Primeiros Campeonatos Mundiais

Os Campeonatos do Mundo de Voleibol em Paris

Les Championnats du Monde de Volleyball à Paris, M. Lenoir, Administrador Geral da Federação Francesa de Voleibol, out., 1956. Tradução livre do autor. Acervo João Carlos da Costa Quaresma.

A História dos Primeiros Campeonatos. Voleibol, Esporte Preferido da Mulher!

Os Campeonatos do Mundo de Voleibol são realizados de quatro em quatro anos. Depois de Moscou em 1952, Paris neste ano de 1956, 1960 talvez sejam realizados nos EUA; em 1964… Não se sabe ainda ao certo. Mas o desejo (secreto) dos dirigentes desse esporte que está crescendo não seria… “Olimpíadas”, de ver o voleibol assumir o título de esporte de equipe incluído no programa dos Jogos Olímpicos? O Senhor presidente da Federação Internacional, o presidente da Federação Francesa e o tesoureiro do Comitê Nacional dos Esportes certamente não envidarão esforços em tal proposição no momento em que o voleibol se torna um novo empreendimento. Assim, em seu último número, a revista Sport et Beauté apresenta os Campeonatos do Mundo de Voleibol.

Hoje me obrigo a retornar à competição internacional, liberado para remeter-me mais tarde ao estudo que terei prazer em escrever: voleibol, esporte preferido da mulher!

Qual seria a impressão do inventor do voleibol, William Morgan, se assistisse, em 30 de agosto, à abertura dos Campeonatos? Em 1895, William Morgan havia imaginado um jogo acessível a todos e para todos; jogo bem diferente deste praticado atualmente em nossas praças ensolaradas por nossos belos praticantes. Depois, o esporte sofreu uma metamorfose e, improvável, essa nova versão fosse adotada com entusiasmo pela elite esportiva feminina. Portanto, a evolução do voleibol feminino é recente. Eu me prendo ao primeiro Campeonato Europeu feminino, em Praga. Foi em 1949. Penso que esse ano foi o da descoberta. Abri bastante os olhos assim que encontrei as equipes femininas da URSS, da Polônia e da Tchecoslováquia. Para ilustrar é que cito estes três países, onde a evolução já se produzia, mas praticamente entre eles, pois quase não havia competições internacionais antes desses primeiros campeonatos. Nossas meninas, como as da Romênia, da Hungria e da Holanda, nessa época aplicavam as diretrizes do velho William Morgan. Por exemplo, nossa seleção francesa estava constituída de jogadoras internacionais – caso de casamento entre jogadores felizmente são frequentes – e também os melhores dentre os praticantes de nossas praias mediterrâneas. Entretanto, não fizemos má figura, pois ganhamos da Hungria (3×1), da Holanda (3×0) e resistimos à Romênia (1×3).  Naturalmente, não houve por que inquietar a elite: URSS, Tchecoslováquia e Polônia, que se classificaram respectivamente nos três primeiros lugares. A URSS ganhou os primeiros Campeonatos Europeus sem perder qualquer set. A Tchecoslováquia teve grande dificuldade em ganhar da Polônia; quanto a nós, estávamos na quinta colocação entre os sete, o que me parece bastante razoável e honroso.

Depois em Sófia, 1950, os Campeonatos de 1949 deviam marcar uma evolução no voleibol feminino de competição praticado em nosso país. Alguns países no nosso nível em 1949 (Hungria, Romênia) se beneficiaram da experiência adquirida e marcaram seus progressos já no segundo Campeonato Europeu disputado em Sófia, em 1950. Nós estivemos ausentes desse segundo Campeonato Europeu. Penso que tenha sido um erro. A competição nos teria permitido manter um contato. Como quer que seja, esses jogos marcaram uma nítida superioridade da URSS, vencedora de seus adversários sem perder sequer um set. Mas a Polônia desbancou sua rival, a Tchecoslováquia.

Noblesse oblige. Organizadores, deveríamos apresentar uma equipe feminina em 1951. Entretanto, outras federações, conscientes de seu prestígio nacional, se abstiveram seja por força da preparação – foram os casos da Polônia e da Romênia – seja por considerações extraesportivas, como a Tchecoslováquia. A luta pelo título estava, então, circunscrita à URSS e à Polônia. Superioridade reafirmada da URSS, que, mais uma vez, não perdeu nenhum set. A França ganhou da Holanda e da Itália. Mas venceu fácil, sem qualquer risco. O abismo aumentou. Nós conseguimos 4 pontos diante da URSS e 29 diante da Polônia. E temos que nos render às evidências: em dois anos nossa equipe se deixou distanciar. Decidimos, dessa feita, comparecer a Moscou por ocasião dos Campeonatos Mundiais. Certo, a URSS conservou sua supremacia invicta, sem perder qualquer set, mas a dificuldade foi colocada. Os encontros se prolongaram por duas horas entre a equipe campeã e suas rivais, Polônia e Tchecoslováquia, que se classificaram nesta ordem. Quanto à França, ganhamos tão somente de uma equipe debutante: a Índia.

VoleiDynamo
Campeonato feminino de volley-ball no estádio do Dynamo, Moscou: 80 mil espectadores!

Quando teremos tal afluência na França?

Colocou-se para a Federação Francesa uma lição salutar, uma vez que, desde então, sistematicamente, passamos a cuidar da preparação de nossa equipe. De 1953 a 1955, decidimos disputar uma série de jogos bastante difíceis contra adversários reconhecidamente superiores. Naturalmente, cada vez que atuávamos, sempre terminávamos em desvantagem no marcador.

Equipe Francesa ausente de Bucareste, 1955.

Havíamos também decidido não comparecer com a equipe feminina nos Campeonatos Europeus realizados em junho, em Bucareste. E não fomos somente nós: a Iugoslávia, a Holanda, a Bélgica também se abstiveram. Além disso, esses Campeonatos, que consagraram a melhoria das equipes do Leste Europeu, só conseguiram reunir um número mínimo de participantes – a qualidade suplantando a quantidade – somente as equipes que competiam pelo primeiro lugar. Não havia mais do que seis equipes, que tiveram a seguinte classificação: Tchecoslováquia, campeã da Europa, URSS, Polônia, Romênia, Bulgária e Hungria.

VoleiParis56Revista1A vitória da Tchecoslováquia constituiu-se numa surpresa conquistada depois de 2h 5min de luta contra a URSS (3×2), 2h 10min contra a Bulgária (3×2) e 2h 5min ainda contra a Polônia (3×2). Esta vitória marcou definitivamente o realinhamento das equipes femininas do Leste Europeu que, todas, exceto a Hungria, alcançaram uma eficácia e uma técnica comparáveis às melhores equipes masculinas do mundo. Mas a representação francesa, pouco a pouco, fazia seu caminho. Um trabalho metódico e uma acrescida camaradagem lhe permitiriam compensar sua inferioridade técnica e física. Seu melhor resultado em fins de 1955 foi uma derrota justa contra a equipe iugoslava em Liubliana.

