História do Mini Vôlei (III)

 Mini Vôlei no Brasil e no Mundo (III)

6. A experiência sueca, por Jorgen Hylander.

Uma apresentação das escolas da Suécia e as maneiras de introdução do voleibol nas suas escolas pela Associação Sueca de Voleibol (SVBA).

Condições gerais. Uma sessão de educação física escolar tipicamente sueca tem 40 minutos de programação. Entretanto, existem alguns problemas, tais como: as crianças tiveram uma aula antes da sessão de ginástica; deslocamento para o ginásio; troca de roupas para as atividades esportivas; a atividade propriamente dita; banho (se possível); troca de roupas; retorno à sala; críticas dos demais professores por possíveis atrasos. Tempo efetivo de atividade: 20 min a 25 min.

Currículo das escolas públicas. O objetivo da educação é o treinamento físico normal para os alunos. Não há currículo detalhado e sim recomendações gerais. O professor planeja as atividades para o ano todo e divide-as em diferentes períodos. Os principais interesses do professor (basquete, vôlei etc.) determinam a escolha das atividades porque o professor é um especialista em seu campo. Partes principais de um currículo: ginástica de aparelhos; esportes de bola (basquete, vôlei, handebol, futebol, badminton e tênis, campo e mesa); pista e campo; cross-country; natação; esportes de inverno.

O primeiro argumento dos professores refere-se às dificuldades de começar o ensino antes da idade da escola secundária. A seguir, um exemplo de uma aula comum de voleibol numa escola sueca: participam de 25 a 30 alunos; existe uma quadra; normalmente uma bola; e o professor realiza o jogo 6×6 (voleibol); o restante é envolvendo atividades de bolas (se houver) na parede.

Problemas gerais nas escolas: os alunos estão em ordem cronológica, portanto, há diferenças de peso, altura, idade biológica, habilidade etc. Como individualizar? Dividir em grupos depois de determinar habilidade, altura, etc. Tudo isso significa pequenos grupos de atividade.

Lições para a escola primária. As primeiras palavras dos alunos são: “Queremos jogar”. Em geral querem o jogo 6×6, que é muito difícil; entenderão o jogo jogando; os jogos consistem em combinações 1×1, 2×2, 3×3, 4×4 e 6×6; inicialmente são ensinados o passe por cima, o saque por baixo e a manchete. Cortada ou bloqueio não são mencionados; resolver o problema da bola adequada, capaz de não provocar lesões às crianças e manter um jogo fluido; uma quadra adequada para fazer o sucesso dos jogos; tempo para as atividades recreativas depois de um dia escolar programado; quadras de voleibol e equipamentos em pátios escolares, ginásios etc.; cooperação entre escolas e clubes.

Formação dos professores. Professores primários são formados em dois anos e meio; professores de Educação Física em dois anos; a SVBA promove anualmente um curso central para professores (treinamento e recreação); os distritos da SVBA promovem cursos duas vezes na semana (eventuais); são realizados torneios entre professores durante o período de aulas (local, regional, distrital) envolvendo cerca de 1.500-2.000 professores; muitos professores fazem seu primeiro contato com o voleibol nesses torneios.

7. A experiência holandesa, por Jaap Tel

Mini vôlei na Holanda e seus problemas. O mini vôlei foi um sucesso no país desde o seu início; existe um campeonato nacional com 120 equipes participantes; desenvolveram-se dois projetos juntos – Trimactions e Mini-voleibol.

O livro “Movimento e Educação do Voleibol” mostra-nos as características do vôlei: dá a possibilidade de desenvolver a força, a resistência e a velocidade; desenvolve a coordenação, os movimentos, o senso de tempo e espaço; desenvolve o sentimento social e o trabalho de equipe. Por que o voleibol não se tornou popular em nosso país? Porque os fundamentos técnicos são difíceis de aprender; ele parece ser estático. O principal objetivo do nosso plano é ensinar a quantas crianças for possível os melhores movimentos usando o mini vôlei desde a idade suficiente para isso. Há dois objetivos secundários: criar possibilidades de jogar o voleibol de um modo recreativo e aumentar o número de jogadores para competição. Para alcançar esses objetivos devemos fazer uma espécie de livro-guia para todos os treinadores e professores. Nosso método é baseado no “método-total”, que pode ser encontrado na publicação acima mencionada. O importante quando se introduz o mini-vôlei é o movimento e fazer jogar o jogo e não os resultados técnicos. Esperamos que este plano traga-nos mais mini-jogadores e, mais tarde, jogadores juvenis. Muito embora já tenhamos 2.000 mini-jogadores, tentaremos alcançar todas as crianças em idade para o mini vôlei.

8. Alguns dados e conclusões sobre o desenvolvimento do mini-vôlei (ainda na Suécia), por Erik Skarback

Bola: peso (gr)/circunferência (cm)

Bola senior 270/66; mini-mikasa 200/83; plástica 150/64; espuma de borracha 110/63.

Número de jogadores 3 e 4.

Dimensões da quadra: 4,5m x 9m (pequena); 4,5m x 12m (profunda); 6m x 9m (larga); 6m x 12m (média); altura da rede 1,80m a 2,10m.

Método de ensino: jogos o tempo todo; primeiro exercícios técnicos (2/3 do tempo) e, depois, jogos (1/3); integração de exercícios (1/2) e jogos (1/2).

Observações:

Bola: a bola de espuma de borracha proporciona longas competições e um jogo intenso. A qualidade do jogo, entretanto, não é boa, porque a bola é muito leve. Ela é boa para a idade de 7-9 anos, especialmente para iniciantes. É boa também para o os iniciantes mais velhos, como preparação para bolas mais pesadas. E, ainda, para crianças que não tenham uma habilidade geral. Por isso ela seria muito útil nas escolas. A bola de plástico é melhor para 7-9 anos. A mini-mikasa é melhor para crianças acima de 10 anos. Crianças mais novas, especialmente meninas, acham-na muito pesada e dura para bater. A bola senior é a melhor bola para crianças acima de 12 anos. Uma coisa interessante, entretanto, é que ambas as bolas (mini-mikasa e senior) provavelmente podem ser usadas por idades mais jovens se as enchermos com menos ar do que o previsto normalmente.

Quadra: 3 x 3 é a melhor forma para o mini vôlei. A quadra “pequena” é utilizada para todas as idades, mas a “larga”, algumas vezes, é melhor para acima de 10 anos. Algumas indicações dão-nos conta que 4 jogadores numa quadra “média” é muito bom depois de um período de treinamento, quando já têm uma rotina suficiente para praticar movimentos táticos.

