Curso Prático: Métodos & Pedagogia no Vôlei

 

MiniEuFavBairro INVERTIDA
Boas ideias a serviço de comunidades.

Valor da Aula Prática

Vimos promovendo propostas de ensino à distância para professores lotados em escolas, especialmente públicas, aquelas que sabemos reúnem as maiores dificuldades para um ensino adequado. Todavia, já dissemos diversas vezes, o distanciamento nos impede de estar presente, bem próximo ao professorado e mostrar-lhes na PRÁTICA como produzimos as aulas e damos sequência a um programa perene. Enquanto lutamos para conseguir esse apoio, mostraremos nossa mais nova experiência pedagógica. Ressalte-se que existem inúmeras dificuldades em qualquer educandário, uns mais, outros menos. Ocorre que isto não nos abate e, ao contrário, nos instiga a descortinar soluções originais e criativas. Como se diz: “Cada caso é um caso”. Convido-os a embarcar nessa aventura de vida!

Aprendendo a Ensinar – Importância do Bom Ensino – Ensinar ou Treinar? – Como Surgem os Talentos? Seria por Acaso? – Originalidade e Liberdade – Experiência em Trabalhos Ativos – Soluções Criativas – Pensar e Empreender – Cursos e Aulas Práticas.

Aprendendo a Ensinar 

Em 22 de fevereiro de 2010, publicamos o artigo Originalidade e Criatividade (nº 69, Sumário) ao qual nos reportamos agora para acentuar o valor do conhecimento e as experiências que realizamos ao longo da vida na busca de melhores informações e, por conseguinte, melhores saberes. A prática, quando observada sob olhar pedagógico, ensina-nos a promover comportamentos mais adequados em indivíduos sob nossa tutela momentânea. Como se tratam de momentos passageiros é imprescindível não desperdiçarmos tempo e aplicarmos o quanto antes boas técnicas de ensino. Tenho certeza de que os instruendos jamais se esquecerão de um bom professor. Quem tiver dúvidas, pergunte a qualquer pessoa – homem ou mulher – como foi o seu ensino de voleibol em toda a sua vida escolar. E acrescento, desde a época de seus avós!

Importância do Bom Ensino

Falando de três gerações – avós, pais e filhos – vem-me à lembrança a frase cunhada pelo Prof. José Pacheco em seu grito de alerta sobre a Educação no Brasil: Temos escolas no séc. XIX, professores no XX, e estudantes no XXI! Uma vez que o sistema acadêmico não revê seus currículos de antão, como levar um professor recém egresso da faculdade a se interessar por detalhes metodológicos e pedagógicos ainda imperceptíveis em seu cérebro? Essa é a nossa cruzada em favor do aprimoramento do ensino pedagógico nas faculdades, há muito se revelando insuficiente. Pior situação se encontram os treinadores atuando em clubes, uma vez que muitos não possuem o curso de educação física, mas tão somente uma breve prática esportiva, o suficiente para que obtenham um certificado das federações de vôlei para exercerem a profissão. Pior ainda a maioria que começa seu ciclo de treinador nas categorias de base lidando com crianças e adolescentes. Sua metodologia e pedagogia estão calcadas no que aprenderam (sic), i.e., NADA! Tornam-se repetidores do treinamento que assimilaram quando atletas, e por isto, copiadores de exercícios produzindo novos autômatos, uma vez que empregam o método que os psicólogos denominam ADESTRAMENTO. Alguém acha que um recém-formado, ou mesmo um calejado professor ou treinador vá se interessar em fazer um curso de Pedagogia, ou mesmo, ler sobre o assunto?

Artigos recomendados: nº 139, 142, 145 – Importância de um Bom Ensino; nº 95 a 105 – Professor de Vôlei, O Bom Professor, e Voleibol na Escola (12 artigos).

Ensinar ou Treinar?

Como pode alguém exigir de outrem aquilo que não sabe?

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Aulas para 400 crianças, Praia de Icaraí, Niterói. Ilustração: Beto.

