gestores, médicos, filósofos… e até para designers.” (Rique Nitzsche, autor do livro Afinal, o que é design thinking?).

(Stanford, Califórnia, universidade especializada em pesquisas, localizada próxima ao Vale do Silício.)

 

Design thinking – Pensamento de design – Como funciona – Identificando e resolvendo problemas – Liberdade de ter ideias maravilhosas – Heurística de Pólya – Conceito de priming, memória associativa – Volley design.

Conceito. Busca perspectivas para solução de problemas. Não há ideia burra!

Processo.  Dividido nas fases de imersão, análise, ideação e execução de protótipos.

Bibliografia:

Psicologia Pedagógica, L. S.Vigotski – Como as Crianças Pensam e Aprendem, David Wood – O Código do Talento, Daniel Coyle – O Código Cultural, Clotaire Rapaille – Rumo a uma Ciência do Movimento Humano, Jean Le Boulch – Rápido e Devagar, Duas Formas de Pensar, Daniel Kahneman – História do Voleibol no Brasil, Roberto Affonso Pimentel.

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Design thinking

Profissionais de vários setores estão convencidos de que se manter em forma também exige disciplina. Para essa equipe deslocar o olhar do cenário convencional pode conduzir a descobertas inesperadas e inovadoras. Mas em que se baseiam? No conceito do design thinking, tomado emprestado do processo de design de produtos, que, para especialistas, está ganhando no mercado a força dos MBAs do início deste século. Trata-se de um processo de como produtos e serviços são gerados. Esse artigo de Luciana Calaza foi publicado no jornal O Globo (26/5) e chamou-nos a atenção por se tratar de ideias e olhares pedagógicos sobre aspectos do treinamento humano, ou em outras palavras, sobre Compartilhamento e Educação. As ideias expostas sumariamente dão conta do que vínhamos postulando a respeito de inovação, criatividade, intuição e formas de ensinar. Resumindo, Aprender a Ensinar, onde o destaque está focado na maneira de pensar para atuar em quaisquer circunstâncias, prevenindo-se contra as receitas técnicas e mesmices.

Pensamento de design

O design thinking pode ser um vetor de mudança no aprendizado de ensino no país. Trata-se de criar um espaço para ser usado por todos os cursos em um ambiente propício para o processo de design thinking, chamado Inovateca. Aqui, os processos se desenvolvem em um ambiente em que não há ideia burra. Inovação não é para gênios, é para gente que tem disciplina para buscar o maior número de informações possíveis e chegar com insights interessantes. Qualquer setor pode se beneficiar do emprego do pensamento de design, pois mesmo as equipes mais talentosas, por vezes caem na armadilha de resolver um problema sempre da mesma maneira. Ele vem se juntar às ideias desenvolvidas por Daniel Coyle no livro O Código do Talento, além do processo de se obter ideias maravilhosas já ventilado neste Procrie em Importância de um Bom Ensino (I, II).

Como funciona

Mariana Gutheil, diretora da Perestroika, misto de escola de atividades criativas, empresa de consultoria e incubadora de ideias, lançou no Rio e em São Paulo o curso New Ways of Thinking. O design thinking tem a ver com formular, fazer protótipos e testar, além de antecipar o momento de feedback. Em vez de gastar milhões de reais desenvolvendo um produto, que tal, antes, lançarmos uma primeira versão, mais simples, para um número menor de pessoas?

Identificando e resolvendo problemas

Quando uma ideia se torna um sucesso, quando algo se torna inovador, nos perguntamos: “Uau, quem fez isso?” Na verdade, o que deveríamos estar nos perguntando é: “Uau, como isso foi feito?” O “como” é que devia ser explorado e analisado. O design thinking acelera o processo de inovação e é uma abordagem que ajuda a justamente entender a coisa. A ideia é capacitar pessoas a partir de uma aprendizagem baseada em projetos reais apresentados por várias empresas. O curso parte do princípio de que existe mais de um jeito de identificar e resolver qualquer problema ou desafio, tanto no ambiente de trabalho quanto em qualquer situação das nossas vidas. Pela primeira vez o mundo dos negócios está percebendo que há um método de resolução de problemas que não nasceu na área de administração. E pelo jeito, os executivos estão indo atrás desse método, que sugere que não importa o quão óbvia uma solução possa parecer – o que se espera aqui é que sejam criadas muitas soluções para a análise. Nas aulas de design thinking os alunos resolvem problemas reais das empresas brasileiras que levam seus cases para a discussão na universidade. Em 45 minutos tem-se que ter 20 propostas e daí surgem hipóteses que normalmente nem seriam cogitadas. E isso é bom. Depois, você pode excluir as que não servem, de acordo com as suas restrições, quer sejam elas de lei, distribuição, geográfica, temporalidade etc.

Fonte: jornal O Globo, caderno Boa Chance, Novas formas de pensar, de Luciana Calaza, lucalaza@oglobo.com.br, 26.5.2013.

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Liberdade de ter ideias maravilhosas! 

