Glossário (VI, final)

Por fim, apresento alguns termos relativos ao Toque e ao Uniforme.

Lembro aos companheiros que me visitam que esta série estará permanentemente aguardando sugestões para inclusão e/ou correção. Suas contribuições só enriquecerão o Glossário, proporcionando uma visibilidade e compartilhamento deveras relevante. Aguardo-os a todos.

 

 

 

 

TOQUE:   

  • Toque (de bola) – Passe realizado com as extremidades dos dedos, com ambas as mãos. 
  • Toque (na bola) – A bola pode ser tocada com qualquer parte do corpo; não deve ser retida ou conduzida; pode tocar várias partes do corpo,  desde que simultaneamente. 
  • Levantamento – Toque realizado (geralmente o 2º) pelo levantador para um dos atacantes. Excepcionalmente, de manchete.  

 Bater (na bola) – Toque com uma das mãos ou qualquer parte do corpo.

  1. Conduzir ou carregar – Retenção demasiada nas mãos.
  2. Contatos múltiplos – Consecutivos; ocorrem durante ação de bloqueio.
  3. Contatos simultâneos – Ocorrem em ações de defesa de ataques violentos.
  4. Dois toques – (antigo) Falta no toque com ambas as mãos, com ruído; permitido (1994) na primeira bola.
  5. Levantadas – Costas, frente, alta, baixa, de lado, de manchete.
  6. Limpo – Sem falta.
  7. No bloqueio – Tocada no corpo (mão ou braço) do bloqueador.
  8. Toque – Contato com a bola com qualquer parte do corpo.
  9. Toque (por baixo) – Abaixo da linha da cintura.
  10. Toque com os pés – Permitido a partir de 1994.

  

UNIFORME:  Consiste em camisa, calção, meias e tênis; devem ter a mesma cor; o líbero deverá ser diferenciado. 

  1. Faixa (capitão) – Identifica o capitão da equipe.
  2. Numeração – Camisa devem estar numeradas, na frente e nas costas.
  3. Tênis – Da mesma cor em competições da FIVB (adultos).
  4. Uniforme – Similar para todos, exceto o líbero.

Glossário (V)

 

REDE: Divide a quadra em duas áreas ocupadas pelas equipes contendoras.   

  1. Altura – Medida do solo à extremidade superior; atual: 2,43m (masc) e 2,24m (fem).
  2. Banana – Bola que toca a rede no bordo superior e ultrapassa para a quadra adversária.
  3. Entrada (de) – Posição IV (do atleta); extremidade esquerda de ataque.
  4. Espaço aéreo – Espaço livre.
  5. Espaço livre – Espaço acima da área de jogo livre de osbtáculo (mínimo de 7m).                                                                                                                    
  6. Extremidade (ou ponta) – Lateral extrema da rede; próxima à antena. 
  7. Faixa (lateral) – Delimita extremidade da rede (1976).
  8. Medir (a) – Aferir altura regulamentar.
  9. Meio – Posição intermediária.
  10. Montar (a) – Preparar para o jogo; armar ou esticar entre os postes.
  11. Saída – Posição II (do atleta); extremidade direita de ataque.
  12. Tocado (pela) – Resultado de forte cortada.
  13. Tocar (na) – Contato com a rede é falta; exceto acidentalmente (1994).

 SAQUE: Ação de colocar a bola em jogo pelo jogador defesa-direito posicionado atrás de linha de fundo (zona de saque). Primeira manifestação de ataque. 

  1. Americano (tipo) – Balanceado, executado de lado para a rede (equipe americana, 1955).
  2. Americano (com corrida) – Balanceado, com deslocamento em direção à quadra.
  3. Área (ou zona) – Atrás da linha de fundo; variou de 3m para os atuais 9m.
  4. Ataque ao saque – Proibido com a bola na zona de ataque e acima do bordo superior da rede (1984).
  5. Balanceado (japonês) – Bola tocada com movimento circular do braço; bola “sem peso” ou flutuante. (ver Flutuante)
  6. Bloqueio (de saque) – Proibido a partir de 1984. (ver Ataque ao saque)
  7. Caçar (jogador) – Tático; dirigido ao jogador deficiente na recepção.
  8. Carregado – Preso ou conduzido.
  9. Colocado – Ver Tático.
  10. Com corrida – Com deslocamento atrás da linha de fundo.
  11. Com defeito – Imperícia do executante.
  12. Com efeito – (inglês, spin serve) A bola ganha velocidade graças ao efeito produzido, dobrando-se o pulso no momento do contato (giro sobre o próprio eixo).
  13. Com força – Forte, violento.
  14. Com salto – Execução mediante salto anterior do atleta. (ver Viagem)
  15. Conduzido (preso) – Sem soltar a bola.
  16. De costas – Atleta coloca-se de costas para a quadra adversária antes da execução.
  17. Direito (de saque) – Ganho pela equipe que marcou um ponto.
  18. Tentativas – Facultadas 2 tentativas na execução, a exemplo do tênis.
  19. Flutuante – Ver Balanceado.
  20. Japonês – Ver Balanceado.
  21. Jornada (nas estrelas) – Trajetória muito alta e, com efeito; bola atinge altura de 25m. (ver paraquedas e spin service)
  22. Lateral – Por baixo, com o executor de lado para a quadra.
  23. Paraquedas – Empregado em 1949-50 (tchecos); altura da trajetória da bola de 8m. (ver Spin service e Jornada)
  24. Por baixo – Executado no nível da cintura.
  25. Por cima – Executado acima do nível dos ombros.
  26. Preso – Execução sem soltar a bola. (ver Conduzido)
  27. Queimar – Bola que toca a rede.
  28. Recepção (do) – 1º toque da equipe após execução do saque adversário.
  29. Sacador – Atleta que momentaneamente ocupa a posição I (defesa-direito)
  30. Saque alto – Trajetória da bola é alta.
  31. Sem peso (balanceado) – Pode ser realizado mesmo com o tipo tênis, ou por baixo.
  32. Serviço – Do inglês service; saque.
  33. Spin service – (inglês) Executado pelos americanos na década de 40, precursor do jornada. (ver Pára-quedas e Jornada)
  34. Tático – Colocado; dirigido a uma determinada área ou atleta.
  35. Tênis – Tocar a bola com uma das mãos acima da linha dos ombros.
  36. Tocando a rede – Permissão a partir de 1995.
  37. Viagem (ao fundo do mar) – Jogador lança a bola para o alto e para frente e, com salto, bate nela em direção à quadra adversária.
  38. Zona de – Inicialmente, delimitada em 3m (1948); posteriormente, em 9m (1994).

  (continua)

Glossário (IV)

Dando seguimento à apresentação do Glossário, apresento alguns termos utilizados a respeito de Jogador e Jogo

JOGADOR: Indivíduo que joga por hábito, profissão ou lazer. 