Assisti há pouco pela Tv uma partida de voleibol feminino (profissional) válida pelo campeonato da cidade de São Paulo em que destaco a atuação do treinador de uma delas, a mais fraca tecnicamente. Guardadas as devidas proporções, sua conduta frente às comandadas deixou muito a desejar no quesito ENSINO. Sua linguagem traduzia completo despreparo em pedagogia e em como despertar as atletas para se motivarem para o jogo, uma vez que os erros se avolumavam continuadamente. Cada vez me convenço mais do que sempre disse: “Ao ver uma equipe atuando percebo como é treinada”. Diante das câmeras e microfones nos intervalos das partidas dá para se perceber a medida certa que um treinador deve exercer sobre o grupo em sua linguagem, gestos, expressões faciais. Tudo deve ser considerado para dar uma justa medida sobre sua capacidade de liderança e técnica. A partir daí, o observador mais atento poderá concluir com mais acerto como são adestradas as atletas. Raríssimos são os que sabem orquestrar um grupo que se comporte com autonomia, criatividade e originalidade; ao contrário, são repetitivos e dependentes de instruções milagrosas. Poucas se apercebem do que ocorre durante uma partida, pois têm funções definidas, ditadas por um figurino que não admite que se pense de forma contrária, ou ainda, de forma perigosamente mais inteligente. Se atletas já adultas se conformam com esse estado de coisas é porque foram treinadas dessa forma desde sua base e, além disso, o dinheiro fala mais alto. Contudo, o que ocorreria com as mesmas atletas se lhes fossem dadas oportunidades de crescimento mental mais digno e eficiente? Os treinadores poderiam até ser os mesmos, mas sugerimos ao leitor que pense como o MÉTODO de ensino tem a haver com o futuro dos indivíduos. Poderíamos até propor (já fizemos um teste ainda que precário) em que opusemos equipes de adolescentes treinadas com metodologias diversas. Uma com o método tradicional, aplicada em nossos clubes e copiada das equipes principais; e outra, com a nova metodologia que estamos propondo há muito – Aprender Brincando e Jogando. O que acham que aconteceu?

Leia mais…

 

Como Surgem os Talentos? Seria por Acaso? (nº 401, Sumário)

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Praia de Icaraí, Niterói (1992). Curso para 300 crianças.

Publicamos no Procrie alguns artigos sobre o assunto em que Daniel Coyle, no livro O código do talento  responde à questão: “Por que ilustres desconhecidos de repente tornam-se famosos em suas especialidades”? A partir de suas observações pelo mundo, desenvolve uma teoria que chamou de treinamento profundo. Coyle observou que existe um padrão, uma regularidade na percepção do próprio talento por seu detentor que a torna característica do processo de aquisição de habilidade. Daí vem  importante questionamento:

  • Qual a natureza desse processo capaz de gerar duas realidades tão díspares?
  • Como esses indivíduos, que parecem ser iguais a nós, de repente se tornam talentosos, embora não tenham consciência disso, ignorando a verdadeira dimensão desse talento?
Para saber mais a respeito: (nº 364, 355) Como se Adquire Habilidade? (I e II) –  (nº 360) Como Ensinar – ( nº 365) Habilidade vs. Talento – ( nº 374) Ensinar Vôlei e Futebol, que Diferença? – (nº 388) Como Produzir Talentos? Melhores Treinos, Melhores Atletas – (nº 395) Metodologia e Pedagogia, Para que Servem? – (nº 309) Soprador de Talento?

Originalidade e Liberdade 

(reprodução de experiência laboratorial em colégio de Niterói, RJ)

