Floripa, a “Ilha da Magia”

Florianópolis terra 5 ago 2013 sem legenda
Foto: Flickr: Rodrigo_Soldon/Reprodução

Revista americana elege Florianópolis a cidade ‘mais amigável’ do mundo

(Deu no Terra, 5/ago./2013)

“Leitores da revista americana Condé Nast Traveler, uma das mais vendidas publicações sobre turismo do mundo, elegeram Florianópolis como a cidade “mais amigável” do planeta em 2013. A publicação exaltou a simplicidade e gentileza dos moradores da “Ilha da Magia”, além de classificar a beleza de paisagens locais como “deslumbrantes”. A capital catarinense foi o único destino da América Latina presente entre as dez líderes do ranking”. […]

 

Índice de Desenvolvimento Humano – IDH

Isto sem falar que é a primeira entre as capitais brasileiras em IDHM – Índice de Desenvolvimento Humano Municipal. Os dados são do Atlas do Desenvolvimento Humano Brasil 2013, apresentado em 29/07, em Brasília, pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (IPEA) e a Fundação João Pinheiro (FJP). Os dados são calculados com base nos Censos Demográficos de 1991, 2000 e 2010, do IBGE.

Destacamos a participação invejável de Floripa e já que o Procrie é oriundo de Niterói, permitimo-nos nos colocar próximos, até porque temos laços bastante afetivos: uma neta nascida na Ilha da Magia e inúmeros amigos:

                Geral    Renda    Longevidade   Educação  Ranking
Florianópolis   0,847    0,87        0,873        0,8       3º
Niterói         0,837    0,887       0,854        0,773     7º

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Capital com melhor IDHM, Florianópolis se destaca pela educação

(Deu no Terra, 30 de julho de 2013, Fabricio Escandiuzzi)

A capital tem índice de desenvolvimento em educação considerado “muito alto”

Com o terceiro melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País, primeira entre as capitais, Florianópolis (SC) tem como um de seus maiores destaques a educação. A cidade alcançou média de 0,8 neste quesito, o que é considerado pela Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) “muito alto”. De acordo com o secretário da Educação da cidade, Rodolfo Pinto da Luz, o desempenho é fruto dos investimentos na área: “Fazemos um trabalho intenso de capacitação. Professores, funcionários, faxineiros e serventes são capacitados e treinados sistematicamente para exercer a função. Realizamos concursos periodicamente para substituir os professores que se aposentam e procuramos focar no aprimoramento do pessoal e na melhoria das estruturas físicas de nossas escolas”.

Ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luz é titular da pasta há quase uma década: exerceu a função durante dois mandatos de Dário Berger (PMDB) e, mesmo sendo candidato a vice-prefeito derrotado em 2010, acabou sendo convidado pelo atual prefeito César Souza Júnior (PSD) para continuar o trabalho.

Segundo o levantamento do Pnud, divulgado na segunda-feira, 93,06% das crianças entre 5 e 6 anos de Florianópolis frequentam a escola. No ensino médio a situação é mais complicada, mas a média ainda é bem superior desempenho geral do País. Na capital de Santa Catarina, 63,42% dos jovens entre 17 e 18 anos concluíram o ensino médio. A média de todo o Brasil é de 41%.

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Memórias pedagógicas que não consegui realizar… ainda!

Havia estado na cidade em dois momentos: inicialmente, em 1969, a turismo; outra em 1976, para o lançamento do Mini Vôlei no Brasil, do qual sou pioneiro, durante Campeonato Brasileiro de Voleibol masculino. Muitos anos se passaram e só retornaria à ilha em início de 2006. Minha neta, linda como todas as catarinenses, nasceu em Florianópolis em março/2006 e dois anos depois veio morar em Niterói. Nesse período de muitas idas e vindas, resolvi insinuar-me junto às autoridades e agentes educativos no sentido de compartilhar algum conhecimento com colegas da Educação Física e Esportes. Em especial, o voleibol, minha especialidade, mas também na Metodologia e Pedagogia de ensino. Ainda bem fresco na minha memória o encontro que tive com o secretário de Educação Rodolfo em seu gabinete, no Centro da cidade. Creio que foi por volta de 2008. Nesta época, insinuei-me muitas vezes por várias instituições para inserir o projeto de Iniciação Esportiva que há muito criara.

1. Secretaria de Educação Estadual – A primeira a ser visitada, infelizmente não consegui ter acesso ao(a) Secretário(a). A proposta era a de inicialmente colocar o projeto Mini Voleibol nas escolas da capital e formatar sua expansão por todo o Estado. O autor realizaria cursos presenciais, inclusive com acompanhamento regular pela Internet.

2. Secretaria de Educação Municipal de Florianópolis – Segunda visita. Entrevistei-me com o secretário de Educação Rodolfo Pinto da Luz. Da breve conversa que tivemos, com muita simpatia imediatamente colocou-me em contato com o Reitor da UFSC e, com ele, agendei um encontro.

3. Secretaria Municipal de Esportes e Lazer de Florianópolis (?) – O secretário de plantão foi convidado a assistir à palestra que proferi na UDESC para seus alunos. Falou-me rapidamente de suas realizações e programas e nos despedimos. Nada mais foi ventilado.

4. Secretaria Municipal de Educação de São José – Entrevistei-me com a Secretária, que me encaminhou a uma de suas auxiliares. Obviamente, uma forma burocrática e delicada de dizer que não estava interessada em ouvir-me. Mesmo sabedor desse estratagema, conversei com a funcionária e nos despedimos amavelmente. Encarei como um aprendizado nas relações humanas com o poder público.

5. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Em conversa com o reitor (15 min), expus a necessidade de a UFSC disponibilizar atividades desportivas para TODOS de seu quadro discente, em especial as mulheres, tendo-me comprometido em produzir projeto com a Educação Física contribuindo para a tarefa. Seria uma forma também de alcançar a Educação Física e compartilhar com seus professores e alunos o projeto de Iniciação que postulava. Outro setor a ser contemplado seria a Pedagogia. Infelizmente, nada se consumou a seguir, nem nas escolas e tão pouco na universidade. E interessante, inicialmente manifestara desejo de ampliar essa área de atividade. 

6. Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC) 

a) CEFID – Aqui tive toda a acolhida possível a um “estrangeiro”. Pura simpatia, a Professora Fernanda Tolentino colocou-me à vontade convidando-me a proferir palestra com seus alunos e, inclusive, produzir aula prática com eles. A única falta foi o não comparecimento de alunos de escola pública (conveniada) para a realização da prática, certamente por motivo alheio ao Cefid. O equipamento específico – redes e postes -, além de outros materiais didáticos, foram levados pelo autor, inclusive um paraquedas.

b) Colégio Catarinense – Dia seguinte ao encontro no Cefid, fomos levados à Escola Catarinense, apresentados às diretoras pedagógicas e com muita alegria realizamos em suas instalações uma aula com crianças (e adultos) para ilustração de alguns professores do educandário. Temos certeza de que as alunas gostaram, pois me convidaram “a ser seu professor de voleibol”.

c) Reitoria e Direção de Ed. Física – Solicitei entrevista com o reitor. Seu substituto acedeu ao convite e acrescentou a presença do Diretor da Ed. Física. Muito afáveis, discorremos sobre nossos projetos e mais nada. Minha impressão foi que já faziam algo suficiente nesse sentido. Imaginei e creio até hoje sejam as experiências pedagógicas (aulas) para alunos de escolas públicas. 

7. Universidades privadas – Contatos com alguns professores da área do voleibol infrutíferos. Sempre muito amáveis, mas criando diplomaticamente obstáculos a um simples encontro.

8. Prefeitura de Florianópolis – Realizei pacientemente um périplo por quase toda a estrutura de governo municipal. Imagino que seria desgastante estar comentando, pois todos sabem das dificuldades burocráticas e, especialmente, as barreiras que se erguem diante de um “intruso” em seara alheia. A tônica sempre foram os despistamentos, passando de mesa em mesa, sem chegar a quem decide. Exceção ao Secretário de Educação, que prontamente enviou-me ao Reitor da UFSC. 

a) Prefeito (Dória) – Apresentei-me a ele em evento ciclístico público somente para solicitar que me indicasse o Secretário de Educação. Fê-lo imediatamente e logo marquei uma entrevista.

b) Chefia de Gabinete – Após perambular pela Secretaria de Educação e Reitorias, retornei ao gabinete do prefeito. Como natural, tive que entrevistar-me com o chefe do gabinete. Muito atento, e muito político, ficou de falar-me adiante. Aguardo até o momento.

c) Secretaria de Ação Social – Não consegui a necessária entrevista com a Secretária, mulher do Prefeito. Deixei o projeto ali logo após ter estado na Eletrosul, pois viajaria em seguida para Niterói. Mas voltaria a qualquer momento para sua avaliação. Provavelmente não foi considerado, permanece sem resposta.

9. Academia de Polícia Militar – Insinuei-me junto a um cadete por acaso, quando nos conhecemos no restaurante gerido por sua mãe. Dei-me a falar sobre meus projetos com crianças e disse-me da preocupação de seus instrutores sobre o serviço social (ações desportivas comunitárias) que pudesse ser realizado pela PM em comunidades menos assistidas de todo o estado. Fui convidado e realizei a palestra. Infelizmente não tinham tempo (carga horária) para uma demonstração prática.

10. Eletrosul – A busca de patrocínio me levou ao local mais próximo, a Eletrosul. Seus funcionários muito afáveis fizeram de tudo para orientar-me no processo burocrático a seguir. Cumpri todas as exigências, mas deparei-me com um único pequeno problema: precisava do aval da Prefeitura ou de uma das Secretarias firmando nossa sociedade. Em véspera de retorno a Niterói, busquei a Secretaria de Ação Social, vizinha à residência de minha filha. Inclusive, a titular era a esposa do Prefeito. Como não estava presente, deixei os papeis com sua secretária, inclusive explicando minha ausência forçada, mas que retornaria em breve. Nunca houve resposta.

11. Comunicação – Em busca de apoio da mídia enveredei pela Rede RBS, que abrange os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul através de emissoras de TV e rádio, jornais e portal de internet. E creio, repetidora da Globo.

Lição –  Só trabalham com fatos. Teria que primeiro realizar algo para, em seguida, entrar na pauta. Percebam como é importante produzir alguma coisa para mostrar a quem decide e, a seguir, a quem pode publicar ou tornar visível a experiência ou ensaio.   

12. Igreja, Morro da Cruz – Sou católico, apostólico, romano e professo a religião com fé. Acolhi com simpatia o convite que um padre fez na homilia em uma das missas dominicais. O convite: que houvesse participação laica em projetos sociais que estaria desenvolvendo no Morro da Cruz. Aguardei-o ao final da missa e manifestei minha intenção de ajudar. Pediu-me que deixasse nome e telefone de contato na sacristia. E assim foi feito. Passaram-se muitos domingos, e nada. Certa feita resolvi interpelar a secretária sobre o padre e os projetos. Disse-me ela: “Ele viajou e não sabemos quando voltará”. E, dessa forma, vi-me frustrado uma vez mais. 

13. Instalações desportivas – Ginásios, campos de futebol, pistas de atletismo e espaços abertos estão à disposição das comunidades para a prática desportiva. Especificamente, visitei dois deles.

a) Ginásio no Centro – Ginásio poliesportivo, creio que pertencente ao município de São José, localizado próximo ao shopping Angeloni. Estive lá pela manhã para indagar sobre suas atividades e possíveis horários disponíveis para atividades com crianças. Estava deserto, tendo encontrado somente um funcionário de plantão, sem absolutamente nada por fazer.

b) Centro Comunitário – Com entrada pela Av. Santos Saraiva, próximo à residência de minha filha. Frequentava quase que diariamente para fazer caminhadas, como muitos moradores da redondeza. O campo de futebol, muito bem cuidado, reservado para atividades pré-programadas, como aulas regulares para adolescentes e possivelmente lazer de adultos em fins de semana. Notei que havia outros espaços abandonados, que certamente poderiam conter atividades para as mulheres, como uma ou duas quadras polivalentes. Sem contar a pista de atletismo… 

14. Congresso Internacional – Nesse período em que lá estive realizou-se um congresso internacional apoiado pelo Ministério dos Esportes, tendo sido convidados ilustres personalidades desportivas e educacionais do Brasil e do mundo. Destaque para o italiano Domenico De Masi, autor de O Ócio Criativo, obra em que apresentou um inovador conceito de trabalho, fundamentado na importância do tempo livre como aliado da criatividade. Todavia, como havia acompanhado pela web o Congresso Nacional Desportivo Português, interessei-me também em frequentar a palestra de eminente professora portuguesa da qual não me recordo o nome. Pelo que sei neste mês a UFSC promove outro congresso internacional, ao qual envidei esforços para participar, mas perdi o tempo da inscrição de trabalhos. Contudo, está “no ar” para quem se dispuser a visitar: http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/ Enviei minha obra História do Voleibol no Brasil (2 vol., 1.047 pág.) para a Professora/Doutora portuguesa Isabel Mesquita, da Universidade do Porto, que com certeza lá estará.