  1. Atacante – O que produz ataque, geralmente por cortada.
  2. Bloqueador – O que bloqueia ataques contrários; permitido somente aos jogadores de ataque (posições II, III e IV).
  3. Cobrir (um atleta) – Ação de defesa geralmente empregada junto ao(s) bloqueador(es).
  4. Cortador – Aquele que predominantemente executa cortada (ataque).
  5. De ataque – Atacante; momentaneamente nas posições II, III e IV; diz-se também jogador de rede.
  6. De defesa – Momentaneamente nas posições I, V e VI; diz-se também do líbero.
  7. Diagonal (rel. ao jogador) – Relativo à posição na quadra (ordem de saque); posições limítrofes entre atacante e defensor (VI e III; I e IV; II e V).
  8. Levantador – Aquele que predominantemente prepara (levanta) a bola para ser atacada (2º toque de uma equipe).
  9. Líbero – (em italiano, livre); 7º atleta; especializado em defesas e recepção, que não pode atacar, bloquear ou levantar na zona de ataque com as mãos; introduzido na Regra em 1988. No Brasil (1984), era o jogador que atacava do fundo.
  10. Mão-de-seda – De excelente toque de bola; que toca a bola sem ruído ou infração. 
  11. Reserva – Jogador não escalado para o início da partida ou set. 
  12. Titular – Jogador que inicia a partida ou set. 

JOGO: Partida; o jogo sofreu muitas modificações, mas a ideia original da rede entre os dois quadros opostos ficou de pé. 

  1. Ace – (inglês = um ponto) Ponto de saque quando a bola vai diretamente ao solo sem ser tocada por qualquer jogador.
  2. Apontador – Responsável pelas anotações da súmula; mesário.
  3. Aquecimento (bate-bola) – Troca de toques entre jogadores; cortadas utilizando a rede.
  4. Árbitro (1º e 2º) – Denominação a partir de 1957; anteriormente: juiz de baixo e juiz de cima; ou juiz e auxiliar (ver Equipe de arbitragem).
  5. Bandeirinha – Juiz de linha; fiscal de linha; compõe Equipe de arbitragem.
  6. Barreira (cortina, parede) – Situação que antecede o saque, em que os jogadores de ataque da mesma equipe se colocam lado a lado, dificultando a visão dos adversários; proibida em 1959.
  7. Bola de graça – Bola lançada para o adversário sem conotação de ataque.
  8. Bola em jogo – A partir do momento do golpe de saque.
  9. Bola fora de jogo – A partir do momento em que uma falta é assinalada por um dos árbitros.
  10. Bola perdida – Quando não há qualquer possibilidade de recuperação durante um lance da partida.
  11. Boleiro – Menores recrutados para auxiliar na reposição de bolas.
  12. Cadeira (do árbitro) – Antes, cadeira em que o juiz subia para presidir o jogo; assento situado no topo de uma escada (com dois pés).
  13. Capitão – Previsto na Regra; jogador identificado para a função por sua liderança e experiência.
  14. Cartão (de indisciplina) – Indicativo de advertência (amarelo) e punição (vermelho).
  15. Cera (fazer) – Artifício empregado para interromper o jogo.
  16. Chave – Tática de uma equipe efetuada por dois ou mais jogadores; jogada; combinação (termo do basquete, usado nas décadas de 40 e 50).
  17. Condução – Jogador carrega a bola, sob a forma de puxada, ou mesmo no toque demorado; empurrar, puxar.
  18. Cortina – Ver Barreira, parede.
  19. Decisivo (set) – Em inglês, tie-break; 5º set; set de desempate.
  20. Direito de saque – Equipe ganha com o erro do adversário (vantagem).
  21. Disputa – Competição; rivalidade.
  22. Enxugador – Pessoa recrutada para enxugar a quadra.
  23. Equipe (de arbitragem) – 1º e 2º árbitros; um apontador e quatro (dois) juízes de linha.
  24. Equipe (de jogadores) – Limitado a doze atletas; obrigatório 6 na quadra de jogo.
  25. Escrete – Ver scratch.
  26. Esfriar – Fazer cera; provocar retardamento.
  27. Falta técnica – (antiga) Penalidade imposta a um componente da equipe; aplicação do cartão vermelho (atual).
  28. Fair play – (inglês = jogo limpo) Cortesia; conduta adequada.
  29. Fiscal de linha – Ver Equipe de arbitragem (juiz de linha); bandeirinha.
  30. Gandula – Aquele que apanha e devolve as bolas que saem da quadra (boleiro).
  31. Infiltração (penetração) – Deslocamento (após o saque) de um jogador de defesa em direção à rede.
  32. Instruções – Esclarecimentos técnico-táticos passados aos atletas.
  33. Internacional (categoria) – Disputado em três sets vencedores (1950).
  34. Interrupção (do jogo) – Regulamentado no cap. 5 da Regra.
  35. Invasão (de quadra) – Ultrapassar a linha central com os pés ou as mãos.
  36. Invasão (por baixo) – Geralmente, com o pé, que bastava tocar a linha central; posteriormente, mão e pé podem tocar a quadra adversária, desde que também permaneça em contato com a linha.
  37. Jogo (1º, 2º e 3º) – (jogo = set) Era composto de dois jogos; o 3º era o decisivo (melhor de 2 jogos vencedores). A partir de 1957, cinco sets (melhor de 3 sets vencedores).
  38. Jogo de desempate – (ver Decisivo); jogo ou série de jogos entre duas equipes após o torneio regular para determinar o campeão (em inglês, playoff); pode referir-se também ao set decisivo (tie-break).
  39. Jogo na rede – Ações dos atletas ao longo da rede durante uma partida.
  40. Juiz – Ver Árbitro (1º e 2º).
  41. Juiz (de baixo) – Ver Equipe de arbitragem.
  42. Juiz (de cima) – Ver Equipe de arbitragem.
  43. Juiz (neutro) – Ver Equipe de arbitragem.
  44. Juiz (principal) – Ver Equipe de arbitragem.
  45. Líbero – 7º jogador com funções predefinidas na Regra (1997); anteriormente, no Brasil, atacante que não recepcionava o saque.
  46. Melhor de dois – Ver Jogo
  47. Melhor de três – Ver Jogo
  48. Mesário – Apontador (ver Equipe de arbitragem)
  49. Minivoleibol – Pedagogia específica para ensino de crianças.
  50. Nível – Qualidade técnica de uma equipe ou jogador.   
  51. Parede – Ver Barreira, cortina.
  52. Partida – Jogo; composta de três a cinco sets.
  53. Pedido de tempo – Interrupção regulamentada (Cap. 5 da Regra).
  54. Penetração – Ver Infiltração.
  55. Posição (dos jogadores, sentido anti-horário) – Linha de ataque (na rede: II, III, IV) e linha de defesa (V, VI, I).
  56. Placar – Indica a contagem dos pontos; é da responsabilidade do apontador.
  57. Ponto morto – Área da quadra desguarnecida. (ver Zona morta).
  58. Pontos por rali – Cada infração é ponto para o adversário (1988); substituiu o sistema “com vantagem”.
  59. Jogo por tempo – Experiências internacionais (1ª) em 1941; no Brasil em 1997, abandonada em 1998.
  60. Posição do jogador – Relativo à ordem de saque durante o saque.
  61. Preliminar – Partida que antecede um outro jogo principal.
  62. Pressão da bola – Pressão interna contida na câmara de ar.
  63. Rali – (inglês rally = duelo) Tempo em que a bola permanece em jogo decorrente do saque até alguma infração.
  64. Rodízio – Movimento dos jogadores em sentido horário para ocupar novas posições na quadra; rotação.
  65. Rotação – Ver Rodízio.
  66. Scracht – (inglês = escrete) Seleção; muito difundido nas décadas de 50 e 60.
  67. Set – (inglês = set) atualmente divisão do jogo até o 25º ponto (ou 15º). No Vôlei de Praia = 21 e 15 pontos.
  68. Set decisivo (tie-break) – Atualmente o 5º set; último (jogo) de desempate de uma partida.
  69. Set point – (inglês = último ponto) Momento em que uma equipe tem a oportunidade de ganhar o set.
  70. Set(s) vencedor(es) – Forma de disputa; necessário vencer 3 sets para ganhar a partida.
  71. Sorteio – Realizado antes do jogo e antes de um set decisivo.
  72. Sinalização – Comunicação gestual entre os intervenientes de uma partida.
  73. Sistema de – Composição tática de uma equipe: 3×3, 4×2, 5×1.
  74. Súmula – Documento oficial de registro da partida.
  75. Tempo da TV – Previsto na Regra no 8º e 16º pontos dos 4 primeiros sets; tempo comercial.
  76. Tempo de descanso – Paralisação do jogo a pedido do técnico ou capitão; tempo técnico. (ver Pedido de tempo)
  77. Tempo entre sets – Intervalo para troca de quadra das equipes.
  78. Tempo comercial – Ver Tempo (da TV).
  79. Tempo técnico – Ver Pedido de tempo.
  80. Tentativa de saque – Experiência encerrada (Brasil, 1998); duas tentativas.
  81. Tie-break – (inglês) Set (5º) decisivo de uma partida.
  82. Time – (inglês, team) Aportuguesado: equipe.
  83. Tocar a rede – Qualquer toque com o corpo ou parte dele.       
  84. Troca (de posição) – Relativo à posição da ordem de saque.
  85. Vantagem (sistema de) – Equipe ganha o direito de sacar; término em 1997 (ver Direito de saque).
  86. Virar (a rede) – Atacante tem sucesso no ataque e ganha a vantagem.
  87. Voltar o ponto – Repetição de rali.
  88. Voltar o saque – Ver Voltar o ponto; utilizado no sistema de vantagem.
  89. Zona morta – Região da quadra temporariamente desguarnecida; ponto morto.
  90. W.O. – (inglês Walk Over = passar por cima) Abreviação (WO); competição ganha devido à ausência do oponente.