“No final da década de 70 sugerimos à coordenação do colégio a implantação do mini voleibol no recreio e horas vagas de seus alunos. Foram instaladas treze mini quadras (12 m x 5 m) que permaneceram até nossos dias, sempre disponíveis para a prática livre, fora do horário de aula e sem a presença de qualquer professor. Após breve período de adaptação com a novidade e a consequente aceitação, a coordenação de educação física houve por bem definir a disponibilidade dos campos por séries de forma a atender a demanda democraticamente. Mais adiante lhes foi sugerido organizarem torneios, que se tornaram um acontecimento inédito. E, principalmente, sem a participação dos docentes. Regras, tabelas de jogos, tudo orquestrado pelos alunos. Promovemos também uma reportagem inédita com a TV-Educativa no intuito de divulgar a metodologia e suas inerentes vantagens. Foi vinculada para todo o País. Com o passar do tempo registrou-se um fato concreto comentado pelo experiente professor das equipes de voleibol do educandário: A partir da instalação dos pequenos campos os candidatos a integrarem nossas equipes já chegam jogando voleibol”. E hoje acrescento: um daqueles meninos chegou a ser campeão mundial de voleibol infanto juvenil. Atualmente, milita como auxiliar técnico em equipe da Super Liga. Trata-se do Leozinho, o Leonardo, jovem amigo de longa data. Indaguem a ele quem o ensinou a jogar voleibol? Teria sido aquele seu professor colegial ou se trata de autodidatismo? Outras experiências foram realizadas, destacando-se a do Morro do Cantagalo onde agregamos indivíduos das comunidades de um Ciep (escola municipal) e de outros morros da Zona Sul do Rio de Janeiro. Poderão tomar conhecimento nas três postagens (nº 6, 7, 8) sob o mesmo título: Lições de um Projeto, Perspectivas de Aprendizagem.

Experiência em Trabalhos Ativos

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Crianças aprendem a jogar sozinhas. Ilustração: Beto.

“Nosso conhecimento acerca de qualquer assunto consiste em informação e saber. O saber é a habilidade para usar a informação. Claro que não existe saber sem pensamento independente, originalidade e criatividade. Todos concordamos que, em pedagogia, o saber é mais importante, ou melhor, é muito mais importante do que possuir a informação. Este saber é a habilidade para construir/reconhecer problemas desafiantes, descobrir princípios/soluções, criticar situações/argumentos, ter alguma fluência no fazer, reconhecer/distinguir aspectos gerais e reconhecer situações concretas (Pólya). Todos deveriam concordar também que no ensino de jovens desportistas se devessem fornecer aos alunos independência, originalidade e criatividade. E, no entanto, quase ninguém pede que o professor de educação física ou o treinador de voleibol possua estas coisas bonitas – não é espantoso? Como, então, chegarmo-nos aos professores, especialmente àqueles não especializados no voleibol”?

Soluções Criativas

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Aulas inclusivas; todos participam. Ilustração: Beto.

Essas são formas de como solucionar dificuldades para aplicação do ensino de um desporto – despertar o interesse e disponibilizar instalações e equipamento – a baixo custo. Basta ao professor, mesmo o generalista, que indique aos seus alunos alguns dispositivos básicos – um deles, como organizar um torneio – para que adquiram a capacidade de se desenvolverem por conta própria. Quer tentar fazer igual na sua escola? É bastante fácil e uma das missões do Procrie.

Artigos recomendados: Aprender a Ensinar; Aprender Metodologia; Aprender Métodos; Material e Equipamentos.

Pensar e Empreender

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Alunos se divertem no Recreio. Foto: Roberto Pimentel.

Uma sugestão é adotar o sistema empregado no mini voleibol com a construção das mini quadras. Normalmente, a quadra de um colégio pode conter 4-5 quadrinhas de 12 m x 5 m se as redes (5 m) forem dispostas no sentido longitudinal, i.e., de tabela (basquete) á tabela (ou balizas). As redes podem ser compradas diretamente na fábrica (B. Horizonte, MG) pela internet (site de buscas). Mais detalhes sobre equipamento, bolas, poderão ver na Categoria Mini Vôlei deste Procrie. A seguir, como dispor as alunas para a realização de exercícios e pequenos jogos. Esta é uma tarefa que venho propondo há anos. Trata-se de um Curso com aulas práticas que conduz o professor a descortinar formas e exercícios segundo sua criatividade. Isto é, leva-se o docente a compreender que não deve copiar nada, mas entender o processo e a pensar por conta própria. Em resumo, liberto-o da escravatura pedagógica a que está submetido desde os bancos escolares e pela ausência do ensino de Pedagogia nas faculdades e cursos de formação de treinadores das federações.

