Material e Equipamentos (I)

Piso

Para a prática do voleibol – competitivo ou de lazer – destaco primacial importância para dois aspectos: os pés e o piso onde atuam. Da conjugação dos fatores em ação pode-se prevenir uma série de consequências nefastas que, inclusive, concorrem para afastar definitivamente o indivíduo da prática. Um dos exemplos maiores refere-se à prática do voleibol em terreno gramado. Entretanto, jogava-se primordialmente em quadras com piso de terra e muita poeira. Algumas recebiam camadas de saibro para melhorar e uniformizar o terreno, mas ainda assim a poeira emergia durante a movimentação dos jogadores. Pior ainda se um atleta tivesse qualquer queda. Era necessário utilizar o recurso de molhar a quadra com uma mangueira para dar continuidade ao jogo e garantir a integridade física dos envolvidos. A marcação da quadra era com cal virgem e os juízes enfrentavam grandes dificuldades em identificar bolas fora ou dentro, muito também por sua posição ao lado do suporte da rede, desprovido da respectiva cadeira. (Fonte: História do voleibol em Minas Gerais, Federação Mineira de Voleibol.). E, pelo relato de Paulo Matta na excursão que a seleção brasileira realizou em 1969, a pobreza (como diria o saudoso Bené) não era exclusividade nossa: “Dando continuidade à excursão, realizamos dez jogos pela Tchecoslováquia, um ano após a invasão feita pela URSS (…) A equipe ficava alojada nas casas reservadas a estudantes e houve jogos até em quadra de saibro”.

Fazendo parte obrigatória do uniforme, o tênis traz em si a imagem de zelo, conforto e cautela com a saúde dos praticantes. Infelizmente, por questões até econômicas, o material empregado no piso das quadras não acompanhou a evolução do calçado no que tange à segurança e conforto dos atletas. Por total falta de conhecimentos, não cabe fazer qualquer análise sobre as sequelas que o voleibol provoca nos seus praticantes contumazes. Deixo para que outros, de competência reconhecida, façam-no o mais breve possível de modo a que se possa reduzir ao mínimo qualquer dano ao indivíduo.

Máquina Maravilhosa. O pé é a máquina de locomoção mais perfeita que existe. É composto por ossos, músculos, tendões e ligamentos de uma forma muito complexa. Essa complexidade resulta em movimentos tais como caminhar, correr, saltar e chutar. Ao lembrar a sensação de alívio que sentimos ao tirar os sapatos depois de um longo dia de trabalho, fica fácil perceber como só o pé é capaz de trazer algumas sensações: ele sente muito melhor o chão, respira melhor, dobra-se facilmente. Se analisarmos agora nosso pé quando está calçado, podemos perceber que o pé tem características que calçado nenhum pode melhorar: pode, no máximo, manter.

Calçado. É uma peça do vestuário com a função primária de proteger os pés do meio ambiente. Tipos: bota, chinelo, salto alto, sandália, sapato, tamanco, tênis.

Tênis.  É um tipo de calçado construído com o propósito inicial de ser utilizado como acessório na prática de esportes. Possui características flexíveis e confortáveis e normalmente confeccionado em conjugações de lona e borracha (atualmente, também com outros materiais). A sua utilização não se restringe por estes dias ao uso nestas práticas, mas aparece normalmente associado a indumentárias mais informais.

Origem do Tênis. Em 1839, foi descoberta nos EUA a fórmula de preservação da borracha. Era o processo de vulcanização, inicialmente utilizado por Charles Goodyear para melhorar a qualidade dos pneus que sua empresa fabricava. Algumas indústrias de calçados começaram então a substituir seus solados de couro pelos de borracha. Os novos calçados, mais leves e confortáveis, passaram a ser usados pelos bem-nascidos cidadãos da Costa Leste do país, em seus jogos de críquete. Eram conhecidos como CRICKET SANDALS.

Bolas de Voleibol

Bola com 12 gomos

 

Bola Drible 18 gomos, G-18

 

Bola japonesa moderna, em constante aperfeiçoamento técnico a partir de 2000.

 

O que diz a Regra sobre as bolas e sua influência no jogo através do tempo, especialmente no saque e no toque para levantamento.       

                                                                                               

Regras Oficiais de Voleibol, 1997-2000 (Referente às bolas)                

3. BOLAS              

3.1 CARACTERÍSTICAS. A bola deve ser esférica, sendo sua capa feita de couro flexível e a câmara interior feita de borracha ou material similar. Sua cor deve ser uniforme e clara. A circunferência deve ser de 65 cm a 67 cm e o peso de 260g a 280g. A pressão interna deve ser de 0,30kgf/cm2 a 0,325kgf/cm2 (294,3mbar a 318,82mbar ou hPa) ou 0,423lb a 0,456lb.              

3.2 UNIFORMIDADE DAS BOLAS. Todas as bolas usadas em uma partida devem ter as mesmas características no que diz respeito à circunferência, peso, pressão, tipo etc. As competições mundiais da FIVB devem ser jogadas com bolas aprovadas pela FIVB.               

3.3 SISTEMA DE TRÊS BOLAS. As competições mundiais da FIVB, devem ser jogadas com três bolas. Neste caso, seis boleiros ficam assim dispostos: um em cada ângulo da zona livre e um atrás de cada árbitro.              

As Primeiras Bolas. Nos primórdios do esporte no Brasil a bola tinha uma câmara de borracha e era coberta por couro ou lona. A circunferência media de 63,7cm a 68,6cm e o peso variava de 252g a 336g. As mais antigas eram de gomos (12) similares às atuais, inclusive com cordão, logo depois suprimido. Foram substituídas pelas de couro, com 18 gomos hexagonais (G-18), da marca Drible, a bola oficial do IX Campeonato Brasileiro de 1960 realizado no Rio e dos Mundiais do mesmo ano. Como o solo das quadras era coberto de cimento liso, recomendavam-se alguns cuidados na sua conservação, inclusive cobri-las com fina camada de sebo de sela antes de guardá-las. E mais, não deixá-las molhar, pois retinham a água e passavam a pesar demasiadamente, tornando-se impróprias para o jogo. Antes das partidas havia um acordo entre os capitães das equipes para a escolha da bola a ser usada, ainda que a recomendação oficial fosse a de que o time “da casa” providenciasse a melhor bola. Aliás, esta norma permaneceu para sempre.                

História. Recordo-me de um lance pertinente em 1981, por ocasião da partida entre o América e a Bradesco pelo campeonato carioca juvenil masculino. Éramos eu e Bebeto de Freitas os respectivos técnicos. Alguns instantes antes do jogo demos início à fase de aquecimento e bate-bola, mesmo sem a chegada da equipe visitante que logo chegou esbaforida, em cima da hora. No corre-corre, esqueceram de trazer o saco de bolas. Bebeto solicitou, então, a cessão de algumas para a sua equipe aquecer-se. Incontinenti, coloquei várias bolas à disposição de seus atletas. Ocorre que um deles, o levantador titular, muito saliente, pegou por sua conta a bola que estava sobre a mesa da súmula, entregue à arbitragem pela equipe com mando de campo. Imediatamente, recolhi a bola de suas mãos com a assertiva: “Esta é a bola de jogo; se minha equipe não deve usá-la, muito menos a equipe adversária.”               

Com o desenvolvimento do voleibol japonês, acompanhou-o a indústria de material esportivo, inclusive as empresas fabricantes de bolas, que passaram a utilizar material sintético no seu fabrico. Após alguns anos, a Mikasa destacou-se nesse mister e obteve a primazia (concessão) da FIVB para a utilização de suas bolas em todas as competições oficiais promovidas pela Federação (ver Regra 3). Além do excelente material desenvolvido, o fabricante esmerou-se também na concepção da válvula, um dos pontos fracos da maioria dos concorrentes. As válvulas atingiram uma perfeição incrível, com excelente vedação, resolvendo todos os problemas pertinentes ao escape de ar e consequente manipulação para enchimento da bola. As filiadas têm autonomia para decidir que bolas utilizarem nos respectivos campeonatos regionais.              

