Professor de Vôlei (III)

3. Cursos de Formação Continuada

Guilherme, 10.7.2009 – Realmente a proposta do minivolei se perdeu pelo interesse mercantilista e se tornou até bem rentável visto que eu consigo montar quadras de minivolei por menos de R$ 250,00, muito abaixo do que é cobrado pela federação. Estou agora mesmo finalizando a remodelação da quadra do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro ( Engenho Novo) onde trabalho, com a montagem de 3 quadras dentro dos 3 espaços de 9 x 6 metros da quadra de Voleibol. Quando me referi ao conhecimento, o mais profundo possível, quis dizer exatamente o que você salientou. O professor ou a pessoa que trabalha na iniciação não está devidamente preparada. Num dos dois cursos de especialização de Voleibol que fiz, ( o de nível 3 da Confederação) fui perguntado ao final do curso por que eu havia decidido fazê-lo já que eu não era um dos ex-atletas e nem alguém do meio. Respondi que era exatamente para adquirir o conhecimento necessário daquilo que um atleta de voleibol precisa saber no alto nível para poder ludicamente mostrar às crianças iniciantes o caminho melhor  para se atingir o ápice. Talvez desta forma o futuro atleta consiga chegar com uma condiçao melhor e com muito menos erros a serem corrigidos já que isto também não é devidamente observado. Na maioria dos casos prefere-se ceifar aqueles que têm algum defeito. Não se corrige o jovem com alegações de não terem tempo para isto, eu diria que é mais por falta de não se saber corrigir. Um grande abraço e aguardo com bastante interesse o lançamento de seu site para continuarmos a trocar informações.

Roberto Pimentel, 10.7.2009 – Imagino que tenha ganho um grande parceiro nesta cruzada. E você citou algo que outrora muito me marcou. Trata-se da empáfia de alguns treinadores que, às vezes prestam um plantão nos cursos da Confederação e, nesta condição, parecem estar prestando um grande favor aos simples mortais que vão ali para arender e pagam por isto. Taxar um professor ou mesmo um indivíduo que não tenha sido federado – “não é do ramo” ou “do meio” – não dá direito a ninguém de ser tratado com tanto desprezo. Um amigo meu já passou por tamanho descalabro. É uma pena que continuem a ser solicitados pela entidade para instruirem os agentes educadores “do ramo”. E, mesmo assim, conheço vários que nunca jogaram voleibol, foram iniciados treinando mirins, infantis, simples auxiliares. Mais tarde, talvez por obra do “espírito santo”, tornaram-se os donos da verdade e acham que podem espezinhar os que lhe vão suceder. Realmente é uma pena! E tenho certeza de que são resquícios dos tempos de ditadura a que estivemos submetidos. Duvido que em algum curso no Brasil vão lhe dar informações a respeito da iniciação para crianças e até mesmo para adultos. Eles NÃO SÃO DO RAMO. Querem esquecer que um dia já tiveram que fazê-lo e não souberam. Podem até imaginar que se foram campeões com as suas equipes, receberam o diploma de capacitação. Pobres coitados… Se precisar de ajuda imediata no Pedro II fale-me. Creio que numa quadra com as dimensões do basquetebol você poderá dispor de 4 campos, abrigando pelo menos 36 alunos em prática constante. Ainda a respeito de seus primeiros dizeres (1ª aparição) aconselho-o a não se preocupar com a perfeição dos movimentos técnicos. Seria de bom alvitre que os alunos absorvessem as instruções para que possam se divertir e jogar. Para tanto, alguns detalhes podem facilitar a tarefa do professor. Posteriormente, a pouco e pouco, tem início as primeiras instruções para a melhoria da técnica individual, lembrando que pode ser feita “brincando”. Nada de coisas chatas! 

Guilherme, 10.7.2009 – Realmente você acertou em cheio como eu me senti fazendo o primeiro curso de especialização onde estavam vários figurões do Voleibol, alguns campeões olímpicos inclusive. E a dificuldade que alguns apresentavam diante de um probleminha simples era gritante mas prontamente abafada pelo Coordenador do curso ( o da empáfia). Claro tambem que nem todos os figurões tinham o mesmo comportamento. Sete anos depois encontrei-me com este mesmo Coordenador em um outro curso e percebi que alguma coisa havia mudado. Estava um pouco mais humilde e durante o curso confessou que precisava mudar a forma de apresentar o curso, dando uma maior importância à iniciação. Agradeço seu conselho e vejo que sempre estive num caminho adequado pois não tenho muito esta preocupação. Meus alunos tem a total liberdade de criar e sempre lhes apresento jogos e brincadeiras em que a exímia execução não faz parte do contexto. Tenho sempre o cuidado de apresentar o movimento de forma lúdica conforme aprendi com aquele que foi um de meus inspiradores ( Prof. Afonso MacDowell da UFRJ, deve ter sido de seu tempo também). Agradeço a sua ajuda e pode contar também com minha humilde colaboração. E lembre-se de me enviar o endereço do site quando estiver no ar.

Roberto Pimentel, 11.7.2009 – O minivoleibol na UFRJ?

Um pouco de história (experiência) sempre pode ajudar a construir o futuro e saber onde se está pisando. Isto ajuda a alicerçar os nossos pensamentos e idéias, que vão clarear os passos péla vida. Penso que conheço relativamenet bem o Professor Afonso e ele a mim, provavelmente desde 1959, desde o Botafogo. Ele é uma ou duas turmas após a minha na antiga Escola Nacional de Edução Física e Esportes (atual UFRJ). Conclui o curso em 1967. Sou pioneiro do minivoleibol no Brasil. A primeira manifestação deu-se em Recife (PE) em janeiro/1974, no primeiro dos dois cursos que ali realizei com o patrocínio do SESI-Nacional. Um outro curso (3 dias) foi em Santo André, em instalações também do SESI, com a participação de professores que se tornariam famosos no cenário esportivo do País, como Walderbi Romani (ex-técnico de seleção brasileira) e José Brunoro, que as novas gerações aprenderam a admirar por seus excelentes trabalhos em diversas áreas até nossos dias. Por diversos anos ofereci-me a universidades para realizar palestras e aulas-demonstração da metodologia que estava desenvolvendo e colocando em contraponto ao que se fazia em matéria de iniciação, inclusive na UFRJ. Somente o Paulo Matta, em 81, convidou-me para tal, no curso de técnica da UERJ. O Célio, na Gama Filho, junto com o seu auxiliar de ensino, o professor Luís Washington Cancela, também do Pedro II (São Cristóvão). Este, posteriormente, adquiriu o equipamento que produzo: três redes e os respectivos postes e bases para sua instalação. Algum tempo depois, o professor Vasco, adjunto na UFRJ aceitou meu oferecimento e lá estive em duas ocasiões. Na primeira, o Afonso estava aposentado; na segunda, havia retornado á cátedra, e assistiu minha aula sem qualquer manifestação ou comentário. Daí para frente, nada me foi dito nem perguntado. Ignoro… Existem mais coisas sobre o mini voleibol e sua metodologia que conto no livro que estarei lançando em breve sobre a História do Voleibol no Brasil.