 

Campeonatos do Mundo, Paris, 30/agosto-12/setembro.

TchoudinaB
Tchoudina capitã da equipe russa campeã mundial. Acervo João Carlos da Costa Quaresma.

Se não lhe fosse possível contrabalançar as pretensões das equipes desde 1950, (destaque para as equipes classificadas no fim da tabela – Hungria e Iugoslávia – que estiveram prudentemente ausentes este ano), a equipe francesa limitou suas ambições a vitórias sobre os EUA, Alemanha, Coreia, Bélgica, Luxemburgo, Holanda e, quem sabe, Brasil e China. Devemos, então, nesses Campeonatos do Mundo, fazer bem melhor figura do que nas competições internacionais que disputamos até aqui. Quanto ao título de campeão do mundo, se me é permitido fazer um prognóstico, a URSS, sempre comandada pela prestigiosa Tchoudina (5 medalhas olímpicas), não sairá de Paris sem o primeiro lugar. A equipe vem para vingar sua derrota em Bucareste, talvez injustificada. Mas os jogos estão longe de estarem definidos. A Tchecoslováquia, a Polônia, como também a Bulgária e a Romênia podem criar um fogo cruzado, onde o vencedor sairá de um cômputo matemático, e quem sabe se eu não subestimo o valor de equipes que não conheço suficientemente bem: a do Brasil, da China ou dos EUA. Para essas, meus prognósticos estão calcados, sobretudo na falta de competições acirradas, habituais entre equipes representativas do Leste Europeu. No final das contas o grande vencedor será o voleibol. Ele demonstrará sem contestação que é em muitos países o primeiro esporte coletivo feminino e persuadirá franceses e francesas de que ele merece também se tornar popular entre nós.

 

Mundiais de Paris, 1956

Retrospectiva e vídeo

Há algum tempo publicamos várias postagens oriundas do Jornal dos Sports, cujo autor, Ney Byanchi, já falecido, conheci no Bar do Jobi, no Baixo Leblon, Rio de Janeiro. Lembro-me que entre os muitos chopes bebidos também na companhia de um dos meus irmãos – José Affonso – o repórter também trabalhou na Manchete e foi claro e objetivo em sua dica a respeito de minha consulta sobre possíveis reportagens na mídia. Em dado momento sentenciou do topo de sua autoridade no assunto: “Mais valem pequenas inserções na mídia do que uma grande reportagem pontual”.

Em sua memória pelo trabalho que realizou em Paris, convidamos os leitores a retroagir na história e, como novidade, a visitarem o vídeo que acabo de descobrir no YouTube  relativo ao evento, treinamento das equipes francesas no Instituto Nacional dos Esportes (além de dois ou três outros). Em nova postagem a seguir ofereceremos o texto completo em tradução livre sobre o voleibol feminino em tempos do II Mundial, em 1956. Aguardem.

Mensagem a um amigo em Paris e à Federação Francesa de Volley-Ball:

Prezado Carlos Eduardo (Pacome),

Agradeço sua contribuição com a remessa das fotos do Palais des Sports. Em retribuição compus o resumo a seguir que espero seja significativo para aqueles que estejam interessados na história do evento. Peço, inclusive, que dê conhecimento a amigos franceses.

——————————————–

Fédération Française de Volley-Ball

Monsieur le Président,

Respectueusement je vous prie faire attention à l’article posté sur mon site PROCRIE relatif à l’histoire du volleyball au Brésil où j’expose la participation de notres équipes dans le championat mondial de Paris de 1956. Si vous trouvez qu’il peut attirer l’intêret des rechercheurs françaises, je vous en prie d’en divulger dans le cadre de la FFVB.

Avec respect,

“Respeitosamente solicito sua atenção para o artigo postado no Procrie relativo à história do voleibol no Brasil que retrata a participação de nossas seleções no Mundial de Paris em 1956. Se do interesse de pesquisadores, peço sua divulgação no âmbito da FFVB”.

Atenciosamente,

Roberto Pimentel, Niterói (RJ) – Brasil

Mundial de Paris, 1956 (I)640px-Palais_des_Sports,_Lyon_wikipedia_duran_duran_france

Primeira Participação em Mundial

Torneio Principal e Organização. Os Campeonatos Mundiais realizados em Paris (1956) – III Masculino; II Feminino – contaram com 24 equipes masculinas e 18 femininas que, em muitas ocasiões, chegaram a lotar o Palais des Sports, com capacidade para 25 mil espectadores. No II Mundial, foram 11 representações masculinas e somente oito no feminino, tendo a URSS predominado […]  Atualmente, o Palais des Sports com as alterações sofridas, oferece espetáculos diversos à juventude francesa, especialmente shows de música.

Mundial de Paris, 1956 (II)

Seleçaõ56Equipes Brasileiras. A seleção masculina no Instituto Nacional dos Esportes, Paris. Em pé, da esquerda para a direita, Alexandre (Xandoca), Álvaro, Sérgio Barcelos, Joel, Nelson Bartels, Márcio, Lúcio e Sami. Agachados, na mesma ordem, Urbano, Waldenir (Borboleta), Jorginho, Maurício e Quaresma.

ParisFemA seleção feminina no mesmo Instituto. Em pé, da esquerda para a direita, Margot Ritter, Lílian Hilda E. Poetzcher, Celma Carvalho, Yolanda Catarina Cerbino, Maria José Dias de Barros, Leila Fernandes Peixoto e Corrente; agachadas Martha Miráglia, Isaura Marly Gama Alvarez, Neucy Ramos da Silva, Norma Rosa Vaz, Gilda Salles e Marina Conceição Celistre.