No Brasil, a bola era produzida por algumas poucas empresas – Drible, Rainha,  Penalty – que, dependendo de negociações com a CBV, acertavam sua  participação de exclusividade nos jogos de campeonatos. Entretanto, as bolas nacionais são fabricadas a mão, possuem costuras entre seus gomos e sua câmara não adere ao couro de revestimento, provocando deformação em pouco tempo, inclusive o aumento de sua circunferência. Para atenuar o problema de enchimento/esvaziamento da bola, a Penalty, por exemplo, desenvolveu um tipo de válvula descartável (removível) com relativo sucesso. Entretanto, a FIVB já recomendava que os jogos internacionais de sua promoção fossem realizados somente com bolas de fabricação da Mikasa, uma vez que suas características técnicas no fabrico eram inigualáveis e aceitas internacionalmente. Este fato redundou na decisão da CBV que, em NO nº24, de 12/5/75, deu o seu parecer sobre o assunto dizendo: “O volley-ball brasileiro somente pode adotar a bola japonesa”.  As) Dr. Ary da Silva Graça Filho, Vice-Presidente Técnico.  No documento eram ressaltadas características da bola japonesa quanto ao fabrico em máquinas de fiação, com carcaça de cordel de nylon e pelica de revestimento aplicada eletronicamente, sem costura, redundando em maior tempo de uso. Além disso, resultaram num avanço das técnicas individuais e esquemas táticos: o revestimento e a estrutura da bola permitem imprimir um efeito especial ao vencer a resistência do ar, provocando o aparecimento de tipos de saque e aproveitando esta característica. A pelica, que possui maior aderência no contato, permitiu o aperfeiçoamento da sensibilidade do atleta durante o impacto. No que  diz respeito à durabilidade, calculava-se para a bola japonesa um uso de 4-5 meses, enquanto a nacional, de um mês e meio a dois meses.              

A FIVB permanece sempre atenta aos perigos e nuances que a bola oferece aos atletas em função da evolução do jogo. Assim, frequentemente determina alterações físicas para maior proteção dos jogadores, especialmente no que se refere à pressão interna da bola, como em 1997, quando recomendou a sua redução. Até 2000 as bolas eram totalmente brancas e, a partir daí, a FIVB facultou à empresa fabricante a inclusão de duas cores – azul e amarela.              

Peço licença para apresentar alguns aspectos desenvolvidos em relação à bola de voleibol no início do século XXI colhidos na Internet em tradução livre.              

Nova tecnologia patenteada (desde 2005). O objetivo da Mikasa – fabricante de material esportivo – era desenvolver uma nova e revolucionária tecnologia de costura para combinar as duas vantagens da costura à máquina clássica e da costura manual. A empresa hoje é capaz de produzir com sucesso bolas incrivelmente mais bem costuradas graças a uma nova tecnologia, chamada TwinStLock. Os pontos foram melhorados através de costuras de alça dupla mais apertadas. As desvantagens das duas tecnologias tradicionais – a rigidez e o contato irritante com a pele – foram eliminadas. O novo material em couro sintético natural usado na bola (MVP200) é um produto macio e convencional que visa a atender as exigências e aspirações do esporte de alto nível, além de cumprir todos os requisitos de compatibilidade ambiental. Vantagens:  1) Os pontos são mais macios, estreitos e quase invisíveis.  2) Não há mais irritação da pele, especialmente para as crianças.  3) Durabilidade da bola aumentada de 30% a 50%.   4) A bola permanece esférica e limpa.              

Características:  1) As cores são brilhantes e parecem transparentes em comparação ao couro natural.  2) Colorida com pigmentos, não há esmaecimento da cor na superfície.  3) Fácil de cuidar, de limpar, não demanda a manutenção complicada do couro natural; as boas condições são mantidas por longo tempo.   4) O material é adequado para o ambiente; não há liberação de dioxina, mesmo em sua queima.             

Em novembro de 2007 foi anunciado que a nova bola produzida pela Mikasa é mais leve do que a última versão MVP200. O material de cobertura e o modo como foi costurado está totalmente diferente. Somente as linhas são coladas, não mais as camadas por completo. As mudanças deixaram o modelo mais estável no ar.             

A fabricante brasileira de bolas Penalty anunciou (16.8.2006) que o projeto para desenvolver uma bola de vôlei “inteligente” entrou na fase final de testes. A bola será equipada com microprocessador que auxilia árbitros em lances duvidosos. A empresa investiu cerca de 2 milhões de dólares no projeto que envolve a inserção de um chip transmissor de sinais de rádio que indicam se ela caiu dentro ou fora da quadra. Além do chip na bola, um conjunto de sensores precisa ser posicionado na quadra para permitir a identificação dos lances difíceis de serem julgados “manualmente” pelos árbitros. Não tenho conhecimento que o projeto teve sucesso.

Voleibol na Década de 90

Principais Mudanças na Regra

1992 – Após os Jogos Olímpicos de Barcelona, a regra do 5º set (tie-break) foi modificada. Nos empates em 16-16, o jogo continua até que uma das equipes consiga uma vantagem de dois pontos. Motivo: o jogo Itália e Holanda, no 5o set, foi encerrado com a vitória da Holanda por 17×16; em seguida, houve protestos dos italianos e a consequente mudança da regra.

1994 – O Congresso Mundial realizado em Atenas aprovou as novas regras que serão introduzidas oficialmente em 1º de janeiro de 1995: permite contatos com a bola com qualquer parte do corpo, incluindo os pés. A zona de saque foi estendida para a totalidade (9m) da linha de fundo. Eliminação da falta dos “dois toques” na recepção da bola vinda da quadra oponente. E a permissão para tocar na rede acidentalmente quando o jogador em questão não participa da jogada. A bola pode ser tocada voluntariamente com qualquer parte do corpo, inclusive pernas e pés (mundial da Grécia).

1995 – A linha de ataque foi estendida com faixas tracejadas em 1,75m; a pressão interna da bola foi reduzida para 4,27lb a 4,56lb; foi permitida a invasão da linha central com as mãos; cartões de indisciplina passam a ser cumulativos; a bola que passa por cima ou por fora das antenas (fora do espaço de cruzamento) em direção à área livre da equipe adversária pode ser recuperada. Foi ampliada a zona de saque: corresponde à largura da quadra (9m); o saque pode tocar a rede; introdução de contagem de “PONTOS POR RALI” (25 pontos) sem ponto limite – acaba o sistema de VANTAGEM –, sendo que no set DECISIVO (5°, tie-break), ainda jogado com 15 pontos, não há ponto limite; em caso de empate em 14-14, o jogo continua até que uma das equipes obtenha uma diferença de dois pontos. Nos quatro primeiros sets foram criados dois “tempos comerciais” (para TV): no 8° e 16° pontos. Têm início as experiências com o “sétimo” jogador, o líbero, um jogador especial, diferenciado pelo uniforme, com características exclusivas de defesa e recepção, cujas trocas sucessivas não são computadas à equipe.

1996 – O líbero foi Introduzido (experimentalmente) no Grand Prix feminino, logo após a Olimpíada de Atlanta; a posição dá principalmente ao voleibol masculino uma condição melhor, já que o ataque é preponderante em função do vigor físico da categoria e prepondera sobre a defesa. O líbero veio para tentar dar um equilíbrio nessa relação entre ataque e defesa.

1997 – A partir desse ano foi testado o jogo com o líbero; sua aprovação e inclusão nas Regras deu-se somente em 1999.

LÍBERO, no Brasil do início da década de 80, era o jogador que não recepcionava o saque e se apresentava para o “ataque de fundo”.