Cursos e Aulas Práticas (desnecessárias apostilas)

Como devem ter observado, o texto está bastante extenso e repleto de remissões a outros tantos. Recomendo aos interessados não ter pressa, e retornarem sempre que possível, pois esta é uma tentativa nossa de agrupar artigos pertinentes a um mesmo assunto, enquadrando a matéria. Tenho certeza de que dificilmente encontrarão algo similar na literatura. Além disso, não está explícita a dinâmica das aulas empreendidas pelo Autor em suas demonstrações ou Cursos. Não me furto a realizá-los em qualquer parte do País e para tal disponibilizo todo material específico, exceto as bolas. Contribuindo para a erradicação de impactos ambientais, os Cursos são eminentemente práticos, sem adição de Apostilas. Como milhares já constataram o Procrie está receptivo àqueles que se aproximarem com intenções de evoluir na arte de Aprender a Ensinar. Como Educar requer constantes pesquisas, embarquemos todos nós nessa verdadeira cruzada evolucionista. Venha e abrace a causa. Não fique de fora, pois já somos muitos! Não deixem de visitar nosso Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol, incluso um Projeto Pedagógico. Está à sua disposição no sítio exclusivamente educacional PREZI no linque http://www.procrie.com.br/procrienoprezi/. Aos mais resolutos, oferecemos a bibliografia consultada nesse sítio. Por último, acompanhem-nos nos artigos a serem postados aqui relatando nossas atividades com o grupo de estudantes a que nos referimos dando conta de observações pedagógicas e, especialmente, os Comentários das participantes.

Espero que gostem! Boas leituras…

 

Pedagogia da Expressão

Paideia?

As contribuições trazidas pela Pedagogia Freinet para a educação se traduzem pela filosofia, pela educação e pela prática. Suas técnicas pedagógicas trouxeram sentido às aulas tornando esta uma atividade prazerosa e significativa para os alunos. O papel do professor dentro dessa proposta se alicerça na junção da prática para a vivência, criando relações para que sejam desenvolvidos a cooperação e o respeito. (Dra. Luciana Faleiros Cauhi Salomão)

Como crianças aprendiam o futebol? Hoje, também aprendem sozinhas.

A Formação da criança

Todos nós professores conhecemos muito bem o que seja uma aula de futebol em milhares de escolas do Brasil. Não é preciso ir longe para presenciar dois aspectos: o primeiro, aquele em que o mestre fornece a bola e os alunos decidem o resto; o outro, quase sempre em um clube de formação, com aulas pagas pelos responsáveis, com crianças submetidas a um verdadeiro adestramento, com táticas e regras insubstituíveis, impostas à força. Não muito distante em termos de ação pedagógica (ou a sua falta), tentem frequentar igualmente uma aula de voleibol – meninos ou meninas -, e vejam a possibilidade de tirar algum ensinamento positivo desse martírio a que são submetidas as crianças.

Por que é assim? Seria descaso dos docentes ou total desinformação metodológica e pedagógica dos mesmos? Não teriam uma formação científica adequada para contemplar tais quesitos? Que ex-atletas o façam até entendo, pois muitos deles não tiveram estudo suficiente, mas os professores de Educação Física? Seriam os cursos universitários tão deficientes?

Diz-se que ensinar é uma arte, e arte não se ensina. Ainda assim esforço-me uma vez mais nesse sentido, dando início à coleta de informações que podem abrir o horizonte dos professores e contribuir para que se desenvolvam na sua missão da melhor maneira possível. Comecemos pelas crianças ainda em idade maternal e, a pouco e pouco, acompanhemo-las por toda a sua vida. Imagino que ao término, perceberão por que alguns atletas de alto nível, especialmente os de voleibol, têm imensas dificuldades no seu trabalho e, chegado a um ponto, não mais se desenvolvem e convivem com suas deficiências. Como teriam sido eles tratados desde sua infância em termos de Educação do Movimento? Para responder a esta questão, acompanhem-me nos retalhos e fragmentos que colhi em Le Boulch, lembrando que deverão ser discutidos, e não aceitos. Boas leituras!

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Pedagogia Freinet – Fragmentos de uma descrição da pedagogia Freinet e de suas concepções sobre a utilização do movimento na formação a partir do enfoque de uma pedagogia do “ser global” que é a criança.