15. João Batista Freire – Perguntado pelo professor mais proeminente, indicaram-me o Professor João Batista Freire. Telefonei para ele e marcamos o nosso primeiro encontro em uma livraria do Centro. Foi muito gratificante conhecer pessoa tão simples, bondosa e culta. Convidou-me a seguir para um encontro no Instituto de Educação, também no Centro, no dia em que haveria uma demonstração não me recordo se de capoeira ou judô. Mas, confesso, senti-me acariciado por sua simpatia e leveza. Adiante, não mais nos vimos. Quando souber de seu endereço enviarei um exemplar da História do Voleibol no Brasil. Alguém me ajuda?

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 Conclusão

Por minhas sucessivas tentativas de colocar o projeto em execução desde 1974, hão de considerar que não sou teimoso, mas um tolo e obstinado velhinho que acredita no que faz. Configurei minha passagem em Floripa sem amargura pelos NÃOS que recebi, mas até em contentamento por ter sido recebido com carinho e simpatia por todos. É evidente que no limiar dos 74 anos de idade já conheça comportamentos humanos e suas características especialmente quando submetidos a fatos novos e decisões a tomar. Não saí decepcionado em nenhum de meus encontros, mas tentando interpretar e assimilar como pensam e agem meus interlocutores. Este foi o meu belo aprendizado!

Quanto aos jovens catarinenses que desejem aprender lições de vida, não só saiam às ruas, mas tentem interpretar como agem e vivem seus conterrâneos mais próximos. Se chegarem a alguma conclusão, poderiam ajudar-me a entendê-los? 

Tenho saudades da Ilha da Magia… Ainda voltarei ao seu convívio, mas somente no verão!

 

 

 

Como Ensinar?

          Jogando na ruaGinásiop&b

 

 

 


 

 

(Gravuras, Beto Pimentel)

 

Remexendo no Baú de Memórias

Certas  atitudes metodológicas e pedagógicas de muitos professores e treinadores refletem um caráter preguiçoso e, portanto inoperante até certo ponto, de Como Ensinar. E não falamos isso somente em relação ao ensino esportivo, mas em caráter geral, dada deficiências no ensino acadêmico de Metodologia e Pedagogia, tão desprezado por alunos e mestres. Isto também ocorre aqui neste Procrie, haja vista a pouca ocorrência de visitantes aos artigos catalogados naquela Categoria (Metodologia e Pedagogia). Porém, algo está ocorrendo de novo, pelo menos vindo de internautas de outros países. 

Recentemente, recebemos inúmeros comentários de internautas do exterior, valorizando nossos dizeres nos artigos Ensino Crítico e Como Ensinar. Não fazemos a menor ideia do por que dessa descoberta neste momento, até pela distância temporal em que foram postados. Para compreendermos as circunstâncias, vejamos sumariamente os destaques pedagógicos daqueles artigos.

Desenho61. Ensino Crítico (17/fev./2010) – A importância da contribuição de Celestin Freinet e, por extensão, de Jean Le Boulch. Os perigos e ciladas em se Copiar e não Criar suas próprias aulas. No Tatear Experimental, em que o indivíduo experimenta os primeiros ensaios, desenvolve-se a capacidade tanto por parte do mestre, como dos alunos, de uma Reflexão na Ação. O sujeito torna-se crítico do próprio fazerAo final, foi colocada uma situação prática sobre Nova Metodologia em um colégio desconhecido do autor. A Reflexão sobre a aula, que não foi feita junto ao evento, é tornada pública para que outros o façam: “O que teria agradado tanto aquelas crianças? Por que os adultos também se entregaram tanto na aula? Que transformações a realizar no próprio educandário”?

Desenho222. Como Ensinar (28/out./2011) – Aquisição de Habilidade é o tema central e os aspectos que o cercam na prática, i.e., a capacidade de Avaliar o Treinamento, sempre vista como inerente a aluno e mestre. Durante as práticas iniciais a prevalência de uma Percepção preliminar para que o aluno aprenda a meditar e, portanto, tornar-se crítico. Ao fazê-lo, aprofunda-se na aquisição das habilidades e, consequentemente, o seu Talento. O que poucos percebem é que aprofundar-se no treinamento não é somente repetir os ensaios, mas principalmente, corrigir detalhes passo a passo, sem perder de vista o movimento global. Por último: Como ver um treino e aprender com ele? Que tipo de comentários resulta das observações e indagações realizadas?

 

Em Resposta a Christian 

Entre inúmeros Comentários, destaco aquele que me chamou atenção pela percepção do missivista em querer se aprofundar e a retirar do Autor uma sequência lógica de informações e ensinamentos. Vejam a seguir, afirmando que não tenho estudo sobre a língua inglesa, mas graças/apesar do Google, vou tentando me comunicar e aprendendo com todos. Os comentários estão grafados em Ensino Crítico:

By Christian Louboutin Outlet, 20/jul./2013

Thank you, I have just been looking for info approximately this subject for a while and yours is the greatest I have discovered till now. But, what about the conclusion? Are you sure concerning the source?

Pelo Procrie, em resposta a Christian Louboutin Outlet. 20/jul./2013… (Google Translate)

Christian… Obrigado, eu estava procurando informações sobre este assunto por um tempo e o seu é o maior (melhor) que eu descobri até agora. Mas o que dizer da conclusão? Você tem certeza sobre a origem (fonte)?

Procrie… Uma das virtudes que emprego para ensinar é resultado de observação desde quando pescava peixes e siris: paciência. O artigo foi postado em 17/fev./2010, lá se vão pouco mais de 3 anos e só agora sou interpelado. Agradeço pelo interesse, mas há que navegar pelo blog em busca de outros artigos que o levarão a concluir sobre a melhor forma de ensinar. Isto tem significado: “dou o caniço para você pescar, não o peixe; você terá que pescá-lo.” Ou seja, mostro diversas possibilidades de métodos de ensino e cada indivíduo fará a sua escolha após discussão. Além disso, extremamente importante, aulas teóricas JAMAIS substituirão aulas práticas, onde o contato é muito mais próximo e um simples gesto ou olhar diz muito mais do que mil palavras. E mais, a relação mestre x aluno permite dissipar dúvidas in loco, no exato momento em que ocorrem. Grato por sua manifestação.

Valor da Aula Prática

Vários textos estão intitulados como Aprender a Ensinar/ acrescidos da extensão correspondente ao assunto tratado, p.ex., /Metodologia, /Memória, /Métodos, /Métodos (I), /Equipamento. A estes, somam-se outros mais relacionados na Categoria Metodologia e Pedagogia, além de Formação Continuada.