Guilherme, 11.7.2009 – Estudei na UFRJ entre 1976 e 1980 e em nenhum momento foi mencionada a palavra minivoleibol. Fiz ainda a minha primeira especialização em Voleibol na UFRJ (1978) e também neste curso não houve menção alguma. Apenas bem mais tarde eu vim a conhecer esta metodologia através do Prof. Marco Aurélio por meio da Confederação que fazia demonstrações nas Escolas para vender o produto. Trabalho atualmente na Coordenação dos Jogos Estudantis de Duque de Caxias e consegui desde o ano passado implantar como uma das modalidades infantis o minivoleibol para desta forma obrigar aos professores das escolas do município utilizar de um meio lúdico para despertar o interesse de seus alunos pelo voleibol. Esta infelizmente tem sido a única maneira de conseguir que os professores trabalhem da forma adequada, pois o que se observava nos anos anteriores era uma sucessão de erros e de exigências absurdas que os professores impunham a seus alunos. O minivolei é jogado na categoria sub 12 e no voleibol infantil (até 14 anos) utilizo a mesma regra que a Federação Carioca utiliza no mirim, ou seja, a proibição do sistema 5 x 1, do líbero, do saque saltado e de 2 substituições no segundo set. Estou agora, se achar tempo, preparando uma apostila do minivolei para os professores já que temos um site específico dos Jogos e, através dele, coloco alguns textos para a reciclagem deles e gostaria de sua colaboração. Caso queira visitar o site acesse http://www.jogosestudantis.com.br.

Professor de Vôlei (II)

2. Problemas na Iniciação Esportiva

Roberto Pimentel, 20.6.2009 – Permiti-me resumir as dúvidas e dificuldades que relataram. Coloquei algumas outras para discutirmos e buscarmos as soluções, como uma “paradinha para pensar” e enxergar as questões de outro ângulo. Para termos ideias novas, criativas, inovadoras, opinião independente, temos que aprimorar primeiro os nossos sentidos. Não lhes parece o melhor caminho? Parece que não estamos sozinhos. Entrem na “comunidade do basquete” e observem o que dizem os professores a respeito da evasão de protagonistas no RS e em Barueri (SP): “Vão discutir o problema com a coordenadoria”. Estou inclinado a convidá-los para nossas discussões, pois não acham que têm as mesmas dificuldades?

Guilherme … (1) Metodologia não motiva – (2) Crianças não conseguem jogar – (3) Exercícios monótonos – (4) Solução: aplicação de pequenos jogos; redução da quadra; não exigência de técnicas apuradas.

(1) Convite a uma busca de uma Nova Metodologia, motivo dessas conversas. Como fazer? As “receitas” são muitas, mas não redundam em melhoria. Trata-se do grande abismo entre Teoria e Prática. (2) TODOS jogam a partir da 1ª aula, não importa a sua habilidade. É importante para que se sintam seguros, participantes, incluídos entre todos: “Sou capaz!” Os aspectos psicossociais estão inteiramente assegurados e prestes a se desenvolver com força. Como realizar esta façanha numa classe? No clube os “mais fracos” seriam alijados. Devo fazer o mesmo na escola ao dispensar da aula quem não quer jogar? Só jogam os melhores? (3) Utilizo muito material “alternativo” para CRIAR os exercícios. Todos praticam ao mesmo tempo e NÃO há preocupação com o gesto técnico. Inicialmente, o que importa é que as crianças consigam ter a sensação de que estão jogando. A pouco e pouco terão mais informações. Isto implica no que disse a respeito de ”produção, atração, envolvimento, brincadeiras”. (4) Está perfeito. Contudo, a condução da classe é outra questão. Ensinar não é uma ciência, mas uma arte.

Milton… (1) Escola ou clube? – (2) Práticas lúdicas e desafios – (3) Jogo em campo reduzido.

(1) Produzi treinos excelentes em clubes renomados do Rio; o Bernardinho aplicou no Centro Rexona, em Curitiba, o mini vôlei que me “encomendou” na Praia de Copacabana; o governo estadual do Paraná aplicou-o em várias escolas. Por que não daria certo? Qualquer mudança é traumática. Os novos profissionais são levados pelo sistema a resolver estes problemas práticos, aplicando certo número de “receitas” técnicas que representam fórmulas dogmáticas ultrapassadas durante anos. Não há tempo para parar e pensar? (2) Está certíssimo, desde que haja um planejamento das ações orientadas para o aprendizado da modalidade e respeitados aspectos psico-fisiológicos da criança. (3) Perfeito, porém não basta. Como fazer numa aula com 20-30 alunos? Como motivá-los? Classes mistas? E as diferenças?

Em outro momento, se estiverem interessados, vou dizer-lhes como consegui reunir 400 crianças (8-13 anos) em curso regular na “minha praia”.

Guilherme, 8.7.2009 – É bom saber que não estamos no caminho errado. Claro que a motivação da aula é de fundamental importância e é aí que se deve depositar todo principio da aula, treino ou jogo. A ludicidade com as crianças funciona principalmente com a diversidade de atividades e materiais, mas toco aqui num elemento que considero fundamental para o ensinamento de qualquer desporto. O conhecimento, o mais profundo possível, para que aquilo que se pretende alcançar, para que o aluno ou atleta execute o movimento de forma correta, para que os movimentos não sejam executados sem um intuito ou de forma dispersa. Pensar no se faz. E para isto a segurança em corrigir, demonstrar e explicar os objetivos depende deste conhecimento profundo. Seria interessante também a troca de experiências neste nível, pois só encontramos bibliografias e estudos do voleibol de alto nível ou competitivo. As bibliografias que versam sobre a iniciação são a meu ver falhas e sem muita objetividade, muito vagas e monótonas.

Roberto Pimentel, 9.7.2009 – Fico feliz pelo aceite à participação neste bate-papo sobre a Iniciação Desportiva. E está de parabéns pelas colocações. Você mexeu muito na minha cabeça grisalha para rebuscar coisas que possam ajudar-nos nesta missão.

“O melhor cérebro da Europa Hans Magnus Enzensberger, poeta e ensaísta alemão, é um raro exemplo de intelectual que sugere que se debruce sobre um assunto com a dedicação do especialista; todavia, ele se distingue dos especialistas pela variedade de questões às quais sua curiosidade o conduz”. (Veja, 24.6.2009)

No Brasil nunca houve indivíduos – muito menos cientistas – que se preocupassem com a Iniciação Esportiva. Pelo contrário, sempre foi uma área desprezada, entregue a pessoas também muito mal preparadas, verdadeiros curiosos ou “quebra galhos”. Você mesmo observou ao consignar que as bibliografias que versam sobre o tema são falhas e sem objetividade, muito vagas e monótonas. Traduzindo, não ensinam absolutamente nada. E em continuação, mostra o caminho que devemos seguir – a troca de experiências sobre a Iniciação – pois os estudos que existem se reportam ao alto nível e só se pensa na competição, sempre com a proposta de GANHAR a qualquer preço. Você diz nas entrelinhas que precisamos buscar novos conceitos e metodologia em substituição ao que as Escolas de Educação Física e Cursos de Técnica espalhados pelo país vem praticando (e repetindo), isto quando se ocupam da matéria, pois na maioria das vezes, não merece qualquer atenção. Esse despertar teve início a partir da introdução do min voleibol no Brasil, do qual sou pioneiro. Concluí que seria interessante para todos os docentes, não treinadores de clubes, que se tomasse conhecimento do método e que o desenvolvêssemos entre os colegas. Muitos anos se passaram até que foi colocado nacionalmente no chamado programa Viva Vôlei, da CBV (fui o mentor técnico). Mas a visão dos dirigentes era mercantilista, queriam e estão conseguindo tão somente vender o produto. A proposta filosófica e a metodologia foram mais uma vez deixadas de lado e continuam “empurrando” para os menos avisados, todo aquele entulho didático do qual será muito difícil nos livrarmos. E pobre dos novos acadêmicos que não têm a quem recorrer (bibliografias falhas, no seu dizer). Como fazer?