Mundial de Paris (III)

Torneio Principal e Organização. Os Campeonatos Mundiais contaram com 24 equipes masculinas e 18 femininas que, em muitas ocasiões, chegaram a lotar o Palais des Sports, com capacidade para 25 mil espectadores. Os jogos se desenvolveram entre os dias 30/8 e 12/9. As equipes ficaram hospedadas no Instituto Nacional dos Esportes que, por sua grande área, […]

Mundial de Paris (IV)

Estreias Brasileiras.  No feminino, a estreia se deu contra a Coreia no estádio Pierre de Coubertin, quando perdemos por 3×1. O jornalista Ney Byanchi, que reportava de Paris o Campeonato Mundial para o Jornal dos Sports, nos dá um depoimento bastante contundente a respeito de um mal que sempre foi motivo de preocupação, muita discussão e entreveros […]

Mundial de Paris (V)

Retrospectiva. O ambiente no Brasil. Eram três os grandes centros do esporte – Rio, São Paulo e Belo Horizonte – com predominância para o primeiro durante um grande período. Já se dizia à época das vantagens que o carioca possuía por praticar o vôlei também na praia. Isto lhe acrescentava malícia e certa maneira alegre […]

Mundial de Paris (VI)

Critérios do treinador. Não tendo intercâmbio internacional, ficou impossível fazer um juízo e se balizar para as dificuldades que por certo iria enfrentar. Assim, Sami estabeleceu que daria preferência a jogadores detentores de agilidade e toque de bola. Alguns jogadores consagrados, e altos, foram deixados de lado por não possuírem aquele requisito, pois, a seu […]

Mundial de Paris (VII)

O Volley Nacional e o Mundial de Paris. As seleções contavam ainda com o apoio de Gil Carneiro que, além de representante da CBV junto à FIVB, era também correspondente dos Diários Associados, jornal que patrocinou sua ida para a cobertura do Mundial. Átila, mesmo cortado, viajou por conta própria simplesmente para assistir aos jogos. […]


Nota: No livro História do Voleibol no Brasil, que abrange o período 1939 a 2000, faço menção honrosa ao atleta João Carlos Quaresma que me forneceu seu acervo de fotos e recortes do Jornal dos Sports, cujo repórter à época – Ney Byanchi – fez extenso relato sobre ambos os eventos. (págs. 34 a 66). Além dele, homenageio também Gil Carneiro de Mendonça, narrador  presente em todos os momentos como representante da CBV.

———————————————————————————————————–

Pierre de Coubertin

150º Aniversário de Nascimento de Pierre de Coubertin

Em 2 do corrente ganhamos um presente do Prof. Fabiano Basso dos Santos que reproduziu no CEV o belo texto do presidente do Comitê Brasileiro Pierre De Coubertin, Prof. Dr. Nelson Todt, relativo à data comemorativa do 150º aniversário do nascimento de Pierre de Coubertin.

“Para celebrarmos e relembrarmos um dos grandes protagonistas do Movimento Olímpico. Pierre de Coubertin – 150º aniversário de seu nascimento, Fundador do Movimento Olímpico e restaurador dos Jogos Olímpicos modernos”.

Nascido em 01/01/1863 em Paris, morreu em 02/09/1937 em Genebra. Pierre de Coubertin costumava passar várias semanas todos os anos em Mirville, propriedade de família na França. Foi lá onde Coubertin desenvolveu suas ideias. Estudou humanismo na escola Jesuíta St. Ignace, em Paris. Apesar de um plano de carreira burguesa, depois de ser aprovado no bacharelado (1880) estudou política, história, sociologia e educação. Graças à experiência adquirida durante suas numerosas viagens de estudo para a Inglaterra a partir de 1883 em diante e, pela primeira vez, à América do Norte em 1889, logo se tornou financeiramente independente. Coubertin possuía um excepcional talento jornalístico e se dedicou a tão necessária reforma do sistema educacional na República francesa. Coubertin era um entusiasta do modelo anglo-saxão de educação esportiva, o qual havia descoberto por meio da literatura e durante suas viagens.

Thomas Arnold que morreu em 1842, depois de ter sido diretor da Escola Rugby, era um modelo especial para Coubertin. Para ele, o esporte, considerado um capital e parte integrante da educação de jovens britânicos poderia dar a juventude francesa um novo impulso após a derrota de 1870/71. Apaixonado pelo esporte (praticante de equitação, esgrima, boxe, remo e de tênis), Coubertin começou a criar associações esportivas de alunos, tornando-se posteriormente secretário-geral da Federação Nacional das Escolas de Esporte (FNEE). Organizou escolas esportivas variadas, tendo como referência o exemplo Inglês. Coubertin teve como objetivo revitalizar a juventude francesa de forma a reduzir por um lado a sobrecarga da mente (cognição) e, por outro, aumentar a atividade física. O sentimento de auto-responsabilidade passível de desenvolvimento através do esporte permitiria aos alunos a tornarem-se cidadãos democraticamente esclarecidos. A ideia de internacionalizar os Jogos Olímpicos nasce do entusiasmo de Coubertin em relação ao legado grego, desvelado pelas escavações arqueológicas alemãs em Olímpia Antiga (1875-81), e dos eventos esportivos chamados “Olimpíadas” e, em especial, os Jogos Olímpicos de Much Wenlock na Inglaterra. As Ferrovias e rotas de navegação, a invenção do telégrafo, os escritos sobre esportes e as trocas comerciais internacionais fizeram o resto.

Por um lado, Coubertin desejava promover o esporte rapidamente por toda a França, e, por outro, ele queria colocar em prática o entendimento entre os povos e servir à paz mundial. Isto tudo, graças à regularidade da realização de eventos esportivos internacionais que reuniriam a juventude do mundo. Para isso, ele recebeu o apoio de um homem que representava uma figura paterna para ele, Jules Simon, o presidente da FNEE e também um dos protagonistas do Escritório da Paz, em Berna, 1889. A fim de eliminar as barreiras nacionais que impediam intercâmbios esportivos internacionais, Coubertin, como secretário-geral da FNEE, organizou um congresso internacional para a harmonização dos termos do amadorismo em Paris, em junho de 1894. A restauração dos Jogos Olímpicos no contexto da era moderna foi um assunto inicialmente posto no fim da agenda, mas acabou tornando-se o ponto central das discussões. Em 23 de junho de 1894, Coubertin funda o Comitê Olímpico Internacional (COI) de acordo com um plano de desenvolvimento preciso.