Hão de compreender que não sou um perito em análises desse tipo. Tento aprender a ensinar e para tanto, debruço-me sobre os livros que adquiri para melhor explicar as ações pedagógicas a empregar. Sendo assim, ocupo-me do Procrie da melhor forma que sei fazer. Aliás, dito por muitos que me acompanham e experimentaram os meus ofícios, destaco-me nas aulas práticas. Inclusive e principalmente com crianças, como declarei certa feita: Faço-me criança diante delas! Até hoje, já velhinho, tenho orgulho em me emocionar ao falar-lhes. Poderão ver em postagens sobre Ensino a Distância, que o foco de minhas preocupações já se concentrava nas Aulas Presenciais, imprescindíveis a qualquer tipo de ensino. Silenciosamente, dei início a um périplo para descortinar patrocínio.  

Assim entendo que o escrever não tem a mesma força de o falar, ou seja, os indivíduos têm necessidade de ver com os próprios olhos aquilo que lêem nos livros. Há necessidade de vivenciarem na prática o que extraíram dos textos. Se tiverem a presença de um experiente mestre, melhor não há. Finalizando, para fugir um pouco ao didatismo teórico, mais do que ninguém estou a buscar oportunidades para as Aulas Presenciais, CursosPalestras, que me coloquem face a face com professores, treinadores e alunos. Enquanto não ocorre, busquemos nos entender da melhor maneira possível. Estou exultante com a indagação acima e tomara que surjam mais de igual valor.

Até breve e boas leituras!

Criar um Blogue?

Alto do Rodrigues, RN
Alto do Rodrigues é um município no estado do Rio Grande do Norte, localizado na microrregião do Vale do Açu. Área territorial de 191 km². Wikipédia.

Blog: Uma Ferramenta Assíncrona Para a Aprendizagem Acadêmica em Extensão Universitária 

Por Patrick Ramon Stafin Coquerel

Uma notícia postada no CEV, Comunidade EaD, e o valor de um blogue que a população de Alto do Rodrigues, interior do Rio Grande do Norte, foi instada a construir. Vejam o resumo:

Entre os dias 7 e 12 de julho de 2013, 12 estudantes da UFRN de diferentes cursos (enfermagem, medicina, educação física, biblioteconomia, estatística, ciências sociais, ciência e tecnologia, ecologia, comunicação social e licenciatura em física) realizaram uma intervenção no município de Alto do Rodrigues, interior do Estado do Rio Grande do Norte. O Programa Trilhas Potiguares é a maior ação de extensão da UFRN. Em 2013 o programa esteve presente em 25 municípios do RN. No município com cerca de 12.300 habitantes, a coordenação do trilhas ficou por conta desse modesto Professor de Educação Física que vos escreve, iniciante do Departamento de Educação Física da UFRN. Para minha surpresa, lá nos sertões do Rio Grande do Norte, região rica na extração de petróleo e, também, muito promissora na área agrícola, devido a incidência de sol e de projetos de irrigação, descobri que uma ferramenta assíncrona das TIC’s é a principal forma de comunicação naquela cidade, ou seja, os Blogs. Não foi por acaso que lancei mão de um processo de avaliação de nosso projeto de extensão universitária por intermédio dessa ferramenta. Os cevnautas podem observar o resultado do trabalhos dos estudantes da UFRN no link: http://http://www.trilhaspotiguaresar.blogspot.com.br/ 

Nota do Procrie

Acabamos de postar no blogue em referência o nosso oferecimento. Por acaso, na página referente a uma partida de voleibol, com direito à banda, entre as equipes formadas por funcionários do Bando do Brasil e outros jovens da comunidade. Devo esclarecer-lhes que fui funcionário do BB, estou aposentado, e sempre incentivei o voleibol entre os colegas de banco, especialmente nas AABBs. Tanto como treinador como atleta. Aliás, as fotos postadas estão sensacionais e exprimem a alegria dos participantes. Parabéns a todos, inclusive à equipe que produz o blogue.

Visitas ao Procrie – Total de 1.060 em todo o estado nos três anos de vida do blogue, sendo Natal e Mossoró as cidades mais proeminentes.

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Retrospectiva EaD

Vejam como é mais fácil compartilhar com tantos algumas ideias desejadas por milhares de indivíduos que não têm muitas vezes acesso à universidade, ou até mesmo, carecem de uma Formação Continuada. Estamos também tentando utilizar o Facebook –  Procrie no Facebook – para relatar notícias e eventos. Todavia, o trabalho é muito grande neste Procrie e vamos dando um passo de cada vez. A meta seguinte, postar vídeos.

Em se Plantando Tudo Dá…   Boas Sementes em Terra Fértil. Aramos e adubamos a terra, em seguida lançamos as sementes – 244 mil pequeninos grãos. Entramos na época da florada – 150 mil visitantes em todo o mundo. E agora, é justo prepararmo-nos para a festa da colheita. Afinal, SOMOS MUITOS! Que se  tornem arautos de um Ensino de Qualidade! […]

Palestras em Universidades e Eventos    Contar Histórias? Afinal, Educar não é Contar Histórias? No intuito de nos aproximarmos dos internautas e estabelecermos um vínculo mais estreito compartilhando ideias e experiências, tornamos pública a disponibilidade em participarmos de eventos de cunho acadêmico. As áreas de […]

Aprendizagem, Educação, Ensino a Distância, EaD   (…) Como menciona o autor, a EaD facilita o acesso ao conhecimento e à certificação profissional de pessoas que antes não tinham a possibilidade de se aperfeiçoar por serem portadoras de necessidades especiais, por morar longe dos grandes centros de estudos, ou ainda por não ter condições econômicas para se dedicar aos estudos. Ciente de minha pequenez diante de renomada autoridade repasso aos meus leitores que busquem também a aquisição da obra premiada e divulguem essa técnica moderna de ensino entre seus familiares e amigos. Especialmente àqueles que se encontram nas situações mencionadas acima. Por meu turno, e guardadas as devidas limitações, o Procrie permanecerá incentivando a Formação Continuada, tanto de profissionais já realizados, quanto daqueles em situações e regiões distantes dos centros de estudos. Isto, se merecer a sua paciência.