(continua)

 

Glossário (III)

Dando continuidade aos textos sobre o Glossário, apresento desta feita a terminologia empregada em Bloqueio e Bola

BLOQUEIO: Movimento defensivo permitido somente aos três jogadores de ataque que, com braços e mãos erguidos sobre a rede, tentam evitar o ataque adversário. 

  1. Atrás do – Área geralmente desprotegida e propícia à largada.
  2. Cobertura – Proteção à área desprotegida atrás do(s) bloqueador(es).
  3. De saque – Proibido em 1984; inclusive o seu ataque na área dos 3m.
  4. Duplo – Movimento de 2 jogadores numa mesma ação junto à rede para impedir o ataque adversário; invenção tcheca (1938).
  5. Explorar – Ação do atacante direcionando a cortada contra as mãos do oponente com a intenção de, a seguir, não possibilitar sua recuperação.
  6. Invasão – Criada em 1951, consolidada após as Olimpíadas de 1964.
  7. Linha de – Ou linha de ataque, ou linha limite (1950); impedia que jogadores altos (na defesa) viessem a bloquear junto à rede.
  8. Ofensivo – Levar as mãos até próximo da bola (invadido) para interceptar o ataque na quadra adversária (toco).
  9. Simples – Movimento de um jogador numa mesma ação junto à rede para impedir o ataque adversário.
  10. Toco – Realizado próximo à bola, que resulta direcionada diretamente para baixo, próxima aos pés (dos oponentes) e à rede.
  11. Toque no – Não mais computado entre os 3 permitidos para uma equipe (1976).
  12. Triplo – Movimento de três jogadores numa mesma ação junto à rede para impedir o ataque adversário.

BOLA:  Esférica, com capa feita de couro flexível e a câmara interior feita de borracha ou material similar. 

  1. Bico – Equipamento que compõe a bomba; a ser introduzido na válvula.
  2. Bomba – Aparelho com que se enche a câmara de ar.
  3. Câmara de ar – Invólucro interior de borracha, enchido com ar e pressão determinada pela Regra; bexiga, câmara de borracha.
  4. Cordão (com) – Produz o fechamento manual dos gomos sobre o apêndice da câmara (tripa) (anterior a 1950).
  5. De graça – Devolução ao adversário sem intenção de ataque (pôr em jogo).
  6. Em jogo – Após o apito do árbitro para reinício do jogo e até que ele apite interrompendo a jogada.
  7. Fora – Bola que toca o solo fora dos limites da quadra.
  8. Gomos (com costura) – Identificam a forma de confecção da bola; as costuras passam por suas extremidades; de couro ou material sintético.
  9. Gomos (sem costura) – Gomos são colados à fina teia entre a câmara de ar e o tecido sintético superficial.
  10. Morta – Identificada pela interrupção de um lance pelo silvo do apito  do árbitro.
  11. No ar – Considerada em jogo.
  12. Por em jogo – Ver De graça.
  13. Por fora (da quadra) – Momentaneamente fora dos limites da quadra, mas ainda em jogo.
  14. Sem cordão – Totalmente costuradas a mão e com válvula; a partir de 1950.
  15. Válvula – Parte da câmara de ar que permite a introdução do ar e a respectiva calibragem; local em que se introduz o bico da bomba.

   (continua)

 

Jabulani vs. Mikasa

Influência da Bola no Saque

Imagem: The University of Adelaide.

Durante os jogos da Copa do Mundo na África do Sul, as atenções estiveram voltadas especialmente para a bola oficial do certame – a Jabulani. Em alguns momentos, estive dialogando (entre blogues e e-mails) com um amigo que, de certa forma provocou-me. Dizia ele que (…)”Para atletas em alto nível, a bola do jogo tem muitos mistérios já desvendados com grande esforço e que, devidamente aproveitados, levam à vitória. Uma alteração importante em suas características – como parece ter ocorrido agora – pode anular anos de treinamento e tirar-lhes uma arma tática preciosa”. E concluía que os futebolistas de técnica individual mais refinada  são os que mais têm a perder com a mudança. A seguir relata suas experiências de busca de uma “intimidade” com a bola de voleibol, pois foi exímio atleta nas décadas de 50 e 60. Eis alguns trechos: ” A curiosidade decorreu em relação ao saque… com a observação do fabuloso e temido serviço das japonesas”; “Bola e saque, com aquela precisão nipônica, sugeria aplicações da Física, sobretudo da Dinâmica, com o uso dos conceitos de quantidade de movimento, velocidade e turbulência entre outros”. Pretendia melhorar seu desempenho e concluiu que “deveria executar um saque em que a bola se deslocasse parada, sem movimento de rotação”. (A bola que se jogava no Brasil na década de 60 era fabricada pela Drible G-18, com 18 gomos em sua face externa.) Percebeu, então, que a bola não era “homogênea, porque havia um peso um pouco maior no ponto em que a válvula era colocada e seu posicionamento em relação à área do golpe na bola teria influência sobre o desvio objetivado na fase final da trajetória, imediatamente antes de chegar ao defensor”.  E concluiu que por ensaios e erros descobriria qual o melhor ponto de impacto que deveria sofrer a bola: “Foi o que eu fiz para chegar a um saque desagradável para meus adversários: aquele em que o movimento da bola se tornava instável ao chegar ao defensor e descrevia o chamado swing, isto é, flutuava aleatoriamente”. Resgato, ainda, o comentário final que pretendo debater mais adiante: “Atualmente, o saque passou a ser predominantemente violento (dado com pulo e gesto de cortada). Saques que tenham swing (flutuantes ou bola parada) e confundam os defensores são cada vez menos relevantes, inclusive porque a sua defesa de toque é agora permitida e o toque não precisa ser perfeito como na regra antiga, o que facilita a recepção”.