Penso que a inteligência não pode se desenvolver sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, mais novas ideias ocorrem, e mais ela pode coordenar para construir esquemas ainda mais complicados. (Eleanor Duckworth, The Having of Wonderful Ideas, 1972) (Leia mais Importância de um Bom Ensino)

  • Como aplicar o design thinking no ensino de voleibol?
  • Como ter ideias e resolver problemas?

Heurística de Pólya

O matemático húngaro George Pólya em sua obra A Arte de Resolver Problemas nos esclarece: “Se você não consegue resolver um problema, então há um problema mais fácil que você pode resolver: encontre-o.” As heurísticas de Pólya são procedimentos deliberados da nossa mente. Uma definição técnica de heurística nos diz tratar-se de um procedimento simples que ajuda a encontrar respostas adequadas, ainda que geralmente imperfeitas para perguntas difíceis. Transmite a ideia de substituição.

Conceito de priming, memória associativa

Este conceito está desenvolvido no livro de Daniel Kahneman – Rápido e Devagar, duas formas de pensar – que exprime resumidamente o que seja a “máquina associativa” de nossa mente. Assim, priming é uma rede, uma associação de ideias que se sucede em nossa mente de um modo razoavelmente ordenado. Como falamos em ideia, esclarecemos que os psicólogos pensam nas ideias como nódulos numa vasta rede chamada memória associativa, em que cada ideia está ligada a muitas outras.

Volley design

Acreditamos que a partir desse instante podemos criar o nosso volley design e avançarmos para novas formas de encarar os problemas que o voleibol nos impõe enquanto pesquisadores da qualidade no ensino, denominada por Daniel Coyle (O Código do Talento) de “treinamento profundo”.

Dando início aos artigos verão nas próximas postagens uma versão não acadêmica de uma tese sobre o Treinamento de Defesa. Está colocada não como verdade, mas para ser criticada sobre vários olhares. Lembrando que apesar de alguns exemplos se referirem ao alto nível,  representa uma sugestão de como treinar a partir das equipes principiantes e em formação. Seria uma mudança de mentalidade a ser operada nos agentes educadores (e treinadores).

Até lá!

 

Defesa em Voleibol – Lição II

Atletas POLONESAS ROUBAM A CENADURANTE mUNDIAL DE VOLEI
Atletas polonesas roubam a cena durante mundial de vôlei. Foto: Fivb/Divulgação.

Revendo Métodos e Conceitos Pedagógicos 

Após  observações sobre a maneira comportamental em DEFESA de atletas de alto nível – p. ex. final da Superliga feminina – animei-me ainda mais a levar aos respectivos treinadores minhas pesquisas e, se de acordo, compartilharmos novas experiências pedagógicas no que se refere ao respectivo treinamento. Seria de bom alvitre não deixar de considerar o significado pedagógico dos exercícios a serem propostos na formação de bons hábitos, daí a razão de buscarmos ajuda em bons conselheiros como verão a seguir. Tenho certeza de que encontraremos juntos formas de treinar para evitar aquilo que mais vimos durante os jogos, em masculinos ou femininos, atletas literalmente plantados no chão, pernas e pés paralelos e, muitas vezes, quedando os joelhos ao chão, inertes para qualquer ação. Podemos, inclusive, chamar a isto de “aprender com os erros”. Se conseguirmos, talvez venhamos a realizar a proeza de somar 25 pontos (de defesa) em uma só partida! Que tal?

A vontade e o primeiro movimento

Atleta em posição de expectativa E Deus criou a mulher
Foto: Fivb/Divulgação.

Para a aquisição de um comportamento consciente tenha-se em mente que antes de cometer algum ato temos sempre uma reação inibida, não revelada, que antecipa o seu resultado e serve como estímulo em relação ao reflexo subsequente: “Todo ato volitivo é antecedido de certo pensamento, isto é, acho que pego um livro na estante antes de estender a mão para ele”. O fato básico é que a noção anterior do objetivo corresponde ao resultado final. Não estaria implícito aqui todo o mistério da vontade?

Assim também, quando penso em apanhar uma bola o estágio conclusivo depende do primeiro passo: de preparar-me em expectativa. A execução do primeiro movimento determina se toda a ação será executada. Logo, na minha consciência deve haver a noção sobre o primeiro movimento como réplica efetiva para todo o processo. Essa concepção do primeiro movimento que antecede o próprio movimento é o que constitui o conteúdo daquilo que se costumou denominar “sentimento do impulso”. Este sentimento é uma modalidade de concepção antecedente sobre os resultados do primeiro movimento físico que deve ser executado.

