Em pé, da esquerda para a direita: Vera, Joana, Marly, Adayr, Rosinha, Pequenina e Helena Bins. Agachadas: Carminha, Daice, Helena Valente, Marlene e Coca.
Em pé, da esquerda para a direita, Adolfo Guilherme, Álvaro, Betinho, Belo, Lúcio, Aché, Paulo Augusto e o técnico Paulo Azeredo. Agachados, Tite, Maurício, Otávio, Hélcio, John e Hélio (Corrente).
Há muito trabalho como historiador: procuro contar histórias verdadeiras que me foram contadas por inúmeros personagens. Neste trabalho procurei percorrer os caminhos do vôlei com uma lupa, como se utilizasse o zoom de uma máquina fotográfica servindo-me muitas vezes de retalhos. Creio que valeu a pena, pois fiz novas amizades e ganhei reconhecimentos generosos. Animou-me o desejo de retratar os indivíduos esquecidos e o seu grupo. Nas histórias que a própria vida me contou sobressai essa relação que deve ser explorada na medida em que os documentos e relatos assim o permitam. Vários personagens ajudaram a construir essa história, deram seus testemunhos e interagiram nela adicionando sua marca. Obrigado a todos. À multidão de anônimos e sem-medalhas, certamente mais importantes, juntemo-nos na alegria de recompor os fragmentos dessa memória.
Voleibol no Rio de Janeiro e a participação do Brasil em competições internacionais. Compus dois volumes – prestes a serem editados – para contar essas histórias. O primeiro (600 pág.) trata do nascimento e desenvolvimento do esporte no Rio de Janeiro, como se jogava, a evolução das regras, o intercâmbio com outros centros. O outro (500 pág.), percorre os caminhos das nossas representações em competições internacionais e assuntos pertinentes, como um resumo de acontecimentos cronológicos desde 1895. Arlindo Lopes Corrêa apresenta-me na obra com muitas honrarias, a que atribuo nossa velha e proveitosa amizade de longos anos. A pouco e pouco pretendo mostrar como foi construída a história do voleibol no país, além de oferecer subsídios para uma análise que nos leve a meditar como estamos muito aquém das nossas possibilidades em termos de atendimento à população. Iniciemos pela etimologia da palavra.
Etimologia. A palavra voleibol experimentou diversas grafias. Na década de 40 usou-se o anglicismo puro, sem adaptação gráfica, volley-ball (1896), derivado de volley: “vôo, trajetória de um objeto lançado pelo ar antes que toque o chão”. Neste período há registros também sob a forma volibol. Na década de 50 surgem as variações voleibolistas, volibolista e até mesmo volista e vôli. A influência da imprensa foi determinante – provavelmente na década de 70 – ao disciplinar seus redatores através de um manual de redação que consagrou o uso dos termos voleibol e vôlei, sendo a forma abreviada acentuada. O esporte teve muita difusão nas praias do Rio e Niterói a partir da década de 40 sempre jogado na forma de sextetos, inclusive de forma competitiva. A partir da década de 70, o jogo de duplas, praticado como diversão, dá lugar a uma nova modalidade: o vôlei de praia.
I Campeonato Sul-Americano. Foi realizado em 1951 no ginásio do Fluminense, no Rio de Janeiro, tendo o Brasil como campeão em ambas as categorias, masculina e feminina. Era presidente da Confederação Sul-Americana de Voleibol o Sr. Célio de Barros. No feminino o Brasil ganhou o troféu “Jess T. Hopkins”. A seleção brasileira masculina, tendo como técnico Paulo Azeredo, era constituída basicamente de jogadores do Rio e Minas Gerais. Quanto à equipe feminina, o técnico foi o mineiro Adolfo Guilherme. Dias antes do início do campeonato, dizia-se que não seria permitida a puxada: todos deveriam jogar batendo (cortando) na bola de mão fechada – eram estas as alternativas técnicas para ataque por cortada. Entretanto, para surpresa dos brasileiros, a arbitragem permitiu ambas as técnicas. Foram convocados os atletas:
Seleção Feminina: Cortadoras – Pequenina, Joana, Marly, Helena, Norma, Adayr e Vera; Levantadoras – Zombinha, Oraida, Marlene Guedes e Zilda Ulbrich (Coca). Foram convocadas também Rosinha, Carminha, Daice e Helena Valente.
Seleção Masculina: Cortadores – Betinho, Lúcio, Aché (DF); Álvaro, Paulo (MG); Belo (SP); Levantadores – John, Otávio, Hélio (Corrente, DF); Cecywaldo (Tite); Hélcio e Maurício (MG); Auxiliar Técnico – Adolfo Guilherme
Campeões: Otávio Barbosa Neto, Álvaro Benício de Paiva, Henrique Otávio Aché Pilar, Hélio da Silva Cerqueira (Corrente), Alberto Damázio de Sá (Betinho), Cecywaldo Gonçalves Bentes (Tite), Lúcio da Cunha Figueiredo, Hélcio Nunam Macedo, John Castro O’Shea, Jorge de Almeida Belo, Maurício Nunam Macedo e Paulo Augusto dos Santos.
Campeãs: Vera Trezoitko, Joana Mary Ribeiro Freire, Isaura Marly Gama Alvarez, Adayr Mata Falcão, Rosinha, Maria Azevedo Pequenina, Helena Bins (gaúcha e a mais alta), Carmem Castello Branco (Carminha), Daice Taino, Helena Valente (capitã), Marlene e Zilda Ulbricht (Coca).
Notas: a) Adolfo Guilherme foi também auxiliar do técnico Paulo Azeredo no masculino; b) Zombinha e Norma (do Icaraí, Niterói) foram dispensadas da equipe, tendo permanecido outra niteroiense Adayr; c) Observa-se a distinção entre levantadores e cortadores desde a convocação.
Palavras-chave: Voleibol no Rio de Janeiro. Etimologia. 1º Campeonato Sul-Americano.