Criar um Blog Escolar?   Aulas Teóricas de Educação Física. O presente tema foi reapresentado nesse final de mês no CEV e interessou-me de imediato devido às minhas propostas de Formação Continuada para professores, ainda mais pela Missão de que estamos imbuídos neste Procrie. Poderão saber mais visitando http://prezi.com/9nhuhq5t7coh/procrie/, um Contributo ao Desenvolvimento do Voleibol. Quem sabe talvez consigamos […]

Procrie, um Projeto nas Nuvens    Construção de um Centro de Referência em Iniciação Esportiva (Virtual).  Nesses quase dois anos de atuação em que colecionamos pouco mais de 70 mil visitantes, renovamos nosso compromisso inicial consignado em todas as nossas postagens de fazer “uso inteligente da Internet”. “A computação nas nuvens, em inglês chamada de cloud computing, é uma tendência na internet do futuro, acredita-se […]

 

 

Palestras em Universidades e Eventos – II

Educar é Contar Histórias

Apresentamos um banner com nossa proposta de divulgação da história do vôlei no Brasil, especialmente em escolas de Educação Física. A medida nos leva a crer que também os alunos das escolas do Ensino Fundamental e Médio terão mais acesso tanto à própria obra, como a este Procrie que contém parte dela. É o grupo que denominamos “Geração Nota 10”, o que muito nos honra. Anteriormente, em Obra Enciclopédica e Memorialista, consignamos um release sobre o livro e a nossa disposição em facilitar a sua comercialização pela Internet, diminuindo custos para os interessados.

Esperamos atender à demanda por tantas informações, uma vez que deixamos de ser um País sem memória. Pelo menos no que se refere ao voleibol, só conhecido pelo grande público a partir da década de 80. Dessa forma, recuamos a 1939 apesar de tantos empecilhos e dificuldades.

Contamos com sua colaboração na divulgação das histórias de uma modalidade vitoriosa. Que as novas gerações não sejam órfãs da memória!

Veja mais em Livro: História do Voleibol no Brasil

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História do Voleibol

Séc. XX

 

 

capas dupla história do vôlei

 

Obra de Referência

 

 

 

MiniEuFavBairro

Bernardo Agasalho e Livro  2 junho2011

 Formação Continuada

logo teduzida   http://www.procrie.com.br/

 Mosaico moderno B

 Fotos: Fivb/Divulgação; Acervos particulares.

 

Portugal e Brasil: Destaques

Brasileiros e portugueses, em que diferem?

A partir do exame dos últimos trinta dias (até 14.6), alguns dados do Google Analytics sobre as visitas dos patrícios indicam uma aceitação dos textos exarados neste espaço. Confesso minha simpatia pelo povo e um grande orgulho em ser-lhes útil em algo, ainda que pequeno.

Vejam o caso da Póvoa de Varzim. Estive por lá há algum tempo a passeio, pois a avó de minha mulher era povoense. Infelizmente, ainda não me dedicava tanto ao Procrie e não estava lincado ao Sovolei, um sítio português no qual, além do noticiário, promovia comentários e os inevitáveis debates. E ainda, estimulava a produção de textos técnicos, entrevistas etc. Uma brasileira, talvez pernambucana inclusive escreveu-me a respeito de sua filha(o) que atuava no voleibol local.

Outro destaque trata-se de Vila Nova de Gaia, vizinha à Póvoa, e que ultrapassou em visitas a principal cidade da Região – Porto, uma campeã (como Lisboa) em atenção ao Procrie.

O tempo passou e, após a lincagem, o interesse demonstrado pelos portugueses foi vital para o incremento das visitas ao blogue, o que contribuiu deveras para o meu entusiasmo pelas coisas lusitanas. Passei também a produzir textos para que os brasileiros conhecessem algumas cidades além-mar. Procedi igualmente em relação ao Brasil, uma vez que a ideia era alavancar o interesse de professores fora das capitais e assim, produzir a “marcha para o Oeste” e até pela selva Amazônica.

 

Olhos de ver…

 

Portugal até 14 jun 2013

 

Observem no mapa que somente uma das regiões de Portugal não tem e nunca teve qualquer visitante. Trata-se de Trás-os-Montes. Peço que me expliquem a respeito. Enquanto isto, duas surpresas se me apresentaram, tanto em número de visitas, quanto no tempo médio de permanência no blogue. São elas a Vila Nova de Gaia (30 visitas, 42”) e a Póvoa de Varzim que, embora com somente 9 visitas, nos dá mostra de seu interesse no tempo de permanência de leituras: 7′ 42”. Infelizmente, não conheço entre os mecanismos do Google Analytics se existe possibilidade de distinguir quantos são (se houver) os indivíduos que frequentam o blogue. E além, quais os assuntos que mais despertaram a sua atenção. O fato de a primeira cidade superar os dois principais centros – Porto e Lisboa – é bastante indicativo. Como pouco conheço os patrícios, gostaria que um de vós mô-lo explicasse manifestando sua versão. Tenham certeza de que me será bastante indicativa.

 

… e olhos de enxergar

 

Brasil até 14 jun 2013

 

O mais interessante é que também no Brasil professores pouco ou nada comentam sobre os dizeres do Procrie, no entanto conferem a ele audiência insuperável, i.e., em torno de 90% (+ 5 mil/mês). Por que será? Seria o corre-corre do trabalho em vários educandários? Algo como desinteresse em discutir qualquer assunto caso se apresente de forma transparente, tipo pronto para consumo? Ou, ao contrário, teria que pensar e redescobrir soluções para os seus próprios problemas? Ou talvez, o que pensarão os outros sobre minhas indagações ou afirmações? Para estes asseguro total confidencialidade, inclusive emprestando nome fictício; jamais será publicado seu endereço eletrônico. Enquanto nada me informam caminho segundo minha intuição. Mas confesso meu pesar por ainda não ter encontrado sequer um interlocutor. Quem sabe você será o primeiro? Ou então, terei que aguardar alguns anos esperando que a geração de escolares Nota 10 que relatam o sucesso de seus trabalhos em Educação Física permaneça fidelizada ao Procrie e nunca nos esqueçam.

Brasil, Regiões e Cidades

  • Somente neste período não tivemos visitas na capital Estado do Acre, Rio Branco. Explica-se pelas chuvas torrenciais do período que assolam toda a Amazônia. (já retornadas posterior àquela data)
  • Encravada na Selva Amazônica, Tefé tornou-se referência de nossos esforços em nossa missão. Aguardo também manifestação para melhor servir.
  • Fazendo parte da Região Amazônica, Palmas, capital do Estado do Tocantins, é mais um orgulho de nossos esforços, pois tudo começou quando enviamos algumas redes de mini voleibol e bolas para que um padre missionário fizesse a divulgação do esporte (Leia mais O Professor e o Missionário).
  • Algumas (para nós são muitas) cidades do interior nordestino – estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Pernambuco, Bahia – estão a pouco e pouco tomando conhecimento de nossa obra pedagógica e com certeza acrescentando fatores de evolução a seus alunos. Trata-se de uma região das mais inóspitas e pobres do país, sem quaisquer recursos. E por isto, um de nossos alvos preferidos.
  • Finalmente, as Regiões Sul e Sudeste comandando a preferência nas visitações. De se estranhar, pois é rica (em termos de Brasil) e aquinhoada por isto com um sem número de Universidades de Educação Física. Por que tanto interesse neste blogue despretensioso? Meu sentir: o interesse pelo ensino, especialmente em Metodologia e Pedagogia, historicamente fragilizado nas universidades.