Lembro-me, quando ainda na prática competitiva do voleibol, aguardando a execução do saque adversário me auto estimulava em diálogo silencioso: “Tomara que o saque seja em mim ou na minha direção”! A ação subsequente já não habitava meus pensamentos, uma vez que estava alojada na memória operacional: “se for curto avanço uma das pernas e em seguida, flexiono-as a fundo; se longo e forte, recuo uma das pernas, flexiono-as, e deixo-me cair em rolamento para trás”. Lembro que na época – início da década de 60 – não se empregava a manchete no Brasil. Em suma, a preparação em expectativa (sentimento de impulso) pressupõe um mínimo de técnica (réplica) para que o executante tenha êxito na ação: “o ato volitivo é antecedido de certo pensamento (diálogo interno), que determina o primeiro passo”. Noutros termos, toda a vivência consciente e o desejo, incluindo o sentimento de decisão e de impulso, são constituídos pela comparação das concepções sobre os objetivos que competem entre si. Uma dessas concepções chega a dominar, associa-se à concepção sobre o primeiro movimento que deve ser executado. E esse estado de espírito passa ao movimento. (D. Wood)

Formação de bons hábitos

Fundamento Defesa e Recepção
Foto: Fivb/Divulgação.

Relembre um de seus despertares em dia frio e os momentos que antecedem sua saída da cama: com certeza já travou um diálogo interno – o famoso mais um minutinho – que o faz adiar o ato de se levantar. Ou, então, realize o seguinte experimento com um dos seus alunos: coloque-se a 3m dele segurando a bola numa das mãos, tendo o braço esticado na horizontal. Repentinamente, deixe a bola cair para que ele tente alcançá-la antes que toque o solo. Esta é sem dúvida uma ação capaz de formar novas reações no organismo do indivíduo e à sua própria experiência – a base principal do trabalho pedagógico. “Não se pode educar o outro, mas a própria pessoa educar-se. Isto implica modificar as suas reações inatas através da própria experiência – os ensaios, as resoluções de problemas. Afinal, não duvide, toda riqueza do comportamento individual surge das experiências”.

Finalmente, ainda considerando a formação de bons hábitos, indaga-se: “Qual o primeiro movimento físico que deve ser executado pelo atleta logo após o sentimento de impulso”? Algumas observações simples podem ser realizadas, por exemplo, a partir de lançamentos sucessivos da bola para um indivíduo que a recolherá ou rebaterá sem deixar tocar o solo. Dependendo da posição que ocupam em dado momento (frente um para o outro, ao lado ou atrás) a distância entre eles, a trajetória e a velocidade do lançamento, pode-se criar um novo hábito a partir de novos motivos. Na prática, conduzi um grupo de atletas do América F. C. a tomar consciência desse “despertar” para o sentimento do impulso. Desde o início de nossos treinos percebi que nenhum deles atentou para o fato. Imagino que raríssimos treinadores no Brasil percebam esse detalhe, fundamental para uma boa técnica de defesa. Se percebem, tenho certeza de que ainda não aprenderam a ensinar.

As primeiras instruções ao indivíduo devem ser no sentido de levá-lo a descobrir e a tomar conhecimento teórico específico. Deve aprender a pensar aquilo a que se dispõe realizar; criamos nele o diálogo interno. A seguir, passamos à prática regular com exercícios simples e repetitivos – deixar a bola cair da mão a uma distância de 3m – e observar como e quando o indivíduo se desloca; em que altura toca na bola e, finalmente, como realiza este toque. A pouco e pouco foram formando-se novos hábitos e através de brincadeiras e desafios – componente emocional – alcançaram níveis nunca antes imaginados. Esses e outros detalhes contribuíram para ao final da temporada receberem os maiores elogios dos próprios adversários. Ainda na década de 60, fui contemplado quando o saudoso Adolfo Guilherme, técnico mineiro consagrado, indagou-me após um de nossos jogos: “O que fazem vocês que tanto defendem”? Em outras palavras, “Como treinam para defender tanto”?

Exercícios-chave, educativos, transferência (transfert)

DEFESA Atletas AMMERICANAS ver punhos
Atletas americanas tentam efetuar defesa. Foto: Fivb/Divulgação.

Ensina-nos Jean Le Boulch abandonar as tentativas inúteis de procurar exercícios-chave com alto poder de transferência. Suas observações tenderam a mostrar que a aprendizagem adquirida relativamente a uma parte da situação não o é relativamente a esta mesma parte inserida num todo novo. Em outras palavras, “as partes reais do estímulo objetivo não são necessariamente partes reais da situação vivida pelo indivíduo”. A consequência desta opção na aprendizagem é imediata e pode ser traduzida por aquilo que expressou M. RYAN (EUA), treinador de atletismo por ocasião de um congresso mundial após uma pergunta que lhe solicitava exercícios próprios para facilitar a aprendizagem do salto com vara: “Apenas o salto com vara prepara para o salto com vara e qualquer exercício que se lhe avizinhe, quanto mais próximo, tanto mais prejudica a aprendizagem”. Esta é uma concepção a que nos associamos de bom grado, mas repõe em discussão a utilização dos chamados exercícios educativos que ainda precedem a aprendizagem de um gesto técnico complexo nas progressões de muitos instrutores.

Fábrica de talentos

MiniSG3
Alunos divertem-se no recreio. Foto: Roberto Pimentel.