Comentário por Roberto Pimentel (9.6.2010)

Destaco alguns aspectos que influenciam a flutuação da bola e que não me passaram despercebidos também no meu empirismo ao tentar ensinar o saque dos japoneses para crianças no Tijuca Tênis Clube em 1971. Inicialmente, a distância que a bola percorrerá (por isso o recuo máximo do atleta que o executa). Em seguida, a trajetória mais conveniente que se deve imprimir à bola. Em terceiro, o movimento balanceado do braço de modo a preservar as articulações do executor e, ao mesmo tempo, imprimir velocidade à bola. Por último, o toque na bola, com uma única flexão do polegar, de modo que se evite o impacto com a palma da mão, o que se traduziria em movimento de rotação na bola qual o saque americano muito bem executado pelo russo camisa 6, Yury Pojarkov no Mundial de 60 no Brasil. Além disso, o dedo flexionado no momento do impacto de alguma forma penetra na bola produzindo um movimento elástico, isto é, de ida e volta imediato, provocando um possível balançar, que será acrescido na sua descendência na quadra adversária pelas desigualdades da camada de ar. Não são estudos cinesiológicos, mecânicos ou físicos, apenas livre pensar. Espero ter contribuído se não para esclarecer, mas para acirrar um debate construtivo graças à sua brilhante e oportuna apreciação sobre a influência da bola no jogo.

Comentário do interlocutor:

“No saque atuam sobre a bola em movimento – quando ela se desloca parada – duas forças componentes: uma horizontal decorrente de sua quantidade de movimento; outra vertical, devida ao seu peso. Há um momento em que a bola, depois de percorrer certa distância (e ultrapassar a rede), atinge a velocidade crítica, em que a resultante dessas duas forças passa a dirigi-la para o solo. Nesse momento, as variações de resistência do ar, a heterogeneidade da bola e as forças turbilhonares que sobre ela atuam podem gerar a flutuação. Distância da linha de saque, altura e intensidade do golpe na bola definem o lugar do campo adversário em que a velocidade crítica será atingida. Esse dedo flexionado que penetra na bola é science fiction ou algo psicológico que não posso explicar muito bem… Aliás, cuidado com ele”.

Foi-me sugerida a leitura do seguinte artigo, que pode ser visto na íntegra no endereço: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/ Destaco um trecho interessante ao nosso diálogo:

Bola e aerodinâmica (Redação do Site Inovação Tecnológica, 10/06/2010 – Físicos explicam aerodinâmica da Jabulani, a bola da Copa) – “A Jabulani tem uma textura com pequenos sulcos e ‘aero ranhuras’, e representa uma ruptura radical com a bola Teamgeist ultra-suave, que foi utilizada na última Copa do Mundo. A nova bola é de fato mais rápida, faz curvas de forma imprevisível e é sentida como sendo mais dura no impacto. Os físicos afirmam que a maior dificuldade em lidar com a Jabulani deverá ser sentida pelos goleiros. Embora a Fifa tenha normas rígidas sobre o tamanho e o peso das bolas, eles não dispõem de regulamentação sobre a superfície externa das bolas. A Jabulani tem uma textura com pequenos sulcos e ‘aero ranhuras’, e representa uma ruptura radical com a bola Teamgeist ultra-suave, que foi utilizada na última Copa do Mundo. A Teamgeist foi uma grande tacada na última Copa do Mundo. Como ela era muito lisa – muito mais lisa do que uma bola de futebol comum – ela tinha uma tendência a seguir uma trajetória mais curva do que a bola convencional, e a cair mais repentinamente no fim da sua trajetória. Em comparação, os sulcos aerodinâmicos na Jabulani têm tendência a criar uma turbulência em volta da bola suficiente para sustentar seu vôo por uma distância maior, e é uma bola mais rápida, mais dura no jogo. A expectativa é que a Jabulani faça mais curvas do que qualquer bola encontrada anteriormente. Os jogadores também estão descobrindo novas oportunidades para lançar a bola de maneira errática, para desespero dos melhores goleiros do mundo. Ao atingir o goleiro, a Jabulani terá desviado e mergulhado, chegando com mais força e energia do que a Teamgeist, conclui o físico”.

Comentário por Roberto Pimentel (29/6/2010)

Destaco duas assertivas dos físicos, encampadas pelo meu interlocutor: 1) A nova bola (…)  é sentida como sendo mais dura no impacto; 2) Ao atingir o goleiro, a Jabulani terá desviado e mergulhado, chegando com mais força e energia do que a Teamgeist. Não pretendo polemizar, pois me falta a instrução científica. Quando coloquei o assunto pensei estar-me aculturando e estendi-me pensando também nos meus leitores. Futuramente colocarei este assunto no procrie. Como pude observar pela leitura da revista Veja, há coisas acontecendo que os olhos não podem ver. Esta é uma delas. Assim, se a cabeça de um indivíduo pode “entrar” na bola (dura), por que não o seu dedo numa bola mais macia? Como diria o Padre António Vieira, “há olhos de ver e olhos de enxergar”. Ainda bem que a ciência não é mais exata como antigamente e, sendo assim, tudo pode acontecer apesar das tentativas de explicação, que certamente não passam de teorias ainda não comprovadas. Lembro ainda que a FIVB alterou a calibragem (para menos) das bolas, tanto na praia como no indoor visando preservar os atletas dos impactos. Dessa forma, bola mais vazia, penetrações mais profundas.

(Para ampliar clique na imagem)

Imagem: Revista Veja.

E agora, o que dizer às crianças sobre o aprendizado do saque japonês, aquele balanceado? Devem ou não colocar o dedo? Vamos fazer uma enquete a esse respeito? Aguardo a opinião de todos vocês!

 

Evolução do Jogo e Linguagem (II)

Terminologia (no Brasil)

A arbitragem passou a ser definida pela FIVB a partir de 1953 e constantemente é revisada. Em 1980, no seu 17º Congresso, ficou estabelecido que as Regras do jogo fossem traduzidas para três linguagens: francês, inglês e espanhol. A FIVB também decidiu que o Congresso Técnico realizado por ocasião das Olimpíadas é o fórum ideal para qualquer alteração das Regras. 

A TV Entra em Cena. Atualmente está também disponível na Internet. Para se comunicar com os jogadores os árbitros utilizam preponderantemente sinais convencionais incluídos no livro das Regras. Entretanto, entre os próprios atletas, técnicos, aficionados e público em geral, existe uma linguagem bem específica, dominante, que determina e qualifica as ações e seus intérpretes durante uma partida de voleibol. Reforçando este pensamento, recordo-me de que o locutor Luciano do Valle, tão logo negociou com a CBV as transmissões das partidas de voleibol a partir da campanha do Sul-Americano no Brasil (Sto André- SP, 1981), apressou-se em conhecer o jargão voleibolístico para evitar gafes. Foi uma preocupação louvável de sua parte e bastante profissional. A firma de Luciano era a Novo Ciclo, ele ainda locutor esportivo da TV Globo e este foi o início de uma nova era do voleibol no país com a entrada da TV na transmissão dos jogos.