Rede: neste projeto, cada grupo de 7-9 anos usou redes de 1,80m e, os de 10-12 anos, 2,10m. Muitos treinadores acham a rede demasiado alta. Para jogos demorados e mais intensivos a rede deveria ser mais baixa. Quando o jogo é muito rápido e intenso, a rede deve ser mais baixa e, quando o jogo não é intenso, a rede deve ser mais alta. Entretanto, não podemos esquecer que este projeto diz respeito aos iniciantes na sua primeira fase. Provavelmente seria melhor que a rede ficasse mais alta quando o primeiro estágio fosse ultrapassado e as crianças já estivessem boas para ultrapassar a bola por cima da rede com técnica suficientemente correta. Não podemos ignorar o passo inicial. O jogo deve ser movimentado desde a primeira vez que as crianças tentarem fazê-lo, caso contrário acharão outros jogos mais atraentes. Jogos com bola devem ser intensos e atraentes desde o começo.

Método de ensino: experiências mostraram que 3 e 4 pessoas juntas num exercício cometem uma grande percentagem de erros. Exercícios 2 a 2 funcionam melhor. Crianças de 7-9 anos divertem-se mais no treinamento do que no jogo, enquanto que crianças mais velhas (10-12 anos) gostam mais de jogos do que de treinos.

Qualidade e intensidade são inversamente proporcionais? Uma conclusão dessa afirmativa poderia ser que não podemos exigir muitos passes e boa qualidade na iniciação do voleibol. Isto porque diminui a intensidade do jogo e o sentimento positivo em relação à essa intensidade é muito importante para a criança.

História do Mini Vôlei (II)

Mini Vôlei no Brasil e no Mundo (II)

Tema: Introdução Natural do Vôlei na Escola.

 

3. A experiência alemã, por Gerhard Dürrwachter.

Métodos de preparação, iniciação e aperfeiçoamento do mini vôlei.

É importante combinar o aprendizado tático – através de jogos – com os fundamentos básicos para os iniciantes: jogos de menor importância não motivam como faz um jogo internacional de voleibol e jogos de menor importância proporcionam uma maneira mais prática de ensinarem táticas. través dos jogos os alunos aprendem tática; aprendem a antecipar; aprendem a cooperar na defesa e no ataque; aprendem que o sucesso depende da cooperação e do mais fraco elo da cadeia; aprendem através de “tentativas e erros”, mas é necessário o ensino direto do professor; são motivados para a iniciação; entendem que é necessário aprender os fundamentos básicos através de exercícios; ganham experiências, motivação e intensificam seu interesse.

Estratégia de ensino. Sequência de pequenos jogos, como pegar e arremessar por cima da rede; passar por cima e segurar; voleibol com saques; mini voleibol e voleibol de acordo com as regras internacionais. Notem que é um exemplo real para as escolas; muitos jogos podem ser cansativos; escolher os pequenos jogos de acordo com a capacidade dos alunos. A principal idéia do voleibol real deve ser dada através de simplificações e não interromper o jogo por causa de pequenos erros, porque isto perturba o envolvimento emocional da criança com o jogo. Durante o jogo é melhor usar palavras em códigos ou sinais para esclarecer os erros e não permitir a continuação dos mesmos. Todos os fundamentos básicos devem ser explicados claramente.

Metodologia. Considerações e passos metódicos para os exercícios técnicos: é muito difícil ou impossível ensinar a técnica corretamente através de jogos; exercitar os fundamentos básicos separadamente; é impossível simular o jogo exatamente apenas exercitando os fundamentos.

Exercícios. 1) É possível determinar os objetivos e os métodos do exercício; 2) é possível modificar os objetivos e os métodos de acordo com o desenvolvimento dos alunos; 3) durante o exercício é possível aumentar ou diminuir a intensidade do mesmo; 4) durante o exercício a vontade de aprender é mais forte do que durante o jogo, especialmente se os alunos conhecem a finalidade do exercício; 5) os exercícios permitem um aprendizado mais apurado.

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4. A experiência alemã, por Manfred Utz.

O professor deverá planejar suas aulas de acordo com as habilidades dos alunos. Ele não deve considerar apenas os aspectos físicos, mas também os aspectos sociais e pedagógicos. A pesquisa tem mostrado que há quatro pontos a considerar: o objetivo do aprendizado; o conteúdo; métodos de ensino; controle do progresso do aprendizado.

Objetivo do aprendizado: o aspecto psicomotor inclui as habilidades básicas (força, velocidade de movimentos, resistência e suas combinações), fundamentos técnicos e táticos, a serem desenvolvidos até o grau máximo individual. Incluir o desenvolvimento da coordenação e reflexos, não somente para o jogo, mas para a vida em geral.

Efeitos (longo prazo): há um importante aspecto na cooperação que os elementos sociais do jogo transferem para a vida do indivíduo: aceitação das regras, aprender a comparar seu grau de habilidade em relação aos outros etc. Além disso, satisfazer a necessidade de jogo e encorajar a força de vontade para o sucesso das atividades de grande esforço e, assim, dar-lhes o senso de satisfação.

Aspecto cognitivo: a criança deve ter um conhecimento das regras, técnicas e táticas referentes ao voleibol.

Conteúdo: os movimentos básicos, como correr, parar, cair, rolar e saltar, devem ser desenvolvidos. Igualmente, a habilidade, flexibilidade, elasticidade, reflexo e velocidade de movimentos. Força e resistência não são tão importantes para as crianças.

No aspecto técnico há três elementos básicos a desenvolver: o passe por cima, a manchete e o saque por baixo. O elemento tático a ser desenvolvido é a percepção da quadra no momento de dar e receber o saque. As regras do mini vôlei devem ser ensinadas às crianças.

Método de ensino

Ensino formal e informal: o ensino formal é o melhor método de aprendizado de técnicas enquanto que o ensino informal é a melhor maneira de se aproximar das habilidades básicas como correr, saltar, etc. Escolhi o método formal, porque as crianças alcançam a meta mais rapidamente e o método informal torna isso muito demorado, fazendo com que as crianças percam o interesse pelo jogo.

Jogos com regras adaptadas ao jogo propriamente dito. Apesar de as crianças conhecerem os fundamentos básicos, isto não significa que elas podem jogar. Deverão praticá-los na situação de jogo, através de estágio a estágio.

Controle do progresso do aprendizado: é importante para o professor saber que ele alcançou sucesso através de seus métodos. Deve usar testes para os aspectos psicomotor, cognitivo e social. É importante também para a criança avaliar seu próprio desenvolvimento (aspecto pedagógico) em relação aos demais.

