Estamos próximo de atingir nossa meta de 1 mil artigos para deleite dos internautas interessados em Metodologias de Ensino – Escolar e Desportiva. O que não desmerece qualquer ensino de habilidade humana.
Categoria: História do Voleibol
Calcado no livro que escreveu, o Autor conta diversos trechos da história do voleibol no Brasil, passando pelo Rio de Janeiro e Niterói, por suas praias, colégios e clubes, sem perder de vista todos os detalhes inerentes ao jogo.
Prosseguindo na série de publicações de artigos do prof. Paulo Azeredo sobre as interpretações das modificações feitas nas regras de volleyball, por ocasião do Congresso Internacional de Praga, realizado entre 13 e 15 de setembro de 1949, daremos hoje à publicidade os seguintes assuntos: Saque – Troca de Campo no Terceiro ‘Set’ – Colocação dos Reservas e Técnicos.
Fonte: Acervo Paulo Azeredo, ANO 1951 – Pág. 50, Publicado no Jornal… (?)
Foto: álbum de família. Publicação: cidade@jb.com.br
Palavras-Chave (Tags): Mudanças nas Regras: Campo e Ordem de Saque – Interpretação e Arbitragem – Mundial de Praga, 1949 (Tcheco-Eslováquia, atual Rep. Tcheca).
Saque – O saque só deve ser executado depois do apito do juiz. O mesmo pode ser efetuado em salto ou corrida, mas após haver sacado o jogador deve cair ou se encontrar fora do campo, ou seja, sobre a área de saque. O saque não pode ser executado com a bola segura por uma das mãos. Se após houver soltado a bola esta atingir o solo sem ter sido tocada o saque deve ser repetido. Ainda quanto aos saques no início dos ‘sets’, houve pequena modificação. Enquanto que na regra antiga o quadro tinha direito ao saque do segundo ‘set’, atualmente tal não acontece, pois perdendo ou ganhando o primeiro ‘set’, dará saque no início do segundo o quadro que não tiver dado no início do primeiro. Caso haja terceiro ‘set’, o saque será do quadro que não o deu no início do segundo: logo, conclui-se que será feito o revezamento das equipes na execução do saque inicial.
Na regra antiga era facultativa a troca de campo e só de direito ao quadro que estivesse perdendo quando o adversário completasse o oitavo ponto: atualmente, ganhando ou perdendo, esta troca se tornou obrigatória (a colocação dos jogadores continua a mesma e o saque com o quadro que o possua no momento da troca).
Colocação dos Reservas e Técnicos – Os reservas e técnicos durante o jogo devem estar colocados no lado do campo oposto àquele em que se encontra o juiz e, alternativamente, na lateral ocupada em jogo pela equipe adversária.
Comentário do Procrie – Saliente-se uma curiosidade da Regra antiga, em que facultava a troca de campo, só dando direito a fazê-lo à equipe em desvantagem no placar. É bem possível que este detalhe curioso tivesse origem em jogos em quadras abertas, sob condições muitas vezes adversas, como incidência da luz e a direção do vento, como estão previstas na atual Regra do Voleibol de Praia.
Em prosseguimento, apresentaremos a 3ª parte dos comentários tratando dos seguintes assuntos: Pedidos de Tempo, Substituições e Colocação dos Reservas e Técnicos. Aguardem.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Foi registrado no CEV (17.2.2012), “com o espírito de construir pontes que possibilitam trocas entre diferentes saberes, realidades, perspectivas…”.
“Em 2012, o IV Encontro Luso-Brasileiro de Educação Física e Desporto retorna para a Universidade Federal de Alagoas (Ufal) com outras parcerias com universidades portuguesas – palestrantes da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e da Faculdade de Ciências do Desporto e de Educação Física da Universidade de Coimbra e representantes de outras universidades brasileiras. Com o espírito de construir pontes que possibilitam trocas entre diferentes saberes, realidades, perspectivas, o Encontro será realizado nos dias 29 e 31 de março, no Campus A. C. Simões, na cidade de Maceió/Alagoas”.
—————————
Ainda da mesma data (dia 17), o Professor e Mestre Alfredo Cesar Antunes, atualmente cursando o Doutorado em Ciência do Desporto na UNICAMP, elegeu uma proposta de reflexão sobre a “História da Educação Física e Esportes”, na Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), a partir das disciplinas que tratam deste conteúdo. Em seu primeiro contato, convoca-nos a todos para participarmos. A seguir o meu empenho em contribuir.
Professor e Mestre Alfredo,
Pelo tema – História da Educação Física e Esportes – certamente suas pesquisas e debates vão conduzi-lo aos primórdios da EF no Brasil. Por muito empenho garimpei e consegui permissão da família para divulgar o acervo do Prof. Paulo Azeredo, um dos primeiros e mais influentes professores da Escola Nacional de Educação Physica e Desportos (ENEFD), criada em 17 de abril de 1939 no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Chamou-me a atenção em minha peregrinação acadêmica pela web um trabalho do Prof. Victor Macedo Soares (veja citação a seguir), também militante àquela época, mas após algumas tentativas para rever o achado, infelizmente não consegui. Creio tratar-se de uma tese acadêmica na USP ou Unicamp, não tenho certeza. Ele detalha com muita propriedade, pois vivenciou o nascedouro da ENEFD. Vale a pena tentar localizar. Pelo tempo passado, imagino que também o Victor tenha falecido. Contudo, sua obra sobre essa história permanece escrita em algum arquivo que será fácil a você descobrir. Se eu conseguir, dir-lhe-ei.
“Gymnastica Preparatória – A primeira demonstração que assistimos foi uma aula de gymnastica preparatória que tinha a assistencia do professor Manoel Rodrigues Leite Pitanga e seu auxiliar Victor Macedo Soares. São dois grandes conhecedores da Educação Physica, sendo que Pitanga, cathedratico de sports collectivos, tem como assistente no basketball e volleyball o professor Jonas Correa da Costa…”
Em meu site educacional http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/ visite www.procrie.com.br/ que poderá ser consultado a pouco e pouco (ver Novo Sumário). Tenho certeza de que fará um excelente trabalho, especialmente com as contribuições que poderão advir através do CEV, mas peço que não se esqueça de que o tema contém a palavra “Esportes” e, por isto, entendo que seja muito mais ampla a sua atuação. Ou não? Caso necessite da História do Voleibol no Brasil no século passado, fale-me, pois muito já consta do Prezi – Procrie. Será um prazer imenso poder auxiliá-lo e a quantos necessitem. Trata-se de obra de referência, enciclopédica e memorialista.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Da mesma forma como feito em 1951, estaremos reproduzindo a série de artigos publicados em um jornal carioca (não encontramos qualquer referência, inclusive do autor) referentes aos comentários do professor e técnico de voleibol Paulo Azeredo. Tal achado faz parte do acervo da família para o qual temos a primazia e autorização para a sua publicação. Mantivemos na íntegra o texto original, inclusive ilustrações. Como é extenso, também nós publicaremos a matéria obedecendo aos mesmos critérios do jornal.
Boas leituras!
Fonte: Acervo Paulo Azeredo, ANO 1951 – Pág. 50, Publicado no Jornal… (?)