Acompanhem a partir desse momento o Glossário que lhes preparei: 

ATAQUE: Toda ação de enviar a bola para a quadra adversária, exceto saque e bloqueio.

  1. Aquela (between) – Jogador do meio da rede salta para bater bola chutada, mas o ataque é executado pelo jogador da entrada, que bate entre o levantador e aquele.
  2. Balanceada (de gancho) – Usada na década de 50 (ver Ataque de gancho).
  3. Batida de mão fechada – Com o punho cerrado; mão fechada.
  4. Batida – Toque com uma das mãos na bola com violência; principal meio de ataque.
  5. Bola alta – Com levantamento alto.
  6. Bola carregada – Conduzida, puxada.
  7. Bola chutada na ponta – Após levantamento de bola rápida na extremidade da rede.
  8. Bola chutada no meio – Após levantamento de bola rápida no centro da rede; pelo meio.
  9. Bola chutada – Após levantamento com bola rápida e trajetória baixa.
  10. Bola de 2 tempos – Finta do cortador: finge saltar para bola de tempo e salta num segundo tempo.
  11. Bola de fundo – Realizado atrás da linha de ataque pelo jogador de fundo (de defesa).
  12. Bola de prima – Ver Bola de primeira.
  13. Bola de primeira – Primeiro passe proporciona um ataque; levantada direta para um dos atacantes, sem passar pelo levantador.
  14. Bola de saída – Ataque na saída de rede.
  15. Bola de segurança – Com levantamento alto na extremidade da rede.
  16. Bola de tempo – Com levantamento baixo e rápido e junto ao levantador; mexicana; tempo na frente e tempo atrás.
  17. China – Realizado com corrida e salto numa só perna, quase sempre com levantamento atrás do levantador.
  18. Com força – Potente, forte.
  19. Combinado – Série de combinações de uma equipe.
  20. Conduzida – A bola permanece tempo demasiado na mão; é retida.
  21. Cortada – Batida (saltando) com uma das mãos na bola em direção à quadra contrária.
  22. Cortada com corrida – Ver China.
  23. Cortada de soco – Batida na bola com a mão fechada (ver Cortada).
  24. Cravar (cravada) – A bola toca o solo adversário próximo à rede; violenta.
  25. De fundo – Executado por um jogador de defesa, com salto atrás da linha dos 3m.
  26. Degrau – Rápido; 2 jogadores saltam quase simultaneamente.
  27. Deixadinha – Leve toque na bola, buscando espaço vazio próximo à rede; largada.
  28. De segurança – Com levantamento alto numa das extremidades da rede.
  29. Diagonal – Indica a direção da bola em relação à linha lateral.
  30. Dismico – Finta na bola de tempo (meio); 2º jogador (saída) ataca por trás daquele (no meio da rede).
  31. Dismico da chutada – Levantamento da dismico (2º) é rápido.
  32. Do saque – Saques lentos, com trajetória próxima à rede, podiam ser bloqueados ou atacados (até 1984).
  33. Enfiada – Mão espalmada, com leve retenção da bola (ver Puxada).
  34. Entrada (de rede) – Na posição IV; quase sempre “De segurança”.
  35. Explorar (o bloqueio) – Intencionalmente, lançar a bola para que toque o bloqueio e caia fora do campo.
  36. Finta – Movimento para iludir o adversário.
  37. Gancho (de) – Executado com movimento giratório do braço.
  38. Largada – Ver Deixadinha.
  39. Manivela – Ver Ataque de gancho.
  40. Mão espalmada – Usada inicialmente para puxadas; a mão aberta é empregada para todos os ataques.
  41. Meia batida – Ver Sem força.
  42. Meia bola – Próxima ao atacante, nem alta nem baixa.
  43. Mexicana – Cortada rápida junto à rede, pelo meio da quadra; bola de tempo.
  44. Paralela – Indica direção da trajetória da bola no ataque em relação à linha lateral. 
  45. Ponta – Executado numa das extremidades da rede (entrada ou saída).
  46. Prima (de) – Ver Bola de primeira; nomenclatura abreviada. 
  47. Primeira (bola) – Simulação de cortada para ludibriar bloqueio; um segundo jogador realiza o ataque.
  48. Primeira (de) – Ver Bola de primeira.
  49. Puxada – Mão espalmada, com leve retenção da bola (ver Enfiada).
  50. Rápido combinado – Combinações de ataque da equipe com jogadas rápidas.
  51. Saída (de rede) – Lateral direita da rede; posição em que o jogador sairá da rede para o saque (posição II).
  52. Sem força – Executado sem emprego de força; utilizada por jogadores muito técnicos.
  53. Socada – De soco; cortada com a mão fechada.
  54. Tempo (de) – Ver Bola de tempo.
  55. Tempo de bola – Conjugar a aproximação, o salto e o toque na bola.
  56. Xeque – Bola que ultrapassa a rede e propicia ataque imediato do adversário.

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(continua)

 

Evolução do Jogo e Linguagem (I)

Praxiologia

A Praxiologia é “uma ciência ou teoria epistemológica que estuda as ações humanas, o comportamento e suas leis, induzindo conclusões operacionais”. Neste instante ela nos propõe a realização de uma verdadeira radiografia do jogo de voleibol quando buscamos desvendar seus segredos e sua riqueza gestual. Como participante e observador privilegiado, mostro aos leitores as ações motrizes, os relacionamentos e o íntimo dessa atividade.

Expressão corporal. Para tanto, sirvo-me da contribuição de Jean Le Boulch que nos ensina que o ato de se expressar consiste em exteriorizar uma ideia e um sentimento por uma reação corporal inconsciente, mas controlada, possuindo um caráter de evidência para o interlocutor. Apesar das possibilidades de inibição e de controle que se podem exercer sobre a mímica e a gestualidade, apesar das possibilidades de simulação e de dissimulação, a expressão do corpo revela mais sobre a pessoa do que a expressão oral. A atitude positiva ou negativa para com outrem se manifesta necessariamente por reações tônicas que se inscrevem nos músculos do rosto: “Olha a cara que ele fez!”. Concluindo ele nos fala:  

 “(…) A expressão somática e, particularmente, as variações tônicas traduzem fielmente as reações afetivas e são, portanto, significativas do modo como é vivida a relação consigo mesmo e com outrem. O homem é inseparável da expressão pela qual ele se revela a outrem”.

Realizando certos gestos, os indivíduos fornecem indícios a outros indivíduos que lhes respondem. É desse modo que o comportamento não verbal aparece como um elemento importante da comunicação e da percepção de outrem. Nessa troca de pessoa a pessoa, a linguagem oral e a linguagem gestual estão intricadas; a linguagem por gesto reforça na maioria das vezes a linguagem falada e acentua-lhe o lado expressivo. Esta associação da palavra e da mímica decuplica as possibilidades de projetar-se e de expressar-se. Mas, inversamente, a existência destas duas linguagens complementares pode acarretar discordâncias voluntárias ou inconscientes: às vezes a mímica trai sentimentos desmentidos pelas palavras.

Evolução do Jogo. Faço um alerta aos leitores mais jovens para que estejam atentos à terminologia que encontrarão nos textos a seguir. Muitos termos traduzem a concepção, a forma e até a técnica empregada no voleibol desde longa data. É evidente e praticamente impossível realizar um glossário completo, mas como base para um trabalho mais exaustivo de mestrandos – voleibol ou linguística – creio que já é um bom começo. Peço desculpas aos meus leitores de outras regiões deste nosso imenso Brasil por só ter contemplado termos utilizados no Rio de Janeiro, mas como sabem, é aqui a “minha praia”. Assim sendo, acompanhem-me nesse périplo e ajudem-me na recordação dos fatos. 