Uma observação importante: tanto no Brasil, como em muitos países, comete-se o erro de aplicar no mini voleibol a mesma metodologia que conhecemos, aplicada aos adultos para treinamento competitivo. E o que quer dizer com conhecimento, o mais profundo possível? Dentro de mais alguns dias espero estar lançando um novo site para auxiliar na solução para este estado caótico do ensino, especialmente da Iniciação. E não importa que desporto você pretenda ensinar. A proposta é online, voluntária, dirigida especialmente aos docentes que atuam em escolas e, especialmente, aos que não possuem qualquer intimidade com o voleibol. Pretendo oferecer toda minha experiência no setor e, principalmente, propor uma metodologia construída em parceria com o professor, segundo suas circunstâncias e objetivos. Para tanto, uma passagem da TEORIA para a PRÁTICA. E garanto o seu sucesso. Isto talvez contraste e o assuste, pois você referenda uma postura de conhecimento profundo. Estarei me baseando em teorias da aprendizagem, tal qual os pedagogos de plantão das universidades instruem, mas não ensinam. A pequena e sutil diferença é que estarei mostrando na prática como realizar e observar fenômenos manipuláveis, o primeiro passo para uma mudança de atitude frente ao problema.

(…) Pensar no que se faz. E para isto a segurança em corrigir, demonstrar e explicar os objetivos dependem deste conhecimento profundo. Chamo a isto “Aprender a Ensinar”. Muitos dizem Psicologia é ciência, mas ensinar é uma arte. A comparação do desempenho de um perito com o de um iniciante, por exemplo, revela não somente diferenças de rapidez, fluidez e precisão nas ações, mas também na estrutura da percepção, memória e operações mentais dos envolvidos. A partir deste ponto de vista, os atos de aprender a aprender, pensar e comunicar-se são explicados em função da aquisição de diversos tipos de perícia. Este me parece um caminho que devamos percorrer quando estabelecemos um planejamento para ensinar um indivíduo ou grupo de pessoas. E Vigotski nos dá uma ajudinha neste processo com uma ferramenta muito preciosa, a zona de desenvolvimento proximal.

Em outra ocasião falaremos dela.

Professor de Vôlei (I)

1. Iniciação & Formação na Escola

Há algum tempo dei início a um bate-papo sobre a Iniciação e Formação em voleibol em conceituado site nacional. Foi uma excelente experiência em que pude manifestar-me livremente e perceber o interesse de alguns professores sobre o tema. Depois de já bastante consistente em seu bojo tive a satisfação de perceber que foram copiados na íntegra para outros blogues. Agradeci textualmente aos que me deferiram e me afastei temporariamente, coincidindo com a entrada do meu blogue primitivamente alojado em http://robertoapimentel.blogspot.com/, cuja primeira postagem se deu em 21.9.2009, sob o título “Educação com Qualidade”. Transferi-me em seguida para este verdadeiro site da WordPress,com o qual estou muito satisfeito e aguardando ainda os últimos retoques de meu guru cibernético.

Início. Tudo começou com pequenino texto que coloquei naquele site transcrito a seguir. Até 27 de agosto do mesmo ano foram computados 22 comentários. A partir de agora estarei apresentando “os melhores momentos” desse diálogo, realizando uma transposição segura para que mais interessados possam se locupletar e se animarem a compartilhar suas experiências. Todos nos enriquecemos. Participe!

Roberto Pimentel, 14.6.2009 – Tenho propostas e alguma experiência a respeito da iniciação ao voleibol, especialmente no ambiente escolar. Coloco-me neste espaço à disposição de tecermos comentários a respeito e nos enriquecer mutuamente.

Guilherme, 15.6.2009 – Muito se escreve e se fala a respeito, mas observo que os modelos são cópias e muito desmotivantes quando colocados em prática. O jogo em si é pouco explorado no início das aulas e os exercícios de fundamentos são cansativos e pouco motivantes para as crianças. O que você acha disto? A aplicação de pequenos jogos com redução de quadra e sem exigências de técnicas apuradas não seria o melhor caminho?

Milton, 15.6.2009 – Penso que a aprendizagem/iniciação ao voleibol está diretamente relacionada ao ambiente aonde este trabalho vai se desenvolver. Na escola, objetivos, procedimentos e conteúdos têm um determinado perfil; em clubes ou escolas de esportes, creio que muda um pouco o quadro. O voleibol por ser baseado em movimentos construídos apresenta alta complexidade na execução dos gestos técnicos, além de alta complexidade na mecânica do jogo. Para tornarmos esta aprendizagem mais interessante, devemos trabalhar com alguma ludicidade para os alunos, pois se ficarmos só na questão estritamente técnica este processo será maçante e afastará muitos alunos. E devemos propor estruturas simplificadas para práticas que usem elementos do jogo, para gerar prazer e sucesso, motivando o aluno e criando pequenos desafios, adequados ao nível de respostas que ele seja capaz de produzir. Penso que os jogos reduzidos é uma estratégia adequada que reúne muitas das características citadas acima.

Roberto Pimentel, 17.6.2009 – Concordo com o que ambos colocaram. Como resolver a questão? Torna-se quase óbvio que devamos buscar uma nova metodologia que contemple soluções imediatas. Existe um caminho que me parece bastante prático e natural. Inicialmente, é preciso que se criem mecanismos de “Atração e Envolvimento” do aprendiz, seja criança ou adulto. Minhas atuações com ambas as faixas me levaram a conquistas sem precedentes. Dessa forma, as aulas viraram verdadeiras “produções” para conquistar os alunos. Tem dado certo e ainda não entendi porque outros professores não o fazem. Como em princípio as crianças querem é se divertir e brincar satisfaço-as nestes quesitos e ainda acrescento:”Quem não fizer bagunça não ganha picolé!” É uma algazarra formidável. Evidentemente, que tudo sobre controle não ostensivo. Uso muita alternância de tarefas e muito material criativo, como pára-quedas, puçás, dezenas de bolas de tênis, biruta, bolas coloridas (de aniversário) que me permitem realizar as brincadeiras. Outro detalhe é o anúncio de que TODOS conseguem jogar a partir da primeira aula. E não os decepciono. Relativamente aos treinos em colégios ou em clubes, foi um assombro quando realizei durante uma semana as mesmas aulas empregadas na escola no Fluminense, do Rio de Janeiro. Ali se desenvolvia talvez a melhor iniciação comandada pelo saudoso Bené, que produziu atletas formidáveis, como Bernard, Fernandão, Badalhoca e Bernardinho, todos da “geração de prata”. Numa próxima aparição darei minha impressão sobre este estado de coisas no desporto brasileiro. Lembrem-se de que a Iniciação nunca mereceu a atenção que lhe deveria ser dispensada.

Formação de Professores (III)

Meritocracia… Podemos compartilhar?

“O sucesso individual é determinado pelo seu desejo, capacidade de ser ensinável e vontade de trabalhar”. (Pólya)

Um remédio milagroso: cursos e projetos específicos.

Mas, “como” avaliar a capacidade dos seus autores?

Tenho realizado aulas, palestras e cursos sobre o assunto, porém foram insuficientes diante das características do processo educacional institucionalizado no País. Falta-nos uma liderança acadêmica que, ao que parece muitas gerações se sucederão e não contemplarão qualquer resultado. O faz de conta impera no setor. Enquanto isto, a liderança desportiva vem sendo exercida por um único indivíduo, o atual presidente do COB, que sequer pensa discutir sobre Iniciação Esportiva, uma vez que já declarou há tempos que este assunto não é da responsabilidade do Comitê Olímpico, mas das Federações.