Nas viagens feitas às fábricas de talento, Daniel Coyle (O código do talento) testemunhou uma série de saltos significativos no nível de habilidade dos alunos. Como se percorresse uma série de dioramas, ia encontrando espécies cada vez mais evoluídas: os pré-adolescentes (que eram muito bons), os adolescentes de 15 a 17 anos e, por fim, os adolescentes acima dessa faixa, verdadeiros ases. Ele conheceu isto com o nome Efeito Caramba. A rapidez com que progrediam era assombrosa: cada grupo era incrivelmente mais forte, mais veloz e mais talentoso que o anterior, o que não o impedia de exclamar: “Caramba“! Coyle observou que existe um padrão, uma regularidade na percepção do próprio talento por seu detentor que a torna característica do processo de aquisição de habilidade. Daí vem uma importante questão: qual a natureza desse processo capaz de gerar duas realidades tão díspares? Como esses indivíduos, que parecem ser iguais a nós, de repente se tornam talentosos, embora não tenham consciência disso, ignorando a verdadeira dimensão desse talento?

Aprender a ensinar

Jogando na rua
Figura: Beto Pimentel.

O que importa é o trabalho de tatear efetuado pelo indivíduo, muito mais do que a resultante desse trabalho – aquisição ou aprimoramento de habilidades motoras. Portanto, é um grave erro pedagógico querer acelerar os processos de aprendizagem por meio de uma ação intempestiva e invasora. O papel do educador é o de suscitar, favorecer as tentativas, os erros e o ajustamento… , e não o de substituir o mecanismo particularmente educativo desse processo adaptativo por suas técnicas. Tocamos aqui no cerne do problema: “a parte que cabe ao mestre”. É preciso propor, mas não impor, porém é preciso propor ao indivíduo no momento oportuno, no momento em que ele estiver sensibilizado, pronto para receber, aí está a parte do mestre, parte delicada sem dúvida. (Le Boulch).

VoleiBeneCanto do Rio

Aqui reside a grande diferença entre a metodologia empregada pelo falecido Bené no Fluminense F. C. (Rio de Janeiro) e os demais treinadores: “Aproximando sistematicamente as condições de jogo aos treinos observava discretamente o trabalho de cada indivíduo na busca de suas próprias soluções diante de algum obstáculo”. Metodologia similar realiza-se em algumas escolas de Niterói sob inspiração do Autor. Vemo-los na foto quando receberam uma Comenda do Clube Canto do Rio pelos serviços prestados ao voleibol niteroiense.

Afinal, ensinar não é uma arte?

PS: A importância de um comentário em mandarim, recebido em 26.4.2013:

Chinês Mandarim

 Aprecio muito as suas opiniões, beneficiam a aprendizagem.

Caça Talento ou Educação? (parte II)

Despertar o interesse conduz às descobertas. Fig.: Beto Pimentel.

Psicocinética na Escola

Lembram-se do texto Teoria vs. Prática (Vôlei vs. Vôlei), postado em 27.11.2009, em que converso com o Professor João Crisóstomo Marcondes Bojikian sobre a conveniência de a criança receber estímulos variados os mais naturais possíveis?

 

 

Agora retornamos para nos manifestarmos, igualmente acompanhado de vários mestres, como Jean Le Boulch e Célestin Freinet, ambos pedagogos franceses. Mas por que isto? Trata-se de um momento em que o governo brasileiro e instituições desportivas se desdobram em múltiplas facetas para verem aplicados os milhões de reais injetados para projetos a serem desenvolvidos para que o País se destaque em número de medalhas olímpicas e se torne, então, uma potência esportiva. Por serem imediatistas e pouca intimidade com a ciência do treinamento, esforçam-se por acreditar que quatro anos seriam suficientes para uma plena realização e que basta que os possíveis talentos já existentes tenham um reforço de caixa e treinem exaustivamente até lá. O resto é torcer para que se dêem bem e justifiquem os encaixes realizados. Mas esta não é nossa ideia e procuraremos mostrar a professores e agentes educadores como proceder de forma pedagógica adequada. É bem possível que, quando as crianças se tornarem adultas – e talvez atletas – não venham os seus treinadores se queixarem de que não aprenderam na Formação os gestos e atitudes atléticas mais adequadas. E muito menos, especializadas somente em alguns poucos fundamentos.

Projeto pedagógico vs. esporte na escola

Uma segunda discussão (é antiga) se refere à prática desportiva nas escolas. Professores de educação física reivindicam que a matéria a ser lecionada em classe deveria restringir-se tão somente à prática de jogos e exercícios não competitivos, com regras específicas, formulando projetos pedagógicos nesse sentido. Enquanto isto, outros, crêem que a educação esportiva está no cerne da sociedade moderna e seria impossível não atender a tais exigências. O assunto parece complicado à primeira vista, mas achamos que algumas reflexões podem nos conduzir a um porto seguro. Estaremos reproduzindo alguns ensinamentos que buscamos no livro de Jean Le Boulch, “A educação pelo movimento” em que trata sobre a psicocinética na idade escolar. Desenvolve breve discussão da pedagogia Freinet e de suas concepções sobre a utilização do movimento na formação a partir do enfoque de uma pedagogia do “ser global” que é a criança. Em outros instantes, igualmente, recorrendo a Vygotsky (Psicologia pedagógica) e, se necessário, a outros pedagogos.