A criança a quem é permitido expressar-se livremente se expressa tanto ou até mais fisicamente do que pela palavra. E explica: “Quando uma experiência é bem-sucedida no decorrer do tatear, ela cria como que um apelo à potencialidade e o indivíduo experimenta a necessidade de repetir esse ato bem-sucedido até que ele possa fazer parte do automatismo”. A atmosfera da alegria das sessões certamente contribui para a criação. Assim, quando a ocasião se apresenta, quando a forma e o ritmo da evolução se prestam a isso, começo a cantar uma música ou cantiga conhecida ou não.

Todos nós temos um ritmo interno (temperamento), a criança também. Em primeiro lugar é preciso levá-la a conscientizar-se de seu ritmo e, a seguir, evoluir livremente. Exatamente como na sala de aula, onde deixamos que ela se exprima livremente para que tome consciência de suas possibilidades de linguagem, apresentando a seguir do texto de um autor.

É importante respeitar o ritmo de cada criança – Cada criança tem um ritmo próprio que é preciso respeitar, não somente por sua originalidade, mas também em virtude da maturação dos centros nervosos que se realiza e que não é idêntica, nem no mesmo grau, em todas as crianças.

O cerne do problema

A parte que cabe ao mestre – “O que importa é o trabalho de tatear efetuado pela criança, muito mais do que a resultante desse trabalho – a aquisição de habilidades motoras. Portanto, é um grave erro pedagógico querer acelerar os processos de aprendizagem por meio de uma ação intempestiva e invasora. O papel do educador é o de suscitar, de favorecer as tentativas, os erros e o ajustamento, e não o de substituir o mecanismo particularmente educativo desse processo adaptativo por suas técnicas”. Tocamos aqui no cerne do problema: a parte que cabe ao mestre. É preciso propor, não impor, porém é preciso propor à criança no momento oportuno, no momento em que ela estiver sensibilizada, pronta para receber; aí está a parte do mestre. Parte delicada, sem dúvida.

Pedimos que faça uma breve reflexão e relembre como foram os seus tempos escolares, especialmente no que trata a Educação Física. À luz do que está escrito acima, e além do que aprendeu durante sua vida, escreva pequeno comentário com suas impressões. Ficaremos muito felizes por tamanha contribuição e um incentivo a continuarmos por este caminho. Desde já, muitos obrigados!

Ensinar é Contar Histórias

Na escola de meus filhos, um cenário corriqueiro promovido por professores. Eu, à espera do término da aula, aguardo em silêncio, mas impossível de não observar múltiplos erros pedagógicos. De um lado, o de basquete para alunos de 10 a 15 anos; na quadra ao lado, o voleibol feminino, na mesma faixa etária.

  1. Basquete – Uma aula de talvez 60 min, estava reduzida pela exposição inicial do professor, que custou 20 min, um terço dela; nos exercícios em movimento com passes de bola em duplas compostas de alunos com idade e complexão física distintas.
  2. Voleibol – Alunas colocadas a jogar livremente, mas com olhar de ver do professor a toda e qualquer intervenção – não para aplaudir, mas acentuar o erro. Então, coisa normal em principiantes, a todo instante a mesma correção do gesto de toque na bola: “dobre as pernas, … dobre as pernas,…”. Aquilo me impulsionou a ajudá-lo, e surpresa, submeteu-se de bom grado. Então disse-lhe: “quando o professor repete inúmeras vezes o mesmo erro, é sinal que as alunas ainda não entenderam o porquê disso ou daquilo correto, isto é, a boa técnica de execução daquela habilidade. Hão de convir que pela voz do professor não conseguirão aprender. Resta então, suprimir a atividade e trocá-la por outra conceitual.
  3. Pedi a ele que oferecesse bolas de basquete e que fizesse uma breve competição numa das tabelas de basquete, livremente. Ficamos distantes alguns metros, a perceber o que, e como as alunas enfrentavam aquele desafio. Ora, ao competir, desapegam-se de “como fazer” os movimentos corretos, mas simplesmente por intuição e tempestivamente. Nesses instantes, no afã de vencer o jogo, começam a se auto observar quando erram, para não fazê-lo novamente. Dessa forma, começam a agir de forma a pensar o que fazer para se corrigir e não errar.
  4. Enquanto assim procediam, dizia para ele: “o que você está vendo”? A primeira resposta foi “um grupo de alunas tentando encestar as bolas”.
  5. Então, abri-lhe os olhos e a mente… a) não olhe para as bolas para ver se acertaram na cesta, mas sim se estão dobrando as pernas, uma vez que para lançar bolas pesadas não basta o impulso dos braços. Elas descobrirão isso por elas mesmas, é intuitivo”.
  6. Mas, no voleibol não precisa tanto! Ora, por que então estava você dizendo “dobrem as pernas”? Todavia, o mais importante é que os registros (*) em seu cérebro se consolidarão pela repetição e, melhor do que isso, asseguram na memória motora para uso em outras oportunidades, pois jamais esquecerão o “conceito do movimento” e como resgatá-lo em outras circunstâncias. Com isso, aprimoram sua técnica atual e futura com novos insights, que jamais esquecerão! Este, o fator da criatividade, como o cérebro flexível concebe novas ideias. Nessas oportunidades você se pergunta: “como consegui fazer isso se nunca treinei”?
  7. Algum tempo depois, fora do ambiente escolar, confessou-me… “Você fez por mim a melhor coisa; não ensinar exercícios para isso ou aquilo, você foi direto ao ponto, ou seja, Ensinou-me a Pensar!
  8. De onde advém…,”Como ensinar crianças pequenas a pensar” ?
O desafio: percorrer todo o percurso sem errar. Caso ocorra, retorne ao início. Por que é excelente para aprender a pensar?