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5. A experiência polonesa, por Czeslaw Wielki.

Em seu método, o professor vê três possibilidades de realizar seus objetivos:atividades obrigatórias, atividades opcionais (atividades obrigatórias a escolher entre as diferentes formas de educação física) e atividades opcionais não-obrigatórias (a escolher entre a educação física e outras atividades culturais). Em todo o complexo da educação física e do esporte educacional distinguimos certos graus ou progressos: atividades motoras de base, atividades com regras simples, atividades específicas aos esportes escolhidos e prática dos esportes (competição).

Observações. Durante nossa experiência de diferentes atividades na escola primária os alunos mostraram interesse espontâneo pela prática do basquete e do handebol. A  despeito da habilidade motora natural entre 7-8 anos as crianças não se interessavam pelo voleibol porque o mesmo exige uma habilidade motora especial para executar o passe, o saque ou a cortada; no início, trabalhamos com crianças de 8 anos. Tínhamos atividades motoras que iam diretamente ao voleibol, prestando atenção na sua habilidade geral e objetivando uma habilidade mais específica; iniciando a prática, induzimo-las a pequenos jogos de maneira a dar-lhes uma habilidade psicomotora geral e específica apenas suficiente para iniciá-las nos elementos de base do voleibol. Posteriormente, passamos a uma formação de base onde desenvolvemos as bases específicas de todos os elementos técnicos do voleibol através de um trabalho mais sistemático, induzindo-as a vencer em “grupo” ou “equipe”, sem considerar, entretanto, a apreciação de uma técnica perfeita. Aos 15-16 anos, orientamo-las à especialização, induzindo-as a jogar baseado nas suas características somáticas; as experiências relacionadas com as atividades esportivo-motoras escolar induziu-nos a sincronizar o desenvolvimento psicossomático das crianças com os estágios de formação afim de jogar com sucesso como os melhores jogadores. Esses estágios são separados a fim de tornar a compreensão mais fácil. Na prática, estão integrados completamente:

Estágio 1 – Preparação preliminar (7-8 anos até 11-12 anos)… convite e iniciação.

Estágio 2 – Formação básica (11-12 anos até 14-15 anos)… aprendizado, aperfeiçoamento, orientação, especialização.

Estágio 3 – Treinamento (depois de 14 anos)… exercícios leves (escolar), exercícios pesados (total).

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Na última postagem sobre o tema “Introdução natural do vôlei na escola” trarei para vocês os comentários das experiências suecas com Jorgen Hylander e Erik Skarback, e do holandês Jaap Tel. Aguardem.

História do Mini Vôlei (I)

Mini Vôlei no Brasil e no Mundo

Fazendo parte da História do Voleibol, o mini vôlei vem se desenvolvendo pelo mundo, muito embora no Brasil não tenha tido maiores estímulos. Reapresento aos leitores uma cópia dos textos postados no início dos anos 1990 em meu antigo endereço da Internet: http://users.urbi.com.br/pimentel/mini.htm. Trata-se da primeira experiência em tornar público os Anais do 1º Simpósio Mundial de Mini Voleibol realizado na Suécia em 1975 patrocinado pela FIVB. E, de alguma forma, contribuir para a sua difusão no Brasil. Na sequência dessas três postagens trarei o relato de alguns professores renomados que lá estiveram realizando palestras.

PROJETOS (Quem faz)

  • Cursos e palestras para professores
  • Iniciação ao vôlei: princípios e métodos
  • Introdução do voleibol na escola
  • Mini vôlei
  • Festival de mini vôlei
  • A escola na praia
  • Treinamento de duplas de praia
  • Treinamento indoor 

Educação. O apoio à Educação concentra-se em ações que visem à melhoria do ensino no país, canalizadas através de quatro possíveis linhas principais:

  • Aperfeiçoamento de professores
  • Elaboração de materiais didáticos
  • Produção científica
  • Modelos alternativos de escolas

Considera-se, na análise desses projetos, a abrangência e a capacidade multiplicadora das ações propostas no universo da rede de ensino. Essas ações estarão voltadas para projetos de pesquisa ou relacionadas ao ensino de 1° e 2° graus, com evidente empenho a nível superior, mercê da atuação e pesquisas na área universitária. Num passo à frente, iniciativa conjunta com organismos internacionais objetivando estimular o intercâmbio entre pesquisadores de vários países.

Roteiro & Informações. É possível solicitar a confecção de projetos isolados na área de voleibol ou inseridos em programas especiais da sua entidade. Pedidos podem ser encaminhados ao autor em qualquer época do ano. Devem demonstrar o empenho de viabilizar o projeto mediante aporte financeiro ou, ainda, mobilização de esforços institucionais ou comunitários.

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Anais do 1º Simpósio Mundial de Mini Vôlei, Suécia, 1975.

Tema: Introdução Natural do Vôlei na Escola

1. A experiência francesa, por Raymond Cassignol.

O ritmo e suas implicações filo-psico-sócio-pedagógicas.

Filosofia: Ajudar o indivíduo a ser harmônico e satisfeito consigo mesmo.

Livre amplitude de movimentos, a respiração rítmica com o esforço muscular.

Movimento: qual movimento? Em que direção? Com qual energia? Com qual duração?

O ritmo pode ser regular, irregular, livre e variável. O ritmo deve ser obtido ou desenvolvido.

Aplicação no voleibol: O conhecimento de seus próprios limites permite impulsionar estes limites.

A melhor coisa não é comunicar sua riqueza aos outros, mas alcançá-la por si próprio.

Combinações: espaço movimento direto, movimento em curva; duração vagarosa ou rápida; energia forte ou leve; participação no trabalho dos pés; coordenação de braços e pernas e integração com a bola.

Métodos de preparação, iniciação e aperfeiçoamento do mini vôlei. No filme exibido foi mostrado um novo método para ensinar voleibol, o trumpet method. Três são as razões para se usar este método: muito atraente; quando os meninos ouvem a trombeta eles se movimentam; as crianças executarão os passes de voleibol; é recreação com música. Terão tempo para a ação e para a recreação. Esse método é interessante porque os alunos criam seus próprios movimentos. O voleibol deve ser ensinado na escola ou deve haver escolas especiais para ensinar voleibol? Ambos os sistemas são eficazes: o voleibol é um dos jogos mais educativos entre os jogos coletivos; o voleibol é apresentado como uma coisa séria, não um jogo; ele pode ser descrito como sujeito a uma espécie de escola; num clube pode-se ter mais aulas e a prática do voleibol. Os 5 estágios do método significam o aprendizado total do voleibol: 1° estágio (1×1); 2° estágio (1+1) x (1+1); 3° estágio (3×3) senso de coletividade; 4° estágio (3 + 1); 5° estágio (6×6).