Zonas de desenvolvimento proximal (Vygotsky)

Assim, em primeiro lugar precisamos entender como se comportam as crianças em determinadas idades, o que elas pensam, anseiam e como se exprimem diante da vida. E aqui o psicólogo russo nos esclarece sobre a dinâmica do desenvolvimento do aluno escolar ao afirmar: “A zona de desenvolvimento imediato da criança é a distância entre o nível de seu desenvolvimento atual, determinado com o auxílio de tarefas que a própria criança resolve com independência, e o nível de possível desenvolvimento, determinado com o auxílio de tarefas resolvidas sob a orientação de adultos e em colaboração com colegas mais inteligentes”. Em outras palavras, cada indivíduo tem o seu nível de desenvolvimento e cabe ao professor avaliar o quanto de ajuda ele precisa para passar a um estágio mais avançado. Essa ajuda pode vir do próprio professor ou de um colega mais experiente.

Em termos práticos, vivenciei essa experiência ao me aconselhar em estudos de matemática com um irmão mais adiantado e, logo em seguida eu mesmo ser o conselheiro de alguns colegas em classe. Foram momentos incríveis! E se podemos realizar na matemática, por que não em qualquer atividade humana? Cremos que aqui está a natureza de “como ensinar”. E, então, trata-se de o professor se esmerar em “aprender a ensinar”.

 (continua…)

O Bom Professor – Parte I

Teoria mielínica

Retornando ao tema a que nos propusemos anteriormente – a Arte de Ensinar – repassamos aos leitores a teoria neural divulgada por Daniel Coyle em “O Código do Talento”, chamando atenção para textos de caráter pedagógicos (ver “Pensar e Aprender – I”, 2/fev./2010) que trata do processo de andaimização para o ensino de crianças. Ali está caracterizado o valor de uma observação adequada e especial do professor sobre o aluno. A tese defendida por Coyle: a habilidade é um isolante mielínico que recobre os circuitos neurais e cresce em resposta a certos sinais. Antes de entrar propriamente no assunto, ele faz um preâmbulo ressaltando a importância primacial do pedagogo, inclusive suas virtudes e qualidades. 

Aprender a Ensinar. A habilidade de ensinar excepcionalmente bem é um talento como qualquer outro: parece algo mágico, quando na verdade é uma combinação de habilidades – um conjunto de circuitos mielinizados (pré-estruturados) produzidos mediante um treinamento profundo (de qualidade). Excelentes professores se concentram no que o aluno está dizendo ou fazendo e, graças a essa concentração e ao seu grande conhecimento do assunto, são capazes de enxergar e reconhecer o esforço hesitante e desajeitado que o aluno mal consegue articular na tentativa de um dia atingir a mestria. Uma vez identificado esse esforço, estabelecem um contato mais estreito com ele por intermédio de uma mensagem direcionada. As palavras-chave na descrição acima são conhecimento, reconhecer e contato mais estreito.

Os grandes treinadores constituem-se numa espécie de “serviço de entrega do circuito neural”, dizendo a esse circuito com grande clareza que dispare aqui e não ali. Seu trabalho é uma longa e íntima conversa, uma série de sinais e reações voltados para um objetivo comum. O verdadeiro talento consiste não num tipo de sabedoria universalmente aplicável que ele pode transmitir a todos, mas sim na capacidade elástica de identificar o ponto ideal no limite da habilidade individual de cada um e de enviar os sinais adequados que ajudarão os circuitos a disparar na direção do objetivo certo infinitas vezes (o destaque é meu). Como qualquer habilidade complexa, é na verdade uma combinação de diferentes qualidades denominadas por Coyle as quatro virtudes. A compreensão dessa teoria nos leva a discutir mais uma vez sobre o que vimos dizendo:

  • Repetir, repetir, repetir, é tão importante? 
  • Como identificar o ponto ideal da habilidade individual?
  • Como treinar?

 Paralelamente ao tema de hoje, em outra oportunidade fornecerei exemplos práticos de como conduzir os exercícios nesta direção, além de  discutirmos a atuação de professores e treinadores na Iniciação desportiva.

 Boas leituras…

Mini & Vôlei, Atletismo, Basquete

Um ginásio pode conter múltiplas práticas com a criatividades do professor. Ilustração: Beto.

Esporte para Crianças na Escola  

Foi anunciada recentemente pelo diretor da Secretaria de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Marco Aurélio Klein, a adesão do Ministério ao Programa Nacional de Mini Atletismo. A informação é que o Ministério deverá lançar um projeto-piloto na cidade de Anápolis (GO). Foi a Prefeitura de Anápolis, aliás, que primeiro aderiu oficialmente ao programa, por decisão do prefeito Antonio Roberto Gomide, presente ao encontro realizado pela Confederação em Manaus, em 24 de fevereiro, quando foi distribuída a Cartilha do Mini Atletismo.  

Para atender à demanda a Confederação tem realizado cursos para a habilitação de professores e monitores, que tocarão o programa em suas comunidades. Um dos pontos fundamentais do programa é divulgar o Atletismo e tornar esse esporte – o mais importante dos Jogos Olímpicos – também o mais praticado por escolares de todo o mundo. O programa tem como foco meninos e meninas de 7 a 12 anos e procura tornar a prática atlética, como dizem os autores, “atraente, acessível e instrutiva”.  