Os primeiros Jogos Olímpicos modernos foram realizados em Atenas, em 1896. Como representante do país anfitrião, o grego, Dimitrios Vikelas tornou-se o primeiro presidente do COI, e Coubertin secretário-geral. Em 1896, Coubertin assumiu a presidência como representante do país-sede da segunda edição dos Jogos Olímpicos, realizados em Paris, em 1900. Ele foi reeleito várias vezes até que deixou o cargo em 1925. Sua administração, embora um pouco dominadora, obteve grande sucesso, pelo menos até o final da Primeira Guerra Mundial. Coubertin teve que se adaptar às novas estruturações do esporte mundial. Independentes disto, poucos membros do COI se disponibilizaram a seguir seus objetivos relacionados à educação esportiva e sua filosofia do Olimpismo. Coubertin já havia publicado em 1901, propostas muito complexas de reformas no ensino. Ideias específicas sobre a educação de adolescentes iriam surgir em seguida com a trilogia sobre a educação dos jovens no século XX. Além de suas propostas sobre a educação do corpo (1906), ele deu importância também para educação intelectual e edificação da mente (1915). Em 1920, ele resumiu em “Pedagogia Esportiva” seu conceito geral sobre este assunto. Coubertin tentou colocar suas ideias educacionais em prática, entretanto ele foi obrigado a abandoná-las em fase de modelagem. Em 1906, ele fundou a Sociedade de Esportes Populares graças à massa de assalariados franceses. Esta sociedade, devido à difusão de uma série de testes esportivos, popularizou a ideia do cidadão de mente e corpo saudável. Foi adicionado a esta campanha o discurso de que instalações esportivas para comunidade era uma necessidade humana.

Depois de transferir a sede do COI para Lausanne, em 1915, Coubertin e sua família se mudaram para esta mesma cidade, em 1919. Outra iniciativa de Coubertin foi a fundação da União Pedagógica Universal que permitiu a difusão de uma nova forma de cultura geral, abrangendo cultura no sentido lato do termo. Para ele, o interesse em história era uma condição necessária para todos os outros tipos de conhecimento, um fato que ele sublinhou em 1925/26, com a publicação do livro História Universal em quatro volumes. Tendo também iniciado, em 1926, um escritório internacional de educação em Lausanne, Coubertin difundiu suas ideias educacionais e esportivas com a Carta da Reforma do Esporte em 1930. Coubertin grava para posteridade suas ideias, planos e visões em 1.100 revisões e artigos de jornal, cerca de 50 folhetos e 34 livros, totalizando cerca de 14.000 páginas impressas. Morreu em Genebra, em 1937, após ter dado sua vida e fortuna para seus planos filantrópicos.

Os livros de história referem-se a Coubertin como um homem Olímpico, porém devem se recordar da figura do reformador educacional que ele era. O filho do casal Jacques e filha Renée morreram em 1952 e 1968, respectivamente, sem deixar herdeiros. Este texto foi editado a partir do original escrito por Norbert Müller, Presidente do Comitê Internacional Pierre de Coubertin. Veja também: http://www.esporteessencial.com.br/entrevista/pierre-de-coubertin-150-anos http://www.youtube.com/watch?v=5cn6FYNS6dg&list=UUTl3QQTvqHFjurroKxexy2Q&index=2

Comentário, por Roberto Pimentel (2.1.2013)

Fabiano,

Grato pelo presente que me proporcionou ao transcrever a biografia promovida pelo Prof. e Doutor Nelson Todt a respeito da vida de Pierre de Coubertin. Nela destaco um detalhe marcante para mim que, guardadas as devidas proporções, me declaro um servidor também de seus propósitos em muito menor escala. Chamo a atenção para a linha…”depois de ser aprovado no bacharelado (1880) estudou política, história, sociologia e educação”. E assim reporto o leitor e interessados para as intrínsecas relações entre estas ciências. Concluo sobre a importância da História para o conhecimento humano e lembro a todos sobre a obra de minha autoria que acaba de sair do prelo – História do Voleibol no Brasil (séc. XX) – e que está adjetivada como enciclopédica, memorialista e obra de referência. Vem preencher uma lacuna na memória brasileira entre os anos 1982 e 1939. Pedidos ao autor (ver e-mail), pois ainda não foi lançada oficialmente. Dada a importância do texto para mim e meus seguidores no Procrie – www.procrie.com.br/-, peço permissão a ambos, autor e Fabiano, para reproduzi-lo. Parabéns uma vez mais pela lembrança de um homem fabuloso.

—————————–

Em seguimento, um outro destaque que nos aproxima: “Em 1920, ele resumiu em ‘Pedagogia Esportiva’ seu conceito geral sobre este assunto. Coubertin tentou colocar suas ideias educacionais em prática, entretanto ele foi obrigado a abandoná-las em fase de modelagem”. Peço que visitem www.procrie.com.br/procrienoprezi/, um sítio exclusivamente educacional, e constatem o teor da proposta pedagógica para o ensino no Brasil em “Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol”.

Boas leituras!

História do Voleibol no Brasil

História do Voleibol no Brasil, por Roberto A. Pimentel.

Jogos de Cambuquira, final da década de 50. Lance do jogo Botafogo vs. Minas Tênis, Quaresma observa a cortada de Jorginho diante do bloqueio de Urbano. Acervo Jorge de Mello Bettencourt.

IMPERDÍVEL!  Certamente você nunca viu algo similar: uma história anterior a 1984 que precisava ser contada.

Afinal, está saindo do prelo a História do Voleibol no Brasil no séc. XX. São narrativas contadas a partir de 1939, divididas em dois volumes e 1.047 pág., reunindo cerca de 200 fotos de acervos particulares, índice onomástico e mais de três mil nomes.  No primeiro volume, um retrato do esporte na cidade do Rio de Janeiro como nunca visto: a evolução das Regras desde o seu nascimento, as primitivas Atas da Liga, o ineditismo e fatos curiosos sobre a Arbitragem, as primeiras bolas, pisos, uniformes e muito mais. Em anexo, uma radiografia da FVERJ e variados temas pertinentes. No volume II, acompanharão a trajetória das seleções brasileiras a partir de 1951 e os respectivos envolvimentos em competições internacionais, além do conhecimento das Federações filiadas à Fivb.

Ode aos que construíram a verdadeira história do esporte no Brasil.

Nasci em 3 de novembro de 1939, em Nyctheroy, no estado do Rio de Janeiro. Acabo, portanto, de completar 73 anos de idade, congregando uma família linda composta de minha esposa meiga e dedicada – Maria da Glória -, e dos três filhos – Roberto (Beto), Renato, Flávia. Esta união deu-se em nosso casamento em jan./1967, foi ampliada de um casal de netos – Renato e Lorena – e um terceiro que o Senhor está a nos enviar até meados do ano vindouro. Contamos ainda com os novos filhos, nossos genros, Leandro e Maira, pais dos pequeninos netos. Acrescente-se que sou o 5º filho de uma ninhada de oito, de meus pais Antônio e Maria Thereza, ambos no céu.

Foto: jornal Diário da Noite (4.11.1960), campeonato Mundial de voleibol, Brasil vs. Tchecoeslováquia. Acervo Isaura Marly Gama Alvares.