O líbero é um atleta especializado nos fundamentos realizados com mais frequência no fundo da quadra, isto é, recepção e defesa. Esta “função” foi introduzida pela FIVB em 1998, com o propósito de permitir disputas mais longas de pontos e tornar o jogo mais atraente para o público. Um conjunto específico de regras se aplica exclusivamente a este jogador. O líbero deve utilizar uniforme diferente dos demais, não pode ser capitão do time, nem atacar, bloquear ou sacar. Quando a bola não está em jogo, ele pode trocar de lugar com qualquer outro jogador sem notificação prévia aos árbitros e suas substituições não contam para o limite que é concedido por set a cada técnico. Por fim, o líbero só pode realizar levantamentos de toque do fundo da quadra. Caso esteja pisando a linha de três metros ou esteja sobre a área por ela delimitada, deverá executar somente levantamentos de manchete, pois se o fizer de toque por cima (pontas dos dedos) o ataque deverá ser executado com a bola abaixo do bordo superior da rede.

1998 Após as Olimpíadas de Seul, foi incluído o sistema de pontos “rally” no set decisivo (5º) (Regra 7.4). A contagem de cada set limita-se a 17 pontos: depois de um empate de 16 a 16, a equipe que primeiro marcar o 17º ponto vencerá o set com somente um ponto de vantagem (Regra 7.2.2). Modificações que não deram certo: TEMPO de JOGO e as duas TENTATIVAS de SAQUE (Regra 17.6). A Regra 17.7 coibiu o emprego da “barreira”, que impedia a visão do sacador. A CBV comunicou ainda (NO nº145/88) decisões da FIVB sobre a secagem (toalhas) da quadra e outros formas escusas utilizadas para interromper a partida.

1999-2000 – Finalmente foi incluída no texto da Regra Oficial a participação do líbero no jogo.

 —–   —–

Nota aos meus leitores – Encerro com este texto a série sobre as características do jogo com base na evolução das suas Regras. O cansaço e a idade não me permitem tanto trabalho de pesquisa e anotações. Espero que os mais jovens se empenhem algum dia nesse mister. Fui até aonde podia; outros farão melhor. Grato por suas companhias…

Voleibol na Década de 80

Vôlei na Década de 80            

1980 – 17º Congresso da FIVB: as regras do jogo foram traduzidas para três linguas: francês, inglês e espanhol.

1982 – A pressão da bola foi incrementada de 0,40 kg/cm² para 0,46 kg/cm².

1984 – A partir dos jogos de Los Angeles, foi proibido o bloqueio do saque e os árbitros seriam mais benevolentes na avaliação das defesas. Durante os jogos olímpicos, alguns atletas brasileiros (medalha de prata) atraíram as atenções pela habilidade do saque “com salto”. A ideia não era nova, pois foi usada no Campeonato Mundial da Argentina, em 1982, sem resultados objetivos.

Bloqueio. Proibido o bloqueio de saques nas Olimpíadas de Los Angeles; proibido também o ataque do saque (na zona de ataque).

Defesa. Permitida, com contatos múltiplos numa mesma ação.

1988 – No Brasil, a FVRJV oficializou o emprego da bola de marca Penalty.

Jogos Olímpicos, Seul. 1) O torneio masculino contou com 12 equipes (previstas 10). Os EUA venceram no masculino e a URSS no feminino, após dramática final com a equipe do Peru.  2) A partir dos Jogos Olímpicos, uma nova regra impediu a interrupção do jogo para que se pudesse secar a quadra. Os times passaram a entrar com toalhinhas presas na parte de trás do calção, usadas sempre que o suor molhasse o piso.  3) O Congresso Mundial aprovou que o 5º set decisivo seja disputado no sistema de “pontos por raly”, em que cada saque corresponde a um ponto. O placar final do set foi limitado em 17 pontos, com um ponto de diferença. Essa medida seria modificada em 1992.  4) Em 6 de maio, a FIVB inaugurou suas novas instalações em Lausanne.

1988Em 6 de maio, a FIVB inaugurou suas novas instalações em Lausanne. Jogos Olímpicos: o torneio masculino contou com 12 equipes (previstas 10). Os EUA venceram no masculino e a URSS no feminino, após dramática final com a equipe do Peru. O Congresso Mundial aprovou que o 5º set decisivo seja disputado no sistema de “pontos por raly”, em que cada saque corresponde a um ponto.

Modificações que não deram certo: TEMPO de JOGO e as duas TENTATIVAS de SAQUE (Regra 17.6). A Regra 17.7 coibiu o emprego da “barreira”, que impedia a visão do sacador. A CBV comunicou ainda (NO nº145/88) decisões da FIVB sobre a secagem (toalhas) da quadra e outros formas escusas utilizadas para interromper a partida.

Uniformes. A FIVB impôs uniformes para as equipes femininas, o que gerou uma série de problemas com o descumprimento dessa obrigação por parte da maioria das federações. Somente a equipe de Cuba fez uso desse uniforme.

A Mulher no Esporte – Uniformes (Revisa VEJA, 1998, Dagmar Serpa)

(…) As jogadoras de vôlei se rebelam e ganham a parada contra uniformes justos demais. A dupla sunga-camiseta derrota o macaquinho agarradinho e desconfortável: vitória fora da quadra para as meninas do vôlei.

Famosas tanto pelos bloqueios e saques poderosos quanto pela esplêndida forma física, as jogadoras da Seleção Brasileira de Vôlei chegaram na semana passada a Macau, a minúscula colônia portuguesa na China, em clima de rebelião. Às vésperas do início do Grand Prix de Vôlei, torneio que antecede o Mundial de novembro, no Japão, elas batiam pé contra o uniforme novo, um macaquinho bem justo, semitransparente, que vai do ombro até exatos 5 centímetros abaixo da virilha. “É incômodo, vulgar e estranho”, decretou a jogadora Leila. “Com qualquer movimento, entra no bumbum e fica tudo de fora”, ecoou a companheira Virna. Em geral muito à vontade na sunguinha justa e bem cavada do uniforme tradicional, perfeitamente coerente com os padrões brasileiros de vestuário, as jogadoras detestaram o macaquinho tanto pelo excesso de agarração quanto pelo desconforto. Resultado do bafafá: a equipe ganhou autorização de última hora para entrar no torneio com a boa e velha dobradinha sunga-camiseta — e um portador foi despachado às pressas para o outro lado do mundo, levando uma mala cheia de uniformes no modelo antigo. A performance, porém, não correspondeu. Em seu jogo de estreia, na sexta-feira, a equipe perdeu da Itália por 3 a 2.

Para poder jogar com o modelito de sempre, a seleção teve de mandar uma carta à Federação Internacional de Voleibol, FIVB, em Lausanne, Suíça, que tem a palavra final sobre a roupa nas quadras. Foi atendida, para alívio geral. “O macaquinho nem ficou bonito no corpo das meninas”, opina o técnico Bernardinho. Além do comprimento e do desconforto, as moças implicaram com a faixa amarela no peito, que fica transparente em contato com o suor. A FIVB, no entanto, exime-se de responsabilidade pela confusão em Macau. Confirma que recentemente adotou uma lista de critérios rígidos para a roupa a ser usada na quadra, mas lá apenas esclarece que “as mulheres podem usar uniformes de uma só peça, desde que obedeçam aos padrões”. Quem escolheu o macaquinho, afirma, foi a confederação brasileira. No Rio, a entidade admite que, de fato, optou pelo macaquinho, só que com o triplo do comprimento. Mandou o modelo à Suíça, onde foi reprovado por fugir dos 5 centímetros da regra, e teve de ser encurtado na última hora. Dois dias antes de viajar para Macau, as principais interessadas foram enfim apresentadas ao novo uniforme. Seu veredicto: não serve.