Ilustração: Cartilha do mini basquete.

A respeito dessas notícias, volto a lembrar aos agentes educadores que Ensinar é uma Arte e que crianças não são marionetes. Elas devem e podem aprender muitos movimentos, mas o mais importante está no seu desenvolvimento intelectual, também traduzido em aspectos motores e sociais. Muito embora esses aspectos sejam do conhecimento de todos e estejam previstos (tomara que sim!) nos dizeres das cartilhas, ressalto que entre o que está escrito e o que se pratica vai aí uma grande distância. Trata-se da antiga dicotomia, ainda não superada: teoria vs. prática. Poucos conseguem por em prática aquilo que conhecem ou deveriam conhecer. Ainda diz a notícia que há necessidade de os professores frequentarem dois dias de aulas para tomarem conhecimento dos objetivos e das práticas previstas no Programa.   

Influência do professor   

Ilustração: Beto.

Uma cartilha sempre será uma cartilha, o professor é insubstituível em seu saber e conduta e não um mero repetidor.  Como nos lembra Henry B. Adams, Um professor afeta a eternidade, ele nunca sabe em que ponto cessa sua influência. Assim, especialmente aos internautas de Anápolis, Goiânia e Brasília que frequentam regularmente o Procrie, aconselho uma releitura de alguns artigos que tratam do ensino de crianças. Vejam uma vez mais, por exemplo, Teoria vs. Prática em que dialogo com o professor e mestre João Chrisóstomo sobre o valor da prática generalizada desde a infância. E, certamente, alguns outros em que a teoria é desnudada e transparente na prática. Tenho certeza de que suas aulas serão bem mais criativas e eficientes. E, fundamentalmente, formando GENTE!  

Ilustração: Beto.
Ilustração: Beto.
Ilustração: Cartilha do mini basquete.

Aprender a Ensinar – Métodos (I)

Figurinhas no mini voleibol. Desenho: Beto.

Educar é Contar Histórias  

Sou assinante e leitor assíduo da Revista Veja, que no seu exemplar destinado à população do Rio de Janeiro (www.vejario.com.br) me trás à lembrança um excelente  professor da língua portuguesa e de matemática. Na revista de 15.12.2010, o articulista Manoel Carlos relata com deliciosa maestria cenas do cotidiano escolar, algumas peripécias e ressalta conceitos que se tornam marcantes na memória de cada um de nós. No coça-coça de sua memória, relembra seu querido e inesquecível professor Angelo Magrini Lisa, mestre dos mestres, exigente sem deixar de ser compreensivo, fazendo com que os alunos amassem a matéria que ministrava, tal era a maneira como ensinava. Seu professor, calcando-se numa reflexão do poeta inglês Alexander Pope, assim definia o método de ensino: ”Convém ensinar as pessoas como se não as ensinássemos. E explicar-lhes as coisas que não sabem como se apenas as tivessem esquecido”l 

De uma forma tupiniquim, tenho pensamentos muito próximos do poeta sempre que me expresso livremente em cursos que realizo: “Faço-me criança para aprender com elas”. E há muito percebi que “brincando elas aprendem sem se aperceberem”. Ou ainda, “diante de uma criança meu respeito é maior, não pelo que representa hoje, mas pelo que ela pode vir a ser no futuro“. Creio que a fórmula mágica está centrada em como despertar o interesse pela matéria, pois sabemos todos, isto nos levará ao denominado colorido emocional de que jamais se esquecerão. 

Discutamos, então, como realizar esta importante tarefa de educar um indivíduo, isto é, “partir para a prática”, deixar um pouco de lado a teoria e entrarmos na quadra. Como neste momento estamos num ambiente virtual terei que me tornar um “contador de histórias” de minhas práticas. Peço, então, a paciência de todos, mas lembrando que venho afirmando categoricamente que precisamos todos de um Curso Presencial, em que perceberão os meandros, detalhes e sutilezas de uma aula de voleibol para quem jamais praticou este esporte. E lanço ainda um desafio: faço com que todos joguem a partir da primeira aula. Reportem-se mais uma vez à apreciação que realizei em minhas atuações no Morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro. Foram três artigos intitulados “Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizagem” que, ao que parece, retratam com muita clareza o que se pretende dizer nesta postagem sobre Métodos.  

Meu pensamento é estimular comentários em torno dos variados métodos ou de soluções em determinadas circunstâncias principalmente no universo escolar. Para tal, peço permissão ao Professor José Manuel Moran, um especialista em mudanças na educação presencial e à distância, para usufruirmos de seu saber e buscar responder às questões que formulou em seu texto “O educador bem sucedido” (www.eca.usp.br/prof/moran/sucedido.htm). Ali fala em questões não respondidas do cotidiano em sala de aula. Vejam algumas delas.    