Observações que o método sugere: trabalhar com diferentes materiais ao mesmo tempo; se um aluno está fraco ou atrasado no crescimento ele não é posto de lado; um mínimo de programa comum pode ser aplicado durante 3 anos; cada indivíduo deve estar consciente da sua própria importância, ainda que se encontre fora da equipe como mero observador, árbitro ou reserva; o professor deve ter uma estrutura aberta com a turma; não deve contar somente com um membro da equipe, mas com todos.

2. A experiência italiana, por Gianfranco Briani.

A idéia principal é proporcionar divertimento, ao mesmo tempo em que são dadas as instruções. Depois de serem estabelecidas as principais regras e de estudados os métodos de preparação, os aspectos fisiológicos etc., resta estabelecer a organização do mini-vôlei. Os programas podem ser diferentes de país para país, mas o que se pergunta é: Quem deve organizar o mini-vôlei? Seriam a Federação, os clubes, alguma instituição, ou as escolas? Qual a melhor solução?

A Federação italiana entendeu que o melhor caminho seria através das escolas. Por esta razão, procurou-se adaptar o mini-vôlei ao programa das escolas primárias e, assim, a escola é diretamente responsável pela introdução das suas principais características. Este caminho ocasionou problemas de ensino e, por isso, a Federação deu-lhes as seguintes escolhas: a Federação dá às escolas as regras do mini vôlei, planos de trabalho com exercícios técnicos típicos, diferentes exercícios de força, ritmo, número de repetições, dificuldade etc. Todos adaptados à idade e ao grau das crianças. Ou, então, procurar exercícios e jogos que, por tradição, são sempre incluídos nos programas das escolas e que são conhecidos pelos professores, com a finalidade de engajar todos os alunos de uma mesma classe ao mesmo tempo. Os alunos precisam continuamente de técnicas cada vez maiores. E por certo, os professores deverão acompanhar este nível de exigência. As orientações dadas aos professores das escolas originam-se de publicações, palestras, material a ser empregado etc. Mas estes são aspectos gerais e não exatamente planos para o mini vôlei. As experiências de jogos 2×2 em quadras de 3m x 3m têm tido sucesso, porquanto jogos de duplas (ou mesmo trincas) não requerem alunos extremamente treinados. O maior espaço a ser utilizado contribui para que todos pratiquem ao mesmo tempo. Além disso, as orientações fornecidas são no sentido de que haja continuidade no jogo e, para tal, a simplificação das regras deu excelentes resultados. Certamente, seria melhor ter professores especializados em mini vôlei, mas nada impede que outros professores dêem as primeiras instruções de voleibol às crianças de 9-11 anos, jogando com regras simplificadas, 2×2, 3×3 ou 4×4. Nas escolas italianas o voleibol é um dos quatro esportes obrigatórios, ao lado do atletismo, da ginástica e do basquete, os quais permitem tomar parte nos Jogos da Juventude, uma manifestação nacional que é um verdadeiro campeonato escolar, reservado para alunos da escola secundária (12-14 anos). Como informação adicional, o campeonato da Federação começa com a idade de 14 anos.

Na próxima postagem estarei convidando dois professores alemães –  Gerhard Dürrwachter e Manfred Utz – além do professor polonês, Czeslaw Wielki, que dissertaram sobre o desenvolvimento do mini vôlei em seus países. Devo dizer que todo o meu empenho em relação ao mini deveu-se em grande parte ao conhecer o trabalho do professor G. Dürrwachter e receber dele um segundo livro a respeito da Iniciação e Formação de jogadores. Infelizmente, não consegui traduzi-lo do alemão.

Como Tudo Começou, Suécia-1975

1° Simpósio Mundial de Minivoleibol, FIVB – 1975  Ronneby, Suécia. 

Inicialmente, com uma ponta de saudosismo, reporto-me ao início de minha cruzada em favor de uma educação de qualidade para crianças. Deixo consignado como tudo aconteceu. Perdoem-me a emoção que se descortina em cada linha, mas, acreditem, tudo aconteceu assim.

Fábrica de sonhos. Quando se tem como oferta produzir qualquer tipo de educação para “400 mil alunos em 4 anos”, pensa-se em se trabalhar também com marketing e comunicação, onde todas as temáticas passam a ser de seu interesse e o sentimento é de estar num país que não tem olhos de ver, que ainda não acordou para a sua realidade.

O tempo passou muito rápido desde que voltei das primeiras experiências em 1974-75, mas ainda preciso compartilhar com vocês. Fui convidado a realizar um curso em Recife (PE) e, no ano seguinte, a participar de um encontro mundial sobre iniciação ao voleibol em terras longínquas, quase no topo do mundo, lá na Suécia. Esta foi a primeira vez que a Federação Internacional resolveu discutir com professores o tema e o seu papel no desenvolvimento do esporte. Na mesma sala, muitos docentes e técnicos de diversas nacionalidades, gente importante do esporte, com muita experiência, autores consagrados. Todos unidos, próximos, para falar em linguagem simples de como ensinar a aprender o movimento e como isso era importante de ser compreendido. À nossa volta, prontos para as aulas práticas, uma dúzia de lindas crianças suecas, todas entre 10-13 anos de idade, com seus olhares azuis, faces rosadas e cabelos loiros, quase brancos.

Durante oito dias permanecemos num verdejante hotel na pequena cidade de Ronneby, pouco mais ao sul da capital Estocolmo. Corria o mês de julho, pleno verão para eles e o sol insistia em não se retirar, aquecendo corpos alvejados pelo longo inverno, como se compensasse tanta ausência. O firmamento jamais se entregava à noite, prejudicando o brilho das estrelas. Neste cenário, várias demonstrações, aulas, palestras, filmes, debates e discussões em torno do tema ajudaram a construir e preencheram nossos dias. Em slides, calcamos nossa fala numa das mais animadas reuniões: versava sobre o emprego do jogo de PETECA na iniciação ao vôlei. Tivera o cuidado de fotografar a atividade em várias praias do Rio e Niterói, o que contribuiu para uma verdadeira descontração entre os participantes. E até por que o meu intérprete foi o mexicano Ruben Acosta, até pouco tempo o presidente da FIVB.