Decisão adiada — A FIVB reagiu horrorizada à sugestão de que a reforma dos uniformes tem o objetivo de torná-los mais sensuais. “Só queremos formar uma boa imagem do vôlei para o público, participantes e mídia, e as roupas são parte disso”, disse a VEJA Carlos Sanchez, coordenador de comunicação da federação. Pode ser, mas que a nova padronização ressalta curvas e saliências, ressalta. Da altura da bainha do short à modelagem justa das camisetas, tudo aponta para uma roupa — para moças e rapazes — que mostra mais e molda mais. Ao autorizar as meninas do vôlei a usar o uniforme antigo, a FIVB empurrou para mais tarde a decisão sobre com que roupa as jogadoras de Bernardinho vão ao Mundial de novembro. “Com essa, já vimos que não dá para jogar”, frisa Paulo Márcio Costa, coordenador técnico das seleções brasileiras de vôlei.

As Regras dos Novos Uniformes

Justo e curto – ­1) A camiseta masculina e a feminina têm de ser justas no corpo.  ­2) É proibido usar manga comprida.  3) ­Os shorts femininos podem cobrir no máximo 5cm da coxa, e os masculinos, 10cm.  4) ­As jogadoras podem optar por modelos de uma peça só, desde que obedeçam aos padrões.

 Vôlei e Praia – Essa influência também predominou. Os atletas são obrigados a usar calções ou biquínis da mesma cor e estilo e as camisetas fornecidas pelos organizadores dos torneios. O uso de óculos escuros tornou-se praticamente universal devido ao reflexo do sol na areia.

 

Voleibol na Década de 70

Novo Sistema no Voleibol

1972 – Foram estabelecidas as regras oficiais do minivoleibol.

1974- No Congresso da FIVB, na cidade do México, ficou decidido realizar duas alterações a serem empregadas a partir de 1976: as antenas laterais serão movidas para junto das faixas laterais (9m) e serão permitidos os três contatos com a bola após o bloqueio. 

1976 – Após o bloqueio, não dois, mas três contatos com a bola foram permitidos: a distância entre as antenas foi encurtada de 9,40m para 9m.

Antena

1970 – Aparecimento das antenas limitando a zona de ataque (Bulgária).                    

1976 – Redução do espaço entre as antenas limitando a zona de ataque (Montreal).

Bloqueio

1976 – O toque no bloqueio não é mais computado entre os três permitidos para uma equipe (Montreal, Canadá).

Sistema Fin-30 ou Sistema Nikola

1977 – Durante a Copa Mundial de Voleibol “Cidade de Curitiba” foi realizada a primeira experiência no mundo em jogos oficiais com o sistema Fin-30, cujas modificações visaram modificar o tempo de duração de uma partida. As idéias propostas pertencem ao técnico finlandês Nikkola, que deu seu nome ao sistema. O sistema Nikkola prevê que a disputa do jogo deve ser em, no máximo, cinco sets, vencendo a equipe que obtiver a vitória em três deles. Cada set termina em 30 pontos, sendo obrigatória a diferença por dois pontos eliminado-se a vantagem enquanto a marcação dos pontos é corrida. Portanto, cada erro implica a marcação de ponto para o adversário. Algumas vantagens foram observadas nos dois jogos de abertura da Copa Mundial, como uma diminuição no tempo de jogo. A FIVB procura encontrar uma faixa aceitável de tempo, fazendo com que um set dure no máximo 20 minutos e uma partida, entre 80 e 100 minutos. Algumas queixas foram feitas sobre a forma como seria disputada uma prorrogação, denominada tie-break (set decisivo, 5º set). Alguns observadores acharam que a perda do saque como arma de ataque e a inexistência de vantagem serviram para tornar o vôlei medroso, sem rapidez, como observou Carlos Nuzman, à época, presidente da CBV. Já para o Capitão Célio Cordeiro Filho, presidente do Conselho de Treinadores do Brasil, “A vantagem do sistema é encurtar jogos longos”. Ele, juntamente com Mário Malta, ficou de elaborar um relatório a ser encaminhado à FIVB sobre a utilização do Nikkola nesta experiência em Curitiba.

Para experimentar hipoteticamente as regras no caso de um empate, foi testada também a forma de prorrogação prevista pelo sistema de tie-break. A nova regra dizia que “Em caso de empate (2×2), será jogada uma prorrogação em que os saques serão alternados (um para cada equipe) até que uma delas alcance sete pontos (cada saque conduz a um ponto). O número máximo de saques será de 13, vencendo a equipe que atingir primeiro o sétimo ponto. O tie-break equivale ao quinto set”. Exatamente no tie-break o sistema Nikkola apresentou um problema aparentemente insuperável, a julgar pelos resultados dos jogos e pelo próprio comportamento dos jogadores: aumenta a tensão emocional do atleta a nível extremo, exigindo alta concentração. No pouco tempo da disputa, um erro pode fazer perder a partida, já que não dá possibilidades de recuperação. O tie-break ainda consegue equiparar duas equipes desniveladas tecnicamente. No jogo normal, pelo sistema Nikkola, o Brasil venceu a Venezuela facilmente por 3×0. Para testar a eficácia do tie-break, foi jogada uma prorrogação hipotética, como se o jogo tivesse terminado em empate, e o Brasil, apesar de superior tecnicamente, acabou perdendo por 2×1; no primeiro set da prorrogação venceu por 7-4, perdeu o segundo por 7-4 e o terceiro e decisivo também por 7-4. Da mesma forma, a Coréia, que venceu o Japão no jogo normal por 3×1, perdeu o tie-break por 7-1 e 7-5.

Outros sistemas foram concebidos e testados por uma comissão técnica da FIVB ao longo dos anos e definitivamente implementado a partir de 1995, como veremos em breve.

Ataque (de fundo)

1976 – Até esse ano, o jogador de defesa (atrás da linha de 3m) só podia atacar a bola quando ela estivesse abaixo da altura da rede. O seu iniciador em nível internacional foi o húngaro Magiar (apelido), a partir do Mundial da Bulgária; também o polonês Thomazs Wojtowicz se destaca neste tipo de ataque no mesmo mundial. Sua consagração ocorreu em Montreal, Canadá, quando se tornou, inclusive, campeão olímpico.

Voleibol na Década de 60

Treinamento da seleção no Caio Martins. Em pé, à esquerda, Newdon, Décio, Álvaro, Heckel (aux. técnico), Roque, Financial, Chapinha (árbitro), Geraldo Faggiano (técnico), Rômulo Arantes (prep. físico). Em baixo, Urbano, Afonso, Murilo, Pedro, Quaresma, Feitosa.

Jogos Mundiais, Jogos Olímpicos, Jogos Universitários, Campeonatos Brasileiros, Jogos Luso-Brasileiros. 

Logo no início da década, em 1960, as cidades do Rio de Janeiro e de Niterói experimentaram um despertar para o voleibol como jamais se vira no Brasil. Neste ano, em maio, a capital fluminense foi palco dos Jogos Universitários Brasileiros (JUBs) no ginásio do Caio Martins, onde meses depois, treinaria a seleção brasileira (foto). A seguir, em julho, foram realizados os jogos do IX Campeonato Brasileiro de seleções estaduais no Rio de Janeiro. Houve tímido intercâmbio esportivo com Portugal – os Jogos Luso-Brasileiros – que não mereceram maior incentivo e após sua terceira realização malograram. Sua primeira realização deu-se em agosto/60, no Rio de Janeiro. E, finalmente, em 3 de novembro, a abertura da fase final dos Campeonatos Mundiais.  Posteriormente, em 62 e 66, outros dois Mundiais e, destacados deles, os dois Jogos Olímpicos, em 1964 e 1968.     

Ciclo japonês. Os japoneses dariam importante contribuição para a evolução do jogo a partir de 1960, caracterizada por dois aspectos: 1) Técnico – criação do saque balanceado, do emprego maciço da manchete, diversificação de ataques, com variações de “tempo” e de “espaço”; inovações nas técnicas de defesa. 2) Tático – novos tipos de ataque permitiriam criar uma infinidade de combinações, verdadeira revolução no sistema ofensivo.         

Campeonatos Mundiais .  O Brasil foi o palco do quarto campeonato mundial masculino e terceiro feminino em 1960. Pela primeira vez foi sediado fora da Europa. Em ambos os torneios a seleção brasileira ficou em 5º lugar. Mas a grande novidade no início da década de 60 foi a decisão de incluir o esporte na próxima Olimpíada de Tóquio, o que entusiasmou seus praticantes. 