Deixo consignada essa breve genealogia, pois devo muito a todos eles da minha felicidade e a força para trabalhar na obra que estou a ponto de lançar nos próximos dias. Trata-se de uma História do Voleibol no Brasil no séc. XX repleta de homenagens a “volistas” anônimos e desconhecidos dos jovens apreciadores da modalidade em que se transformou o vôlei nacional – primeiro do ranking da Fivb – e, agora, ostentando com justo orgulho um brasileiro no cargo máximo da entidade, o Senhor Ary da Silva Graça Filho, também ele um ex-atleta.

Não sou escritor e tão pouco historiador, move-me um sentimento de generosidade em relatar às demais gerações o que representava o desporto voleibol para os cidadãos. Estaremos aguardando uma brecha na extensa e compreensível agenda no novel presidente e, segundo um dos seus assessores próximos, devemos marcar para abril, quando das finais dos jogos da Super Liga, o lançamento oficial da obra. Até lá, aqui e acolá, breves incursões por redutos de interessados, curiosos e ex-atletas que há muito anseiam pelo livro, estaremos compartilhando as leituras e lembranças também de muitos que já partiram. Aos que estão fora do Rio de Janeiro, especialmente àqueles empenhados em trabalhos de pesquisa, mestrado e afins, e que desejem imediatamente o livro, solicitamos que entrem em contato para que os instrua na aquisição e remessa dos exemplares via Correios. Não serão disponibilizados em livrarias.

Meus agradecimentos àqueles que construíram essas histórias, a seus familiares que nos oportunizaram seus acervos, entrevistas com ex-atletas, dirigentes e até curiosos, e à categoria tão pouco prestigiada em outros tempos – Oficiais de Arbitragem – agora elevados à sua verdadeira posição no quadro geral do esporte. Tomara que todos, sem exceção, tenham boas leituras e, especialmente a nova geração que já desfruta de muitas informações neste Procrie.

Até breve!

—————————————————————————————                                                              ATENÇÃO!

PEDIDOS PELA INTERNET: roberto_pimentel@terra.com.br/

INVESTIMENTO: R$ 70,00 (setenta Reais) (somente os dois volumes; + Correios)

—————————————————————————————

 

COMENTÁRIOS

PS: Não poderia deixar passar em branco a oportuníssima mensagem do Professor Paulo E. H. Matta,  no artigo História do Voleibol Agora em Brasília. Eis a nossa troca de correspondências:

 

Paulo Matta, enviado em 29/08/2013

Roberto,
Com esta obra você não apenas contou a história do voleibol como, sobretudo, passou a fazer parte dela. Poucas vezes um autor se dedicou tanto à produção de um livro como você. As obras tornam-se leitura obrigatória para os amantes e estudiosos de nosso esporte.
Abraço, Paulo Matta.

Roberto Pimentel, enviado em 30/08/2013,

Em resposta a Paulo Matta:

São carinhos envolventes como esse que nos recompensam e animam a continuar na Missão que elegemos em favor de um ensino mais condizente para as novas gerações de professores. Obrigado a você e à sua querida Irene, que sempre o incentivou em sua passagem vitoriosa pela vida. Grato também por sua paciência e ilustrações ao longo de nossas entrevistas. Devo-lhe muito. Roberto Pimentel.

—————————————————-

Esta é a primeira edição, e talvez a única, de uma História do Voleibol nunca contada com tantos detalhes. É realmente enciclopédica!

Curso de Arbitragem Só para Mulheres

(Extraído no Facebook Forca Volei, 26.9.2012)

Raquel Portela, de 29 anos, foi a representante da arbitragem portuguesa presente no primeiro curso de árbitros internacional participado exclusivamente por mulheres.

O curso, que transcorreu em Ancara, capital da Turquia,  contou com a presença de 14 árbitras oriundas de diversos países, e foi ministrado pelo diretor do curso, o húngaro Gyula Radi, pelo instrutor Jean-Claude Baccus, da Bélgica, sob a supervisão de Selahattin Sahin, vice-presidente da Federação Turca de Voleibol, e o árbitro internacional turco Aziz Yener.

Durante o curso foi disputado um torneio entre seis equipes da 1ª Divisão turca.

Mais informações: www.fivb.org

———————————- 

Volibol em Nictheroy, 1946-47

Em atenção à solicitação do leitor Arthur Chrispino (ver Comentários), excepcionalmente antecipamos o que se contém no livro (não publicado) sobre a História do Volibol em Nictheroy. Não estranhem a escrita, mas na década de 40 ainda se grafava dessa forma as palavras voleibol (ou vôlei) e Niterói. Eis, então, o que pudemos apurar, peneirando e juntando retalhos de memórias. Muitas ainda não conseguimos retirar dos baús domésticos, mas talvez agora possamos fazer uma corrente para que também outros participem e nos enviem notícias sobre seus guardados de parentes que atuaram amadoristicamente no voleibol niteroiense, não importando se campeões ou não. Estaremos de braços abertos coletando e contando as histórias. Sem isto, seria impossível a tarefa. 

Uma nota: esse “furo de reportagem” como foi dito, é excepcional, uma vez que nos ocorreu a ideia de convocar todos que puderem para compartilhar seus acervos; sabem que é impossível particularizarmos os pedidos que, certamente serão contemplados quando da publicação da obra. E enriquecidos com os seus próprios recortes, fotos e comentários.  

—————————-

1946 II Campeonato Brasileiro de Voleibol, Belo Horizonte (MG)

O Campeonato foi realizado no período de22 a28 de junho. A equipe feminina de Minas tornou-se bicampeã, tendo vencido também no masculino. Entre os participantes, Pernambuco (só no masculino), Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. O Estado do Rio, através da FFD, participou desse evento com uma delegação assim constituída:

Chefe – Prof. Osvaldo Gonçalves de Souza, diretor do Departamento Autônomo de Voleibol da FFD.

Técnico (masc.) – Aguinaldo Mendonça, do IPC.

Técnico (fem.) – Afonso Caminha, do CRI.

Acompanhante – Sra. Myrtila V. E. Caminha.

Auxiliar – Sr. José Izidro Leite.

Jogadores – Nelson Abreu (Nelsinho), Sílvio Batalha, Bernardo Wohrle, Newton Gomide, Jampérsio Rodrigues, Eduardo Frederico, Klaus Wohrle e Roberto Braga.

Jogadoras – Úrsula Hanning, Lígia Limoeiro Patituci, Norma Teles Pires, Zuleika Bastos, Cora e Iraci Serejo, Nilza Rocha Lemos, Maria Auxiliadora Varela (Zombinha), Adair Falcão e Nilza Bruno Figueiredo.