Palavras-Chave (Tags): Mudanças nas Regras: Campo e Ordem de Saque – Interpretação e Arbitragem – Mundial de Praga, 1949 (Tcheco-Eslováquia, atual Rep. Tcheca)
Modificações Introduzidas no Volleyball
“No intuito de melhor informar nossos leitores e no de esclarecer certas dúvidas relativas à aplicação das regras de volleyball, passaremos a transcrever, na medida do possível, uma série de artigos sobe as modificações introduzidas nas regras de volleyball, por ocasião do Congresso Internacional de Praga, realizado entre 13 e 15 de setembro de 1949. Estes artigos são de autoria do prof. da E. N. E. F. D. , Paulo Azeredo, sem dúvida alguma, um profundo conhecedor desse esporte e que exerce, no momento, as funções de preparador técnico das representações do Fluminense F. C., que estão intervindo nos certames da F. M. V. Iniciando essa série publicaremos, hoje, os seguintes tópicos: Campo (marcação antiga e moderna), e Ordem de Saque. (ENEFED = Escola Nacional de Educação Física e Desportos; FMV = Federação Metropolitana de Volley-Ball)
Campo
A primeira modificação foi feita em relação à marcação do campo em zonas. Como é sabido no momento do saque os jogadores devem encontrar-se dentro das mesmas. Enquanto na marcação antiga o campo era dividido em seis zonas, o atual o é só em três, retangulares: nestas devem encontrar-se os jogadores no momento do saque, sendo que o atacante deverá estar sempre à frente do jogador de defesa de sua respectiva zona. Isto veio permitir maior deslocamento dos jogadores dentro das mesmas. Poderão movimentar-se dois a dois no sentido de profundidade sem que os outros das outras zonas sejam prejudicados. Inicialmente, isto se prestou a uma confusão por parte dos juízes, pois alguns achavam que esta movimentação era limitada de acordo com a colocação dos jogadores das outras zonas, quando na verdade uma independe da outra. Diziam estes (os juízes) que os jogadores da primeira zona ou esquerda, quando recuavam, o atacante esquerdo não podia ficar atrás do defesa centro e assim por diante. Ora, lendo-se e interpretando-se a regra, vê-se que o espírito da mesma não é este, levando-nos a acreditar que tenha havido má interpretação e confusão por parte dos mesmos (juízes). Ainda com referência à marcação do campo vemos uma linha paralela à linha central, traçada a três metros desta, chamada linha de ataque, o que nada tem a ver com as zonas retangulares no momento do saque, e sim, somente com a relação ao ataque, o que trataremos em ocasião oportuna.
Precisamos não esquecer que o deslocamento dos jogadores só é permitido em profundidade e nunca para os lados, de modo a invadir as outras zonas. É interessante lembrar que uma vez batida a bola por ocasião do saque, qualquer movimento dos jogadores dentro da quadra é permitido. Não é preciso que a bola ultrapasse a rede para que o sacador entre na quadra como muitos ainda julgam. Também, em se tratando de campos cobertos (ginásios) a altura mínima foi modificada: enquanto a antiga era de cinco metros, a atual é de sete.
Ordem de Saque
É muito comum, principalmente quando é conhecido o jogo (a maneira de atacar, bloquear etc.) dos adversários, nenhum dos dois quadros se colocar em campo primeiro para dar ordem de saque. Antes, a regra nada dizia a respeito, de modo que o jogo não se iniciava até que se entrasse em um acordo, ou que um cedesse, fazendo com que algumas vezes o jogo fosse retardado de cinco, dez minutos e às vezes mais. Com a nova regra vemos sanado o atraso na entrada dos quadros em campo, pois a mesma diz que: “antes de cada ‘set’ os capitães são obrigados a fornecer a ordem de saque ao apontador”.
———————————-
Em próxima postagem, as modificações que tratam do Saque, Troca de Campo, Colocação dos Reservas e Técnicos e Gráficos da Marcação do Campo. Aguardem.
Comentários do Autor: História do Voleibol no Brasil, 2 vol.; Pimentel, Roberto Affonso; no prelo.
Como se Jogava Voleibol no Brasil na Década de 40
Saque – Área de saque: 1,80m de profundidade e 3m de largura. Os dois pés tinham que estar atrás da linha de fundo até que a bola fosse golpeada, inclusive não poderia estar no ar. Não era válida a cortina ou barreira, entre o sacador e a outra equipe. Proibido o saque conduzido (preso) ou carregado. Em 1949, atletas tchecos surgem com novo tipo de saque de trajetória alta (no Brasil, paraquedas e, depois, jornada nas estrelas), além do que alguns pesquisadores relatam a existência também nessa década de um tipo de saque executado pelos americanos denominado spin service com idêntica característica. O tchecos repetiriam esse mesmo saque no México, em 1968, em partida contra a seleção japonesa.
Toque – Tinha que ser limpo e, na defesa, foi proibido conduzir ou carregar a bola. Contatos múltiplos só eram permitidos para os jogadores próximos à rede (parte anterior da quadra). Esses contatos poderiam ser com qualquer parte do corpo, acima dos joelhos e também nos bloqueios.
Contato com a rede – Considerava-se falta se o jogador fosse tocado pela rede como resultado de uma forte cortada, exceto no caso da terceira jogada.
Bloqueio – Só podia ser feito por um ou dois jogadores de ataque. Estava proibido o bloqueio triplo. Ainda assim, no bloqueio duplo, era falta se efetuado por jogadores que não estivessem em posições adjacentes. Assim, jogadores das extremidades da rede não podiam bloquear juntos. Por quase 20 anos o bloqueio foi uma parte do jogo NÃO incluído nas regras.
Jogo – As partidas eram disputadas em dois jogos – “primeiro e segundo jogo”. Se houvesse necessidade de um “terceiro jogo”, de desempate, a equipe com a pontuação mais baixa poderia solicitar “troca de quadra” quando a equipe contrária tivesse feito o oitavo ponto. O jogador que estava no saque continuava sacando após a troca. Ainda não era registrada a nomenclatura set.
Troca de Posição – As regras do jogo – americana e europeia – foram harmonizadas em 1947. Somente jogadores da linha de frente (ataque) podem trocar de posição para atacar e bloquear. A quadra com as medidas de 9m x 18m; e a altura da rede estabelecida em 2,43m para homens e 2,24m para mulheres. Somente na Ásia as regras eram diferenciadas: ”a quadra medindo 21,35m x 10, 67m, e a rede medindo 2,28m para homens e 2,13m para mulheres; não havia rotação dos jogadores na quadra, onde atuavam 9 atletas em três linhas”.
Infiltração– O primeiro Campeonato Mundial masculino foi realizado em Praga (1949) e vencido pela Rússia. Foi a primeira vez em que um jogador (russo) de defesa infiltrou para realizar um levantamento para três atacantes (origem do 5×1).
Novas Regras – Após a guerra, em 1949, as regras foram reescritas e simplificadas para facilitar a interpretação. Em particular, uma melhor definição da ideia de bloqueio, e a zona de saque limitada. Também estabeleceram que cada um dos jogadores se colocasse em suas respectivas posições durante o serviço; os pontos consignados incorretamente por um sacador deveriam ser anulados; os contatos simultâneos de dois jogadores deveriam ser considerados como um só toque; tempos para descanso seriam de um minuto, exceto em caso de lesão (até 5 min); e o tempo entre um set e outro foi fixado em 3 minutos.
Vôlei de Praia– Realizado o 1º torneio de vôlei de praia 2×2 em 1948.
Olimpíadas – Em 1949, o Comitê Olímpico Internacional negou a inclusão do voleibol nas Olimpíadas.
——————————-
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Escola Nacional de Educação Physica e Desportos – ENEFD (2)
Foto: à direita, Maria Lenk (faixa) e Paulo Azeredo, professores da ENEFD. Acervo Paulo Azeredo.
No Estádio Tricolor – O RADICAL que foi o primeiro jornal a noticiar as actividades da novel e já victoriosa Escola, não podia deixar de fazer uma visita ao major Ignácio de Freitas Rollim. Encontramol-o (sic) no estádio do Fluminense, onde s.s. assistia os trabalhos ministrados pelos seus dignos e competentes auxiliares.
Gymnastica Preparatória – A primeira demonstração que assistimos foi uma aula de gymnastica preparatória que tinha a assistencia do professor Manoel Rodrigues Leite Pitanga e seu auxiliar Victor Macedo Soares. São dois grandes conhecedores da Educação Physica, sendo que Pitanga, cathedratico de sports collectivos, tem como assistente no basketball e volleyball o professor Jonas Correa da Costa. Sobre esses dirigentes de sports collectivos, pouco precisamos dizer, pois todos os que se intteressam pelas nossas actividades sportivas, conhecem de sobra a capacidade dos referidos athletas.
Pesos e Halteres – Os ensinamentos da gymnastica de apparelhos e pesos e halteres, são ministrados por competente professor, o conhecido athleta Paulo Azeredo, que é de uma dedicação a toda prova para com os seus alumnos, que tudo fazem para corresponder á espectativa do mestre.