Jogos Universitários Brasileiros. Promovidos pela  Confederação Brasileira de Desportos Universitários – CBDU  e a FUFE – Federação Universitária Fluminense de Esportes, foram realizados em maio os Jogos Universitários Brasileiros. O palco foi o ginásio do Caio Martins. A disputa nesta modalidade empolgou os assistentes pelo alto nível dos participantes, especialmente com as três primeiras equipes classificadas: São Paulo, Minas Gerais e Estado do Rio (Niterói). Entre os atletas, destaques dos selecionáveis Nelson Bartells, Urbano e Fábio (mineiros), Joel e Álvaro (paulistas), Quaresma e Murilo (fluminenses). O autor deste trabalho, com 20 anos de idade, fazia sua estreia em grandes torneios.       

IX Campeonato Brasileiro, 1960. A cidade do Rio de Janeiro sediou os jogos das seleções estaduais.  Os cariocas fizeram “dobradinha”, com vitórias no masculino e feminino. Dedico uma postagem especial sobre o evento desde sua organização e componentes da delegação. 

Evolução das Regras – Cronologia       

1960 – Destaques das principais modificações na Regra Oficial constante de Nota Oficial da CBV retransmitida pela FMV (NO nº 16, de 10.3.60).       

1) Regra I – Art. 2º – Nova redação: LINHAS – O campo é limitado por linhas de 5 cm de largura traçadas na sua parte interna. Elas serão traçadas a um mínimo de 2 (dois) metros de qualquer obstáculo.  2) Regra V – Art. 3º – § “d” – Alterar: Qualquer jogador que inicie jogando um set pode ser substituído uma só vez por qualquer suplente e poderá voltar ao jogo, mas definitivamente, no lugar que ocupava precedentemente e somente ele, com exclusão de qualquer outro jogador.  3) Regra XII – Art. 6º – § “c” – Acrescentar no final: Os dois tempos para descanso podem ser solicitados consecutivamente por uma ou outra equipe sem que o jogo tenha sido recomeçado. No entanto, segundo a Regra V, art. 3º – letra “c”, uma equipe não tem direito de pedir dois tempos para substituição sem que entre os mesmos o jogo tenha recomeçado. Um tempo para descanso de uma equipe pode ser seguido imediatamente de um tempo para substituição por uma outra equipe e vice-versa.  4) Regra XIII – Acrescentar: Art. 7º – BARREIRAS – No momento do saque é proibido aos jogadores da equipe que irá dar o saque efetuar movimentos com os braços, saltar ou grupar dois ou mais jogadores, com objetivo de formar uma “barreira”, com intenção de encobrir o sacador.  5) Regra XX – Art. 1º – Acrescentar: Letra “c” – o fato de tocar a linha central, sem ultrapassá-la, não constitui falta.  6) Regra XXIV – Art. 3º – Acrescentar no final: “Salvo no caso de uma equipe ficar incompleta em virtude de contusão de jogadores” (conforme Regra V, Art. 3º – Letra “d”).       

Campeonato Mundial. Tendência em favorecer a defesa, na tentativa de equilibrar as ações de jogo. Muito embora os russos, campeões, jogassem com somente um levantador (5×1), foram os japoneses que consagraram esta formação, o que facilitava suas combinações de ataques rápidos. Os soviéticos realizavam ataques com bolas predominantemente altas.       

1964 – Novas regras para o bloqueio: a invasão por cima durante o bloqueio ainda era proibida, mas permitido aos bloqueadores um segundo toque. Os primeiro torneios Olímpicos de Voleibol jogados em Tóquio (13 a 23 de outubro) contemplaram 10 equipes masculinas e 6 femininas.       

1968 – Recomendação do Congresso do México para a utilização das antenas como limite do espaço aéreo da rede, para facilitar as decisões da arbitragem (bolas por fora).       

Saques 

Altos tinham raros praticantes, embora as quadras favorecessem, pois eram raros os ginásios. Em 1953, Paulo Castelo Branco (Sírio e Libanês), sacava muito além dos refletores (o atual “jornada”). Os refletores eram colocados sobre a quadra de voleibol, “acompanhando” as linhas laterais, a uma altura relativamente alta. No Brasil da década de 40, alguns juízes proibiam a utilização deste saque, punindo com perda da vantagem, pois prejudicava a visão do recepcionador.       

Recepção 

1958 – Tchecos realizam as primeiras experiências utilizando a manchete (bagger).  

1960 – Utilização de excelente toque por cima até o mundial do Rio.    

1962 – Surge a manchete; uso do toque em condições especiais (mundial de Moscou).  

1964 – Utilização predominante da manchete (Olimpíadas de Tóquio); obrigatoriedade no Brasil de recepcionar de manchete; surpresa no Torneio Início carioca.   

Defesa 

 1960 – De toque até o Mundial; alguns gestos com um dos braços e mão fechada. 

1962  – Introdução da manchete em defesa de cortadas.  

1964 – Utilização plena da manchete na Olimpíada.   

Bloqueio   

1964 – Até a Olimpíada de Tóquio, somente no próprio campo; a partir daí, permissão para invadir após o ataque adversário; volta a permissão para o 2º toque na bola.       

O Jogo na Década de 50

Como se Jogava no Brasil

 

As equipes campeãs do Fluminense F. C. em 1952. Também venceram o Torneio Internacional promovido pelo próprio clube. No centro da foto com o time feminino, o presidente Fábio Carneiro de Mendonça e o diretor Nei Cardoso, além dos técnicos Aluízio de Moura (feminino) e Paulo Azeredo (masculino).

Acompanhem um apanhado dos principais detalhes de uma época em que o intercâmbio com as principais equipes mundiais era praticamente nulo. Poderão acompanhar de perto esta evolução em História do Voleibol e as Seleções Brasileiras, que começam a ser formadas em 1951, por conta do primeiro campeonato Sul-Americano , dos Jogos Pan-Americanos, além do Mundial de 1956, em Paris.

Jogo. Melhor de três sets vencedores a partir de 1957.

Ataque.  1) Puxadas e batidas (cortadas de mão fechada); a seguir, foram proibidas.  2) Mexicana… Equipe do México realiza cortadas de “tempo”, no meio da rede (Pan-Americano de 55).  3) Cortadas com corrida: alguns poucos jogadores realizavam este tipo de ataque; as passadas eram similares à entrada em bandeja do basquete. A versão atual é denominada china, preponderantemente empregada no voleibol feminino, e especialmente pela cortadora de meio de rede.

Tática. Sistemas de jogo: inicialmente, 3×3, até o 4×2. Na época, as equipes tinham suas “duplas” de jogadores: a cada atacante correspondia um e somente um levantador. Dizia-se que o jogador tinha que carregar seu material de jogo na maleta e o seu próprio levantador, geralmente baixinho. Introdução do sistema 4×2 com Paulo Azeredo, técnico do Fluminense, no Sul-Americano de 1951.

Toque. A exigência da perfeição na recepção caracterizou algumas providências táticas, pois quem tinha dificuldades no toque era caçado durante todo o jogo. Assim, ele era escondido da recepção, como é ainda hoje.

Recepção (do saque). Realizada com o emprego de rolamentos para trás (saques mais fortes); sacrificava o jogador que estava na rede (atacante), uma vez que deveria imediatamente se apresentar para a cortada. Era uma medida tática do sacador, pois, invariavelmente tinha chances de eliminar o recepcionador de um possível ataque. Quando realizada com defeito, poderia originar um xeque, isto é, a bola ultrapassava a rede e propiciava um ataque imediato do adversário.

Lavadeira. Proibida a lavadeira, que consistia num toque de bola, carregado, de baixo para cima, com ambas as mãos em pronação (em 1952); tem este nome por causa do mesmo movimento feito no basquete, em arremessos à cesta, por baixo, estando a bola próxima aos joelhos do atleta. Muito usado à época para cobrança de arremessos livres (faltas) no garrafão. Em 1958, os tchecos inventariam a manchete (em inglês, bagger).