Contesto tal afirmação sugerindo ao leitor que consulte o estatuto da Academia Olímpica Brasileira (www.cob.org.br), filiada ao Comitê Olímpico Internacional. Tentei insistentemente furar este bloqueio, em vão. Mesmo sem ler o referido documento, pode-se atualmente concluir que o atual programa Vivavôlei da Confederação joga por terra o argumento invocado. Poder-se-ia pensar que, com este programa as coisas estariam resolvidas no setor. Ledo engano. A CBV priorizou ações de lobbies e marketing, isto é, passou a vender a mercadoria através de franquias (leia-se “fonte de renda), deixando de lado a metodologia intrínseca, muito embora ofereçam um cursinho no bojo da compra. E mais recentemente, a TV reportou sobre o apoio financeiro do COB a um projeto com o Governo de São Paulo para estimular e apadrinhar “novos talentos” que se espera estarão representando o país em 2016. Sem falar no apoio dispensado a ex-medalhistas em projetos ditos sociais, como sempre acontece. Em que um ex-atleta é melhor do que um professor de Educação Física? Exceto pelas oportunidades que se lhes oferecem, favorecidos que estão os primeiros pela ação da mídia, especialmente a TV do ‘plim-plim’ Ou, então, a formação de nossos agentes educacionais deixa muito a desejar.

No que tange às universidades, o aspecto não é tão diferente, pois existe a defesa de seu território, isto é, cada indivíduo quando se instala na cátedra protege-se da melhor maneira possível contra os ataques internos e externos. O importante é sobreviver até a almejada aposentadoria, não importa como. E, vez por outra, uma grevinha de 2-3 meses (para as públicas), pois ninguém é de ferro! O aspecto legal de convidar professores para palestras, aulas ou mesmo cursos de pequena duração, faz parte da rotina das universidades. Servem de contraponto ao que é transmitido regularmente na grade curricular. Todavia, seria de se esperar uma discussão entre alunos, professor palestrante e o titular da cadeira, a respeito dos assuntos ali tratados. Não é à toa que tenho uma péssima impressão do ensino universitário no País, percebo que outros compartilham a mesma ideia a julgar pelos artigos e comentários na imprensa e, confesso-me incrédulo quanto às próximas duas gerações se o assunto terá melhorado. O que fazer?

“Espero que as pessoas mais novas e mais vigorosas que eu próprio levantem essas questões algum dia e as discutam com uma mente aberta e informações relevantes“.

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Voleibol na Escola (VI)

Iniciação & Formação. Problemas e Soluções

 

14. As funções das atletas na equipe

Em princípio, espera-se que a professora oportunize a todas as suas atletas experimentarem todos os gestos e fundamentos do voleibol, sem especializá-las precocemente. Se considerarmos a Iniciação como um tempo em que as atletas não competem em torneios federados, poderíamos exercitá-las indiferentemente em todas as funções do jogo. Ao compormos uma equipe para disputar uma partida contra uma outra, inevitavelmente, surgem algumas especializações momentâneas, que são medidas táticas para facilitar algumas jogadas. Com o decorrer desses jogos – e treinos – começam a se definir preferências entre as próprias atletas. Estas preferências é que levam precocemente à especialização. O procedimento, análise e oportunidades que a professora possa oferecer neste início de carreira das suas jovens atletas é fundamental e pode ser marcante. Há alguns anos o técnico da seleção brasileira masculina de vôlei pretendeu modificar a posição na equipe de um dos seus consagrados atletas e deparou-se com um problema inusitado: o atleta pediu dispensa da seleção para não mudar sua forma de jogar.

a) Início de jogo: quem deve sacar? Como sacar?

Quem saca. Não faria diferença que qualquer uma das integrantes da equipe desse início ao jogo com o saque. Entretanto, as próprias alunas começam a perceber que este elemento é deveras importante: talvez o mais importante nesta fase, pois trata-se de uma forma efetiva de ataque e o mais poderoso de que dispõem. Através dele conseguem a maioria de seus pontos. Assim, preferem que a melhor sacadora esteja pronta para sacar: ou na posição do próprio saque (I) ou na (II), primeira a fazê-lo após o rodízio inicial. Recomenda-se que as iniciantes saquem SOMENTE por baixo – previnem-se acidentes físicos (luxações em quem os recepciona) – e facilita um jogo fluido, com muitos ralis, ações de jogo de parte à parte. O pleno conhecimento da regra do saque é importante para um desenvolvimento tático, pois permite realizá-lo de qualquer parte da zona de saque (os 9m atrás da linha de fundo) e impede que se cometam erros, tais como pisar na linha, quem saca, saque preso e tentativa de saque. Recomendo a leitura em voz alta das Regras do Voleibol em dias de aula, destacando o item de interesse, especialmente em dias de chuva.

Como sacar.  A técnica deste tipo de saque não é difícil de aprender. As crianças realizarão alguns ensaios durante as aulas; a professora poderá demonstrá-lo e usar as que já o fazem com relativa maestria para modelo ou demonstração, que alicerçam o aprendizado (imitação) (ver item 13, “Utilização tática do saque por baixo”).  A técnica de sua execução é notoriamente conhecida por quantos militam no voleibol. Entretanto, em nossos contatos com muitas pessoas que lidam com iniciantes percebemos que alguns detalhes passam desapercebidos:

  • Posição do braço e da mão que toca a bola;
  • Peso do corpo na perna que está à frente;
  • Mão que segura a bola;
  • Direção do corpo, para onde vou enviar a bola?
  • Força (velocidade do braço) que devo imprimir à bola?
  • Qual o melhor local da zona de saque para fazê-lo?

b) Recepção do saque: quem deve realizá-la?

Como vimos na apreciação inicial sobre a execução do saque, não deveria haver diferença também para quem vai recepcioná-lo. Todavia, espera-se que os primeiros movimentos de um jogo de iniciantes seja marcado por um nível de nervosismo bem acentuado. É bem possível que as jovens atletas se esqueçam de tudo o que sabem e fiquem grudadas ao chão, esperando uma pela outra para que toquem na bola e se livrem dela o mais rapidamente possível, arremessando-a de qualquer maneira para o outro lado da quadra. A partir da superação dessa primeira fase, quando começam a dominar uma determinada técnica do toque e da manchete, tem início as primeiras situações táticas. As mais confiantes e desinibidas começam a atrair para si a responsabilidade pela tarefa iminente. São as que mais se deslocam e se movimentam pela quadra, na tentativa desesperada de resolver e contribuir na maior parte das soluções. Assim, as demais são coadjuvantes”, realizando raros lances. Participam, quase sempre, na execução do 2º toque. O terceiro é efetuado pela própria receptora do saque. Em princípio, defendo que as crianças devam recepcionar a primeira bola utilizando o toque por cima, com ambas as mãos. Por isso o emprego compulsório do saque por baixo (mais fraco e lento). Esta forma leva a criança a se deslocar e a assumir posições básicas para o voleibol (posição baixa, de expectativa ou de defesa) e ensina-a a realizar os passes angulares (com mudança de direção) tão importantes no seu desenvolvimento futuro. Após essas providências, iniciá-las também na manchete, que deverá ser utilizada em recursos extremos de defesa, ou até mesmo por comodidade para aquelas que a dominam com perfeição.

Mais à frente veremos como organizar o time para recepção do saque e, em seguida, como defender.

Formação de Professores (II)

Desenho17 redimensionado

Breve história de vida

Acompanhei meu filho  nas suas aulas de basquete na escola em 1978. Tinha 9 anos de idade. Pouco tempo depois, na quadra ao lado produziu-se um curso de iniciação de voleibol para as alunas. O professor, velho conhecido, não tinha formação universitária, mas um curso de provisionamento de três meses ministrado pela Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro. Sua formação desportiva consistiu em provas de atletismo (salto) e atuação em equipe de basquete do C. R. do Flamengo, no Rio de Janeiro. Em voleibol, nenhuma participação. Passei a observá-lo e a tantas, pedi-lhe permissão para fazer um reparo. Aceita imediatamente, sugeri mudança na metodologia de sua aula de forma sutil. Ao invés de corrigir a cada momento os alunos que jogavam uma partida – erros sistemáticos –, não dando seguimento às jogadas, propus realizar pequenas brincadeiras cujos conteúdos levariam a um aprendizado mais eficiente. Assim, disse-lhe, “quando pretender que uma aluna flexione as pernas para a execução de qualquer gesto, não será com palavras que ela o fará, mas com ações que a levem a descobrir este fato. Por exemplo, tentando arremessar uma bola mais pesada (de basquete) em direção à cesta”. Assim, o jogo foi deixado de lado e todas foram brincar com bolas variadas, de diversas formas e pesos. O professor percebeu, então, que a aula tornou-se dinâmica, que a alternância de exercícios facilitava um aprendizado dos movimentos e deslocamentos e, mais importante, as alunas passaram a dar respostas espontâneas às novas situações, repletas que se achavam de motivação. Bem ao contrário do que vinha ocorrendo na aula convencional, seis contra seis e algumas outras de fora, sem participação.