Ataque e Defesa – Apesar de pouco tempo do funcionamento da Escola, podemos constatar o grau de adiantamento dos pupilos dos professores 1º tenente Fritz de Azeredo Mando e José Barreiro Barbosa (Joe Assobrab) (?). Verificamos que os futuros professores de ataque e defesa, já estão executando os golpes com bastante precisão, impressionando pela sua prestreza.
Desporto Individual – O sport básico, como é chamado o athletismo, tem como professor o decathleta Oswaldo Gonçalves, que na sua estadia nos jogos olympicos em Berlim, poude observar os segredos necessários do praticante do athletismo. O chronista teve opportunidade de verificar que os alumnos já estão ambientados nas varias provas de pista e campo.
Remo – As aulas de remo ainda não tiveram a sua parte pratica, porém na theoria o professor Tacarijú de Paula demonstrou os conhecimentos que tem no apreciado sport.
Natação – Como professor de natação a Escola, póde se gabar de possuir um dos mais competentes technicos do assumpto. Queremos nos referir ao sargento Oswaldo Ferreira da Costa, que é um grande estudioso do salutar sport.
Educação Physica – Na parte da Educação Physica em geral, a Escola Nacional tem como cathedratico o grande athleta Alfredo Colombo e a senhorita Luzia Paolielo, sendo que essa ultima é quem dirige os trabalhos de quasi cincoenta moças, desempenhando as suas funções com um êxito invulgar.
Technicos Veteranos – Como já é do domínio publico, a partir de 1 de Janeiro de 1914 (sic, 1941), será exigido para todo professor de educação physica e technico desportivo, exercer a profissão, o diploma conferido pela Escola Nacional, tanto assim, que estão cursando a mesma vários technicos, sendo que dentre elles podemos apontar Carlos Reis (Escola Naval), José Augusto (Flamengo), Platero (Vasco), Flavio (Flamengo), Fritz (Fluminense – Athletismo), Simonides (Fluminense – Football), Cachimbáo (Fluminense – Natação), Americo Garcia (Botafogo – Remo), Euclydes Soares da Silva (Associação Christã) e Vico Taddei (Policia Especial).
Os Professores da Escola – O corpo docente da Escola, conta com os seguintes cathedraticos: dr. Waldemar Areno (Anatomia), capitão medico dr. Amaro de Moraes (Cinesiologia), capitão medico dr. José Pio da Rocha (Cardiologia), dr. Camillo Abud (Tisiotherapia), capitão medico dr. Hermilio Ferreira (Biometria), capitão Orlando Eduardo Silva (Historia da Educação Physica), professor Alfredo Colombo (Educação Physica), professora Luzia Paolielo (Educação Physica), professor Oswaldo Gonçalves (Sports Terrestres), professor Manoel Rodrigues Leite Pitanga (Sports Collectivos), 1º tenente Fritz Azevedo Manso (Ataque e Defesa) e professora Maria Helena Palist (Gimnastica Rythmica) e os assistentes doutores Laureano Pontes Corrêa (Anatomia), Cid Braune Filho (Cinesiologia), Cesar Langgard de Oliveira, Aluízio Freire Ramos Accioly (Tisiotherapia), Antar Padilha (Biometria), dra. Maria de Lourdes Rosário de Oliveira (Biometria).
Professoras: Maria Jacy Nogueira Vaz (Educação Physica Metodologica), Odette Pereira da Silva (Educação Physica Geral), Yvette Mariz (Sports Individuaes), Lygia Maria Lessa Bastos (Sports Collectivos), Elsa Maria de Oliveira (Gymnastica Rythmica), Maria Lenk (Historia da Educação Physica), Eleonora Sólon Ribeiro (Physioterapia);
Professores: Victor Macedo Soares Alves (Educação Physica), Paulo Azeredo (Sports Terrestres), Jonas Correa da Costa (Sports Collectivos), José Bráulio Barbosa (Ataque e Defesa – Box), Tacarijú Thomé de Paula (Remo); sargento ajudante Alberto Latorre de Faria (Ataque e Defesa – Jiu-Jitsu), 1º sargento Feliciano Soares Mendonça (Esgrima), 3º sargento Oswaldo Ferreira da Costa (Natação).
Verdadeiros Abnegados – Apesar da Escola já ter entrado no segundo mez das suas actividades, existem ainda vários professores que não foram nomeados, porém, os mesmos não têm esmorecido um só momento na missão que estão desempenhando, esperando que o Ministro da Educação apresse a regularização de sua situação.
Agradecimento – O RADICAL não póde deixar de agradecer ao professor Paulo Azeredo, as informações prestadas ao seu redactor. O acatado sportman, com a gentileza que lhe é peculiar, serviu-nos de “cicerone”, colocando-nos a par de todas as aulas praticas ministradas pelos seus collegas.
Aulas de Educação physica só com a assistência de médicos e professores diplomados
O Sr. Abgar Renault, director geral do Departamento Nacional de Educação, acaba de determinar que a partir de 1º de julho proximo, nos estabelecimento de ensino secundario do Districto Federal, seja exigida para as aulas de educação physica a assistência effectiva de professor e de medico diplomados pelos cursos de educação physica do Ministério da Educação e Saúde e pela Escola de Educação Physica do Exercito. As aulas ao sexo feminino devem ser dadas por professoras. Os estabelecimentos que fugirem ao cumprimento dessas disposições estão sujeitos ás penalidades do artigo 57 do decreto 21.241, de 4 de abril de 1932.
Fonte: jornal O Radical com informações fornecidas pelo Professor Paulo Azeredo; acervo Paulo Azeredo, Pág. 36, Ano 1939.
Nota: buscou-se manter a grafia de época na reprodução da matéria jornalística.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Festa da inauguração da ENEFD no Estádio do Fluminense F. C. Foto: jornal O Radical.
Escola Nacional de Educação Physica e Desportos – ENEFD
Notas: 1 – Buscou-se manter a grafia de época na reprodução da matéria jornalística; 2 – A Escola Nacional de Educação Física e Desportos – ENEFD estava incorporada à Universidade do Brasil e, posteriormente com a reforma universitária de 1968, à Universidade Federal do Rio de Janeiro.
A Escola Nacional de Educação Physica e Desportos, criada por decreto-lei n. 1.212, do Sr. Presidente da República, em 17 de Abril do corrente anno (1939), veio preencher uma lacuna que há muito se fazia sentir. Bastante razão teve o Sr. Gustavo Capanema, Ministro da Educação, quando na exposição de motivos ao Presidente Getulio Vargas, a sua criação em que suggeria fez constar o seguinte: “A Constituição, Art. 131, estabelece que a Educação Physica é obrigatória em todas as escolas primarias, normaes e secundarias da Republica; e é obvio que, comquanto não obrigatória, esta espécie de educação é aconselhável em todos os demais estabelecimentos de ensino do paíz (escolas profissionaes e escolas superiores ou universidades). Para que se consigam taes objectivos, não basta que se façam leis e regulamentos dispondo sobre a pratica da educação physica nas escolas, nem que nestas se montem estádios, gymnasios, piscinas e outras installações próprias áquella modallidade de educação. É preciso também e, sobretudo, que existam professores, não professores quaesquer, improvisados no preparo e errados no saber, pois estes, ao invés de aprimorar a infância e a juventude, com a educação physica, com esta não raro lhes levam a deformação ou a lesão irreparável, mas ao contrario professores instruídos, possuidores da sciencia e da technica dos exercícios physicos, e capazes de os empregar como meios efficientes de melhorar a saúde e dar ao corpo solidez, agilidade e harmonia”. Como se verifica, o titular da Educação, procurava a criação de uma Escola modelar, afim de que a Educação Physica em geral, fosse apoiada por médicos, professores e technicos, capazes de contribuir com exito no sentido do aperfeiçoamento aprimorado da nossa raça. Assim, três mezes após receber essa exposição de motivos, o Presidente Getulio Vargas, que é um grande incentivador dos sports em geral, assignava o decreto da criação da Escola Nacional de Educação Physica e Desportos, designando para seu director, o Major Ignácio de Freitas Rollim, integro official do nosso Exercito, antigo praticante do sport básico e profundo conhecedor dos seus segredos.