Saque. Já existia o saque balanceado, também chamado americano (equipe americana, Pan-Americano de 1955); também o saque tênis (saque por cima). Jorginho usava inclusive o saque americano “com corrida”, que consagrou o russo Yuri Pojarkov no Mundial de 60, no Rio de Janeiro.

Barreira. Em 1958 ainda vigorava a barreira para o saque; foi abolida a seguir. Os três atacantes postavam-se, juntos, entre o sacador de sua equipe e a rede, dificultando a visão dos adversários. Era, inclusive, permitido levantar os braços e movimentar-se. O 4° jogador (defesa-centro) também se juntava ao grupo, respeitando a posição de rodízio, isto é, atrás do seu correspondente e à esquerda do sacador. O sexto jogador (defesa-esquerdo) não participava da operação, dando a cobertura necessária contra uma possível devolução imediata da bola.

Xeque. Ou “bola de graça”, ou bola que vem de xeque; ataque realizado por um jogador de rede quando sua equipe recebe a bola graças a um erro do adversário (ver Recepção).

Largada. Ataque com leve toque na bola, principalmente com a ponta dos dedos, estando a mão ligeiramente aberta; o atacante procura direcioná-la para a zona da quadra adversária menos coberta pelos defensores. Quase sempre era realizada “atrás do bloqueio”, o que levou muitos técnicos a alterar o sistema defensivo, colocando um defensor na cobertura do bloqueio. Largamente empregado pelas equipes femininas da Rússia.

Explorar (o bloqueio). O atacante arremessa propositalmente a bola contra as mãos do(s) bloqueador(es), visando uma trajetória para fora de jogo. Às vezes, até para o alto, tudo dependendo do momento: altura e proximidade da bola em relação à rede. Jogadores mais técnicos usavam o recurso de aproveitar o bloqueio (errôneo) de bolas impossíveis de serem cortadas para recuperar a bola com um leve toque na mão do bloqueador e, assim, ter direito aos três toques seguintes.

Ataque. Com força: normalmente dirigido à diagonal ou paralela. Indicativos da trajetória da bola em relação às linhas laterais da quadra. Cravada: cortada violenta, de cima para baixo, antes da linha dos 3m. Sem força: ataque dito técnico, em que o atleta tem visão perfeita da colocação dos adversários e os ilude com sua habilidade e inteligência. Também denominada meia batida. Como a Regra considera “ataque” qualquer bola lançada na direção da quadra adversária (exceto o saque), alguns atletas habilidosos e inteligentes – quando não tinham possibilidades de ataque – direcionavam o terceiro toque para um ponto vazio da quadra adversária, ou contra o pior passador, ou ainda, nas proximidades do levantador, sempre procurando dificultar ou criar um problema. Contudo, a maioria dos jogadores já fazia o que ainda se faz hoje, simplesmente arremessam a bola para o outro lado, isto é, devolvem-na “de graça”.

 

Arbitragem na Década de 50

Destaques & Curiosidades 

 1. Velocidade da cortada – uma bola bem cortada pode adquirir a velocidade de 160 km/h. O Professor McCloy, da Universidade Estadual de Iowa, EUA, registrou velocidades de mais de 160km/h.

2. Cortada balanceada – quando a bola está longe e você não pode colocar-se atrás dela, use um movimento balanceado giratório (de braço). Bata na bola com a base da mão, mantendo a palma e os dedos ligeira e rigidamente curvos (acompanhando a curvatura da bola), semelhante ao que ocorre no saque balanceado (cortada de gancho).

3. Linha de ataque – (…) alguns a denominam de bloqueio ou linha de limite. O propósito desta linha é evitar que os jogadores excessivamente altos que estejam na defesa venham à rede para bloquear todas as bolas, o que não é válido. Os jogadores de defesa podem bloquear a bola, mas em cima ou atrás da linha de bloqueio.

4. A bola – o jogo oficial é praticado com uma bola esférica composta de um invólucro de couro flexível, de cor uniforme, ‘sem cordão’, de 18 gomos ou um invólucro de borracha apenas, com não menos de 65cm e não mais de 67cm de circunferência, contendo no seu interior uma câmara de ar de borracha ou material similar. Bola de couro, com pressão entre 0,48kg/cm2 e 0,52kg/cm2 e bola de borracha (0,47 e 0,49). Peso: masculino (250g a 280g) e feminino (230g a 250g).

5. Cuidados com a bola – depois de corretamente cheias e após o uso, as bolas devem ser guardadas em compartimentos frescos e limpos. Não devem nunca ser “chutadas”, servir de assento, ou golpeadas contra superfícies ásperas e irregulares. Recomenda-se o uso de sebo de sela para mantê-las limpas e para reservar o couro. De acordo com as decisões da CBV, a bola deve ser branca, possuir 18 gomos e estar dentro das pressões limites.

6. Saque – (…) o saque pode ser dado saltando ou na corrida. O jogador, após haver sacado, pode cair sobre o campo de jogo ou sobre a linha de fundo.

7. Inovação do jogo – em todo jogo internacional são jogados três sets vencedores.

8. Jogo na rede – (…) o dois toques (proposital) no bloqueio deve ser punido.

 

Cronologia

1950 – O guia da USVBA (Associação de Voleibol dos EUA) incluiu pela primeira vez uma seção colegial.

1951 – Em seu terceiro Congresso, a FIVB decidiu que será permitido ao atacante “invadir” com as mãos durante o bloqueio, mas somente após a fase final da cortada. Esta recomendação passou a ser cumprida somente após as Olimpíadas de 1964.

1953 – Em seu quarto Congresso a FIVB (Federacão Internacional de Voleibol) definiu as ações e terminologias da arbitragem.

1955 – A USVBA organizou oficialmente a prática do jogo nos EUA com vistas aos Jogos Pan-Americanos.

1957 – Após a realização de torneio demonstrativo durante o 53° Congresso do COI (Comitê Olímpico Internacional), seus membros decidiram pela inclusão do voleibol nos Jogos Olímpicos de 1964, a serem disputados em Tóquio, Japão. Atribuições foram dadas ao segundo árbitro: a duração dos pedidos de tempo foi limitada para 1 minuto e 30 segundos. Modificadas as regras do vôlei feminino pela Divisão de Esportes das Moças e Mulheres da Associação Americana de Saúde, Educação Física e Recreação para que se igualassem às regras do masculino da USVBA. As Regras Oficiais foram resumidas por João Lotufo (“Voleibol”, 1957, p.8) a título de ilustração e mais rápida compreensão, inclusive do que era essencial. Mantive a terminologia empregada pelo autor:

1) Um sorteio determina quem dará o saque.  2) Cada jogador do quadro dará o saque por sua vez e fará uma tentativa para atirar a bola para o campo adversário sem que toque a rede.  3) O jogador que dá o saque não deve ter contato com o campo ou a linha que o limita.  4) Não há restrições quanto ao modo de dar o saque, a não ser que o sacador deve permanecer na área do saque, com um dos pés, pelo menos tocando o solo e que a bola seja claramente batida.  5) É declarado o rodízio quando a bola do saque tocar a rede.  6) Se o jogador tocar a bola ou for por esta tocado, considera-se como se tivesse jogado.  7) É permitido sair dos limites (da quadra) e apanhar a bola.  8) A bola não poderá ser agarrada. Deve ser claramente batida.  9) A bola que toca o corpo mais de uma vez, simultaneamente, é legal.  10) O quadro (time) perdedor tem o direito ao saque na partida seguinte.  11) É permitido jogar bola usando qualquer parte do corpo acima dos quadris.  12) A bola é conservada em jogo ao bater na rede e passar ao campo contrário. No saque, porém, a bola não pode tocar a rede; se a bola não passar nitidamente sobre a rede, ficará de posse do outro quadro.  13) A bola que é enviada à rede por um dos quadros pode ser recuperada uma vez que a rede não seja tocada por nenhum jogador.  14) Um jogador pode bater na bola 2 vezes numa jogada, mas não consecutiva.  15) A bola deve ser devolvida para o campo adversário após o terceiro contato.  16) Os jogadores não podem tocar a bola ou passar além da linha de centro. Isto ocasiona a perda da bola se o quadro que sacou comete a falta e conta um ponto para quem saca no caso dos oponentes cometerem a falta. Se ambos os quadros tocam a rede simultaneamente, a bola é declarada “morta” e é dado novo saque.  17) Os jogadores de linha final – da defesa – têm a liberdade de mover-se no seu campo, mas não podem correr para a rede e cortar ou matar a bola.  18) Quinze pontos representam vitória, uma vez que haja diferença de dois pontos. A contagem pode ser de 15-13, 16-14, 17-15 etc.

