Da mesma forma como feito em 1951, estaremos reproduzindo a série de artigos publicados em um jornal carioca (não encontramos qualquer referência, inclusive do autor) referentes aos comentários do professor e técnico de voleibol Paulo Azeredo. Tal achado faz parte do acervo da família para o qual temos a primazia e autorização para a sua publicação. Mantivemos na íntegra o texto original, inclusive ilustrações. Como é extenso, também nós publicaremos a matéria obedecendo aos mesmos critérios do jornal.
Boas leituras!
Fonte: Acervo Paulo Azeredo, ANO 1951 – Pág. 50, Publicado no Jornal… (?)
Palavras-Chave (Tags): Mudanças nas Regras: Campo e Ordem de Saque – Interpretação e Arbitragem – Mundial de Praga, 1949 (Tcheco-Eslováquia, atual Rep. Tcheca)
Modificações Introduzidas no Volleyball
“No intuito de melhor informar nossos leitores e no de esclarecer certas dúvidas relativas à aplicação das regras de volleyball, passaremos a transcrever, na medida do possível, uma série de artigos sobe as modificações introduzidas nas regras de volleyball, por ocasião do Congresso Internacional de Praga, realizado entre 13 e 15 de setembro de 1949. Estes artigos são de autoria do prof. da E. N. E. F. D. , Paulo Azeredo, sem dúvida alguma, um profundo conhecedor desse esporte e que exerce, no momento, as funções de preparador técnico das representações do Fluminense F. C., que estão intervindo nos certames da F. M. V. Iniciando essa série publicaremos, hoje, os seguintes tópicos: Campo (marcação antiga e moderna), e Ordem de Saque. (ENEFED = Escola Nacional de Educação Física e Desportos; FMV = Federação Metropolitana de Volley-Ball)
Campo
A primeira modificação foi feita em relação à marcação do campo em zonas. Como é sabido no momento do saque os jogadores devem encontrar-se dentro das mesmas. Enquanto na marcação antiga o campo era dividido em seis zonas, o atual o é só em três, retangulares: nestas devem encontrar-se os jogadores no momento do saque, sendo que o atacante deverá estar sempre à frente do jogador de defesa de sua respectiva zona. Isto veio permitir maior deslocamento dos jogadores dentro das mesmas. Poderão movimentar-se dois a dois no sentido de profundidade sem que os outros das outras zonas sejam prejudicados. Inicialmente, isto se prestou a uma confusão por parte dos juízes, pois alguns achavam que esta movimentação era limitada de acordo com a colocação dos jogadores das outras zonas, quando na verdade uma independe da outra. Diziam estes (os juízes) que os jogadores da primeira zona ou esquerda, quando recuavam, o atacante esquerdo não podia ficar atrás do defesa centro e assim por diante. Ora, lendo-se e interpretando-se a regra, vê-se que o espírito da mesma não é este, levando-nos a acreditar que tenha havido má interpretação e confusão por parte dos mesmos (juízes). Ainda com referência à marcação do campo vemos uma linha paralela à linha central, traçada a três metros desta, chamada linha de ataque, o que nada tem a ver com as zonas retangulares no momento do saque, e sim, somente com a relação ao ataque, o que trataremos em ocasião oportuna.
Precisamos não esquecer que o deslocamento dos jogadores só é permitido em profundidade e nunca para os lados, de modo a invadir as outras zonas. É interessante lembrar que uma vez batida a bola por ocasião do saque, qualquer movimento dos jogadores dentro da quadra é permitido. Não é preciso que a bola ultrapasse a rede para que o sacador entre na quadra como muitos ainda julgam. Também, em se tratando de campos cobertos (ginásios) a altura mínima foi modificada: enquanto a antiga era de cinco metros, a atual é de sete.
Ordem de Saque
É muito comum, principalmente quando é conhecido o jogo (a maneira de atacar, bloquear etc.) dos adversários, nenhum dos dois quadros se colocar em campo primeiro para dar ordem de saque. Antes, a regra nada dizia a respeito, de modo que o jogo não se iniciava até que se entrasse em um acordo, ou que um cedesse, fazendo com que algumas vezes o jogo fosse retardado de cinco, dez minutos e às vezes mais. Com a nova regra vemos sanado o atraso na entrada dos quadros em campo, pois a mesma diz que: “antes de cada ‘set’ os capitães são obrigados a fornecer a ordem de saque ao apontador”.