Nomeado Director da Escola de Educação Physica e Desportos, o major Rollim
O corpo docente será formado pelos melhores classificados nos cursos de especialização. Para o cargo de director da Escola de Educação Physica e Desportos, recem-creada pelo Ministério da Educação, vem de ser nomeado o major Rollim. Pioneiro da educação physica no Exercito, o major Rollim muito tem contribuído para o aperfeiçoamento da raça e consequente engrandecimento do Brasil, de modo que a sua escolha foi recebida com profunda sympathia nos círculos sportivos nacionaes. Ao que nos consta, para a formação do corpo docente da nova escola serão aproveitados os professores que melhor se classificarem nos cursos recentemente realizados, de especialização e educação physica, pelo Ministério da Educação.
Abaixo os “Pistolões” – O Major Rollim, ao arcar com as responsabilidades de director da Escola, procurou se cercar de medicos e professores que tinham cursado com exito a Escola de Educação Physica do Exercito, não se submetendo a pedidos ou “pistolões”.
Installada a Escola – Não estando ainda a Escola devidamente apparelhada, o Major Ignácio de Freitas Rollim, conseguiu a cessão de varias salas do Instituto Nacional de Surdos-Mudos, para ali serem realizadas as aulas theoricas, e aceitou o offerecimento gentil da directoria do Fluminense F. C., que collocou a sua disposição o magnífico estádio de Laranjeiras, para que ali fossem ministradas as provas praticas.
No Estádio Tricolor – O RADICAL que foi o primeiro jornal a noticiar as actividades da novel e já victoriosa Escola, não podia deixar de fazer uma visita ao major Ignácio de Freitas Rollim. Encontramol-o (sic) no estádio do Fluminense, onde s.s. assistia os trabalhos ministrados pelos seus dignos e competentes auxiliares.
Gymnastica Preparatória – A primeira demonstração que assistimos foi uma aula de gymnastica preparatória que tinha a assistencia do professor Manoel Rodrigues Leite Pitanga e seu auxiliar Victor Macedo Soares. São dois grandes conhecedores da Educação Physica, sendo que Pitanga, cathedratico de sports collectivos, tem como assistente no basketball e volleyball o professor Jonas Correia da Costa. Sobre esses dirigentes de sports collectivos, pouco precisamos dizer, pois todos os que se intteressam pelas nossas actividades sportivas, conhecem de sobra a capacidade dos referidos athletas.
Pesos e Halteres – Os ensinamentos da gymnastica de apparelhos e pesos e halteres, são ministrados por competente professor, o conhecido athleta Paulo Azeredo, que é de uma dedicação a toda prova para com os seus alumnos, que tudo fazem para corresponder á espectativa do mestre.
Ataque e Defesa – Apesar de pouco tempo do funcionamento da Escola, podemos constatar o grau de adiantamento dos pupilos dos professores 1º tenente Fritz de Azeredo Mando e José Barreiro Barbosa (Joe Assobrab) (?). Verificamos que os futuros professores de ataque e defesa, já estão executando os golpes com bastante precisão, impressionando pela sua prestreza.
Desporto Individual – O sport básico, como é chamado o athletismo, tem como professor o decathleta Oswaldo Gonçalves, que na sua estadia nos jogos olympicos em Berlim, poude observar os segredos necessários do praticante do athletismo. O chronista teve opportunidade de verificar que os alumnos já estão ambientados nas varias provas de pista e campo.
Remo – As aulas de remo ainda não tiveram a sua parte pratica, porém na theoria o professor Tacarijú de Paula demonstrou os conhecimentos que tem no apreciado sport.
Natação – Como professor de natação a Escola, póde se gabar de possuir um dos mais competentes technicos do assumpto. Queremos nos referir ao sargento Oswaldo Ferreira da Costa, que é um grande estudioso do salutar sport.
Educação Physica – Na parte da Educação Physica em geral, a Escola Nacional tem como cathedratico o grande athleta Alfredo Colombo e a senhorita Luzia Paolielo, sendo que essa ultima é quem dirige os trabalhos de quasi cincoenta moças, desempenhando as suas funções com um êxito invulgar.
Technicos Veteranos – Como já é do domínio publico, a partir de 1 de Janeiro de 1914 (sic, 1941), será exigido para todo professor de educação physica e technico desportivo, exercer a profissão, o diploma conferido pela Escola Nacional, tanto assim, que estão cursando a mesma vários technicos, sendo que dentre elles podemos apontar Carlos Reis (Escola Naval), José Augusto (Flamengo), Platero (Vasco), Flavio (Flamengo), Fritz (Fluminense – Athletismo), Simonides (Fluminense – Football), Cachimbáo (Fluminense – Natação), Americo Garcia (Botafogo – Remo), Euclydes Soares da Silva (Associação Christã) e Vico Taddei (Policia Especial).
Os Professores da Escola – O corpo docente da Escola, conta com os seguintes cathedraticos: dr. Waldemar Areno (Anatomia), capitão medico dr. Amaro de Moraes (Cinesiologia), capitão medico dr. José Pio da Rocha (Cardiologia), dr. Camillo Abud (Tisiotherapia), capitão medico dr. Hermilio Ferreira (Biometria), capitão Orlando Eduardo Silva (Historia da Educação Physica), professor Alfredo Colombo (Educação Physica), professora Luzia Paolielo (Educação Physica), professor Oswaldo Gonçalves (Sports Terrestres), professor Manoel Rodrigues Leite Pitanga (Sports Collectivos), 1º tenente Fritz Azevedo Manso (Ataque e Defesa) e professora Maria Helena Palist (Gimnastica Rythmica) e os assistentes doutores Laureano Pontes Corrêa (Anatomia), Cid Braune Filho (Cinesiologia), Cesar Langgard de Oliveira, Aluízio Freire Ramos Accioly (Tisiotherapia), Antar Padilha (Biometria), dra. Maria de Lourdes Rosário de Oliveira (Biometria).
E também:
Professoras: Maria Jacy Nogueira Vaz (Educação Physica Metodologica), Odette Pereira da Silva (Educação Physica Geral), Yvette Mariz (Sports Individuaes), Lygia Maria Lessa Bastos (Sports Collectivos), Elsa Maria de Oliveira (Gymnastica Rythmica), Maria Lenk (Historia da Educação Physica), Eleonora Sólon Ribeiro (Physioterapia);
Professores: Victor Macedo Soares Alves (Educação Physica), Paulo Azeredo (Sports Terrestres), Jonas Correia da Costa (Sports Collectivos), José Bráulio Barbosa (Ataque e Defesa – Box), Tacarijú Thomé de Paula (Remo); sargento ajudante Alberto Latorre de Faria (Ataque e Defesa – Jiu-Jitsu), 1º sargento Feliciano Soares Mendonça (Esgrima), 3º sargento Oswaldo Ferreira da Costa (Natação).
Verdadeiros Abnegados – Apesar da Escola já ter entrado no segundo mez das suas actividades, existem ainda vários professores que não foram nomeados, porém, os mesmos não têm esmorecido um só momento na missão que estão desempenhando, esperando que o Ministro da Educação apresse a regularização de sua situação.
Agradecimento – O RADICAL não póde deixar de agradecer ao professor Paulo Azeredo, as informações prestadas ao seu redactor. O acatado sportman, com a gentileza que lhe é peculiar, serviu-nos de “cicerone”, colocando-nos a par de todas as aulas praticas ministradas pelos seus collegas.
Aulas de Educação physica só com a assistência de médicos e professores diplomados
O Sr. Abgar Renault, director geral do Departamento Nacional de Educação, acaba de determinar que a partir de 1º de julho proximo, nos estabelecimento de ensino secundario do Districto Federal, seja exigida para as aulas de educação physica a assistência effectiva de professor e de medico diplomados pelos cursos de educação physica do Ministério da Educação e Saúde e pela Escola de Educação Physica do Exercito. As aulas ao sexo feminino devem ser dadas por professoras. Os estabelecimentos que fugirem ao cumprimento dessas disposições estão sujeitos ás penalidades do artigo 57 do decreto 21.241, de 4 de abril de 1932.