1959 – No Congresso da FIVB em Budapeste, ficou decidida a proibição da barreira quando da execução do saque e a limitação da invasão por baixo com o pé (bastava tocar a linha).

Na foto jogadoras do C. R. do Flamengo realizam a barreira numa partida. Observe-se que as três atacantes estão “em linha” e uma quarta atleta (defesa-centro) se inclui entre elas com um passo atrás, preservando assim as “zonas de ataque e defesa”.

Evolução das Regras, anos 1960

Década de 60          

1960. Destaques das principais modificações na Regra Oficial constante de Nota Oficial da CBV retransmitida pela FMV (NO nº 16, de 10.3.60).

Regra I – Art. 2º – Nova redação

LINHAS – O campo é limitado por linhas de 5 cm de largura traçadas na sua parte interna. Elas serão traçadas a um mínimo de 2 (dois) metros de qualquer obstáculo.

Regra V – Art. 3º – § “d” – Alterar

Qualquer jogador que inicie jogando um set pode ser substituído uma só vez por qualquer suplente e poderá voltar ao jogo, mas definitivamente, no lugar que ocupava precedentemente e somente ele, com exclusão de qualquer outro jogador.

Regra XII – Art. 6º – § “c” – Acrescentar no final

Os dois tempos para descanso podem ser solicitados consecutivamente por uma ou outra equipe sem que o jogo tenha sido recomeçado. No entanto, segundo a Regra V, art. 3º – letra “c”, uma equipe não tem direito de pedir dois tempos para substituição sem que entre os mesmos o jogo tenha recomeçado. Um tempo para descanso de uma equipe pode ser seguido imediatamente de um tempo para substituição por uma outra equipe e vice-versa.

Regra XIII – Acrescentar

Art. 7º – BARREIRAS¹ – No momento do saque é proibido aos jogadores da equipe que irá dar o saque efetuar movimentos com os braços, saltar ou grupar dois ou mais jogadores, com objetivo de formar uma “barreira”, com intenção de encobrir o sacador.

Regra XX – Art. 1º – Acrescentar

Letra “c” – o fato de tocar a linha central, sem ultrapassá-la, não constitui falta.

Regra XXIV – Art. 3º – Acrescentar no final:

“Salvo no caso de uma equipe ficar incompleta em virtude de contusão de jogadores” (conforme Regra V, Art. 3º – Letra “d”).

———————————-

Comentário ¹ – Criada em 1952, era permitido aos atletas inclusive levantarem os braços. Em seguida esta permissão  (levantar os braços) foi abolida, mantida ainda a barreira. Em 59, abolida definitivamente.

 

 

 

Campeonato Mundial, Rio de Janeiro e Niterói.

Tendência em favorecer a defesa na tentativa de equilibrar as ações de jogo. Muito embora os russos, campeões, jogassem com somente um levantador (5×1), foram os japoneses que consagraram esta formação, o que facilitava suas combinações de ataques rápidos. Os soviéticos realizavam ataques com bolas predominantemente altas.

Características

Possivelmente uma das últimas competições internacionais em que a recepção pode ser realizada com emprego do toque (por cima). Nas seguintes, tem início a manchete, como verão a seguir. As equipes jogavam praticamente no sistema 4×2, exceto a URSS, que já empregava o 5×1. Foi a primeira participação do Japão, que inovou com o saque flutuante. As moças apresentaram maior precisão e por pouco não venceram as russas na decisão. Os rapazes jogavam com bolas rápidas e fintas ainda incipientes.

Sem dúvida, a equipe tcheca era a mais técnica de todas, fazendo jus à sua posição de campeã mundial (1956). Economizavam energia, utilizavam muito o bloqueio adversário (exploradas para fora) e seus ataques tinham direção certa, sem muita força. Perderam na final para a URSS.  A URSS predominou, por muito tempo, como a equipe de maior vigor físico e estatura. Tinha potência de ataque invejável, deslumbrando os espectadores com seu incrível bate-bola (aquecimento) com cortadas cravadas muito próximas à rede. Única equipe a jogar com um levantador (camisa 12, Georgy Mondzolevsky) e possuir o “melhor sacador” do mundial – o camisa 6, Yury Pojarkov – de saque balanceado (chamado americano), inclusive executando a corrida para a batida na bola. Era extremamente violento e dificílima a sua recepção, pois, lembramos, ainda não era empregada a manchete. E, recepcionar de toque era tarefa inglória, mesmo para os melhores passadores. Não houve emprego das cortadas de gancho, muito utilizadas no mundial anterior. Nosso único executante era Lúcio, que pouco atuou. E, ainda, não era permitida a invasão no bloqueio, fator que representava o maior índice de reclamações contra as arbitragens.

1964. Novas regras para o bloqueio: a invasão por cima durante o bloqueio ainda era proibida, mas permitido aos bloqueadores um segundo toque. Os primeiro torneios Olímpicos de Voleibol jogados em Tóquio (13 a 23 de outubro) contemplaram 10 equipes masculinas e 6 femininas. Estreia oficial do emprego da manchete.

1968. Recomendação do Congresso do México para a utilização das antenas como limite do espaço aéreo da rede, para facilitar as decisões da arbitragem (bolas por fora).

Saques – Altos tinham raros praticantes, embora as quadras favorecessem, pois eram raros os ginásios. Em 1953, Paulo Castelo Branco (Sírio e Libanês), sacava muito além dos refletores (o atual “jornada”). Os refletores eram colocados sobre a quadra de voleibol, “acompanhando” as linhas laterais, a uma altura relativamente alta. No Brasil da década de 40, alguns juízes proibiam a utilização deste saque, punindo com perda da vantagem, pois prejudicava a visão do recepcionador.

Recepção  

1960 – Utilização de excelente toque por cima até o mundial do Rio.

1962 – Surge a manchete; uso do toque em condições especiais (mundial de Moscou).

1964 – Utilização predominante da manchete (Olimpíadas de Tóquio); obrigatoriedade no Brasil de recepcionar de manchete; surpresa no Torneio Início carioca.

Defesa

1960 – De toque até o Mundial; alguns gestos com um dos braços e mão fechada.

1962   – Introdução da manchete em defesa de cortadas.

1964 – Utilização plena da manchete na Olimpíada.

Bloqueio

1964 – Até a Olimpíada de Tóquio somente no próprio campo; a partir daí, permissão para invadir após o ataque adversário; retorna a permissão para o 2º toque.

Regras 1920-50

Regras nas décadas de 20 e 30

O voleibol é um dos esportes que mais sofreu alterações nas regras. Inicialmente procurou-se dar maior ênfase às jogadas de ataque e, logo depois, pensou-se mais seriamente em termos de defesa. As mudanças tiveram como objetivo tornar o esporte cada vez mais atraente, o que contribuiu para levá-lo à condição de segundo na preferência popular. Da criação do vôlei, em 1895 até a década de 50, foram feitas inúmeras modificações nas regras. Nesse período, como foi criado nos EUA, os americanos ditaram as normas do jogo. Sua influência só foi minimizada com o surgimento da Federação Internacional, em 1947.    