Comunicação em Voleibol. No glossário procuro traduzir diversos aspectos de comunicação nesse relacionamento entre os personagens, pois para entendermos a fala de alguém não é suficiente que entendamos suas palavras, mas temos que compreender o seu pensamento e, mais ainda, precisamos conhecer a sua motivação: “entre a palavra e a intenção existe um grande abismo”.  Há uma estreita relação entre o pensamento e a palavra num processo vivo, uma vez que o pensamento nasce através das palavras. Porém, esta relação não é algo já formado e permanente; surge ao longo do desenvolvimento do indivíduo e também se modifica.

Entendimento. O entendimento mútuo pode ser obtido por meio de uma fala completamente abreviada quando duas mentes se ocupam do mesmo sujeito. Ao contrário, mesmo com a fala integral, pode ocorrer a falta total de entendimento, uma vez que os pensamentos das pessoas seguem trajetórias diferentes. Quaisquer pessoas que atribuem significado diferente à mesma palavra ou que sustentam pontos de vista diferentes não conseguem se entender. Como Tolstoi notou, “aqueles que estão acostumados ao pensamento solitário e independente não aprendem com facilidade os pensamentos alheios e são muito parciais quanto aos seus próprios; mas as pessoas que mantêm um contato mais estreito aprendem os complexos significados que transmitem uma à outra, por meio de uma comunicação lacônica e clara, que faz uso de um mínimo de palavras”. (Vigotski)

Sentido da palavra. As palavras têm um significado definido e constante, mas num determinado contexto podem adquirir um sentido intelectual e afetivo muito mais amplo; esse enriquecimento que o sentido lhes confere a partir do contexto é a lei fundamental da dinâmica do significado das palavras. Dependendo do contexto, uma palavra pode significar mais ou menos do que significaria se considerada isoladamente: a) mais, porque adquire um novo conteúdo; b) menos, porque o contexto limita e restringe o seu significado. Além disso, a inflexão revela o contexto psicológico dentro do qual uma palavra deve ser compreendida. Quando o contexto é claro fica possível transmitir todos os pensamentos, sentimentos e até mesmo toda uma sequência de raciocínios em uma só palavra. (Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem, Vygotsky, Luria, Leontiev, 1988)

(continua)

 

Evolução do Jogo e das Arbitragens (I)

Influência das arbitragens nos jogos   

Nesses textos confundem-se Arbitragem e Evolução do Jogo, uma vez que apitar um jogo sem critérios definidos torna-se dificílima a tarefa dos maiores protagonistas dos espetáculos – os jogadores. Embora a Regra do jogo fosse única para todos os países, as precárias condições de comunicação e intercâmbio – não havia a TV e muito menos a Internet – facultavam ao árbitro que participasse de um evento maior do calendário da FIVB (p.ex., um Mundial) que, ao retornar, ele (o árbitro), fosse o “dono da verdade” e soberano nas suas colocações. Era de se supor que interpretasse corretamente (sic) as decisões tomadas nos Congressos Técnicos. De regresso ao país somente o próprio sabia o que deveria ser feito e, no máximo, passava alguns detalhes aos seus pares, e a Confederação pouco divulgando ao público interessado as alterações e suas interpretações. Acrescentem-se as más traduções realizadas para o português por tradutores talvez profissionais, mas que desconheciam o jargão do voleibol. A este respeito tive a felicidade de dar minha contribuição, embora mínima, à elaboração das Regras editadas em 1998 no Brasil referentes ao período 1997-2000. Recebi inclusive um breve elogio dos responsáveis pela COBRAV, Jorge de Mello Bettencourt, o Jorginho, e o árbitro Josebel Palmeirim: 

Da COBRAV

“Para o amigo Roberto Pimentel, certos do muito que você contribuiu com a elaboração deste livro. Um forte abraço do Jorge Bettencourt e Josebel Palmeirim, em 21.9.1998”. 

Levou algum tempo para que a CBV estipulasse um critério para as arbitragens no Brasil. O principal mentor dessa iniciativa foi o próprio presidente da entidade – Carlos Arthur Nuzman – que, mesmo durante os jogos, observava e tratava de advertir os árbitros quanto à sua conduta e atitudes. A FIVB em boa hora cuidou também para que o tema fosse universal. Aliás, emitiu cartilhas para todas as atividades pertinentes: cursos, regras, organização de campeonatos, transferências etc.        

Artigos e Críticas. Percebam alguns fatos e decisões de especialistas a respeito dessa difícil tarefa de julgar e fazer cumprir as regras do esporte. Vejam que a forma e os critérios das arbitragens não eram tratadas com os treinadores e muito menos com os jogadores. Muitos deles tiveram suas carreiras de atletas encerradas precocemente por tais circunstâncias. Aplicou-se a Lei de Darwin: “sobrevivem os que melhor se adaptam e não os mais fortes”. Como veremos mais à frente, o caos maior no Brasil foi em 1964, logo após as Olimpíadas de Tóquio, quando os árbitros cariocas impugnaram tempestivamente qualquer recepção por toque – “tinha que ser de manchete” – certamente por decisão superior que até hoje ninguém sabe de onde partiu. E, pior, sem qualquer aviso prévio aos interessados, os atletas.   

1. Não Sabemos Apitar Volleyball no Brasil (Ney Bianchi, cobertura do Mundial de Paris, Jornal dos Sports, 1956)      

Fala o presidente da Comissão de Arbitragem: “Não se assustem com a derrota de nossas moças frente às coreanas do norte. A rigor, elas jogam muito bem (o voleibol é o esporte nacional da Coréia), são calmas (e as nossas nunca o foram), têm um índice de ataque e saque excepcionais e estão acostumadas com as arbitragens daqui, que são como as nossas antigas, antes de aparecerem por aí os sabichões, os entendedores, os homens que sobem numa cadeira e liquidam a partida só com apitos”. Foi característica a palestra que mantivemos com Begilomini, no ginásio Barão de Pierre de Coubertin. O presidente da Comissão de Arbitragem do Campeonato esclareceu à reportagem: “Em razão da importância da competição e o valor das equipes presentes, nós decidimos adotar uma arbitragem com tendência para a severidade, pelo menos nas Poules (Chaves) Finais. Nas Chaves de Classificação, recomendamos aos juízes que fossem condescendentes, que facilitassem o jogo. E eles estão fazendo exatamente isso”. Agora vamos esclarecer. A arbitragem aqui não chega aos pés do que é aí no Brasil, onde um juiz sozinho ganha o jogo. A severidade aqui permite que o jogador coloque a bola que apanha por baixo com as duas mãos espalmadas, que efetue o passe com uma só mão. As defesas de cortadas e saques podem ser feitas sem nenhum perigo de marcação e desde que a bola permaneça no ar é válida. Para o europeu o voleibol se resume na lei universal que criou o jogo: enviar a bola sobre a rede com um máximo de três toques, esforçando-se para fazê-la cair no campo rival. O mais importante aqui é que o jogador consiga jogar a bola no chão adversário. Aí, sim, é ponto ou vantagem. Agora essa questão de tocar mal ou tocar bem, desde que não agrida frontalmente a regra (na concepção européia, é lógico) é supersecundária. Aqui, realmente, se joga voleibol com a finalidade para a qual ele foi criado! De uma coisa podemos estar certos. Pode ser que os resultados técnicos de nossas equipes não sejam muito bons. Todavia, a lição que nos ficará das arbitragens é relevante e deve ser estudada profundamente pelos nossos dirigentes. A CBV tem obrigação de IMPOR no Brasil inteiro o critério adotado pela FIVB, que é de facilidades (para eles severidade). É preciso evitar que de uma vez por todas os nossos juízes acabem com um jogo conforme entendem. Tudo o que foram dizer no Brasil sobre o Mundial de Moscou, o Europeu (último) e o sistema de arbitragens aqui é mentiroso ou então foi veiculado por leigos no assunto. Para nós, a satisfação de constatar o critério europeu pessoalmente foi uma satisfação, de vez que vimos confirmadas todas as crônicas que publicamos em séries aí e as quais foram em muitas ocasiões taxadas de presunçosas pelos “Donos da Bola”. Cumpre, portanto, que os dirigentes providenciem imediatamente para que possamos jogar o Voleibol Internacional.