Para aqueles que desejam melhores aulas ou treinos, recomendo buscar em Categorias, vários artigos sobre o assunto, em que busco aliar teoria à prática. Creio que não se arrependerão. Além disso, não deixem de acompanhar a série Novas Formas de Pensar o Treinamento, é como se estivéssemos batendo um papo descontraído em qualquer lugar. A finalidade, aprendermos a pensar e a criar informações adicionais às nossas aulas, recordando que a Educação deve estar em movimento constante. Ao que parece, o ensino desportivo está estático há muito tempo. Isto é o que se propõe discutir com todos.

Boas leituras.

 

PS (em 5/jul./2013): Estamos radiantes! Mas seria ele habitante da Região?

Vejam o comentário que recebemos do Senhor Jorge Portojo, e que está gravado em Trás-os-Montes e Alto Douro:

commenter

Caros amigos. Estais mal informados. E então a Azeitona e o Azeite que são a par da Vinha uma das riquezas de Trás-os-Montes e Alto Douro? Sem falar nos cereais. Temos de saber tudo para informar bem.
Cumprimentos

Novas Formas de Pensar o Treinamento: Defesa (2)

 Busca de Novos Métodos de Treinamento na Formação

MiniEuFavBairro INVERTIDA
Roberto Pimentel propõe o volley thinking na busca de novos métodos de treinamento.

 

Pensando o Vôlei… Volley thinking 

– Vale a pena treinar?

– O quê treinar?

– Como?

   – Quanto?

    – Quando?

 

 

 

Conceitos e Métodos – O Circuito do Ensino – Aprender Brincando e Jogando – Valor da Defesa – Circo de Matsudaira – Criatividade nas Aulas e Treinos – Liberdade de Ter Ideias Maravilhosas – Líbero, Antes e Depois – Importância da Dúvida.

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Conceitos e Métodos

O Circuito do Ensino. Daniel Coyle é autor do livro O Código do Talento, que trata de uma ideia simples: a fábrica de talento. Esta consiste no acesso a um mecanismo neurológico no qual certos padrões de treinamento direcionado constroem uma habilidade. Trata-se de uma zona de aprendizagem acelerada, zona essa à qual podem ter acesso aqueles que sabem como fazê-lo. Em suma, decifraram o código do talento. Este se baseia em descobertas científicas revolucionárias sobre um isolante neural chamado mielina, atualmente considerado por alguns neurologistas o Santo Graal da aquisição de habilidades. (Leia mais O Circuito do Ensino)

Aprender Brincando e Jogando. Os internautas que me acompanham conhecem a máxima em que me apóio sobre a metodologia a empregar nos treinamentos, mesmo para adultos. Sempre que possível divertir-se jogando previne uma série de contra tempos e desgastes nervosos, quebrando as inefáveis monotonias a que estão submetidos os treinandos em qualquer circunstância. Este um dos piores defeitos do adestramento, em que se ensina o automatismo, e não fazer com que se adquira uma aptidão geral para a aprendizagem motora. O mais importante é o trabalho de tatear efetuado pelo indivíduo, e muito mais, a resultante desse trabalho, i.e., a aquisição de habilidades motoras. É um grande erro pedagógico querer acelerar os processos de ações intempestivas e invasoras. O papel do educador é o de suscitar, de favorecer as tentativas, os erros e o ajustamento, e não o de substituir o mecanismo educativo desse processo adaptativo por suas técnicas (Le Boulch). Quando uma experiência é bem sucedida no decorrer do tatear, ela cria como que um apelo à potencialidade e o indivíduo experimenta a necessidade de repetir esse ato bem sucedido até que possa fazer parte do automatismo. A atmosfera da alegria das sessões certamente contribui para a criação (C. Freinet). (Leia mais em Categoria/Metodologia e Pedagogia)          

 

Tese Inovadora

I – Justificativa

II – Metodologia e Pedagogia

III – Prática e Avaliação dae Resultados

IV – Conclusão

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Parte I – JUSTIFICATIVA 

Valor da Defesa

O emocional e os números

Quem jogou e quem quer se iniciar no voleibol é principalmente atraído pelos lances espetaculares, especialmente as cortadas de ataque. Pouquíssimos emprestam atenção aos lances de defesa. É bem possível que nos EUA os treinadores de base tenham despertado sua atenção para esse detalhe e consequentemente valorizado o treinamento específico. A tal ponto que nos jogos entre profissionais na década de 70 disputados entre equipes constituídas de cinco atletas, sendo uma mulher, sem rodízio, os lances mais aplaudidos eram referentes às defesas. Ao final da partida, o destaque era sempre o que mais defendera.

Um segundo aspecto nos é oferecido pela Regra do jogo em que cada erro corresponde a um ponto – pontos por raly. O locutor de Tv e alguns comentaristas muitas vezes afirmam que, a partir do vigésimo ponto, todos os pontos são importantes. Já refutei a sentença em postagem neste Procrie quando considerei que cada ponto, a partir do primeiro, é importante, pois pode fazer falta no final do set. Qual seria o ponto mais importante: o primeiro ou o último? Nesse caso tenho certeza de que o emocional prevalece sobre os números, pois os atletas são compelidos por seus treinadores a não errarem nos derradeiros momentos de um set (decisivo). Há aqueles que apelam: “Pelo amor de Deus, entra lá e não erre o saque”!

Por último, uma indagação: “Por que o líbero é o melhor defensor”?

A resposta soa óbvia, mas existe um desdobramento que nos parece importantíssimo para o desenvolvimento de nossa tese. Imagina-se que todos responderiam dizendo que o indivíduo apto a se constituir como líbero deve possuir algumas características inatas que o levem a se tornar um exímio especialista na função. Como está impedido de atacar, e até de sacar, sua participação no jogo está devidamente demarcada: ele só defende! E, consequentemente, seu treinamento é voltado exclusivamente para se tornar um perito em defesa ou recepção de saques, nada mais. Certamente, o criador do voleibol não gostaria de ver sua obra tão deturpada, uma vez que a ideia primitiva era de rodízio de funções entre os componentes. Todavia, através dos anos as competições tornaram imperiosas as especializações. Antes do advento da manchete no Brasil (1964), os três (depois dois) levantadores eram os principais artífices em defesas, pois basicamente tanto estas, quanto as recepções de saques eram realizadas “de toque” (por cima) com ambas as mãos. Considerando-se ainda, que este toque deveria ser perfeito, sob pena de punição pelo árbitro (“dois toques”). Por outro lado, à época, o voleibol dividia espaços nos raros ginásios com o basquete, o que lhes conferia reduzido tempo para treinamento, além de horários exprimidos com as diversas divisões em cada modalidade. Em suma: técnicos do alto nível e mesmo treinadores das categorias de base jamais tiveram vislumbre ou preocupação em treinar defesa por gerações. E o que acho incrível, até nossos dias!