Nossos encontros tornaram-se mais frequentes, pois os horários das aulas – basquete e voleibol – coincidiam. Muito mais informações lhe foram passadas através de uma amizade de três décadas que perdura até nossos dias. O interesse, determinado pelo seu desejo, capacidade de aprender e vontade de trabalhar, foi predominante para o sucesso que alcançou, inclusive distinguindo-o dos demais em suas aulas curriculares. As miniquadras foram introduzidas logo a seguir na escola, tornando-a pioneira no emprego desta metodologia. Aquele professor permaneceu fiel aos princípios que lhe passava a pouco e pouco e não demorou a surtir os primeiros resultados: suas equipes passaram a destacar-se nos jogos escolares ou em quaisquer competições em que se envolviam. E, sorrindo, me dizia a respeito dos comentários de docentes de outras instituições: “Eles não acreditam que eu, que nada sei de voleibol consiga compor uma equipe em tão pouco tempo e, ainda, ganhar deles”! Diga-se de passagem, o que não era o seu objetivo maior.

Após a construção de um moderno ginásio de esportes, oferecemos ao colégio um projeto para desenvolver regularmente o minivoleibol em horários extra classe somente para as primeiras séries do ensino fundamental. Atenderam ao primeiro convite 310 alunos de ambos os sexos. O fato inédito parece ter assustado a direção do educandário que, numa arrogância sem precedentes, inviabilizou a iniciativa. Atualmente, ainda em atividade em outras instituições, o professor confessa-me: “Graças ao que aprendi com você a respeito do voleibol, sinto-me confiante para realizar qualquer trabalho – crianças ou adultos – não importa o desporto que seja”. E conclui: “Aprendi o mais importante, PENSAR”! De minha parte, sinto-me recompensado não só porque acreditou em minhas palavras, mas, principalmente, porque teve a oportunidade de multiplicar e difundir uma metodologia criativa e eficiente, da qual centenas de crianças se beneficiaram. Por outro lado, a escola permaneceu com seus métodos estagnados aplicando ainda o jogo de queimada e as aulas do “6 x 6“ para as meninas. No masculino, o indefectível futebol com um detalhe importante: aqueles que não quiserem participar da pelada deverão realizar 10 voltas no campo de jogo; em seguida, podem se retirar da aula. Pobres crianças!

Finalmente, Pólya deixa duas propostas para os responsáveis pela realização de cursos para docentes e treinadores. A transposição da Matemática para qualquer desporto é sintomática: “A Formação de docentes de Educação Física deve oferecer experiência em trabalho independente (criativo) a um nível apropriado sob a forma de Seminário sobre a resolução de problemas ou de outra forma adequada. Os cursos sobre Métodos devem ser oferecidos aos professores apenas como uma ligação estreita com os cursos temáticos ou como prática de ensino e ser praticável apenas pelos mais experientes. Se não tiver tal experiência como poderá convir que o mais importante para um futuro professor é o espírito de trabalho criativo”?

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Formação de Professores (I)

Curso on line?

No site da Veja.com acompanhei esporadicamente as propostas de um seminário com relatos sobre a Formação de professores. Foram vinculados 432 comentários, todos oriundos de professores interessados na melhoria do ensino no País. Infelizmente, quando tentei enviar a minha proposta já estavam encerrados os recebimentos. Todavia, ela “está no ar” neste blogue que compartilho com vocês: “Minha proposta resume-se em Aprender a Ensinar através de uma formação continuada e compartilhada entre professores e acadêmicos. O objetivo é alavancar a ultrapassagem entre a Teoria e a Prática, oferecendo textos e casos vivenciados na busca de solução para um ensino eficiente. Tudo isto tratado na Internet de forma graciosa e transparente”.

Comentários. Reproduzo parte daqueles comentários sobre o tema. Tomem nota do que dizem os nossos colegas sobre o ensino. Evitei consignar o nome dos autores.

1. É tarefa quase utópica proporcionar qualidade em cada canto, pois a qualidade só acontece onde houver boa vontade e sintonia com as metas centrais. Principalmente porque a qualificação docente não está preparada às exigências de novas propostas. (28/05/2009)

2. As faculdades deveriam preparar mais os professores para trabalhar na sala de aula, sou aluno do curso de pedagogia, estou terminando o curso, as matérias não têm nada com o que passamos na sala de aula, tem aluno que sai da faculdade do jeito que entrou simplesmente vazio. (22/05/2009)

3. O texto Formação de Professores diz que apenas 20% das disciplinas do curso de pedagogia dedicam-se a metodologias de ensino. Cabe ressaltar, que a grade do curso, o plano escrito, indica esta porcentagem, mas na realidade este índice é ainda menor. Como ensinar de uma forma diferente, se na própria faculdade apenas criticam o tradicional e não ensinam, de fato, fazer o novo. No curso de medicina ensinam um médico a operar. Já os cursos de pedagogia não ensinam a ensinar. As universidade e faculdades continuam a receber por um serviço que finge que prestam, haja vista que diplomados temos aos baldes. (12/05/2009)

4. A educação em nosso país está longe de chegar ao nível dos países de primeiro mundo, pois falta esforço do governo para que chegue a tal e, não é dando um piso salarial de R$ 950,00 às 40 horas semanais, somente aos professores da rede pública e os da rede particular? (19/05/2009)

5. Todos os professores devem dispor de tempo para reciclagem, aperfeiçoamentos, e especializações em no mínimo a cada dois anos. (15/05/2009)

6. Quando penso em formação de professores não penso só nos profissionais que estão saindo das universidades, mas principalmente nos que estão atuando há tempos sem terem a oportunidade de reciclarem e atualizarem seus conhecimentos e sua prática pedagógica. Portanto, além de valorização e condições de trabalho necessitamos a meu ver de capacitação periódica. (03/05/2009)

7. Investir na formação continuada, dar mais oportunidades para os professores se aperfeiçoarem, garantindo assim a melhoria na qualidade de ensino, investir em cursos de capacitação. (20/04/2009)

8. Promover humanamente os agentes de Educação, fornecendo oportunidade de sólida formação ética e exigindo a transmissão dos valores implícitos, bem como promover a informação multidisciplinar em todos os níveis para educadores e educandos. (14/04/2009)

9. Um professor só aprende a ser professor quando entra numa sala de aula e enfrenta todas as dificuldades e peculiaridades da profissão, pois a faculdade não o capacita. É responsabilidade do professor a sua constante atualização, a procura por especialização e o aprofundamento teórico sobre o que ensinar e como ensinar. O prazer em estudar é intrínseco à profissão, porém, hoje em dia, ser professor é andar em terra de heróis. (09/04/2009)

10. O professor sai despreparado das universidades no sentido de prática docente, então que todas as áreas sejam voltadas para pedagogia, didática e psicologia.  (06/04/2009)