—————————-
Fonte: jornal O Radical com informações fornecidas pelo Professor Paulo Azeredo; acervo Paulo Azeredo, Pág. 36, Ano 1939.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Os Jogos Sul-americanos tiveram início há exatos 60 anos, em 1951, no Rio de Janeiro. Naquela oportunidade somente quatro equipes masculinas se fizeram representar: Brasil (sede), Uruguai, Peru e Argentina. A 29ª edição desses Jogos desenrola-se até este domingo na cidade de Cuiabá. O primeiro jogo da seleção brasileira masculina foi contra o Uruguai. Na sequência da competição, os brasileiros enfrentaram Chile, Paraguai e Colômbia, Na sexta-feira (23), o Brasil teve folga na rodada, enquanto neste sábado (24) e domingo (25), a equipe enfrentará Venezuela e Argentina. O torneio vale vaga para a Copa do Mundo, classificatória para os Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
Quando a história de um se soma a de tantos outros…
Retorno à notícia no Terra – “Octacampeão sul-americano, Giba lembra primeira edição” -, já comentada em “Memória e História”. Aproveito ainda o jogo de palavras para acrescentar alguns outros dados históricos, não só para o Giba, mas para os internautas em geral. É lógico que a “primeira edição” (no texto) refere-se à primeira participação como atleta do Giba. Daí retroajo à primeira edição do próprio Sul-americano, em 1951, disputado entre quatro equipes (ver quadro) nas versões masculina e feminina.
I Campeonato Sul-americano. Foi realizado em 1951 no ginásio do Fluminense, no Rio de Janeiro, tendo o Brasil como campeão em ambas as categorias, masculina e feminina. Era presidente da Confederação Sul-americana de voleibol o Sr. Célio de Barros. No feminino o Brasil ganhou o troféu “Jess T. Hopkins”. A seleção brasileira masculina, tendo como técnico Paulo Azeredo era constituída basicamente de jogadores do Rio e Minas Gerais. Foram convocados os atletas:
Pena que o Giba foi dispensado às vésperas do início do atual Sul-americano. Além dele, o técnico Bernardinho cortou Gustavo e Vissoto. Certamente quer dar oportunidade aos mais novos de atuarem e se entrosarem no processo de renovação.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Valor da História… quando a história de um se soma a de tantos outros!
Uma notícia no site do Terra despertou-me a atenção para o tema à epigrafe. A reportagem tinha como título “Octacampeão sul-americano, Giba lembra primeira edição” e a foto reproduzida ao lado.
Recordo-me ter estado com o Giba – foi a primeira vez que nos falamos – em um jantar no salão do Hotel Evereste, em Ipanema, Rio, onde estava hospedada a delegação nacional. Era véspera dos jogos contra a Polônia pela Liga Mundial deste ano. Na ocasião apresentei ao Bernardo e a ele, Giba, um dos exemplares do livro que compus, “História do Voleibol no Brasil”. De ambos colhi palavras elogiosas e de incentivo e mais não poderia esperar, uma vez que o momento não comportava análises mais detalhadas. Como se diz, “dei o meu recado” e, agora, mais gente já sabe que o voleibol no Brasil transcende 1984, 1964 e recua pelo menos até 1939, por coincidência, o ano em que nasci. Estaria eu predestinado a escrever tais histórias? Devo confessar que quando adolescente, tive brigas com as professoras de História, pois não encontrava sentido prático no seu ensino.
Da reportagem, saliento o tópico que motivou tal crônica: “Capitão da Seleção Brasileira, o ponta Giba nem sempre teve tanta moral no time nacional. Em 1995, ele era apenas um jovem ao lado de ídolos como Marcelo Negrão, Giovane, Maurício, Tande, Carlão e Nalbert na disputa de seu primeiro Campeonato Sul-Americano. Nesta segunda-feira, aos 34 anos, ele começa a sua nona participação no torneio, em Cuiabá, já com oito títulos na bagagem. E diz ele: Ainda me lembro do primeiro, novinho, com 18 anos, jogando ao lado de grandes ídolos da geração de 92. Foi especial. Com certeza nunca vou esquecer deste Sul-americano. Lembro tudo, as pessoas, o ginásio em Porto Alegre, foi tudo muito bom”, declarou. Giba foi campeão no Rio Grande do Sul, da mesma forma como foi em 1997, na Venezuela, e a cada dois anos, na Argentina, Colômbia, Rio de Janeiro, Lages, Chile e novamente em solo colombiano. Nesse tempo todo, a forma como encaramos o Sul-Americano muda um pouco. No primeiro, lembro que era uma ansiedade enorme por estar ao lado dos meus ídolos e, com o nome já feito, depois de tantos anos, é natural que isso mude”.
Giba e Roberto Pimentel conversam sobre a História do Voleibol.
Decorridos muitos anos, revejo minha posição ao ter concluído duas obras de caráter histórico. A primeira, editada em 2008, conta como era a “Villa Pereira Carneiro”, seus costumes e detalhes das numerosas famílias da primeira metade do século passado. Foi ali que nasci e iniciei-me em vários esportes. Narro, inclusive, meu primeiro encontro com o Bené, que já realizava treinos aos sábados numa pequena quadra improvisada. E, já agora, esta verdadeira obra em dois volumes sobre a História do Voleibol no Brasil, com pouco mais de mil páginas, fartamente ilustrada com fotos. Arlindo Lopes Correa, que me brindou com a sua apresentação, adjetiva a obra como enciclopédica e memorialista.
Por que teria eu mudado o meu modo de pensar a História? Qual a relação entre História e Memória? Possivelmente o alcance da História seja muito superior ao da Memória. Por isto, quase sempre tenhamos todos a pretensão de construir nossa própria história através da memória e concluirmos que é a verdadeira. Ocorre que à história de cada um acrescentam-se muitas outras, e aí vamos unindo os retalhos, os fragmentos e compondo a História. Para entender um pouco mais fui buscar subsídios no historiador italiano Carlo Ginzburg, que transcrevo a seguir, e deixo a critério de cada um se devem se aprofundar no assunto. Enquanto isto estarei tentando fazer um elo entre passado e futuro, entre o indivíduo e o seu grupo social.
História, memória da humanidade?
Existe uma tendência entre confundir memória com história. Todas as sociedades possuem uma forma de relação com o passado e, por sua vez, possuem suas regras e técnicas. E estas precisam ser colocadas à prova de quando em quando para que se possa sempre distinguir o verdadeiro do falso. Esta é uma conquista da qual não devemos abrir mão. Um dos desafios da história é acertar sua relação com a literatura? A relação entre ambas é muito próxima. Os historiadores também são contadores de histórias, mas tentam contar histórias verdadeiras. É a relação entre o verdadeiro e o falso.
A escrita serve como suporte para a memória coletiva. O que fazer, quando a memória erra, confundindo pensamentos e gerando a contradição?
Na memória podem ser insinuados erros e o mesmo pode acontecer na história. É importante procurar corrigir esses erros, mas é importante também entender por que eles ocorrem. É preciso aprender a decifrar o erro e a verdade mais profunda que pode estar por trás desse erro.
Em que ponto podemos dizer que uma afirmação histórica está refutada? E o que significa dizer que algo está historicamente provado? Qualquer afirmação sobre a realidade histórica – mesmo a que diz que Napoleão Bonaparte existiu – vale até que alguém prove o contrário. Se aquelas afirmações não fossem sujeitas a falsificações (em linha de princípio teórico), seriam dogmas. Como considerar hoje essa ambição de retratar os indivíduos esquecidos pela história? Hoje eu insistiria ainda mais no estudo da relação entre o indivíduo e o grupo social ao qual ele pertence; uma relação que deve ser explorada concretamente na medida em que os documentos assim o permitem. Por que história é tão aborrecida? O questionamento continua com a lembrança de uma afirmação de Henry James, datada do fim do século XIX: “Representar e ilustrar o passado, as ações do homem são tarefas tanto de historiador como do romancista; a única diferença que posso ver é totalmente favorável a esse último (à proporção, é claro, do seu êxito) e consiste na maior dificuldade que ele encontra para reunir as provas que estão longe de ser puramente literárias”. O melhor caminho seria unir com ponderação provas e possibilidades, erudição e imaginação.