Ficamos muito tempo sem nos falar, eu e os meus pares. Os responsáveis pela educação ou pelo esporte do Brasil em momento algum se deram conta do interesse que aquele encontro despertou em outras nações e sua importância ao serem discutidos temas pertinentes. Percebendo o quanto o mundo hoje é pequeno, assistimos a humanidade se digladiar. Somos, realmente, uma sociedade de resultados, imediatista, sem qualquer pretensão ao planejamento, pesquisa ou estudo. Fui obrigado a me mexer, a me mostrar para, obstinadamente, não deixar morrer o sonho de ajudar a construir um outro mundo para as crianças.

Lembro das formigas, das abelhas, as sociedades perfeitas onde todos parecem saber o que devem fazer. Porque, afinal, todos têm o mesmo foco: construir um mundo melhor. E você bate com a cara na porta porque isto é tarefa do governo, esbarra nos interesses escusos, na insensibilidade dos dirigentes e dos próprios pais. Mas tudo isso é compensado quando se vê um sorriso de criança, pobre ou rica, numa confraternização que mostra que pelo menos a utopia é possível. E isto vivenciei, tanto na Barra e Ipanema – bairros nobres do Rio de Janeiro –, como no Morro do Cantagalo e nos CIEPs da periferia. Um dia, tenho certeza, ainda verei um número que desconheço – multiplicado por 100 mil – estará por aí, nas escolas, nas praças, com suas bolas e bonecas, alegres e divertidos, a brincar e a jogar. E em todos pequenos corações a inscrição: “um outro mundo é possível”!

Mini Voleibol

Aprender Brincando e Jogando

Proposta de ensino escolar

O Minivoleibol é um instrumento didático para um aprendizado duradouro, que se impõe por sua originalidade, renovação e valor educativo. É revelado como um caminho dos mais promissores para a prática da Educação Física no sistema escolar. Constitui-se numa iniciativa para milhares de crianças. Passa pela construção de um Centro de Referência inédito no País e se viabiliza como elemento de desenvolvimento da QUALIDADE TOTAL na educação de base. Chamo a atenção dos professores lotados em escolas públicas (e mesmo particulares) para o fato de que a sua prática é de grande aceitação entre o público feminino, a esmagadora maioria (90%) em todos os cursos que realizei pelo país. Ademais, percebam como as meninas estão tão abandonadas em suas atividades curriculares básicas em Educação Física.

Minha proposta é uma contribuição para verdadeira cruzada dando início a novos tempos de pesquisa e experimentação, pré-condição para a concepção, testagem e concretização de projetos capazes de enfrentar e superar as dificuldades que se antepõem à prática da Educação Física escolar no Brasil. Sabemos todos da carência de novas idéias no setor. Ressalte-se que o trabalho a ser proposto respeita a orientação e proposta pedagógica da escola e ao mesmo tempo valoriza o papel de seus docentes. Torna-se, então, mais um instrumento para alavancar a chamada  ‘Educação de Base’.

Selo de Qualidade

O trabalho está representado por Metodologia pioneira apresentado em universidades e entidades, pronto para expandir-se em programas de forte apelo comunitário e educacional, pois não se cogita a prospecção de talentos, mas a participação e inclusão de TODOS. Atuei em favelas, praias, escolas públicas e particulares, clubes, Centro de Excelência Rexona, além de participações internacionais – Argentina e Suécia. Atualmente empenho-me em compartilhamento com os portugueses através do site www.sovolei.com, ampliando o horizonte de pesquisa.

A seguir, apresentarei uma proposta desenvolvida pela Federação Italiana de Voleibol, com base em experiências de seus professores e treinadores. Trata-se da “Progressão do Campo de Jogo e da Educação Motora das Crianças”. Até lá.

1º Curso de Mini Vôlei no Brasil

Palavras-chave:  História do mini vôlei. Curso de capacitação. Esporte e educação. Iniciação esportiva.

Curso de Capacitação e Atualização. Tomarei como exemplo os cursos que proferi em Recife (PE), em 1974, quando prestando serviço terceirizado ao SESI Nacional em excelente programa de Iniciação Esportiva, que se estendeu de 1972 a 1977 sob o tema “Esporte é Educação”. No primeiro, as aulas se estenderam por longos 45 dias nos meses de janeiro e fevereiro. O outro, no mesmo ano, com 30 dias de duração, agora no mês de julho. Aulas de 60 min, duas vezes na semana para três turmas.

A principal característica recaía na capacitação/atualização de professores e acadêmicos de Educação Física simultaneamente às aulas práticas com crianças. Além delas, ministrava duas aulas teóricas por semana. A grande proposta do SESI era a perenidade das ações. Assim, caberia aos instrutores do curso designar professores locais para a continuidade das aulas. Nesse intuito os candidatos se inscreviam no curso, recebiam gratuitamente uma atualização de seus conhecimentos e concorriam a um emprego. Além, é claro, ao certificado de curso. Na maioria dos casos, recebiam também apostilas da matéria.

Lidando por tanto tempo com o grupo, tendo conhecido seus professores de universidade e principais técnicos de clubes da cidade, frequentado seus treinamentos e participado do curso ministrado pelo japonês Imai (em Recife), não pude deixar de fazer um juízo com relativo grau de confiabilidade acerca das potencialidades dos professores pernambucanos.

A respeito do japonês Imai, chegou ao Rio em agosto/73 trazido por Nuzman, então presidente da federação carioca de voleibol, para realizar cursos básicos para treinadores. Foram estendidos para todo o país em diversas capitais. Participei do primeiro, inclusive compus uma apostila (com fotos), que depois enviei exemplares para Recife, não só para os professores do SESI, como para os demais participantes do evento da federação pernambucana. Anos mais tarde, Imai seria auxiliar de Josenildo (professor e técnico pernambucano) no Banespa, em São Paulo.

Voltemos então ao curso no SESI. Conheça o relato dessa inesquecível experiência que consignei com muito orgulho nas páginas do livro sobre a “História do Voleibol no Brasil” no prelo.