11. Cursando o 5º semestre de Pedagogia em uma renomada universidade estou boquiaberto não só com a falta de conhecimentos básicos dos meus professores (todos com mestrado ou doutorado), como dos alunos, meus colegas, que dentro em pouco estarão a ensinar (?) crianças por todo o Brasil. Os textos impressos, produzidos pelos meus professores, além de oscilarem entre uma retórica estéril e cansativa e um engajamento e proselitismo político anacrônico e patético, são tão mal escritos, com tantos e graves erros de português, que me produzem um sentimento que pendula entre tristeza e desespero. A formação dos professores é uma farsa. Somente altos salários e ótimas condições de trabalho, juntamente com uma avaliação rigorosa e constante do desempenho docente, podem atrair e manter mentes brilhantes no magistério e mudar a triste realidade do ensino no Brasil. Todo o resto é piada, são medidas paliativas que só atrasam o enfrentamento da realidade e dão a falsa noção de que se está fazendo algo pelo ensino, quando os fatos mostram que ele está cada dia pior. (04/04/2009)

12. Formação de professores, Curso on line. A própria pedagogia não ensina a ensinar. Oferecer oportunidades de formação em serviço pode ser uma oportunidade de cobrir a lacuna deixada pelos cursos de graduação e atender o professor que está atuando na rede. Cursos on-line são uma solução viável e prática, tive oportunidade de participar de um curso de formação que foi oferecido em parceria entre a Puc- SP e a Secretaria de Educação do Estado e devo afirmar que foi de boa qualidade.

13. O grande problema do ensino nas escolas está centrado num aspecto fundamental para a aprendizagem: como ensinar, como diagnosticar que houve aprendizagem. O pensar, a criatividade e a pesquisa deveriam ser os grandes agentes de transformação pessoal do educador. A avaliação realizada pelo aluno deverá ser um termômetro de como está ensinando. Respostas criativas e inovadoras, sem perder o cerne da questão deverá ser o ponto de partida para avaliar o seu desempenho como profissional da educação. (23/03/2009)

14. Concluímos um curso de pós e a tese da TCC foi ” Quem educa o educador”? Constatamos que durante os anos de estudos para a graduação do professor são pouquíssimas as disciplinas que abordam a questão da formação pedagógica. Como ensinar? Como posso transformar o espaço da sala de aula, as aulas, o convívio com meus alunos de forma que a interação e, o estímulo ao estudo aumente. A vontade, a responsabilidade de fazer com que isso aconteça é que deve ser trabalhado com os professores. Isso pode até constar em manual de ensino. Mas deveria existir, sim, uma categoria de professores que convivessem com os professores dia a dia e os ensinassem como ensinar. (18/03/2009)

15. A questão não é apenas metodológica, mas a relação direta entre a teoria e a prática. Mesmo que se amplie a carga horária das metodologias, corre-se o risco de fazê-la alienada. Não se trata de ampliar horas de estágio. O fundamental é dar sentido e significado aos conteúdos que não têm, a rigor, nenhuma participação do aluno. (18/03/2009)

16. Sou professora, pedagoga e pós-graduada em docência do ensino superior. Percebi que a área mais importante da universidade é a pedagogia e ali não existe a Formação e sim a informação de professores. Infelizmente as universidades viraram comércio, pois muitas têm um quadro de professores que nunca colocaram os pés em uma sala de aula, e a pergunta só a teoria forma ou informa? Como posso ajudar a orientar os futuros professores se eu não tenho a prática, isso acontece também com os estágios que os alunos são obrigados a fazer, mas com uma supervisão teórica e volto a questionar e a prática, onde foi parar? (18/03/2009)

E agora? Tem alguma sugestão?

De minha parte dei o ponta pé inicial, isto é, criei algo similar a um “Curso on line” como proposto por um dos professores. Se vai dar certo, depende de você. Estarei ao aguardo dos comentários para voltar ao assunto. Até lá.

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Voleibol na Escola (V)

Iniciação & Formação. Problemas e Soluções

 

10. O gesto técnico

Como aprender a executar o saque, o toque por cima com ambas as mãos e a manchete? Quando devem ser ensinados? Como ensiná-los?

Naturalmente, quando a criança é atraída para praticar algum esporte, tem alguma motivação a mais do que aquela que a induz a brincar e a se divertir. O motivo maior ainda é de DIVERTIR-SE. Para isso, passa a entender que é necessário aprender a executar alguns gestos pouco naturais imprescindíveis para ela brincar com as outras colegas. Esses gestos fundamentais para que haja um jogo podem ser ensinados de forma lúdica, sem comprometimento de aspectos psicológicos e, pelo contrário, com ganhos cognitivos e sociais. Num segundo estágio, já de formação de equipes, pode-se exigir e incrementar exercícios visando a uma melhor performance técnica. A partir daí, é aconselhável buscar a perfeição dos movimentos (apuro técnico).

11. Final de set, hora de decidir…

Perguntam-me o porquê e o quê fazer diante da indecisão de uma equipe em fechar um set? Muitas vezes, dependendo de um único ponto, perdem o set e a partida! Nesta altura do jogo parece que as mentes das atletas simplesmente tornam-se obnubiladas. Contudo, esses momentos se repetem através do tempo, não sendo exclusivo de determinadas equipes. São peculiaridades do esporte, inclusive do voleibol, quando os times começam a se nivelar entre si. Lembram-me a expressão muito usada em futebol, caixinha de surpresas. Constata-se que este fato não é exclusivo das categorias iniciantes. Ocorre no alto nível, em jogos mundiais e olímpicos, com equipes experientes. Já vimos isso inclusive com a seleção brasileira feminina em jogo contra a Rússia. Como explicar, ou melhor, como solucionar o problema?

Inteligência emocional. “Aprender a racionalizar a emoção ou a processa-la de forma inteligente é a chave do que os especialistas chamam de inteligência emocional. Ao perceber-se diante de uma situação de conflito ou tensão, uma atleta emocionalmente inteligente não se deixa levar pelo impulso, nem “paga na mesma moeda”. Busca detectar que tipo de resultado atingirá com as variadas reações que possa perceber e escolhe a que mais se adequa ao resultado a que se quer obter. Não se trata de dissimular emoções ou reprimi-las, mas de aprender a expressá-las adequadamente. Observa-se que quando a emoção das integrantes de uma equipe é levada em consideração, os resultados são, em geral, mais positivos. Para os psicólogos, são justamente as líderes de uma equipe que mais necessitam de orientação neste sentido”. (“Voleibol na Escola, I / Valorização das emoções nas atividades”) 

Primeiramente, solucionar será bastante difícil ou impossível em equipes iniciantes. Não sabemos quando e onde vai ocorrer. É sempre inesperado. Como explicar, embora seja tarefa para psicólogos, posso fazer uma tentativa para a obtenção de soluções. Assim, penso que a atitude da treinadora é primacial para este estado de coisas. No seu relacionamento diário com suas atletas ela consegue passar a sua personalidade para a equipe que a absorve inconscientemente, especialmente se imatura ou se possui uma capitã com ascendência sobre as colegas. Fazer com que as atletas decidam por elas mesmas é uma das mais eficazes medidas a serem adotadas por uma treinadora experiente, pois vão precisar sempre de soluções inesperadas e criativas em confrontos difíceis. Esperar que a professora tenha soluções para todos os momentos pode não ser uma boa. Gritar, gesticular, esbravejar, atirar a responsabilidade sobre um lance ou atletas também não resolve o problema e tampouco é solução para o futuro. Assim, entendo que a melhor maneira de enfrenta-lo é instruir e fazer com que, diante de situações-problema, as atletas encontrem as melhores soluções por elas mesmas. Ou que, pelo menos, TENTEM. Este é um trabalho diário, de acompanhamento muito próximo e repleto de realizações, pois leva o indivíduo à sua plena realização. Elas, as crianças, passam a pensar, analisar e a decidir por elas mesmas sem a ajuda de quem quer que seja. E enquanto não alcançam esse estágio a professora estará bem próxima para apoia-las e instruí-las, sem protecionismo exagerado. São atitudes que levam à independência do indivíduo.