Relembro os árbitros em 1956: Adib Simão, Edson Fonseca, Eduardo Menezes, Erasmo Delorme Batista, Jair Osmindo, Luciano Luiz José de Queiroz, Luciano Segismondi, Mário Miranda, Melchior Fernandes, Newton Leibnitz, Oduvaldo Lins, Pedro Moraes Sobrinho, Sérgio Freire, Valdemar Miranda, Valdir Ferreira Melo, Valter Alves, Wilson de Lima.

 2. Juízes Persistem nos Mesmos Erros (Arlindo Lopes Corrêa, Correio da Manhã, 1964)       

O flagelo das más arbitragens continua sendo desencadeado contra o voleibol carioca. O problema gira em torno da adoção do novo critério para punição de faltas cometidas no toque de bola, pois a regulamentação realizou-se intempestivamente e sem o devido trabalho prévio de elucidação aos interessados. Após as Olimpíadas, temos a certeza, tudo voltará ao normal e o esporte da rede poderá sobreviver e continuar agradando ao público, hoje abandonando gradualmente as quadras em face da mediocridade dos confrontos, decididos pelo saque e sem o colorido especial de outrora, suas manifestações de beleza, seu ambiente empolgante. Mudará porque, obviamente, o rigorismo dos juízes será abrandado e o mito do toque de bola será desfeito: os observadores brasileiros dos Mundiais de Moscou (Valter Alves e o técnico do Flamengo) pecaram fundamentalmente ao deixar-se impressionar pela atuação de um ou dois árbitros fracos, que destoavam dos demais juízes do certame internacional e puniam com excessiva severidade as jogadas de passe, recepção e levantada. Tanto é verdade que houve exagero, que os periódicos guanabarinos publicaram declarações de dirigentes de países europeus, da Cortina de Ferro, que lamentavam as exigências e diriam ser necessário – caso tal critério persistisse – que o número de toques fosse elevado de três para quatro. Assim, pela falta de bom senso e, em muitos casos, pela ignorância dos assuntos tratados no Congresso de Moscou, todo o voleibol brasileiro está sendo ludibriado por alguns espertos que querem fantasiar-se de pioneiros ou vencer campeonatos impondo, às suas vésperas, um novo sistema de arbitragem para o qual prepararam suas equipes durante alguns meses. A reação, entretanto, cresce e o Sr. Valter Alves, “o bandeirante do voleibol moderno” está sofrendo críticas severas e acabará afastado do quadro de árbitros da entidade, pela sua atuação falha, atendendo às queixas dos dirigentes da AABB e Fluminense.       

Após as Olimpíadas de 64, o que se viu no campeonato carioca foi uma aberração! Os jogadores foram “obrigados” pelos árbitros a recepcionar os saques de manchete, levantar de manchete e, caso não conseguissem o ataque por cortada, deveriam devolver a bola à quadra adversária também de manchete. 

Lembro os juízes e oficiais de mesa em 1964: Alberto Jorge Teixeira, Antônio Aurélio F. Carvalho, Armando Coelho, Elias Xavier de França, Floriano Manhães Barreto, Glênio Guimarães, José Alves de Souza, José Fernandes Tude Sobrinho, José Tavares, Luciano Segismondi, Mário Gomes de Almeida, Mário Miranda Barbosa, Milton de Almeida, Nelmo Pragana, Newton leibnitz, Oduvaldo da Silva Lins, Ronaldo Baranda, Sérgio Freire, Therezinha A. Moraes, Waldyr Ferreira de Mello, Walter Alves, Wilson B. França, Wilson Costa e Wilson de Lima.

(continua)

Mercado de Atletas

Transferências Internacionais

O Brasil passava por uma gravíssima crise em sua economia, ostentando uma inflação galopante no final da década de 1980 de mais de 80% ao mês, o que inviabilizava qualquer proposta de patrocínio aos atletas de voleibol. Durante algum tempo ficamos reduzidos a 4 ou 5 equipes no vôlei masculino. No setor feminino não foi diferente. A corrida de atletas de ponta para o vôlei de praia foi também prejudicada, uma vez que não havia ainda um calendário de competições, sempre esporádicas e com prêmios que não compensavam. Deu-se então o êxodo para a Europa. A CBV tentou ainda conter  esta leva de jogadores de ambos os sexos, sobre taxando as transferências, especialmente de figurantes e ex-atletas de seleções brasileiras. O então presidente, Carlos A. Nuzman, alegava grandes perdas em investimentos realizados por anos com aqueles atletas. Houve muita celeuma em torno do tema, inclusive com ações na Justiça  para preservar o direito de ir-e-vir dos atletas. 

Êxodo para Portugal e Itália. Sempre realizadas via CBV, que tratou de aumentar significativamente suas taxas para atletas que tenham figurado em seleções brasileiras. Nesse ano de 1988 houve uma “corrida” de jovens valores para a Europa, especialmente Portugal e Itália. Ao final do ano, p.ex., somente atletas filiados à Federação do Rio de Janeiro: Erick Gustavo Veiga Brun (Portugal) e, para o voleibol italiano, Antônio Carlos Gueiros Ribeiro, Marcus Vinícius Simões Freire, Dulce Thompson de Carvalho, Fernanda Emerick das Silva, Heloísa Helena Santos Roese e Jacqueline Louise Cruz e Silva.

Critérios de Transferência da CBV

a) Quando o atleta não tenha jogado por nenhuma seleção brasileira (150 OTN).

b) Quando o atleta que tenha jogado pela seleção brasileira com mais de 30 anos, inclusive (150 OTN).

c) Quando o atleta que não tenha jogado por nenhuma seleção brasileira, esteja na lista de  selecionáveis para qualquer seleção brasileira ou que tenha até 17 anos de idade (330 OTN).

d) Quando o atleta tenha jogado pela seleção brasileira e possua menos de 25 anos, inclusive (1.100 OTN).

e) Quando o atleta tenha jogado pela seleção brasileira adulta há mais de 2 anos (830 OTN).

f)  Quando o atleta tenha jogado pela seleção brasileira adulta nos últimos 2 anos ( 1.650 OTN).

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Valor da OTN em abril: Cz$ 951,77 (válida até 30/4/1988).

Nota: as taxas serão corrigidas todas as vezes que a OTN sofrer variações, na mesma proporção.