Animou-me o desejo de retratar os indivíduos esquecidos pela história e o seu grupo social. Nessas histórias que a própria vida me contou sobressai uma relação que deve ser explorada na medida em que os documentos e relatos assim o permitam. Parece-me que o melhor caminho seria unir com ponderação provas e possibilidades, além é claro, de imaginação. Por fim, hoje vejo que encontrei resposta à indagação: “Por que estudar História”? Esclareço que não sou escritor e muito menos historiador. Apenas conto histórias…
Recomendo de forma carinhosa aos internautas e, particularmente ao Giba, retribuindo a gentileza que prestou à minha neta (foto), que façam uma visita neste Procrie à Categoria de História do Voleibol – “Primeira Participação Internacional”, “Origem do Voleibol na América do Sul”, “Intercâmbio na América do Sul” – e percebam como teve início esse intercâmbio e os campeonatos sul-americanos. Não é muito, mas foi o que pude apurar para deixar registrado na memória e na história. Tomara que a CBV leve avante o projeto de criação de um Museu do Voleibol, a exemplo de alguns outros países.
Giba conduz a menina nos seus primeiros passos. Brasil e Coreia, 2010.
No futuro a menina da foto, então com 4 anos de idade, haverá de se lembrar desse momento. Assim, presto uma homenagem aos novos e aos antigos atletas que construíram o voleibol brasileiro, medalhistas ou não.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Governo Collor: Ministérios da Educação e Secretaria dos Desportos.
“Os CIACs – Centros Integrados de Atendimento à Crianças, foram instituídos em 1991 pelo governo Collor como parte do “Projeto Minha Gente”, inspirados no modelo dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), do Rio de Janeiro, implantados na gestão de Leonel Brizola. O objetivo era prover a atenção à criança e ao adolescente, envolvendo a educação fundamental em tempo integral, programas de assistência à saúde, lazer e iniciação ao trabalho, entre outros. Sofreu as mesmas críticas dos CIEPs, inclusive a do potencial de clientelismo político implícito em um projeto de construir 5 mil escolas em todo o país a um custo de dois milhões de dólares por unidade, sem que o governo federal dispusesse de meios financeiros e humanos para operá-las. Alguns educadores criticaram esse tipo de projeto (CIEPs e CAICs) dizendo que seria mais eficaz gastar-se recursos no modelo de rede escolar já existente, atendendo-se um maior número de crianças. O fim do governo Collor não significou o fim do projeto dos CIACS. Para não perder os investimentos já realizados, da ordem de um bilhão de dólares, o ministro Murílio (de Avellar) Hingel decidiu dar continuidade ao programa em outros termos, inclusive pela alteração de sua sigla, com gastos previstos de 3 bilhões de dólares para o período 1993-1995. A partir de 1992 passaram a se chamar Centros de Atenção Integral à Criança (CAICs)”.
Atenas ou Esparta? Recordo com alguma dificuldade que o ex-atleta de voleibol Bernard, então Secretário dos Desportos do Collor, realzou um périplo pela ilha de Fidel Castro e veio com a novidade de remanejar alunos que se destacassem nos esportes para os CAICs, fortalecendo assim o seu treinamento e possibiliddes de desenvolvimento. Lembrei-me dos bancos escolares quando minha professora de História dissertava sobre as diferenças entre as atividades destinadas às crianças nas cidades gregas de Atenas e Esparta. Na primeira, pedagogos se ocupavam em ensinar letras, artes, música e filosofia; na outra, a partir de certa idade, os filhos eram retirados de suas casas e sua educação custodiada pelo Estado. Com a diferença de que essa educação era para formar guerreiros.
Como o Estado financiaria um programa?
Para isso devemos recorrer uma vez mais à História. A administração e a pratica dos desportos no Brasil durante muito tempo era tratada e vinculada ao Ministério da Educação.
Em 1990 o Governo Collor, extinguiu a Secretaria ligada ao Ministério da Educação e criou a Secretaria de Desportos da Presidência da República, uma secretaria com status de Ministério, ligada diretamente ao Presidente da República, a direção desta secretaria foi assumida pelo Sr. Arthur Antunes Coimbra – Zico (março/91 a abril/91) e em seguida, pelo Sr. Bernard Rajzman – Bernard do Voley (abril/91 aoutubro/92). Com a necessidade de obter recursos financeiros para o desenvolvimento do Desporto, e sem poder criar leis de incentivo fiscal, que no final diminuiriam a receita do governo, a solução encontrada foi a criação de uma atividade que revertesse parte de sua arrecadação diretamente para o esporte.
Bingo no Brasil. E foi assim que surgiu a idéia do bingo, com a exploração da atividade, seria criada uma fonte de recursos para o desenvolvimento do esporte e com a vantagem dos recursos poderem ser revertidos diretamente para os clubes, que eram a base dos esportes, os formadores dos atletas. E os benefícios não paravam ai, com a criação de uma nova atividade empresarial, seriam criados também novos postos de empregos e uma grande fonte de receita fiscal para o governo, pois, além dos impostos incidentes sobre todas as atividades, ainda havia a incidência do imposto de renda retido na fonte sobre a premiação. Neste sentido, o Secretário de Esportes Sr. Arthur Antunes Coimbra (Zico), apresentou um projeto que acabou transformando-se na Lei Federal nº 8.672 de 06 de julho de 1993, instituindo a modalidade de bingo permanente, bingo eventual e similares, como fonte de recursos financeiros para aplicação no fomento do desporto. No Decreto nº 981 de 11 de novembro de 1993 ficou estabelecido que a União poderia firmar convênios com os estados, para que estes, através de suas Secretarias da Fazenda, pudessem em seu lugar credenciar as entidades desportivas e autorizar o funcionamento das casas de bingo. Após o afastamento do presidente Collor, o esporte voltou a ser vinculado ao Ministério da Educação, através da Secretaria de Desportos, tendo com secretários, Márcio Baroukel de Souza (1992 a 1994) e Marcos André da Costa Berenguer (1994 a 1995).
Em 1995, o governo Fernando Henrique Cardoso, sentindo a necessidade de dar mais importância ao esporte, criou o Ministério de Estado Extraordinário do Esporte e foi nomeado como Ministro o Sr. Edson Arantes do Nascimento – Pelé (1995 a 1998), cabendo à Secretaria de Desportos do Ministério da Educação, ainda sob a direção de Marcos André da Costa Berenguer, prestar o apoio técnico e administrativo. Em março do mesmo ano, a Secretaria de Desportos do Ministério da Educação foi transformada em INDESP – Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto, este passa a ser desvinculado do MEC e fica subordinado ao Ministério Extraordinário do Esporte, e foi dirigido, na ordem cronológica, por Joaquim Ignácio Cardoso Filho (janeiro a julho/95), Asfilófio de Oliveira Filho (95 a 97), Prof. Ruthênio de Aguiar, interinamente, (97 a 98), e Luiz Felipe Cavalcante de Albuquerque (98 a 99). Com a necessidade de introduzir aprimoramentos na legislação esportiva o então Ministro Edson Arantes do Nascimento (Pelé) apresentou um projeto de uma nova legislação para tratar do esporte, que se transformou na lei federal nº 9.615 de 24 de março de 1998 (Lei Pelé). Nesta nova Lei a União delegava ao Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto – INDESP, ou aos Estados conveniados, a função de credenciar as entidades desportivas, autorizar as Casas de bingo e fiscalizar seu funcionamento.
Em 31/12/1998, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso, sentindo mais uma vez a importância do esporte para a sociedade, o governo decide retirar o titulo de “extraordinário” do Ministério Extraordinário do Esporte e através da Medida Provisória n° 1.794-8 cria o Ministério de Esporte e Turismo, nomeando como Ministro o então Deputado Federal Sr. Rafael Grecca de Macedo (1999 e 2000). O INDESP passa a ser vinculado ao novo Ministério e leva consigo, dentre outras, a atribuição de, credenciar as entidades desportivas, autorizar o funcionamento das salas de bingo e fiscalizar a atividade.