Centro do Ibura, Recife (PE) – Em janeiro de 1974 fui convidado a fazer parte da equipe de professores (terceirizados) no Rio de Janeiro que auxiliavam na promoção dos cursos de iniciação e atualização em diferentes Centros Esportivos da entidade. Mais especialmente, no Nordeste. Nesta primeira e inesquecível experiência tivemos a ajuda e a participação inesperada de um colega de universidade e professor de judô. O destino era o Centro do Ibura, nos arredores do aeroporto de Guararapes, em Recife. Fui presenteado antes mesmo do embarque com um pequeno recorte de revista, rasgado, que informava ao leitor sobre uma forma de aproveitamento de espaço para o ensino do voleibol para iniciantes: “vôlei em campo pequeno”. O recorte não tinha mais do que dois períodos de texto, mas um providencial croqui sobre aquela forma de dispor os campos num ginásio ou espaço equivalente. Na viagem fui refletindo como poderia dispor os alunos e construir uma metodologia pertinente para os professores que fariam o curso de monitores. Em Recife o Centro estava ainda em obras não tendo sido inaugurado. Isto contribuiu para que, junto com o gerente, pudéssemos esquematizar como construir os postes removíveis que imaginara para a confecção das pequenas quadras de jogo. Aproveitamos tubos de PVC e construímos as bases com discos (30cm) de concreto. Os postes não receberiam redes, mas sim cordas: furamo-los a 2,5m de altura, e uma única corda foi perpassada, do primeiro ao último, compondo várias miniquadras, no sentido longitudinal de uma quadra (de tabela à tabela). A marcação improvisada com giz ou carvão deu o toque final às medidas dos campos de jogo. E por fim – metodologia e pedagogia – foram produzidas em curtíssimo espaço de tempo, ou simultaneamente às aulas, de acordo com a imaginação: “Fiz-me criança e dei vazão à criação”. Quando do retorno, descobri na biblioteca do Sesi artigo elucidativo daquele que considerei guru e orientador neste trabalho precursor, o alemão Gerard Dürwächter, com quem me encontrei um ano depois, na Suécia, durante o 1º Simpósio Mundial de Minivoleibol patrocinado pela FIVB. Empolgado pelas aulas e receptividade das crianças, aprofundei as leituras, tendo desenvolvido, então, um curso didático para professores, estabelecendo métodos e caminhos a perseguir na iniciação do vôlei, dando-lhe característica diversa à preconizada pelas universidades e mestres de plantão. Além de ocuparmos mais alunos por classe, as aulas passaram a ser muito mais dinâmicas, alegres e ruidosas, despertando a atenção e atraindo mais adeptos para o esporte. Realizei no mesmo ano, em julho, ainda no Ibura, um segundo curso, com outros professores, consolidando o método. Produzi todo o planejamento e material didático em diapositivos, que permitiram maior criatividade nas aulas e demonstração do método simultaneamente por toda a equipe do Sesi em outros locais. Tornou-se destaque e sucesso absoluto! De quebra, credenciou-me a participar de simpósio mundial no ano seguinte por conta da entidade.

Mini Voleibol no Brasil (cronologia)

Mini voleibol no Brasil (parte II)

CRONOLOGIA
1974 – Primeiro contato do autor com o mini vôlei, curso em Recife (PE), Sesi Nacional. Curso no Sesi, em Santo André (SP).
1975 – 1° Simpósio Mundial, em Ronneby, Suécia, com a participação do Autor, que realizou palestra sobre o emprego do jogo de peteca na iniciação ao vôlei. Nesta palestra o intérprete foi o Sr. Rubén Acosta H., à época, vice-presidente da FIVB.
1976 – Autor participa do lançamento do mini vôlei em Congresso Técnico do Campeonato Brasileiro de Vôlei Masculino, Florianópolis (SC). Proposta do SESI Nacional à CBV de formação de um setor que gerenciasse e incrementasse o mini vôlei no País. Era diretor-técnico da CBV Ary da Silva Graça Filho, que aventou o nome de Heckel de Miranda Raposo para o cargo.
1978 – Autor encaminha projeto de mini vôlei para a CBV.
1981 – Aulas de apresentação do mini vôlei no Curso de Técnica da UERJ, Rio, sendo titular o Professor Paulo Matta.
1984 – Autor é convidado especial ao 1° Simpósio Nacional de Mini Vôlei, Buenos Aires, Argentina. Autor realiza a 1ª Clínica de Mini Vôlei na AABB, Rio de Janeiro, com participação de Nuzman (CBV), Delano (FMV), Paulo Matta (UERJ), Célio Cordeiro (UGF) e Paulo Márcio (supervisor técnico da CBV).
1988 – Autor apresenta projeto à CBV para produção de Festival (dez mil crianças) na praia durante o Mundial de 90, no Rio.
1990 – Palestra sobre mini vôlei na Escola de Educação Física do Exército para o Curso de Instrutores de Educação Física.
1991 – Clínica de mini vôlei na praia para 1.200 crianças, simultaneamente, em Fortaleza, Recife, João Pessoa e Niterói, com apoio da Secretaria de Esportes da Presidência da República (Zico) e da CBV (Nuzman).
1992 – Livre iniciativa do Autor com a produção de cursos regulares na praia de Icaraí, Niterói, duração de cinco anos, com aulas para até 400 alunos.
1995 – Cessão de material para Bernardinho, no Centro de Excelência “Rexona” – Curitiba (PR) . 1ª Clínica de minivôlei na praia de Copacabana, Rio, com a Fundação Rio Esportes, 300 alunos.
1996 – Autor lança site na Internet: www.urbi.com.br/users/pimentel
1997 – Autor é convidado para coordenador–técnico da CBV para programa de iniciação com mini vôlei (Vivavolei) .
1998 – 1° Festival de Mini Vôlei, 108 escolares do Rio e de Niterói, com permissão da FIVB, após Brasil x Rússia, Liga Mundial, Maracanãzinho. Autor realiza “aulas-demonstração” do método em dezenas de escolas do Rio e Niterói. Feira Olímpica, “Um Dia na Praia”, mini vôlei em Copacabana, COB, 300 crianças.
1999 – Programa Prospecção de Talentos – com base nas “impressões digitais” – é entregue ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB), produzido pelo Autor e o Doutor Professor José Fernandes Filho.

Autor realizou aulas de demonstração do método na Universidade Gama Filho (3 aulas), na UFRJ (2 aulas) e na Universidade Estadual de Santa Catarina – UDESC (2).