Neste ano deu-se a estréia do Clube Tatuí no campeonato niteroiense e o CRI sagrou-se campeão da 2ª Divisão e bicampeão da Divisão Feminina, embora perdendo a invencibilidade. O campeonato feminino foi disputado entre seis equipes: IPC, CRI, Tatuí Clube (estréia), Canto do Rio, Barroso e Praia das Flechas.

O CRI (feminino) partiria para o tri em 1947 e para o tetra em 1948, chegando ao decacampeonato em 1954. Nesse ínterim, venceriam também os IX Jogos Abertos de Cambuquira e o Torneio dos Campeões, no Rio de Janeiro.Equipe do Tatuí, campeã da 2ª Divisão em 46. Em pé, da esquerda para a direita, Hamilton, Ney, Gastão Rodrigues e Reynaldo (Tonelada). Agachados, na mesma ordem, Conrado Van Erven, Oscarzinho e Paulo Fernando. Acervo Paulo Fernando.

 (clique na foto para melhor visualização)

Interessante notar o regulamento da competição, transcrito em periódico da época:

INSTRUÇÕES: 1) Em primeiro lugar, isto é, às 20:30 horas. Dez minutos após o término do primeiro jogo, deverá estar na quadra a 1a divisão. Dez minutos após o término da 1a divisão deverá entrar na quadra a segunda. 2) Quando não houver o jogo da Divisão Feminina, o da 1ª iniciar-se-á às 21 horasem ponto. Senão houver o jogo feminino nem o da 1ª Divisão, o da segunda terá início às 21,45 horas. 3) O Clube que deixar de comparecer à hora local designadas para um jogo: Penalidade será a perda do ponto e multa de Cr$ 20,00 por quadro que não comparecer. 4) O Barroso F. Clube não disputará o returno do Campeonato. O Praia das Flexas Clube continuará apresentando a 1ª e a Divisão Feminina.

DELIBERAÇÕES DO D. A. V. – 1) Pedir aos srs. juízes para marcar falta técnica toda vez que um jogador chutar a bola. 2) Designar os juízes do Praia das Flexas Clube para dirigirem o encontro Tatuí e Regatas.

Constava dos Regulamentos do Voleibol que, mesmo sem o comparecimento da equipe escalada para a arbitragem, o jogo deveria ser realizado. Para isso, os capitães das equipes – em comum acordo – solicitariam que um dos presentes ao jogo fizesse uso do apito. Isto perdurou durante muito tempo, até a década de 60 e a conseqüente profissionalização do Quadro de Arbitragem.

1947 – Além dos campeonatos da cidade, vários torneios e jogos amistosos foram realizados por nossas equipes. Em dezembro, participação das seleções masculina e feminina no torneio do Cinqüentenário de Belo Horizonte. Destaques para as volistas Norma, de Uberlândia e Zombinha, de Niterói. O próximo Campeonato Brasileiro seria realizado em São Paulo, em 1948.

Equipe do Tatuí, bicampeã niteroiense em 1946-47. Em pé, da esquerda para a direita, Hildebran, Gomide, Roberto Braga, Ney, Milton e Altayr; agachados e na mesma ordem, Cid, Jorge Natto, Sylvio e Pedro. Acervo: Ney Jopper; foto de Walter Cotta.

 (clique na foto para melhor visualização)

 

Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1949 (final)

Modificações Introduzidas no Volleyball

Último Capítulo da Série de Artigos do Professor Paulo Azeredo – Outras Notas

Fonte: Acervo Paulo Azeredo, ANO 1951  – Pág. 50, Publicado no Jornal… (?)

Palavras-Chave (Tags): Mudanças nas Regras, Expulsão de Campo, Súmula, Sinais Manuais do Juiz.

Prosseguindo na série de publicações de artigos do prof. Paulo Azeredo sobe as interpretações das modificações feitas nas regras de volleyball, por ocasião do Congresso Internacional de Praga, realizado entre 13 e 15 de setembro de 1949, daremos hoje à publicidade, os seguintes assuntos: Expulsão de Campo, Súmula e os Sinais Manuais para uso durante o jogo feito pelo juiz. Ressalte-se que com esse artigo encerraremos esta parte referente às modificações introduzidas no volleyball, as quais devem ter tido grande aceitação por parte dos aficionados do esporte da rede, de vez que, o mesmo veio tirar e aclarar algumas dúvidas que pairavam acerca da prática do volleyball.

Expulsão de Campo – Por falta grave o juiz pode desqualificar o jogador para o ‘set’ ou todo o jogo. O jogador retirado pelo juiz poderá ser substituído, mas em nenhum caso voltará ao jogo durante o ‘set’.

Súmula – Antes de começar o jogo todos os jogadores (efetivos e reservas), capitães, treinadores (autorizados a fazer substituições) devem assinar a súmula. Depois de começado, nenhum jogador poderá assiná-la. Caso um jogador tenha assinado a súmula em uma partida da segunda divisão (normalmente preliminar da primeira divisão) e não tenha tomado parte no jogo, poderá assinar a súmula da primeira divisão e tomar parte no mesmo.

Comentário do Procrie – A foto abaixo a seguir ilustra como eram disputadas as partidas de voleibol na década de 40 e, muitas vezes, até os anos 1960, já que eram poucos os ginásios no Rio de Janeiro e em Niterói. A imagem é do Campeonato Brasileiro de 1948 disputado em sua fase classificatória na quadra (aberta) do C. R. Icaraí, Niterói, entre as equipes do Estado do Rio de Janeiro e a representação do então Distrito Federal (Rio). Vê-se o time carioca (parte baixa) com Irani preparando um levantamento para o ataque de Helena (ao centro). As moças cariocas não tiveram dificuldades em vencer suas oponentes.

Foto: José Santos; acervo Paulo Azeredo.

Alguns detalhes ficam a descoberto e podem provocar a imaginação dos árbitros atuais e mesmo dos antigos juízes. Um deles, com o qual convivi algum tempo no clube, a cadeira do juiz, confeccionada de madeira e de forma precária, que devido ao poste estar fincado muito próximo à cerca que delimita a quadra, impedia ser colocada exatamente no meio, alinhada com a linha central; dessa forma tinha que estar de um dos lados, o que certamente provocava um contorcionismo no seu ocupante para apreciar primordialmente as possíveis e inevitáveis invasões de bloqueio. A sua sorte é que os jogos, especialmente femininos, eram bastante lentos, quase sempre contemplando cada equipe três levantadoras e três cortadoras.

 

Sinais Manuais Feitos Pelo Juiz 

Bola conduzida na cortada –  O juiz fará um movimento lento com a  mão, de cima para baixo, indicando depois o jogador faltoso.Bola fora das marcas laterais da rede – O juiz pousará a mão sobre a faixa que delimita na rede a largura do campo.