Em sua fase inicial técnicos e dirigentes não perseguiam uma linha de pesquisa que beneficiasse o desenvolvimento do esporte e as Regras. A linha de treinamento era ditada e focada em privilegiar o ataque em detrimento da defesa, justificada até pela atração que o gesto de atacar (com violência) exerce sobre os jovens, especialmente os rapazes. As técnicas individuais (e coletivas) de defesa sempre foram negligenciadas e, até nossos dias, relegadas a segundo plano por técnicos, treinadores e “entendidos”, nas palavras de Sílvio Raso. Para se entender a evolução do esporte, importante é conhecer as regras vigentes cientes de que, a cada “descoberta” – um golpe na bola, uma providência tática – tudo poderá determinar uma rápida evolução. Para tanto, é importante que tiremos lições do passado e caminhemos a passos largos no presente, sem perder de vista as novas gerações. 

Regras Americanas. Logo após à criação do voleibol decidiu-se pela demarcação de uma linha de dribbling, que conteria a zona de dribbling a uma distância de 1,20m da rede e paralela a ela. A bola podia ser tocada no ar todas as vezes que o jogador desejasse até ser enviada para o outro lado, desde que não entrasse na zona de dribbling. Isto tornava o jogo mais atraente, com toques de parte a parte, permanecendo a bola mais tempo no ar (ralis longos). A linha central surgiu em 1921 para limitar os dois campos e conter “invasões”  de quadra – voluntárias ou não – que pudessem importunar os adversários. Assim, eram duas as linhas: a de dribbling e a central. A primeira desapareceria algum tempo depois para reaparecer como linha de ataque em 1951.     

– Como tornar conhecidas as Regras no mundo inteiro? Em 1939 o Guia Anual de Referência da Associação de Voleibol dos Estados Unidos (USVBA) e as regras oficiais do jogo de voleibol deram as informações necessárias e propiciaram um fórum onde experiências e ideias emanadas de diferentes fontes puderam ser trocadas. Durante a Guerra milhares desses guias foram distribuídos pelo mundo.    

Regras no Brasil. Enquanto isso, no Brasil eram raríssimas as informações a respeito. Sem intercâmbio e comunicações precárias, ressentíamo-nos da falta do conhecimento sob todos os aspectos do treinamento: técnico, tático e preparação física adequada. Vamos encontrar alguns aspectos das Regras em 1938-39 em artigo de uma página publicado na Revista de Educação Física do Exército – EEFE (1938) que retransmito, optando por manter os termos utilizados na obra apócrifa. As inovações introduzidas por ocasião do I Torneio Aberto da Associação Cristã de Moços (ACM), no Rio de Janeiro retratam bem a preocupação dos aficionados do voleibol em tornar o jogo mais rápido, movimentado e mais atraente. As alterações foram traduzidas pela Comissão encarregada da organização daquele torneio e percebe-se a grande preocupação e influência exercida pela ACM e a EsEFEx no desenvolvimento do voleibol. Destaco o relato de Aguinaldo Mendonça (1911-2004) sobre a participação da equipe do Icaraí Praia Club (IPC), de Niterói, no II Torneio Aberto de Volley-Ball promovido pela ACM no Rio de Janeiro, patrocinado pelo jornal Correio da Manhã. Eram vinte equipes compostas pelos melhores jogadores dessas duas cidades, sendo três times de Niterói. As partidas foram disputadas em “3 jogos de 15 pontos” (dois sets vencedores) e sistema de “dupla eliminatória”. Aliás, constava do regulamento uma observação para os menos avisados: “se no último jogo o vencedor invicto for derrotado, haverá um encontro para desempate do 1° lugar”. Não houve necessidade, o IPC ganhou todos os jogos.  Eis as Regras e alguns comentários que tomei a liberdade de acrescentar para uma maior visão histórica dessa evolução:  

Arbitragem e saque – Foi suprimida a necessidade de o juiz apitar ANTES de cada saque: ele apitará apenas o início da partida. Saques subsequentes poderão ser realizados sem esperar por aquele apito. Atribuía-se grande vantagem ao fato, uma vez que o time que fizesse o ponto e logo se apoderasse da bola poderia sacar antes que os adversários tivessem tempo de se refazer da jogada anterior. A medida visava imprimir maior movimentação ao jogo: jogadores permanentemente atentos para não serem surpreendidos pelo saque adversário.    

Cera – É vedado ao time que perder o ponto reter a bola ou fazer cera para esfriar o jogo do adversário, sob pena de perda do ponto. Uma vez que a bola deveria ser entregue imediatamente ao time contrário para nova saída, alguns atletas faziam-no de forma bastante lenta, rolando-a na direção de qualquer outro atleta adversário, exceto o sacador. Quando o faziam utilizando os pés (chute), os juízes chamavam sua atenção e, se reincidentes, punidos com perda de ponto (falta técnica). Em outros casos, os jogadores não se colocavam propensos a se deslocar e repor a bola para os adversários, alegando “não ser sua obrigação”. Quase sempre algum espectador o fazia voluntariamente.      

Cruzes de marcação – A Regra determina que os jogadores estejam nas suas respectivas áreas delimitadas por dois “X” no campo, que o divide em 6 zonas iguais.    

Linha de defesa – Em 1922, foi criada a linha de defesa. Possivelmente, a de dribbling. Em continuação, sinais foram feitos no chão em 1935. Denotava-se preocupação em evitar que os jogadores trocassem de posição (atacantes e defensores) deliberadamente. As “cruzes” permaneceram provavelmente até o final da década de 30, quando foram extintas. Mais tarde, em 1950, cedeu lugar à linha de ataque ou de 3m. O rodízio obrigatório (1923) contribuiu para posicionar e dar transparência às posições dos atletas na quadra. Muitos anos depois, em 1997, a linha de ataque seria estendida em 1,75m com faixas tracejadas.

Parede – Não era permitido agruparem-se na frente do sacador fazendo barreira a fim de dificultar a visão da trajetória da bola. Conhecida também como cortina. Certamente, alguns se aproveitavam discretamente do expediente para dificultar a visão dos adversários. Com a continuidade, foi reprimido. Foi criada em 1952 e permaneceu até 1959. Era permitido aos atletas inclusive levantarem os braços. Em seguida foi abolida esta permissão (levantar os braços), mantida ainda a barreira e, em 59, abolida definitivamente. Atualmente, os atletas da rede podem manter os braços erguidos, como numa ação preparatória para bloqueio, desde que afastados uns dos outros, sem a intenção precípua de dificultar a visão dos adversários. 

Tempo de descanso – Cada time tem direito a pedir tempo para descanso (1 min) duas vezes em cada jogo (set). As interrupções para substituições de jogadores não serão consideradas de descanso.    

Ataque – As cortadas devem ser nítidas e “insofismáveis”. Bolas carregadas ou conduzidas serão rigorosamente marcadas pelo juiz. Os atacantes deverão dar preferência às cortadas de soco (mão fechada), que são de maior eficiência, se bem que mais difíceis de empregar.    

Defesa – As novas regras permitem dois ou mais contatos com a bola, desde que sejam consecutivos e resultantes da mesma jogada. É fácil imaginar a dificuldade de se produzir uma defesa quando o outro time empregar cortadas violentas e de soco. Nesses casos, são tolerados dois contatos com a bola, devendo, entretanto, ficar bem entendido que o jogador não poderá fazer senão uma tentativa ou jogada para bater a bola. Cabe exclusivamente ao juiz julgar se a bola foi emendada (corrigir falta ou defeito com um toque a mais; acrescentar um toque) ou se os contatos foram produzidos pela violência imprimida à cortada.    

Substituições – Durante o jogo poderão ser feitas substituições no time. O jogador substituído tomará o lugar do que se retira; os demais conservarão suas posições, não podendo haver alterações na ordem de saque. O jogador substituído poderá voltar ainda uma vez ao mesmo jogo (set) no lugar de QUALQUER jogador.