Mini Voleibol no Brasil

1° SIMPÓSIO MUNDIAL
Global Minivolleyball Symposium–FIVB
O Simpósio foi realizado na cidade de Ronneby, ao Sul da Suécia, em julho de 1975, durante seis dias. Teve o apoio da Federação Sueca de Voleibol e contou com considerável número de participantes, entre eles, dois brasileiros: o professor Roberto Pimentel e Walderbi Romani, ex-técnico da seleção brasileira e do Paulistano (SP). Tive os custos da viagem patrocinados pelo SESI – Departamento Nacional, à época de Otto Reis e Silva na chefia do programa de iniciação daquela entidade, enquanto que Walderbi representou a CBV como integrante do Conselho de Treinadores. Na programação apresentada pela FIVB e sueca constavam vários temas a serem debatidos e algumas atividades práticas. Após o retorno, o SESI-Nacional fez proposta de convênio com a CBV no sentido de realizarem conjuntamente estudos e programações pertinentes. Foi criada uma comissão de professores do SESI de Santo André (SP), do qual faziam parte o próprio Walderbi e entre outros, José Brunoro. Pelo SESI Nacional, o professor Roberto Pimentel. Esta Comissão realizou um estudo contendo várias sugestões encaminhadas à CBV. De prático, resultou no lançamento “oficial” do mini voleibol para o País no congresso técnico do campeonato brasileiro masculino, em Florianópolis, em 1976. A CBV, através do então diretor-técnico, Ary da Silva Graça Filho, propôs o nome do Sr. Heckel Raposo para presidir a futura Comissão de Minivoleibol que se formaria a seguir. Contudo, alguns impasses de ordem política foram colocados pelo grupo paulista, o que resultou no malogro de todo o trabalho. O SESI Nacional, através de seu representante Roberto Pimentel, retirou-se do convênio e encerrou sua participação, tendo dado continuidade à difusão do minivoleibol por sua própria conta e risco, através dos Cursos de Iniciação que programava duas vezes ao ano em suas sedes Regionais, especialmente no Nordeste.
 
Gênesis
O SESI – Serviço Social da Indústria foi criado em 25 de junho de 1946 por decreto-lei, sendo presidente da República, o general Eurico Gaspar Dutra (CRONOLOGIA, “Nosso Século” volume 1945/1960). O sistema S, formado pelo Sesc, Senac, Sesi, Senai, Senar e Sebrae, recolhe cerca de R$2 bilhões/ano (exercício de 2000) e é mantido pelos empregadores com contribuição oriunda da folha de pagamentos. Presta relevantes serviços sociais e educacionais aos assalariados e aos próprios empresários. E, conseqüentemente, ao País.
O Sesi, Departamento Nacional, cuja sede era no Rio de Janeiro e tendo à frente um cearense – Thomas Pompeu – e, na sua coordenação esportiva o Coronel da Aeronáutica Otto Reis e Silva, criou e incentivou o esporte nacional durante algum tempo, com investimentos significativos na iniciação esportiva. Em janeiro de 1974, fui convidado a fazer parte da equipe de professores (terceirizados) no Rio de Janeiro, que auxiliavam na promoção dos cursos de iniciação e atualização em diferentes Centros Esportivos da entidade. Mais especialmente, no Nordeste. Nesta minha primeira e inesquecível experiência tive a ajuda e participação inesperada de um colega de universidade, Petrúcio, excelente professor de judô. O destino era o Centro do Ibura, nos arredores do aeroporto de Guararapes, em Recife (PE). Sabedor de minha especialidade presenteou-me antes mesmo do embarque com um pequeno recorte de revista, rasgado, que informava ao leitor sobre uma forma de aproveitamento de espaço para o ensino do voleibol para iniciantes: “vôlei em campo pequeno”. O recorte não tinha mais do que dois períodos de texto, mas um providencial croqui sobre aquela forma de dispor os campos num ginásio ou espaço equivalente. Na viagem, já fui matutando como poderia dispor os alunos e construir uma metodologia pertinente para os professores que fariam o curso de monitores. O Centro estava em obras, não tendo sido ainda inaugurado. Isto contribuiu para que, junto com o gerente, pudesse esquematizar como construir os postes removíveis que bolara para a confecção das pequenas quadras de jogo. Aproveitamos tubos de PVC e construímos as bases com discos (30cm) de concreto. Os postes não receberiam redes, mas sim cordas: furâ-mo-los a 2,5m de altura, e uma única corda foi perpassada, do primeiro ao último, compondo várias miniquadras, no sentido longitudinal de uma quadra (de tabela à tabela). A marcação improvisada com giz ou carvão deu o toque final às medidas dos campos de jogo. Metodologia e pedagogia foram produzidas em curtíssimo espaço de tempo, ou simultaneamente às aulas, de acordo com a imaginação. “Fiz-me criança e dei vazão à criação”. Quando do retorno, descobri na biblioteca do Sesi artigo elucidativo daquele que considerei “guru” e orientador neste trabalho precursor, o alemão Gerard Dürwächter, com quem me encontraria um ano depois, na Suécia.
Empolgado pelas aulas e receptividade das crianças, aprofundei-me em leituras, tendo desenvolvido, então, um curso didático para professores, estabelecendo métodos e caminhos a perseguir na iniciação do vôlei, dando-lhe característica diversa à que estávamos acostumados nas escolas de Educação Física e mesmo nos clubes. Além de ocuparmos mais alunos por classe, as aulas passaram a ser muito mais dinâmicas, alegres e ruidosas, despertando a atenção e atraindo mais adeptos para o esporte. Realizei no mesmo ano, em julho, ainda no Ibura, um segundo curso, com outros professores, consolidando o método. Produzi todo o planejamento e material didático em diapositivos permitindo maior criatividade nas aulas e demonstração do método por toda a equipe do Sesi simultaneamente em outros Centros. No início de dezembro, ainda em 74, realizei um curso (3 dias) de atualização para professores do Sesi de Santo André (SP), onde se destacavam como alunos, Walderbi Romani e José Carlos Brunoro, ambos professores do Sesi. Este último viria a ser também técnico da seleção, da Pirelli e, hoje, consagrado empresário esportivo.
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Mini Voleibol na Escola

Experiência em trabalhos ativos: originalidade e liberdade
No final da década de 80 sugeri à coordenação do colégio Salesianos, de Niterói, a implantação do minivoleibol no recreio e horas vagas de seus alunos. Foram instaladas treze pequenas quadras que permaneceram até nossos dias, sempre disponíveis para a prática livre, fora do horário de aula e sem a presença de qualquer professor. Após breve período de adaptação com a novidade e a consequente aceitação, a Coordenação de Educação Física houve por bem definir a disponibilidade dos campos por séries, de forma a atender a demanda democraticamente. Mais adiante, foi-lhes sugerido organizarem torneios, que se tornaram um acontecimento inédito. E, ainda, sem a participação dos docentes. Regras, tabelas de jogos, tudo orquestrado pelos alunos. Promovi também uma reportagem inédita com a TV – Educativa no intuito de divulgar a metodologia e suas inerentes vantagens. Foi vinculada para todo o País.
Com o passar do tempo, registrou-se um fato concreto, comentado pelo experiente professor das equipes de voleibol do educandário: “A partir da instalação dos pequenos campos, os candidatos a integrarem nossas equipes já chegam jogando voleibol”.
Exemplos dessa natureza observei igualmente em clube da Zona Sul do Rio de Janeiro, onde instalei alguns campos para a prática do mini voleibol: as crianças, por si só desenvolviam destreza e habilidade no manejo da bola, raciocínio rápido e, ainda, uma inteligência tática muito aprimorada, capaz de encantar qualquer observador mais atento. Em suma, “aprendem sozinhos”, sem a presença do professor.
Estas são formas de como solucionar dificuldades para aplicação do ensino de um desporto – despertar o interesse e disponibilizar instalações e equipamento – a custo baixo. Basta ao professor, mesmo generalista ou com pouco conhecimento do voleibol, que indique aos seus alunos alguns dispositivos básicos – como organizar um torneio – para que adquiram a capacidade de se desenvolverem por conta própria.