Bola presa –  O juiz fará com as mãos o movimento de que está segurando a bola.

Bola conduzida ou levantada – O juiz levantará lentamente as duas mãos, com as palmas viradas para cima.

Concessão de tempo – O juiz fará um “T” com as mãos abertas e dedos unidos para o capitão da equipe adversária da que solicitou o tempo.

Contato com a rede – O juiz ou fiscal pousará a mão sobre a rede.

Dois toques – O juiz mostrará a mão direita, com a palma virada para si e dois dedos levantados.

Erro de posição ao ser dado o saque – O juiz ou o fiscal indicará o jogador que se encontra em situação irregular.

Falta dupla – O juiz baterá com as mãos abertas, com as palmas voltadas para o solo.

Invasão por baixo da rede – O fiscal movimentará a rede segurando-a pela parte inferior.

Invasão por cima – O juiz fará com a mão direita ou esquerda, conforme a equipe infratora, movimento por sobre a rede indicativo do avanço; mão aberta, dedos unidos, palma para o solo.

Jogador da defesa no bloqueio, ataque por jogador de defesa – O juiz fará um rápido movimento com a mão, de cima para baixo, indicando o jogador faltoso.

Jogador de defesa no bloqueio – O juiz levantará as duas mãos com as costas para si, os dedos abertos indicando depois o jogador faltoso.

Mudança de saque – O juiz apontará a equipe que deverá sacar, fazendo com a mão direita um movimento rotativo.

Pedido de tempo – o capitão ou técnico mostrará ao juiz os dois indicadores cruzados no ar.

Quatro toques – O juiz mostrará a mão direita com quatro dedos levantados verticalmente.

——————————–

E assim finalizamos este documentário deixado pelo Professor Paulo Azeredo de extraordinário valor para os amantes da história, na esperança de que tenham tirado muitos proveitos dos relatos. Lembrando uma vez mais que a história de cada um soma-se e se alinha a dos demais e, dessa forma, construímos todos nós a História do Voleibol no Brasil, independentemente de glórias, medalhas ou dinheiro.

Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1949 (5)

Acervo Paulo Azeredo.

Modificações Introduzidas no Volleyball 

Palavras-Chave (Tags): Falta Dupla – Quatro Toques – Invasão da Linha Central – Zona de Ataque – Bola Tocada Simultaneamente Sobre a Rede. 

Prosseguindo na série de publicações de artigos do prof. Paulo Azeredo sobre as interpretações das modificações feitas nas regras de volleyball, por ocasião do Congresso Internacional de Praga, realizado entre 13 e 15 de setembro de 1949, daremos hoje à publicidade, os seguintes assuntos: Falta Dupla – Quatro Toques – Invasão da Linha Central – Zona de Ataque – Bola Tocada Simultaneamente Sobre a Rede.

 

Falta Dupla

Estas são na maioria das vezes executadas sobre a rede, havendo às vezes, interpretações diferentes para um mesmo caso, como por exemplo: a) Um jogador do quadro adversário no momento do corte é bloqueado. Como resultado do lance, observamos que o que cortou o fez fora do campo ao que o bloqueio precedeu o corte, logo, foi invasão. Outros optam pela bola fora não considerando a invasão. Nós adotamos um ponto de vista diferente, que nos parece mais acertado. Optamos pela falta dupla, pois foi decorrente da mesma jogada, apesar de uma preceder à outra. Citamos o exemplo acima por não se achar claro na regra este caso, suscitando assim dupla interpretação, sempre na dependência do juiz. Porém, devemos firmar doutrina pela interpretação da falta dupla, pois quando assim interpretada, notamos que é bem recebida pelos quadros disputantes.

Quatro Toques

Com relação a dois jogadores na bola. Também quanto a esta parte tem havido interpretações (diversas) por parte dos juízes. Alguns juízes erradamente contam como dois toques quando vão dois na bola, o que não deve ser, pois podem ir até três, quatro ou mesmo cinco, mas desde que um atinja primeiro e ela seja nitidamente batida não podem ser  contados dois ou mais toques. Entretanto, se o juiz vir dois na bola simultaneamente e tiver dúvidas sobre quem a bateu, neste caso, sim, poderemos contar dois toques.

Invasão na Linha Central

Antes só era invasão por baixo quando a linha era ultrapassada. Porém, atualmente basta tocá-la com qualquer parte do corpo.

Zona de Ataque

Esta zona é formada pela linha de ataque, traçada a três metros e paralela à linha central. A nenhum jogador da defesa é permitido enviar a bola para o campo oposto dentro desta zona, a não ser que a batida se efetue quando a bola estiver em altura inferior a do bordo superior da rede. Além da linha que limita esta zona, qualquer um pode fazê-lo, não importando a altura em que se encontre a bola quando golpeada ou batida.

Comentário do Procrie – É notório que não se enviava a bola para o campo adversário somente com a batida, pois poderia ser de qualquer outra forma, sendo a mais empregada o toque com ambas as mãos. Atualmente, por exemplo, quase sempre é realizada de manchete. Outro aspecto se refere à mudança futura que se processaria na Regra, sendo permitido ao atleta saltar de trás da linha de ataque e realizar a batida já dentro da zona. E, igualmente, no saque. 

Bola Tocada na Rede

a) Quando fora das marcas laterais: neste caso não é válido.

b) Dentro do campo: se a bola for enviada à rede com tal força que a mesma venha a tocar o adversário no campo oposto, tal contato não constituirá uma falta por parte deste. Antes, porém, na regra antiga, se a bola fosse enviada à rede e tocasse no adversário seria falta deste, desde que não fosse na terceira batida.

Bola Tocada Simultaneamente Sobre a Rede

Após o toque simultâneo sobre a rede, a equipe em cujo campo veio ter a bola tem direito a três batidas. Quando dois jogadores tocarem simultaneamente a bola sobre a rede e a mesma cair fora de campo, considera-se como tendo tocado por último o jogador do campo oposto ao da projeção da bola, pois subtende-se que o mesmo tenha interceptado a jogada.

 

Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1949 (4)

Modificações Introduzidas no Volleyball

Os assuntos a serem vinculados hoje sobre as modificações introduzidas nas regras de volleyball por ocasião do Congresso Internacional de Praga, transcritos dos artigos do Prof. Paulo Azeredo em número de dois são os seguintes: Bloqueio (com o gráfico demonstrando a troca e o deslocamento) e Instrução Durante os Pedidos de Tempo.