12. A posição de expectativa

Faça o seguinte teste com qualquer de suas jovens atletas:

a) a uma distância de 2m-3m, lance para ela uma bola para que ela simplesmente a segure;

b) em seguida, faça o mesmo lançamento orientando a trajetória da bola para que fique aquém da atleta. Para alcançá-la deverá fazer um pequeno movimento à frente;

c) observe a posição “de partida” da atleta e veja como realiza os primeiros movimentos em direção à bola: com certeza realizará, primeiramente, um movimento para trás e “desnecessário” com uma das pernas para, em seguida, avançar na direção da bola;

d) assim mesmo, se estiver numa posição inicial de expectativa, isto é, “baixa”: uma das pernas à frente da outra e, tal como o tronco, ligeiramente flexionados. É interessante que o peso do corpo esteja sobre uma das pernas. Braços também semiflexionados à altura dos quadris e as mãos relativamente abertas em forma de concha;

e) é uma posição que guarda uma similaridade com a “posição de partida” de um corredor de 100m no atletismo.

f) a cada movimentação da bola e adversários, “repensar” a sua posição dentro da quadra e em relação às suas colegas; terá facilitada a tarefa cada vez que se “antecipar” no raciocínio, isto é, “naquilo que a adversária pode fazer”.

g) os exercícios com a rede coberta (item 8, “como defender”?) propiciam um desenvolvimento fantástico neste mister.

No próximo post, apresentarei aspectos relativos às funções das jogadoras numa equipe principiante, como sacar e detalhes da recepção.

Voleibol na Escola (IV)

Iniciação & Formação. Problemas e Soluções

 

6. Como atacar?

No caso de iniciantes, os ataques por cortada são raros, especialmente se o jogo se desenvolve em quadra oficial. Nesse caso, a percepção desenvolvida para defender sua própria quadra poderá servir de base para decisões a serem tomadas. Primeiramente, atente-se para o fato de que, se não orientadas, as alunas devolverão as bolas no 3º momento simplesmente de manchete ou de toque, passando-a para o outro lado sem a mínima preocupação de ataque proposital. É a situação mais comum nos jogos de principiantes, especialmente entre meninas.

A professora poderá leva-las a perceber que os ataques necessariamente não têm que ser por cortada e assim, desperta-las  para ações mais eficientes. Se ainda não dominam a recepção do saque e o respectivo passe à levantadora e se esta por sua vez também não domina o toque de levantamento, pouco adiantará para a equipe possuir excelentes cortadoras. A incidência de erros naqueles fundamentos fará com que a equipe reponha a bola em jogo quase sempre de manchete, simplesmente passando a bola para o outro lado. Basta assistir a um jogo entre principiantes – mesmo entre federadas – para constatar o número elevado de casos da natureza. Aliás, isto era muito comum ainda na década de 60, quando equipes (e seleções) brasileiras femininas atuavam contra as japonesas. Não conseguiam sucesso nas recepções de saques balanceados. (simplesmente porque os treinadores esqueciam-se de fazê-lo).  

É conveniente que as alunas aprendam a VER a outra equipe, aonde se colocam as suas jogadoras, especialmente quando atacadas: que posição adotam? Quem é a mais fraca na defesa? Colocam-se muito perto das linhas? Existem grandes espaços entre elas? E o fundo da quadra? Conseguem recuperar bolas lançadas próximas à rede? E, principalmente, onde está e para aonde vai a levantadora?

Construir exercícios específicos nesse sentido: uma equipe em expectativa de defesa e outro grupo de alunas realiza sucessivos ataques por toque de diversas posições da sua quadra em bolas lançadas, ora pela professora, ora por uma colega. Proceder a vários rodízios entre elas antes de trocarem de funções. Enquanto realizam os movimentos, fazer que as demais observem e detectem os “vazios”, isto é, os espaços entre atletas, a rede e as linhas demarcatórias.

7. Como ver a outra equipe no momento do ataque?

Esta é uma percepção bastante difícil de ser ensinada. Ela pressupõe, a meu ver, o desenvolvimento da visão periférica, onde a jogadora, ao se conjugar com o movimento da bola que será tocada em seguida, percebe a posição ou movimentação de uma ou mais jogadoras adversárias. É passível de ser treinada, resultando em acréscimo no desenvolvimento tático de qualquer atleta. Normalmente, é mais utilizada pela levantadora que, ao receber um passe favorável junto à rede pode discernir para que posição efetuar o levantamento em função da movimentação das bloqueadoras. A observação da equipe adversária logo após sofrer um ataque também contribui para memorizarem as posições mais adotadas pelas adversárias: a tática da equipe é repetitiva. A partir dessa observação, permite-se uma orientação dos ataques, tanto por cortada, como de toque. E, ainda que nem todas as atletas tenham esta percepção, não será difícil que se orientem e se desenvolvam neste mister mutuamente. Existem vários exercícios que propiciam a visão periférica. Ex.: toques, 3 a 3, com duas bolas; toques, 2 a 2, todas em círculo.

8. Como defender?

As contramedidas necessárias a qualquer tipo de ataque – entenda-se que ataque é qualquer bola lançada em direção à quadra adversária (exceto o saque) – devem fazer parte da tática individual das atletas e da equipe. No caso de iniciantes, onde os ataques por cortada são escassos e não muito fortes – especialmente em se tratando de equipes femininas – recomenda-se até a dispensa da formação de qualquer bloqueio. É mais eficaz para a equipe contar com todas as suas jogadoras em posição de defesa, com exceção para as bolas muito próximas à rede e, assim mesmo, nos casos em que as atletas de ambas as equipes tenham condições de alcançá-las com saltos. Um dos treinamentos mais eficazes para desenvolver uma boa defesa é o da rede coberta com um pano, onde uma equipe não vê a outra e somente uma realiza as ações de defesa: a outra produz sucessivos ataques de posições relativamente afastadas da rede. A professora comanda os exercícios de trás da quadra da equipe que defende, corrigindo posicionamentos e medindo a velocidade de reação de suas atletas. Estas, por sua vez, imaginam para onde suas colegas adversárias provavelmente devem dirigir as bolas e qual seria a minha área de defesa. (ver item 6, como atacar?) Aceleram-se medidas preventivas, de expectativa ou de antecipação. Multiplicam-se soluções criativas de lado a lado, produzindo-se um incremento tático invejável.

9. Ritmo de jogo

Inicialmente, a sucessão de movimentos requerida pelo voleibol assusta. Entretanto, as experiências sucessivas e renovadas nos jogos, a obtenção de uma técnica individual razoável através de exercitação conveniente, podem transformar as alunas em exímias jogadoras. Facilitadas pela diminuição dos espaços e pelo número de jogadoras, o mini vôlei (quadra menor) pode conduzi-las rapidamente à observância da ocupação apropriada do terreno de jogo e a um repertório inimaginável de soluções e criatividade. A sensação, neste estágio, é que aprendem sozinhas, sem a participação da professora. Neste propósito, caso necessite, poderá acelerar este processo, promovendo algumas aulas com exercícios específicos de movimentação em quadra: somente uma equipe realiza sucessivas tentativas de recepção e troca de passes, até o consequente ataque. As bolas podem ser arremessadas pela professora ou alunas especialmente designadas. Dependendo do número de participantes, pode-se realizar uma competição: “Que equipe consegue realizar mais ações sem erro”? Ou, então, errou duas vezes, sai e dá lugar à outra. Nestes momentos, é interessante que a professora oriente de perto, muito próxima das crianças. A posição mais favorável é dentro da quadra, atrás das alunas, mostrando às defensoras como ocupar ou diminuir os espaços. Observar o tempo ou intensidade com que é feita a reposição das bolas, conduzindo o exercício num ritmo satisfatório, nem aquém, mas tampouco demasiadamente exigente.