Professor Moran. Por que, nas mesmas escolas, nas mesmas condições, com a mesma formação e os mesmos salários, uns professores são bem aceitos, conseguem atrair os alunos e realizar um bom trabalho profissional e outros, não? Não há uma única forma ou modelo. Depende muito da personalidade, competência, facilidade de aproximar e gerenciar pessoas e situações. Alguns professores conseguem uma mobilização afetiva dos alunos pelo seu magnetismo, simpatia, capacidade de sinergia, de estabelecer um rapport, uma sintonia interpessoal grande. É uma qualidade que pode ser desenvolvida, mas alguns a possuem em grau superlativo e exercem-na intuitivamente, o que facilita o trabalho pedagógico. Uma das formas de estabelecer vínculos é mostrar genuíno interesse pelos alunos. Os professores de sucesso não se preparam para o fracasso, mas para o sucesso nos seus cursos. Preparam-se para desenvolver um bom relacionamento com os alunos e para isso os aceitam afetivamente antes de os conhecerem, se predispõem a gostar deles antes de começar um novo curso. Essa atitude positiva é captada consciente e inconscientemente pelos alunos que reagem da mesma forma, dando-lhes crédito, confiança, expectativas otimistas. O contrário também acontece: professores que se preparam para a aula prevendo conflitos, que estão cansados da rotina, passam consciente e inconscientemente esse mal-estar que é correspondido com a desconfiança dos alunos, com o distanciamento, com barreiras nas expectativas. 

Interesse e Inclusão 

Roberto Pimentel. Certa feita, em conversa informal com um Professor de Educação Física da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), técnico consagrado de vôlei, inclusive de seleção brasileira, confidenciou-me o seu pesar pela ausência dos testes de aptidão física aos novos egressos às escolas de Educação Física argumentando: “Como poderei ensinar um indivíduo a dar toques na bola de voleibol se ele nem segurar a bola consegue”? Não respondi, pois presumi que naquela altura do diálogo ele demonstrava insatisfação com as novas medidas. Mas a indagação permaneceu em minha memória. Anos mais tarde fui convidado a ministrar aulas num Curso de Férias para 14-16 professores de vários estados na Universidade Gama Filho. Coube-me a Iniciação ao Voleibol e me destinaram somente 3-4 aulas práticas. Na primeira intervenção – apresentação – apressei-me em conhecer-lhes as habilidades motoras que já possuíam, desperto pela lembrança daquela conversa. Sutilmente, envolvi-os em brincadeiras com as bolas e pequenos deslocamentos, enquanto observava o comportamento geral – manuseio da bola, equilíbrio etc. E detectei vários professores talentosos, alguns ex-atletas de voleibol. Todavia, um deles me chamou a atenção: era completamente descoordenado, desastrado mesmo com a bola. Certamente jamais lidou com elas. Reuni-os e expliquei-lhes minhas propostas de ensino gerais e, em seguida, dei início ao primeiro tema: a criança e a bola. Como desenvolver esta nova relação? Como fazer para instruir sobre o manuseio da bola? Diante do mutismo (ou curiosidade) de todos, indaguei tempestivamente: “Quem sabe jogar voleibol”? Todos se apressaram a levantar a mão, exceto um, que ficou imperceptível para os demais. Em seguida, sugeri um exercício simples e solicitei dois ou três voluntários que logo se apressaram a colaborar. Realizamos os ensaios rapidamente e logo lhes propus outro. Novos voluntários deveriam se apresentar e, neste momento, intervi e “convoquei” aquele que nada tinha a ver com voleibol. E novamente, realizamos os exercícios. Só que desta feita, repleto de erros, uma vez que ele não conseguia dar seguimento às propostas. Neste momento transmiti-lhes a primeira e mais importante lição: “Se conseguirmos fazer com que este aluno (aquele professor) se divirta jogando voleibol é sinal que estamos no caminho certo”. E passei aos temas seguintes tornando aquele personagem a pessoa mais importante da classe, sem menosprezo e, ao contrário, incluindo-o no contexto da turma. Mais tarde, em oportunidades distintas, tive mais dois casos similares, em que minha atuação metodológica foi decisiva para a inclusão de duas alunas universitárias. Consegui despertar-lhes o INTERESSE e satisfiz-lhes as condições básicas para que jogassem com seus colegas. Daí para frente, grandes saltos de desenvolvimento. Façam o mesmo e até melhor com seus alunos e todos se lembrarão de vocês pelo resto de suas vidas, tal como o professor lá de cima; lembram-se ainda do que ele disse? No desenrolar desse bate-papo hipotético vão surgir outras historinhas que vou contanto a pouco e pouco, pois “educar é contar histórias”. 

Daremos seguimento em próxima postagem. Até lá aguardaremos seus comentários ou conte uma de suas histórias relativas ao assunto. Será muito agradável intercambiarmos idéias e fatos ocorridos.

Aprender a Ensinar – Equipamento

Alunos se divertem no recreio jogando mini voleibol.

Como fazer?     

A distribuição e montagem dos campos de jogo podem ser realizadas na própria quadra da escola ou em um ginásio. O cuidado é para não prejudicar o piso e ao mesmo tempo oferecer conforto e segurança para os praticantes.     