Bloqueio – Instruções Durante os Pedidos e Tempo

Bloqueio – Apesar de não ter havido modificações na regra, havia dúvida e má interpretação quanto à execução do mesmo. Em primeiro lugar havia dúvida quanto à permissão para a troca o que causou grandes divergências por ocasião do Congresso do Campeonato Brasileiro de Volleyball. Os mineiros como só possuíam levantadores baixos, exigiam a troca, a ponto de a mesma ser permitida no campeonato brasileiro realizado em Minas, em 1946. Já em 1948, quando o campeonato brasileiro foi realizado em São Paulo, a pretensão dos mesmos encontrou obstáculos, pois cariocas e paulistas eram contra a troca. Depois de muito discutir achou-se uma fórmula intermediária, a qual chamamos “deslocamento”, sem propriamente ter havido troca de jogadores. Deslocamento esse que só era iniciado quando o levantador do quadro pegava a bola. O que aqui narramos está lavrado na ata do Congresso Brasileiro de Volleyball, no qual tomamos parte como representante do Distrito Federal. A troca era feita de acordo com a origem do ataque adversário. No deslocamento o cortador (ataque direito) recuava tomando o lugar do defesa centro e o defesa centro fechava o claro deixado pelo ataque direito.

Outra dúvida existente era quanto ao bloqueio duplo. Alguns juízes achavam que como iam dois na bola dever-se-ia considerar dois toques a ponto de muitos jogos realizados no campeonato carioca sofrem esta interpretação. Atualmente é ponto pacífico a questão do bloqueio, assim a troca é permitida e, no bloqueio duplo ou triplo, é considerado um só toque (porém  nenhum dos jogadores que o efetuaram pode tocar na bola em seguida, sob pena de ser considerado dois toques). Quando a bola não é tocada por nenhum dos jogadores que efetuaram o bloqueio, como por exemplo, no caso da clássica largada, qualquer um dos mesmos pode pegá-la sem que isto constitua falta.

Atualmente é permitido aos técnicos dar instruções durante qualquer interrupção (tempo para descanso, para substituição ou entre os ‘sets’), mas estes não podem entrar em campo. É vedado ao jogador sair de campo ou conversar com terceiros.

Comentário do Procrie – Observem as marcações no solo da quadra – linhas de ataque e de centro -, facilitando a observância da Regra pertinente à colocação inicial (de rodízio) dos atletas.  

Bloqueio duplo – Além disso, foi destaque na imprensa carioca a “descoberta” da nova CHAVE – uma atitude tática – de bloqueio no campeonato da cidade de 1946, quando Paulo Azeredo era o técnico do Fluminense. Vejam o noticiário. 

Foto: acervo José Gil Carneiro de Mendonça

Chave inédita – “Como noticiado pela imprensa, fazendo jus à foto, os atletas do Fluminense empregaram uma nova “chave” de bloqueio: o bloqueio duplo. A chave parece ter dado certo ao longo de todos esses anos. Lembrando que já a partir de 1938 os tchecos introduziram os bloqueios nas regras baseados no conceito de “bloquear por um ou dois jogadores adjacentes”. Por quase 20 anos o bloqueio foi uma parte do jogo NÃO incluído nas Regras. Foram imediatamente seguidos pelos russos, uma vez que o novo invento facilitava sobremaneira a tarefa dos defensores.”

Assim, conclui-se que Paulo Azeredo já vinha empregando a nova chave desde 1946. Sua divulgação no Brasil, ao que parece, demorou algum tempo e serviu a alguns interesses como vimos em relação aos mineiros em campeonatos brasileiros, onde as Regras eram discutidas.

 

Poderão ilustrar-se ainda mais sobre o tema visitando “Evolução Tática no Voleibol (II)”: 

 

Evolução das Regras do Voleibol – Praga, 1949 (3)

Professor Roberto Pimentel, autor e pesquisador.

Dando continuidade à reprodução da série de artigos do Prof. Paulo Azeredo sobre as interpretações das modificações feitas nas Regras de Volleyball por ocasião do Congresso internacional de Praga ( set./1949), abrangeremos hoje os seguintes assuntos: Pedidos de tempo;  Substituições e Colocação dos Reservas e Técnicos. Boas leituras!

Fonte: Acervo Paulo Azeredo, ANO 1951  – Pág. 50, Publicado no Jornal… (?)

Palavras-Chave (Tags): Mudanças nas Regras, Pedidos de Tempo, Substituições, Colocação dos Reservas e Técnicos.

Pedidos de Tempo Os pedidos de tempo podem ser: a) para substituição; b) para descanso; c) para o juiz (pedido por ele próprio). Só os capitães e os técnicos podem pedir tempo. Para substituição cada quadro poderá pedir quantos tempos achar necessário, dentro do limite dos reservas inscritos e do número de substituições a que cada um tenha direito segundo a regra. Estes terão duração máxima de um minuto. Para descanso, cada equipe tem direito a dois tempos de um minuto por set , sendo que em caso de acidente, poderá ser de três minutos, desde que o jogador volte ao jogo (antes, era de cinco minutos). Para o juiz, o tempo é pedido por ele quando achar que o jogo deve ser interrompido por qualquer circunstância. Durante os pedidos de tempo nenhum dos dois quadros pode bater bola, o que era antes permitido.

Substituições  Pela nova Regra a substituição deverá ser feita em um minuto. Se levar mais tempo o juiz marcará para a equipe que a estiver procedendo a um “tempo para descanso” e, se essa equipe já tiver feito uso dos dois tempos a que tem direito por set, perderá o ponto ou o saque. O reserva que tenha entrado em jogo e volte à condição de reserva não poderá voltar ao campo nesse set. O que deu lugar ao reserva poderá voltar ainda uma vez, porém para o mesmo lugar de origem. Em caso de acidente com um jogador e desde que tenham sido esgotadas todas as substituições normais, um reserva qualquer poderá entrar no lugar do acidentado, não importando em que posição tenha atuado anteriormente.

Colocação dos Reservas e Técnicos – Os reservas e técnicos durante o jogo devem estar colocados no lado oposto àquele em que se encontra o juiz e, alternativamente, na lateral ocupada em jogo pela equipe adversária. Exemplo no desenho que transcrevemos abaixo. Aliás, esta colocação já existia na regra antiga, porém nunca foi observada, só sendo agora talvez devido às grandes modificações sofridas (pela atual), e à exigência dos atuais juízes da Federação de cumpri-la na íntegra. Esta é a razão pela qual tratamos desse assunto no presente artigo.

 

Comentário do Procrie: observe-se o detalhe da inversão dos bancos dos reservas e técnicos, justificado pela proibição de se falar aos jogadores em quadra durante a partida. Voltaremos apresentando as modificações no Bloqueio e as Instruções Durante os Pedidos de Tempo. Aguardem.