E para concluir, sabe-se que quem dita métodos e programa de treinos invariavelmente são os treinadores das seleções nacionais de plantão, os demais, copiam. Especialmente, quando são vitoriosos. Mas quem disse que também aqueles (da seleção) já não têm suas receitas técnicas construídas desde seus tempos de atletas? Estaríamos confundindo o ponto de partida com o ponto de chegada?

Circo de Matsudaira

Brasil URSS Maracanã 2
Foto: Abril Press; Revista Vôlei Brasil.

O Voleibol transformado em ESPETÁCULO!

A foto ao lado refere-se à partida entre os selecionados de União Soviética e do Brasil, Maracanã (1983), com recorde de público de 90 mil espectadores. (Leia mais História do Voleibol no Brasil, vol. II, pág. 163-164)

Antes, no Japão, Yasutaka Matsudaira realizou façanha que surpreendeu e encantou o mundo quando levou o país a se tornar campeão olímpico em 1972 com a equipe masculina. Anteriormente (1964), as moças conquistaram a medalha de ouro na própria casa. Para isto, foram precisos oito anos de treinamento e aperfeiçoamento em novas técnicas e táticas não conhecidas no ocidente, entre elas o jogo de ataque fintado, o saque de longa distância balanceado e a técnica defensiva aprimorada ao extremo. Dizia-se até que para eles “não existia bola perdida”. O principal encantamento – as fintas e ataques rápidos – foram imediatamente incorporadas aos cardápios de treinos no mundo, enquanto que saques e defesas invariavelmente postos de lado, e a não ser por um ou outro detalhe, logo esquecidos. A técnica do saque seria substituída em 1982-84 com o emprego do saque com salto (viagem ao fundo do mar), mas até o momento espera-se que treinadores despertem de sono profundo. Resta saber que a federação japonesa produziu um filme de 20min contando essa verdadeira epopeia, exibido no Brasil em 1975 durante curso na EsEFEx. Espero que o tempo não tenha danificado o DVD que copiei, e que algum dia possa mostrar aos novos treinadores e internautas como os japoneses treinavam defesa e mantinham sua elasticidade. (Leia mais Valorizando Defesas em Detrimento de Ataques – Lição VII; História do Voleibol no Brasil, vol. II, pág. 145-147.)

Criatividade nas Aulas e Treinos

Cada vez mais me convenço da inutilidade dos treinamentos de defesa da forma como são aplicados. Possuo longa e profícua experiência no voleibol como atleta de excelente nível técnico, treinador. Tenho repetido que ao ver uma equipe atuando duas ou três vezes posso adiantar como ela é treinada, ou seja, o que falta de técnica individual a seus integrantes. No caso masculino, invariavelmente as bolas atacadas pelos adversários que ultrapassam os bloqueios não são defendidas. Os esquemas táticos de defesa empregados pelas equipes permanecem os mesmos da década de 60, em nada se diferem uns dos outros, inclusive no alto nível. Assim, os principais erros procedem de falha humana, ou de treinadores que não procedem a métodos de treinamento mais adequados a partir da Formação. Daí as expressões mais ouvidas no alto nível em qualquer desporto: “Não tenho tempo para treinar”! Deveriam aprender isto na Formação”!

Por que tudo isto? A meu ver, má colocação dos defensores e, na maioria das vezes, a posição não muito adequada dos braços (estão dispostos para defesa por manchete) e o consequente receio de uma bolada (medalha) que acarreta as sucessivas esquivas, especialmente em bolas na altura do peito ou rosto. É o que chamo de esconder-se atrás do bloqueio. Este estudo – verdadeira tese não acadêmica – está lançado online inclusive para debatermos o assunto de forma livre e cristalina. Aos que se juntarem, sejam bem-vindos, pois não creio que tenham encontrado nada similar e desfrutem de oportunidade ÚNICA de aprofundamento na matéria. Mais do que tudo, compartilharemos informações, conhecimentos e estaremos nos comunicando. Quer mais? Não se esqueçam que nossas descobertas deverão fazer parte dos treinos e aulas na Formação e mesmo nas aulas escolares. Aprenderão brincando e se divertindo!

Liberdade de Ter Ideias Maravilhosas

Penso que a inteligência não pode desenvolver-se sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. “Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, mais novas ideias ocorrem, e mais ela pode coordenar para construir esquemas ainda mais complicados”. (Leia mais Importância de um Bom Ensino)

Líbero, Antes e Depois

FABI UNILEVER Marketing
Fabi, Unilever Marketing.

É certo que a atleta consagrada da foto jamais figuraria em um time de voleibol devido à sua estatura (1,69m) caso não fosse alterada a regra do jogo em 1992 após as Olimpíadas de Barcelona. E por que alteraram a regra? Invariavelmente os ataques preponderam sobre as defesas e a solução foi permitir (não é obrigatório) que jogadores mais ágeis atuassem somente na função de defensor (não podem atacar), e ao mesmo tempo não prejudicassem o número de substituições permitidas em cada set (6). Para chegar a ser a melhor do mundo na função o que foi preciso? Como foi treinada? Por que outras não atingiram tanta excelência? Enfim, como prospectar e produzir novos talentos? De uma coisa sei, facilitou-a o fato de atuar no futebol com seus irmãos e amigos desde tenra idade e possuir um jeito todo descontraído de ser, quase moleca. Por outro lado, para estar no time, tem que ser a melhor entre as baixinhas. (Leia mais Teoria vs. Prática)

 Continua… (em desenvolvimento)

II – Metodologia e Pedagogia

III – Prática e Avaliação de Resultados

IV – Conclusão

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Bibliografia:

Psicologia Pedagógica, L. S.Vigotski – Como as Crianças Pensam e Aprendem, David Wood – O Código do Talento, Daniel Coyle – O Código Cultural, Clotaire Rapaille – Rumo a uma Ciência do Movimento Humano, Jean Le Boulch – Rápido e Devagar, Duas Formas de Pensar, Daniel Kahneman – História do Voleibol no Brasil, Roberto Affonso Pimentel.