Equipamento     

1) Rede – Dada a dificuldades financeiras na maioria dos educandários, à praticidade de montagem e desmontagem, e ainda à guarda e manutenção, tenho recomendado a utilização de redes com 5m x 0,80m. Quando dispostas longitudinalmente numa quadra oficial de voleibol ocuparão integralmente os seus 18m. Isto permite o aproveitamento de algumas linhas já traçadas no terreno. Em quadras abertas muitas vezes serão aproveitadas as linhas traçadas pela junção das placas de concreto. Entre as extremidades da rede e os postes de sustentação, um intervalo de 0,75m permite distanciar um campo do outro em 1,75m, o que na prática oferece relativa segurança quando da realização de jogos. Dessa forma, a extremidade das duas redes laterais estará exatamente sobre as linhas de fundo da quadra oficial. Para manter o sistema seguro, requer-se a fixação com cordas dos postes das extremidades a um ponto fixo e estável, como a baliza de futsal (figura), ferragem da cesta de basquete ou à parede. As cordas que sustentam as redes podem ser individuais, isto é, uma ara cada uma delas, ou única, indo de uma extremidade à outra. Nesse caso, recomenda-se a utilização de cabo de aço com pequena dimensão.       

2) Postes –  Utilizamos sempre postes de alumínio redondo de fina espessura, uma vez que também serviam para aulas na praia ou em diversos locais. Seu peso é suficientemente compatível para que uma criança possa transportá-lo e, muitas vezes, contribuir para ajuda voluntária na armação das quadras. As extremidades e as junções estão recobertas com tubos de PVC. Optamos por dividir o poste em duas partes para efeito de comodidade no transporte e guarda. Como pretendemos uma altura de até 2,10m do bordo superior da rede, o poste deve ter então um pouco mais, podendo alcançar 2,20m. Ao se tensionar as cordas de fixação inferiores chegaremos à altura desejada. O uso de postes de alumínio é mais dispendioso e nada impede que sejam empregados sem a conexão de que falamos, isto é, pode ser inteiro nos seus 2,20m. Como também podem ser utilizados postes de ferro, de custo muito mais em conta. Devidamente preparados – ganchos para suporte da corda da rede – e pintados, deverão ter longa duração de uso.       

3) Bases – Recorremos a uma pequena estrutura de ferro, com apoios de espuma que evitam deslizamentos e não permitem arranhar pisos de madeira quando utilizadas em ginásios. Recomenda-se que sejam cobertas com espuma envolvida em dois pequenos sacos de pano para completa segurança dos alunos. Na sua parte mediana deixamos um pequeno cano de espera para encaixe do tubo. Essa espera deve conter também uma pequena seção do tubo de PVC que receberá o poste com ajuste perfeito, sem folgas, para evitar balanços e desequilíbrios do conjunto. Pequenas oscilações durante os exercícios ou jogos não afetarão o sistema. Aliás, um excesso de peso na base poderia justificar uma quebra. Por isto, evitar também que crianças que não estejam participando do jogo ali se alojem, uma tendência comum.     

4) Montagem –  São simples e perfeitamente assimiláveis pelos próprios jovens alunos: a) Para um equilíbrio estável é necessário que as Bases estejam alinhadas e equidistantes umas das outras regularmente (aproximadamente 6,50 a 7m; b) Para se certificar desse alinhamento, coloque as redes somente apoiada na sua parte superior, deixando a inferior solta; c) Em seguida, providencie para que as redes estejam bem esticadas (somente ainda pela parte superior); d) Posicionado numa das extremidades, atrás do poste, faça uma leitura ocular de modo que só veja o poste que está imediatamente à sua frente. Um auxiliar deverá fazer os acertos e ajustes; e) A partir desse momento, serão realizados os encaixes finais das partes inferiores da rede.     

5) Campos – Os exercícios poderão ser desenvolvidos ou não nos próprios campos de jogo. Algumas linhas laterais podem ser aproveitadas das marcações pré-existentes ou até mesmo, as marcas das juntas das placas de cimento. Quanto à linha de fundo, caberá ao professor decidir caso a caso, uma vez que poderá ter equipes atuando ora com 2 alunos, ora com 3 ou 4. Com mais jogadores, maior a quadra.     

6) Altura da rede – Em princípio, com uma altura fixa próximo dos 2,10m é bastante conveniente, tanto para realização de exercícios, quando para o próprio jogo. E, pelas experiências em diversas situações, as crianças respondem satisfatoriamente em todos os quesitos. Caso resolvêssemos adaptar o equipamento com conexões que permitissem regular a altura teríamos que remodelar o conjunto e tornar os campos independentes uns dos outros, onerando e dificultando o processo.   

Olá pessoal. A seguir estarei mostrando como dispor os campos de jogo na praia ou em grandes áreas livres para a prática do Mini Vôlei com até 400 alunos ou mais. Poderão apreciar o relato de minhas práticas em projetos simultâneos envolvendo 1.200 crianças em quatro cidades distintas do Brasil. Quer saber mais? Pergunte e responderei com prazer.