 

Registro e Inscrição

Do Regulamento Geral dos Campeonatos da FEVERJ – Federação de Voleibol do Estado do Rio de Janeiro para a temporada de 1988, destacamos do TÍTULO III, DOS ATLETAS; CAPÍTULO I – DO REGISTRO E INSCRIÇÃO:

Art. 20 – Não poderá obter registro ou tê-lo-á cassado em qualquer época quando:

(…)

e) Não tenha satisfeito, quando procedente de outra Entidade Nacional ou estrangeira, as condições da Lei de Transferência em vigor.

§ Único – O atleta, registrado na Federação, fica obrigado ao cumprimento das Leis da Entidade.

Art. 22 – A transferência de atleta, de uma associação para outra, poderá ser feita em qualquer época, observadas as normas e Leis vigentes.

Art. 23 – Para transferência de uma associação para outra associação filiada à Federação, o atleta estará sujeito ao pagamento de uma taxa de transferência.

Art. 24 – O atleta transferido, que tenha participado de partida oficial, representando qualquer associação, não poderá representar outra na mesma competição.

Art. 25 – A transferência definitiva ou cessão temporária é a única forma legal que dá condição ao atleta de volley-ball para trocar de Clube.

Transferências. As transferências (inscrições) em 1988 – obedeciam a prazos que poderiam variar de atleta para atleta. As Federações retransmitiam os despachos da Confederação Brasileira de Volleyball – CBV. Assim, por exemplo, 

Nota Oficial (NO) da FMV nº …….. de …….. : “Tomar conhecimento da NO nº16/88, da CBV que trata do Cancelamento de Inscrição de atletas com os seguintes dizeres: “Face o Termo de Cancelamento de Inscrição cancelar a inscrição das atletas abaixo relacionadas pelo Tijuca T. C. e inscrevê-las pela AABB (Tijuca).

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Inscrição de Atletas

Pelo Tijuca T. C.

Ref. CBV nº 33.975 -…. (nome do atleta) – até 31//dezembro/88. (prazo)

BOLA OFICIAL (NO nº20, de 11/3/88) – E sobre a utilização da bola nos jogos promovidos pela Federação, foi oficializada por despacho da presidência o acordo realizado com a empresa fabricante. 

a) Presidência. “A bola de Volley-Ball oficializada pela Federação de Volley-Ball do Rio de Janeiro para os Torneios e Campeonatos será da marca PENALTY”.

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Notas sobre a moeda brasileira – Cruzado – no período de grande conturbação econômica no país e taxas altíssimas de inflação mensal:

Cruzado = moeda criada pelo Plano Cruzado em 28/2/86; 1 Cz$ = mil cruzeiros novos.
Obrigações do Tesouro Nacional (OTN) = por conta do Plano Cruzado em que se procedeu ao congelamento de preços, a ORTN mudou para OTN e foi congelada durante o período de 1 ano com o valor de Cz$ 106,40.
Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional (ORTN).

Material e Equipamentos (II)

Proteção aos pés

Existem três coisas de que o pé necessita, nas quais um calçado pode ajudar:

amortecimento

proteção

tração

 

 

Etapas da pisada. (Considerações relativas à corrida. Fonte: Internet)

Impacto – Chegada do pé ao solo nos deslocamentos. Coloca-se até 7 vezes o peso do corpo no calcanhar. É necessário amortecer este impacto.

Aterrisagem – O pé inteiro chega ao solo. Precisamos de estabilidade (equilíbrio) na entressola.

Impulso – Empurramos o chão para iniciar um novo movimento.

Características básicas. Análises e recomendações de pesquisadores a respeito das características que um tênis de alta performance deve ter.

Amortecimento – Corredores pisam com uma força de 2 a 3 vezes o peso do próprio corpo, jogadores de tênis chegam a pisar com uma força de até 4 vezes o próprio peso e os jogadores de basquete atingem uma força de até 10 vezes. Para estes atletas é importante que exista um sistema de amortecimento que neutralize o maior número possível de forças e impactos, evitando assim uma possível lesão. No caso de atletas de voleibol, em que os saltos são constantes, destacam-se dois momentos de extrema importância: o momento da impulsão e da queda no solo, esta última quase sempre realizada num dos pés.

Estabilidade – É a habilidade que o calçado tem de manter o centro do pé firme em relação à entressola durante o movimento. Ë adquirida através de materiais como poliuretano, couro natural, estabilizadores e entressolas pré-moldadas com paredes laterais (Footframe).

Durabilidade – Refere-se à resistência e ao tempo de vida dos materiais utilizados nos produtos. Alguns atletas com estilo agressivo necessitam de calçados capazes de suportar movimentos bruscos e destruidores.

Leveza – Influi diretamente na performance do atleta. Quanto mais leve o calçado, maior será o conforto e o desempenho do atleta.

Flexibilidade – Proporciona conforto, agilidade e maior articulação dos movimentos dos pés, contribuindo para o melhor desempenho do atleta.

Tração – Refere-se à aderência do solado do calçado ao solo, proporcionando maior firmeza e arranque para o atleta. Para terrenos acidentados, um solado com cravos proporciona maior tração.

Ajuste – Acomodar centralizadamente e com firmeza o pé ao calçado proporciona maior estabilidade e conforto, resultando maior desempenho. Calçados para prática de basquete e voleibol precisam se ajustar firmemente aos pés, pois nestes esportes o atleta executa muitos saltos e movimentos laterais, aumentando a possibilidade de lesões.

A Moda. No período que chega até meados da década de 60, eram raros os fabricantes, a indústria de calçados era incipiente e os modelos de tênis ainda duros e pouco amoldáveis aos pés. O hábito ou a moda de usar tênis só se instalou no Rio de Janeiro no final da década, junto com o jeans, substituto das calças americanas, com sua marca mais famosa Lee. O movimento estudantil (França), os Beatles e a pílula anticoncepcional mudaram o mundo, revolucionando velhos costumes e imprimindo uma nova filosofia de vida, especialmente entre os jovens. E os costumes, a forma de se vestir, não ficaram de fora, passando a um jeito irreverente de ser. Com as calças jeans, vieram também os tênis de diversos matizes e formatos. Já na década de 50 o rock and roll havia mexido com a cabeça dos jovens e o cinema americano moldava uma vez mais comportamentos estereotipados no mundo.

Tênis de basquete. Desde a década de 40 o basquete era o segundo esporte mais praticado no país. Dessa forma, era natural que os novos atletas de voleibol não tivessem opções maiores na escolha dos calçados, quase todos voltados para aquela modalidade: artefato de solado emborrachado e pesado, sendo a parte superior de lona de cor preta e cadarços que se estendiam até próximo do tornozelo. A sola continha ranhuras que preveniam deslizamentos.

A partir da década de 50, à reboque do início da industrialização do país, começaram a surgir os tênis brancos bem mais caros do que as populares congas, calçados frágeis, de solado ainda de borracha, com uma tênue lona colada na parte superior. Nesse período, havia exigência tanto nas escolas, como nas partidas oficiais, que os indivíduos utilizassem somente tênis brancos. Como a cor não era adequada para muitos – existiam modelos de várias cores – os jovens utilizavam o recurso de um giz próprio para alterar a coloração da lona nas aulas de Educação Física. Também não era raro que um ou mais atletas treinassem descalços em situação emergencial porque um dos calçados oferecesse desconforto ou tivesse chegado ao seu limite de utilização.