Em junho de 99 assume a presidência do INDESP o Prof. Manoel Gomes Tubino (junho a outubro/99), devido ao grande número de processos e a falta de estrutura da autarquia para fazer a análise dos processos de Credenciamento e Autorização, o Prof. Manoel Gomes Tubino baixa a portaria nº 07 de 01 de março de 1999 suspendendo as análises dos processos de autorização, suspensão esta que foi mantida por quase todo o período em que o INDESP estava a frente do credenciamento, autorização e fiscalização dos bingos, e somente eram analisados os processos e emitindo os certificados dos bingos que conseguiam decisões judiciais obrigando o INDESP a fazê-lo. Após várias ações no sentido de moralizar o Indesp, o Prof. Manoel Gomes Tubino pediu a sua demissão. Em seu lugar assumiu o então Deputado Sr. Augusto Carlos Garcia de Viveiros (out./1999). Devido à quase paralisação do INDESP foram surgindo denúncias que acabaram com a instauração de uma CPI e em maio de 2000 o Ministro Rafael Grecca de Macedo renunciou e foi sucedido por Carlos Carmo Melles (2000 a 2002).
A Medida Provisória 1926 acabou dando origem ao Projeto de Lei de Conversão nº 7, que posteriormente transformou-se na lei nº 9981 (Lei Maguito). A Lei Maguito que transformou em lei o que previa a medida provisória nº 1926 e manteve o credenciamento no INDESP e passou para a Caixa a responsabilidade de autorizar e fiscalizar os bingos, e através de um vacatio legis, previa para 31 de dezembro de 2001 a revogação dos artigos 59 à 81 da lei nº 9.615 (lei Pelé), justamente os artigos que tratavam do bingo.
Em 26 de outubro de 2000, o Presidente em Exercício Marco Maciel e o Ministro Carlos Melles publicam uma medida provisória nº 2.049, que em seu artigo 25, extingue o Instituto Nacional de Desenvolvimento do Desporto – INDESP, tendo como seu ultimo presidente o Sr. Augusto Viveiros, transferindo à Caixa Econômica Federal todas as atribuições referentes ao bingo. Em outubro de 2000, é criada a Secretaria Nacional de Esporte, para substituir o INDESP e o primeiro secretário foi José Otávio Germano (dezembro/2000 a fevereiro/2001). Em seguida, foi nomeado Lars Schmidt Grael (2001 a 2002). Em 14 de novembro de 2000 foi publicado o decreto federal nº 3.659, em que definia a exploração de jogos de bingo, como serviço público, e de competência da União e que será executada direta ou indiretamente pela Caixa Econômica Federal em todo território Nacional, este decreto passa para Caixa Econômica Federal todas as responsabilidades sobre os bingos.
Em 16 de julho de 2001 através da Lei nº 10.264, Lei Piva o bingo além do 7%, passa a reverter mais 2% de sua arrecadação para o fomento do desporto olímpico. Em março de 2002, o Ministro do Esporte e Turismo passa a ser Caio Luiz Cibella de Carvalho, (março 02 a dezembro 02), e em 11 de dezembro de 2002 ele apresenta o projeto de lei nº 7.475, que prevê a revitalização do INDESP e o bingo como fonte de receita para o esporte. Em janeiro de 2003, na Mensagem de Posse ao Congresso Nacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixa claro a sua intenção de contar com o bingo como fonte de desenvolvimento do esporte voltado para a área social.
Como os interesses políticos, os favorecimentos e o excesso de atividades podem influenciar e prejudicar o rendimento de um atleta em qualquer modalidade? O médico da delegação tem poder de veto? E o fisioterapeuta é o “faz-tudo”?
Histórias
1) Na primeira olimpíada em que o voleibol se fez presente foi em Tóquio, Japão, no ano de 1964. A delegação brasileira masculina se fez presente somente com dez atletas. Dias antes do embarque, o COB informou à CBV sobre esta decisão, alegando contenção de despesas. Nunca foi justificado até porque foi o ano da entrada no poder dos militares e o COB já tinha em suas fileiras vários generais. Aliás, todos os postos chaves do esporte, como o Conselho Nacional dos Desportos (CND). No que se refere à equipe de voleibol, era comentário geral que um dos atletas estava lesionado no joelho ainda nos treinamentos precários no Brasil. Certamente, agravado pelo emprego de exercícios hoje totalmente condenados, como o canguru, além de subidas e descidas de degraus de arquibancadas. Diga-se ainda que a equipe ficou reduzida a seis atletas por contusões durante os jogos.
2) Em 1984, na Olimpíada de Los Angeles, mais uma vez a delegação estava composta com pelo menos dois atletas sem condições ideais para a competição antes de embarcarem e, ainda assim, viajaram. Até então, a seleção era um grupo fechadíssimo em torno de seu treinador que detinha todo o poder. E sabíamos todos que dos 12, somente dez tinham condições de atuar na equipe.
3) Há muitos anos, em conversa com um dos supervisores da CBV, ele comentava que um dos problemas com o estado físico dos atletas residia na má execução das atividades nos próprios clubes, ou até mesmo, na sua ausência. Quando convocados, tinham que passar por um período de reavaliação e tratamento. Interessante, que anos depois, inclusive com melhor aparato de equipamentos e equipe médica adequada, alguns problemas surgiram na seleção, como o caso de Schanke (?), que saiu de quadra em um jogo pela seleção direto para a mesa de cirurgia de um hospital, com problemas de circulação na mão.
4) Dois anos após a conquista olímpica de 1992 houve um êxodo dos atletas atraídos pelo milionário voleibol italiano. Não durou muito e após a temporada italiana, creio que ainda em 94, Nuzman promoveu uma festa com toda pompa no Centro Cultural do Banco do Brasil, no Rio, com jornais, TVs, autoridades e convidados. Ele, ainda presidente da CBV, sugeriu e engendrou o retorno dos cinco atletas campeões olímpicos que atuavam na Itália – Carlão, Maurício, Tande, Giovane e Marcelo Negrão. O Banco do Brasil, tendo a frente o seu presidente Andréa Calabi, arcou com as despesas, inclusive os seus salários. A CBV distribuiu os atletas por diversos clubes/empresas. Interessante foi um dos argumentos invocado: “Estaria protegendo os atletas – citou o Tande – de maus tratos, isto é, era obrigado a atuar sem condições físicas adequadas, mesmo estropiado”. O sexto atleta titular daquela olimpíada, Paulão, que não se transferira para a Itália, tornou-se presidente de um clube no Paraná, além de também atuar na equipe que conseguiu a duras penas montar. Foi esquecido solenemente, não tinha carisma e por isso a imprensa não lhe dava a mínima atenção. Caiu no esquecimento.
5) A história se repetiria após a virada do século: da equipe bicampeã mundial (2006), somente um jogador atuava no país. Para atenuar a busca de dólares e euros no exterior, foi montado um esquema marqueteiro com a principal emissora de TV brasileira para transmissões dos jogos da Liga Nacional. Com isto, os salários em reais tornaram-se razoavelmente competitivos, especialmente por estarem em casa e falarem a mesma língua. Ainda assim, um ou outro abdicou como o jogador Tande que logo após o campeonato mundial da Itália retornou ao seu time na Rússia. Como a situação econômica do país é estável e até invejável diante das maiores economias mundiais, é natural que se possam oferecer melhores salários aos “nossos heróis”.
6) A emoção de Murilo quando foi anunciado o melhor jogador do Mundial de Vôlei (2010) tinha uma razão. O ponteiro teve de superar ao longo da competição uma dor interminável na panturrilha, que causou cãimbras e o fez jogar no sufoco em algumas partidas. Com o alívio do dever cumprido, o camisa número 8 afirmou que nunca viu a seleção passar por tanta dificuldade em um torneio em que saiu vitoriosa. Foi a mais difícil pelos problemas físicos. Até em 2009 nós conversávamos que nunca tinha acontecido muitos problemas físicos na equipe ao longo das competições, dizíamos que éramos muito sortudos por isso. Mas neste mundial foi complicado. Primeiro já pelo problema do Marlon, que não era um problema físico e sim fisiológico, e ele superou… Depois o problema do Bruno na semifinal, quando sentiu o tornozelo esquerdo e o meu na panturrilha e hoje também sentindo o tornozelo. “Isso é ainda melhor para gente tentar se ajudar em quadra”.