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Em próxima postagem, as modificações que tratam do Saque, Troca de Campo, Colocação dos Reservas e Técnicos e Gráficos da Marcação do Campo. Aguardem.
Comentários do Autor: História do Voleibol no Brasil, 2 vol.; Pimentel, Roberto Affonso; no prelo.
Como se Jogava Voleibol no Brasil na Década de 40
Saque – Área de saque: 1,80m de profundidade e 3m de largura. Os dois pés tinham que estar atrás da linha de fundo até que a bola fosse golpeada, inclusive não poderia estar no ar. Não era válida a cortina ou barreira, entre o sacador e a outra equipe. Proibido o saque conduzido (preso) ou carregado. Em 1949, atletas tchecos surgem com novo tipo de saque de trajetória alta (no Brasil, paraquedas e, depois, jornada nas estrelas), além do que alguns pesquisadores relatam a existência também nessa década de um tipo de saque executado pelos americanos denominado spin service com idêntica característica. O tchecos repetiriam esse mesmo saque no México, em 1968, em partida contra a seleção japonesa.
Toque – Tinha que ser limpo e, na defesa, foi proibido conduzir ou carregar a bola. Contatos múltiplos só eram permitidos para os jogadores próximos à rede (parte anterior da quadra). Esses contatos poderiam ser com qualquer parte do corpo, acima dos joelhos e também nos bloqueios.
Contato com a rede – Considerava-se falta se o jogador fosse tocado pela rede como resultado de uma forte cortada, exceto no caso da terceira jogada.
Bloqueio – Só podia ser feito por um ou dois jogadores de ataque. Estava proibido o bloqueio triplo. Ainda assim, no bloqueio duplo, era falta se efetuado por jogadores que não estivessem em posições adjacentes. Assim, jogadores das extremidades da rede não podiam bloquear juntos. Por quase 20 anos o bloqueio foi uma parte do jogo NÃO incluído nas regras.
Jogo – As partidas eram disputadas em dois jogos – “primeiro e segundo jogo”. Se houvesse necessidade de um “terceiro jogo”, de desempate, a equipe com a pontuação mais baixa poderia solicitar “troca de quadra” quando a equipe contrária tivesse feito o oitavo ponto. O jogador que estava no saque continuava sacando após a troca. Ainda não era registrada a nomenclatura set.
Troca de Posição – As regras do jogo – americana e europeia – foram harmonizadas em 1947. Somente jogadores da linha de frente (ataque) podem trocar de posição para atacar e bloquear. A quadra com as medidas de 9m x 18m; e a altura da rede estabelecida em 2,43m para homens e 2,24m para mulheres. Somente na Ásia as regras eram diferenciadas: ”a quadra medindo 21,35m x 10, 67m, e a rede medindo 2,28m para homens e 2,13m para mulheres; não havia rotação dos jogadores na quadra, onde atuavam 9 atletas em três linhas”.
Infiltração – O primeiro Campeonato Mundial masculino foi realizado em Praga (1949) e vencido pela Rússia. Foi a primeira vez em que um jogador (russo) de defesa infiltrou para realizar um levantamento para três atacantes (origem do 5×1).
Novas Regras – Após a guerra, em 1949, as regras foram reescritas e simplificadas para facilitar a interpretação. Em particular, uma melhor definição da ideia de bloqueio, e a zona de saque limitada. Também estabeleceram que cada um dos jogadores se colocasse em suas respectivas posições durante o serviço; os pontos consignados incorretamente por um sacador deveriam ser anulados; os contatos simultâneos de dois jogadores deveriam ser considerados como um só toque; tempos para descanso seriam de um minuto, exceto em caso de lesão (até 5 min); e o tempo entre um set e outro foi fixado em 3 minutos.
Vôlei de Praia – Realizado o 1º torneio de vôlei de praia 2×2 em 1948.
Olimpíadas – Em 1949, o Comitê Olímpico Internacional negou a inclusão do voleibol nas Olimpíadas.
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