Na sequência, estarei comentando sobre os gestos técnicos, as emoções e a posição de expectativa. Até lá!

Voleibol na Escola (III)

Iniciação & Formação. Problemas e Soluções

1. Passes e Toques. Na mais tenra formação entre crianças que se iniciam em qualquer desporto, é mister que se lhes assegure o maior número possível de contatos com a bola, permitindo-lhes vivenciar todas as experiências intrínsecas. Através do tatear experimental ela buscará soluções para o seu desenvolvimento técnico e tático. No jargão esportivo, denominamos ter intimidade com a bola. Compete à professora aquilatar quando e quanto de ajuda a aluna necessita a cada sessão. Lembrando que uma colega mais adiantada poderá também cumprir essa tarefa com perfeição. 

Trajetórias aferente e eferente. Permitir jogar segurando a 1ª bola que vem do campo contrário. Dilema da recepcionista: o que fazer com a bola? Para quem passar? Como?

A sensação inicial é apavorante e estressante, pois todas as colegas gritam como se pedissem que lhes passasse a bola. Imagine-se num programa de auditório, com todos gritando e induzindo-a a uma decisão. Com certeza e após algumas experiências, a criança elege uma solução que lhe parece a mais simples para se livrar do problema (a bola): lança-a para quem está mais perto dela ou da rede. E este gesto é então imitado pela grande maioria. Ressalte-se que este lançamento, inicialmente, é um arremesso direto contra a companheira que, concomitantemente, deverá também ela se livrar da bola – agora sem segurar – lançando-a, ou para uma colega (poderia ser a mesma) ou para o outro campo, o que ocorre no mais das vezes. E, do outro lado, caso interceptem a bola, a história se repete.

Solução.  Normalmente, uma das alunas se coloca junto à rede, quer na situação de mini vôlei (3×3), quer na quadra oficial (6 x 6). Seria a posição estática da LEVANTADORA, a que está momentaneamente no meio da rede. Ora, se o toque frontal já é difícil para elas, o que não dizer do toque angular. Desta forma, a professora deverá levá-las a descobrir formas de sanar esta dificuldade (Zonas de Desenvolvimento Proximal). As soluções poderiam ser: a) no jogo 3×3 – mesmo com a levantadora na posição junto à rede, devolver a bola diretamente para quem lhe passou a bola, evitando lançá-la para o outro campo (suprime o toque angular). Vantagem: teriam os três toques e, todos, basicamente frontais.; b) no jogo 6×6 – afastar a levantadora da rede (as 3 atacantes poderão estar em linha) e sugerir-lhes os três toques como no exemplo anterior. A maior dificuldade que deverão sentir refere-se ao toque alto e ao seu direcionamento longitudinal (a bola pode ficar aquém ou ultrapassar a companheira).; c) essas dificuldades serão sanadas nos momentos dos exercícios técnicos (lúdicos) e, atenuadas ou facilitadas nos jogos 1×1 e 2×2. A professora deverá observar quando deve fazer uso de diferentes dimensões da quadra de jogo (mais largas ou profundas) de acordo com o objetivo traçado.

2. O saque “por baixo” (Ver “Voleibol na Escola”, II; 26.2.2010)

3. As posições na quadra. “Onde estou? Para onde vou?”

Para a iniciante de um desporto, especialmente àquela que nunca praticou qualquer atividade física regularmente, torna-se tarefa quase impossível relacionar-se com 5 outras colegas, mesmo numa área diminuta, especialmente com recomendações expressas para que não deixe cair a bola no chão. E mais: deve passá-la imediata e incontinente a uma outra sem poder retê-la ou conduzi-la ainda que por alguns instantes. É bem possível que, numa quadra oficial a criança fique aturdida, pois ainda não compreende suas tarefas. A redução do campo de jogo e do no de parceiras facilita neste mister, inclusive no sistema de rodízio. Outro recurso é a execução de trabalhos com desenhos ou fotos que estimulem esta compreensão. Só após este entendimento, a criança poderá perceber por que está ali e qual a sua função em determinado instante. É bem provável que as iniciantes se coloquem próximo às linhas da quadra. Especialmente as mais tímidas. Para desenvolvê-las, o primeiro passo é torná-las mais participantes, mais ativas e, por isso, mais confiantes. Todo processo de envolvimento psicológico é imprescindível, haja vista que é importante para o “despertar” técnico das alunas. O desenvolvimento da auto-estima e do espírito participativo se faz através dos jogos e das brincadeiras, que antecedem a aula propriamente dita. Ali as crianças tímidas têm a oportunidade de extravasar suas ansiedades e dar-se a conhecer mais facilmente à professora e suas colegas. Nesta área, torna-se fácil qualquer tipo de ajuda. A partir daí criam mais desenvoltura e descortinam soluções exitosas para seus problemas e passam a encontrar mais estímulos das colegas na execução das tarefas. Ao passar aos exercícios propriamente ditos de voleibol, a professora poderá se valer de alguns expedientes: a) a posição inicial deve ser àquela em que as jogadoras, abrindo os braços, estejam “quase se tocando” (a partir do meio da sua quadra); b) as distâncias para a rede devem ser igualmente consideradas; c) perceberão, fisicamente, que com 1 ou 2 pequenos passos, poderão alcançar ou interceptar a bola; d) NÃO devem se colocar umas atrás das outras. As jogadoras de defesa deverão assumir esta responsabilidade; e) ao tocarem qualquer bola, a preocupação primeira deve ser a de lançá-la para o alto, se possível para a colega mais próxima. Esta, em seguida, decide se retorna à quem lhe passou ou à outra. É importante que uma apoie a outra; f) fazê-las movimentar-se com desenvoltura na quadra pressupõe jogar com alegria, sem medo de errar. Significa também estarem libertas, descontraídas. A perfeição do gesto técnico vem bem mais tarde.

4. A concentração e movimentação. Sei onde estou? Que devo fazer?”

Fica evidenciado que, entendendo o que se passa ao seu redor, a aluna possa distinguir suas funções dentro do grupo e, assim, criar ou despertar formas para seu sucesso em qualquer participação. Pouco antes do saque contrário ou de ações corriqueiras de jogo terá momentos de concentração mental que lhe permitirão proceder a um breve e imediato juízo da situação e decidir sobre sua conduta. A movimentação correspondente virá a posteriori, graças também à qualidade e quantidade das experiências vivenciadas. Estímulos adequadamente aplicados são mais valiosos do que os gritos das colegas ou da professora. Esta deve atentar para o fato de não ser repetitiva em suas observações o que denota erro na colocação dos estímulos ou exercícios. Uma auto-avaliação é sempre benéfica para todos. O assunto será tratado futuramente quando abordarmos a “Posição de Expectativa”.

5. O despertar tático. Dependo da minha companheira?

A percepção do que ocorre à sua volta é um indício de um despertar tático para o jogo. A aluna percebe o seu envolvimento em relação às demais componentes da equipe e em relação à equipe contrária. Este despertar deve ser fruto de um trabalho constante de esclarecimento da dependência que têm umas das outras. E se inicia a partir da construção dos exercícios e de alguns princípios metodológicos: a bola vem em minha direção; não posso retê-la ou conduzi-la, que faço? Ou então, minha colega recebe a bola, devo apoiá-la? A partir daí surgem os primeiros movimentos de antecipação na defesa e de aproveitamento de espaços vazios quando ataco. Aonde devo lançar a bola para o campo contrário? Como ver os espaços vazios?

Nas próximas postagens estarei comentando sobre o velho embate do jogo, ataque x defesa. Aguardem.