Detalhes que fazem a diferença
Numa das aulas de apresentação da metodologia que emprego em outro educandário, observei alguns pequenos detalhes que revelam quase sempre a conduta pedagógica do estabelecimento. Nos momentos que antecederam a apresentação da classe, reparei o deslocamento quase militar dos 24 alunos sob a batuta de um dos professores de educação física. Até a entrega do grupo no ginásio onde realizaríamos a apresentação foi um silêncio constrangedor, em se tratando de crianças de 12-13 anos de idade. Após as devidas apresentações e com a presença da diretora iniciamos a aula.
Procedeu-se uma mudança brutal de comportamento, uma vez que os concitei a produzirem uma pequena algazarra com movimentos livres com a bola que cada um recebeu. Aos gritos, lançavam-nas ao alto, deixavam quicar no solo, entreolhavam-se sorrindo; dando sequência, sugeria outros movimentos buscando a espontaneidade de gestos, o que lhes parecia o paraíso. A seguir ia introduzindo novos elementos e exercícios. No entanto, não pude deixar de notar, havia uma única menina na arquibancada, muito agasalhada para o calor reinante. Inicialmente, sentara-se distante (5-6 degraus acima). Convidei-a a participar, mesmo sem o uniforme de ginástica, mas declinou gentilmente. A aula continuava agitadíssima e em dado momento pude ouvir um dos maiores elogios que um professor poderia receber por seu trabalho, ainda mais vindo de aluno que conhecera naquele instante. En passant, disse um para o outro: “Puxa, assim que tinha que ser as aulas de educação física do colégio!”. Sem perder a pose continuei meu trabalho e, mais uma vez, meu olhar posou na mesma menina da arquibancada que, agora, estava à beira da quadra e pude observar seu semblante de alegria e fervorosa vontade de estar ali brincando com os demais. Diante de novo convite discreto, disse-me: “Não posso participar, estou sem uniforme do colégio” (por isso o casaco). Ao que retruquei: “Venha assim mesmo”! Não resistiu e imiscuiu-se entre os colegas, divertindo-se a valer.

Um lembrete
“O sucesso individual é determinado pelo seu desejo (interesse), capacidade de ser ensinável e vontade de trabalhar”.
Uma regra escolar para favorecer o crescimento do aluno e sua liberdade (relativa) deveria ser a execução de uma atividade envolvente, o que o torna automaticamente disciplinado. Esta liberdade pode ser vista como a possibilidade do ser humano vencer obstáculos. Buscam-se técnicas pedagógicas que possam atrair TODAS as crianças no processo de aprendizagem, independentemente da diferença de caráter, inteligência ou meio social, lembrando que o conteúdo estudado no meio escolar deverá estar relacionado às condições reais de seus alunos e sua importância nas relações aluno-escola. Por ironia do destino, foi este mesmo colégio que freqüentei aos 11-12 anos de idade (1951-52) e, conforme relato na crônica anterior, foi ali que participei de torneios internos de basquetebol e dos Jogos Infantis. Embora a diretora seja a mesma daqueles momentos, quero crer que muita coisa mudou no educandário – para pior, infelizmente.
Dessa forma, propõe-se aos professores idealistas que estudem as condições concretas que estejam impedindo a realização de seus projetos. Uma proposta seria reinventar antigas formas de associação de alunos – o Centro Acadêmico, a Associação Atlética – que persistiram em alguns educandários até o final da década de 50. Seria uma solução para a falta de tempo dos docentes e economia para a instituição, uma vez que os próprios alunos poderiam se conduzir. E, como vimos no depoimento bem piagetiano do professor, “as crianças aprendem sozinhas”.
E você, tem alguma experiência neste sentido. Gostaria de tentar? Não conheço professor que tenha reclamado.

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Aulas do Fluminense F. C., três vivências inesquecíveis!

VoleiBeneCanto do Rio

No final da década de 70, “convidei-me” para realizar algumas aulas para o Bené, no Fluminense, no ginásio de baixo, como era conhecido o local em que realizava os treinamentos de mirins e infantis. Fronteiriço, uma outra quadra servia aos treinos de basquete. Ao lado, e um pouco mais acima, o antigo ginásio, onde foram realizados os primeiros Jogos Sul-Americanos, em 1951, treinavam os infanto juvenis.

Levo sempre o material pertinente: 4 mini redes, 50 bolas de tênis, bolas (bexigas) plásticas coloridas etc. Inicialmente o grupo estava composto de 16 crianças que me foram apresentadas e, a seguir, demos início à aula: naquele espaço, somente eu e os jovens atletas.  Com o desenvolvimento dos trabalhos, aconteceu algo inédito no clube: inúmeras pessoas se aperceberam de que havia algo diferente naquele local e, curiosos, acorreram para se inteirarem. O treinamento do ginásio principal também foi interrompido por instantes para que todos se certificassem do que ocorria lá embaixo e Bené percorria as instalações próximas para conclamar as pessoas a verem o que ocorria. Não cabia em si de contentamento. De minha parte, muito discretamente e sem muito esforço, simplesmente propunha aos meninos tarefas que se sucediam com intervalos mínimos. Apenas sugeri-lhes que deveriam fazer a algazarra que quisessem. Foi uma grande bagunça, isto é, gritaria e muito divertimento durante todas as demais sessões.

Quando propus jogos nas miniquadras, um outro fato chamou-me a atenção: alguns atletas do ginásio principal– infanto juvenis – desceram e se me apresentaram solicitando participar dos jogos de duplas, no que foram imediatamente atendidos. E até me desafiaram para a competição. Penso ter dado o meu recado e “vendido meu peixe”!

Um espetáculo imperdível! Continue lendo “Professor ou Treinador?”