7) O atleta Giba, desde os jogos da Liga não atuava e não atuou efetivamente nesse mundial, possivelmente poupado por motivos médicos. Passou a ser o “segundo” do técnico, dando apoio e instruções aos seus colegas. Todavia, no Brasil, deixou escapar uma brincadeira pouco saudável para um atleta de seu nível: “Creio que a Fivb deveria daqui para frente realizar um campeonato mundial com todos os outros países; aquele que vencer, disputará com o Brasil quem será o campeão”. Lamento, mas notei certa empáfia em suas palavras. Como deve ser difícil voltar a por os pés no chão após vôos tão altos! E lembrar que em 2002 foi pego no exame antidoping na Itália, fato este abafado na grande imprensa, inclusive com a ida de um bombeiro à Bota. Certamente a divulgação do fato comprometeria a boa imagem do garoto-propaganda do patrocinador oficial.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".
Lembro aos leitores que nos primórdios do voleibol no Brasil a arbitragem era um problema a ser contornado e que só foi resolvido muitos anos mais tarde. Naquela época invariavelmente um atleta mais velho, com alguma experiência na condução de uma partida era solicitado a arbitrar. Eram poucos os jogos e quase sempre estavam presentes às partidas. Assim, eram convidados pelos capitães das equipes a presidir o espetáculo. Eu mesmo, apesar de ainda jovem, apitei diversas partidas em Niterói e se querem saber, com elegância e invejável concentração. Um fato interessante é que nunca tive nas mãos qualquer exemplar das Regras do Voleibol e nunca soube quem a tivesse visto. O Regulamento e as Regras eram passados aos técnicos e atletas via oral. A cada alteração, um rebuliço geral para identificar qual seria o critério das arbitragens e o que fazer no que se referia à parte técnica ou tática dos integrantes das equipes.
Na tentativa de constituir um quadro próprio e mantê-lo, pensou-se em profissionalizá-lo. No dia 8 de novembro de 1944 o presidente da Federação Metropolitana de Voleibol enviou seu Vice-Presidente à Escola de Educação Física para solicitar ao Diretor, Capitão Antônio Lyra, a realização de um curso especial para juízes. O motivo: a falta de Oficiais naquele ano.
O exclente árbitro Newton Leibnitz, o Chapinha, em 1960.
Com o incremento do esporte a partir do Mundial de 60 no Rio de Janeiro, a necessidade de formar árbitros aumentou e foi incentivada, então, com a recente criação do Quadro regular da Federação. Inclusive, com grandes promessas que viriam se concretizar alguns anos depois, como Eduardo Alcântara (Dudu) e Josebel Guimarães Palmeirim, além, é claro, de Newton Leibnitz e José Leiroz, todos moradores e também atuantes nos campeonatos niteroienses.
A partir da profissionalização, os cursos de arbitragem e as Regras do jogo começam a proteger a figura do árbitro contra desvarios ou má conduta de atletas através das sinalizações correspondentes e os cartões de indisciplina. As denominações evoluíram para 1° árbitro, 2° árbitro, apontador (dois) e juízes de linha, que podem ser em número de dois ou quatro. Alguns poucos árbitros e apontadores atuavam no voleibol carioca no início da década de 40. Entre eles, o juiz Antônio Santos Moreira, o popular Nena; Joel Moura, que funcionava como fiscal e os apontadores (ou mesários), Heitor Gonçalves e Sylvio Cintra. Outros pontuaram nas três ou quatro décadas seguintes, tendo sido lembrados pela Federação com os títulos de EMÉRITOS (1975) Newton Leibnitz, Sérgio Freire, Wilson de Lima, Wilson Costa, Oduvaldo da Silva Lins, Wilson Bezerra de França; em 1993, Wilson França. E, em 1992, com o título de Benemérito, o árbitro José Sant’Anna Menescal, também funcionário por longa data da entidade.Muitos indivíduos se profissionalizaram no intuito de uma segunda renda, uma vez que os horários dos jogos eram compatíveis com suas funções principais. Assim, vimos surgir um grande número de árbitros oriundos da Polícia Militar e do Exército – com curso de monitores na EsEFEx –, na sua maioria sargentos. Mais à frente surgem os jovens universitários, estudantes de Educação Física. Todos, sem exceção, cumprindo estágio na divisão denominada incorretamente inferior (infantil). A partir dali ganhavam experiência e os mais interessados permaneciam na função galgando patamares acima através de cursos mais avançados da federação. Muitos deles alcançaram o maior dos níveis, o Internacional. Todavia, percebíamos total descaso, um abandono mesmo, na formação inicial desses novos árbitros. Aqueles que os formavam, os professores – com certeza árbitros mais antigos –, não os orientavam no sentido de conduzir as partidas de forma mais solta e livre, de modo que as crianças pudessem evoluir e se manifestar naturalmente nos jogos. Ao contrário, eram mais realistas do que o rei, impondo rigidez demasiada nas suas interpretações. Era absolutamente impossível jogar voleibol com aqueles “apitadores vorazes!” Repetia-se, assim, o que ocorria nas divisões adultas: o árbitro sendo a figura principal do jogo e todos os atletas subordinados às suas decisões “soberanas e boçais”, um jargão que se consolidou nesses anos. Contudo, o tempo nos mostraria que muitos defeitos não são próprios da época – eles se repetem. Por exemplo, em Belo Horizonte (MG), ano de 1978, em partida válida pelo campeonato entre as AABBs de todo o país, atuavam Niterói e São Paulo. O último lance da partida foi um ataque paulista para fora, que daria a vitória aos niteroienses. Entretanto, a bola tocara no bloqueio (eu era este jogador) e, incontinente, acusei o fato indicando-o ao 1° árbitro com o gesto correspondente. Mas, para surpresa minha e geral, ele não considerou este fato e prevaleceu o que vira, ou melhor, não vira. E, apesar das ponderações, reclamações e até choro dos paulistas, manteve a sua marcação. De minha parte nada pude fazer já que todos, inclusive ele, tomaram conhecimento do meu gesto.
Como se depreende de alguns comentários relatados na imprensa desde 1956, as queixas no país para o desenvolvimento técnico do voleibol também recaíam no aspecto técnico das arbitragens que, tais como as equipes, se ressentiam de um maior intercâmbio com escolas mais desenvolvidas. As jogadas de ataque conhecidas hoje como bolas chutadas seriam impossíveis no voleibol daquela época, uma vez que a precisão esperada pelo levantador depende do seu toque na bola de uma forma dita carregada, impossível aos olhos daqueles árbitros. Certamente assinalariam bola presa ou conduzida.
Cigarro, arma!
Nos primórdios dessa fase – início dos anos 70’s – era permitido aos técnicos fumarem no banco de reservas. Os árbitros, especialmente o 2° árbitro, durante os intervalos dos sets, deslocavam-se até o fundo da quadra e ali também fumavam. Não havia respeito ou atitudes condizentes com o espetáculo. Outro, um militar, ameaçou sacar sua arma numa discussão de arbitragem em jogo entre juvenis. Por certo, alguma coisa deveria ser feita no sentido de se obter um desenvolvimento equânime entre a técnica dos atletas e as arbitragens. Esta fase de apuro de atitudes da arbitragem só teve início a partir da profissionalização dos atletas na década de 80, com a participação efetiva e permanente de Carlos Nuzman, que chegava a ponto de advertir o árbitro sobre a sua conduta.
Mão de Ferro vs. Associação de Árbitros
A esse respeito, o presidente da Federação de Volley-Ball, em 6.6.84, resolveu advertir os árbitros José Menescal, Ricardo Ferreira Gomes e Ricardo Amorim Vilarinho Cardoso, em virtude de afirmações constantes de relatório conduzido pela Comissão Administrativa da própria FVR. A proposta de constituição de uma Associação de Árbitros do Rio de Janeiro visava a estruturar problemas legais como patrocínio dos uniformes, intercâmbio dos árbitros do Brasil, realização de congressos e seminários e recepção de adesões de outros Estados. A decisão se fez necessária por ferir normas legais que regem o desporto nacional, estando as referidas atividades exclusivamente afetas ao âmbito da Federação de Volley-Ball do Rio de Janeiro e da Confederação Brasileira de Volley-Ball.
Na atualidade, os Cursos de Formação de Árbitros têm a supervisão da COBRAV, sendo realizados com as Federações e duração média de 2 meses em dias alternados.
Compartilhe isso: "Faço gosto em colher sua opinião e compartilhamento; quando puder, comente! Assim, aprenderemos todos".