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(*) Atualmente, com o desenvolvimento da novel Neurociência, denominada rota mielínica.

Jogo infantil Labirinto. Descubra o que venha a ser o conceito que cada atividade exprime silenciosamente. A partir daí, se a criança tiver alguma dificuldade nunca dê a solução para contorná-la. Apele para Vygotsky, e sua ZDP, ou Robert Bjork, sobre o conceito de ponto ideal de desenvolvimento. Como atingi-lo?

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Professor ou Treinador?

Leia mais, e descortine mais surpresas em matéria de Ensino séc. XXI.

Leia mais… “Metodologia para treinamento”, e maravilhosas ideias sobre Ensino a Crianças.

Aulas do Fluminense F. C., três vivências inesquecíveis!

VoleiBeneCanto do Rio

No final da década de 70, “convidei-me” para realizar algumas aulas para o Bené, no Fluminense, no ginásio de baixo, como era conhecido o local em que realizava os treinamentos de mirins e infantis. Fronteiriço, uma outra quadra servia aos treinos de basquete. Ao lado, e um pouco mais acima, o antigo ginásio, onde foram realizados os primeiros Jogos Sul-Americanos, em 1951, treinavam os infanto juvenis.

Levo sempre o material pertinente: 4 mini redes, 50 bolas de tênis, bolas (bexigas) plásticas coloridas etc. Inicialmente o grupo estava composto de 16 crianças que me foram apresentadas e, a seguir, demos início à aula: naquele espaço, somente eu e os jovens atletas.  Com o desenvolvimento dos trabalhos, aconteceu algo inédito no clube: inúmeras pessoas se aperceberam de que havia algo diferente naquele local e, curiosos, acorreram para se inteirarem. O treinamento do ginásio principal também foi interrompido por instantes para que todos se certificassem do que ocorria lá embaixo e Bené percorria as instalações próximas para conclamar as pessoas a verem o que ocorria. Não cabia em si de contentamento. De minha parte, muito discretamente e sem muito esforço, simplesmente propunha aos meninos tarefas que se sucediam com intervalos mínimos. Apenas sugeri-lhes que deveriam fazer a algazarra que quisessem. Foi uma grande bagunça, isto é, gritaria e muito divertimento durante todas as demais sessões.

Quando propus jogos nas miniquadras, um outro fato chamou-me a atenção: alguns atletas do ginásio principal– infanto juvenis – desceram e se me apresentaram solicitando participar dos jogos de duplas, no que foram imediatamente atendidos. E até me desafiaram para a competição. Penso ter dado o meu recado e “vendido meu peixe”!

Um espetáculo imperdível! Continue lendo “Professor ou Treinador?”