 

Novas Formas de Pensar o Treinamento (1)

Foto 104Design thinking como fonte do saber

“Em Stanford, design é uma disciplina ensinada para gestores, médicos, filósofos… e até para designers.” (Rique Nitzsche, autor do livro Afinal, o que é design thinking?).

(Stanford, Califórnia, universidade especializada em pesquisas, localizada próxima ao Vale do Silício.)

 

Design thinking – Pensamento de design – Como funciona – Identificando e resolvendo problemas – Liberdade de ter ideias maravilhosas – Heurística de Pólya – Conceito de priming, memória associativa – Volley design.

Conceito. Busca perspectivas para solução de problemas. Não há ideia burra!

Processo.  Dividido nas fases de imersão, análise, ideação e execução de protótipos.

Bibliografia:

Psicologia Pedagógica, L. S.Vigotski – Como as Crianças Pensam e Aprendem, David Wood – O Código do Talento, Daniel Coyle – O Código Cultural, Clotaire Rapaille – Rumo a uma Ciência do Movimento Humano, Jean Le Boulch – Rápido e Devagar, Duas Formas de Pensar, Daniel Kahneman – História do Voleibol no Brasil, Roberto Affonso Pimentel.

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Design thinking

Profissionais de vários setores estão convencidos de que se manter em forma também exige disciplina. Para essa equipe deslocar o olhar do cenário convencional pode conduzir a descobertas inesperadas e inovadoras. Mas em que se baseiam? No conceito do design thinking, tomado emprestado do processo de design de produtos, que, para especialistas, está ganhando no mercado a força dos MBAs do início deste século. Trata-se de um processo de como produtos e serviços são gerados. Esse artigo de Luciana Calaza foi publicado no jornal O Globo (26/5) e chamou-nos a atenção por se tratar de ideias e olhares pedagógicos sobre aspectos do treinamento humano, ou em outras palavras, sobre Compartilhamento e Educação. As ideias expostas sumariamente dão conta do que vínhamos postulando a respeito de inovação, criatividade, intuição e formas de ensinar. Resumindo, Aprender a Ensinar, onde o destaque está focado na maneira de pensar para atuar em quaisquer circunstâncias, prevenindo-se contra as receitas técnicas e mesmices.

Pensamento de design

O design thinking pode ser um vetor de mudança no aprendizado de ensino no país. Trata-se de criar um espaço para ser usado por todos os cursos em um ambiente propício para o processo de design thinking, chamado Inovateca. Aqui, os processos se desenvolvem em um ambiente em que não há ideia burra. Inovação não é para gênios, é para gente que tem disciplina para buscar o maior número de informações possíveis e chegar com insights interessantes. Qualquer setor pode se beneficiar do emprego do pensamento de design, pois mesmo as equipes mais talentosas, por vezes caem na armadilha de resolver um problema sempre da mesma maneira. Ele vem se juntar às ideias desenvolvidas por Daniel Coyle no livro O Código do Talento, além do processo de se obter ideias maravilhosas já ventilado neste Procrie em Importância de um Bom Ensino (I, II).

Como funciona

Mariana Gutheil, diretora da Perestroika, misto de escola de atividades criativas, empresa de consultoria e incubadora de ideias, lançou no Rio e em São Paulo o curso New Ways of Thinking. O design thinking tem a ver com formular, fazer protótipos e testar, além de antecipar o momento de feedback. Em vez de gastar milhões de reais desenvolvendo um produto, que tal, antes, lançarmos uma primeira versão, mais simples, para um número menor de pessoas?

Identificando e resolvendo problemas

Quando uma ideia se torna um sucesso, quando algo se torna inovador, nos perguntamos: “Uau, quem fez isso?” Na verdade, o que deveríamos estar nos perguntando é: “Uau, como isso foi feito?” O “como” é que devia ser explorado e analisado. O design thinking acelera o processo de inovação e é uma abordagem que ajuda a justamente entender a coisa. A ideia é capacitar pessoas a partir de uma aprendizagem baseada em projetos reais apresentados por várias empresas. O curso parte do princípio de que existe mais de um jeito de identificar e resolver qualquer problema ou desafio, tanto no ambiente de trabalho quanto em qualquer situação das nossas vidas. Pela primeira vez o mundo dos negócios está percebendo que há um método de resolução de problemas que não nasceu na área de administração. E pelo jeito, os executivos estão indo atrás desse método, que sugere que não importa o quão óbvia uma solução possa parecer – o que se espera aqui é que sejam criadas muitas soluções para a análise. Nas aulas de design thinking os alunos resolvem problemas reais das empresas brasileiras que levam seus cases para a discussão na universidade. Em 45 minutos tem-se que ter 20 propostas e daí surgem hipóteses que normalmente nem seriam cogitadas. E isso é bom. Depois, você pode excluir as que não servem, de acordo com as suas restrições, quer sejam elas de lei, distribuição, geográfica, temporalidade etc.

Fonte: jornal O Globo, caderno Boa Chance, Novas formas de pensar, de Luciana Calaza, lucalaza@oglobo.com.br, 26.5.2013.

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Liberdade de ter ideias maravilhosas! 

Penso que a inteligência não pode se desenvolver sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, mais novas ideias ocorrem, e mais ela pode coordenar para construir esquemas ainda mais complicados. (Eleanor Duckworth, The Having of Wonderful Ideas, 1972) (Leia mais Importância de um Bom Ensino)

  • Como aplicar o design thinking no ensino de voleibol?
  • Como ter ideias e resolver problemas?

Heurística de Pólya

O matemático húngaro George Pólya em sua obra A Arte de Resolver Problemas nos esclarece: “Se você não consegue resolver um problema, então há um problema mais fácil que você pode resolver: encontre-o.” As heurísticas de Pólya são procedimentos deliberados da nossa mente. Uma definição técnica de heurística nos diz tratar-se de um procedimento simples que ajuda a encontrar respostas adequadas, ainda que geralmente imperfeitas para perguntas difíceis. Transmite a ideia de substituição.

Conceito de priming, memória associativa

Este conceito está desenvolvido no livro de Daniel Kahneman – Rápido e Devagar, duas formas de pensar – que exprime resumidamente o que seja a “máquina associativa” de nossa mente. Assim, priming é uma rede, uma associação de ideias que se sucede em nossa mente de um modo razoavelmente ordenado. Como falamos em ideia, esclarecemos que os psicólogos pensam nas ideias como nódulos numa vasta rede chamada memória associativa, em que cada ideia está ligada a muitas outras.

Volley design

Acreditamos que a partir desse instante podemos criar o nosso volley design e avançarmos para novas formas de encarar os problemas que o voleibol nos impõe enquanto pesquisadores da qualidade no ensino, denominada por Daniel Coyle (O Código do Talento) de “treinamento profundo”.

Dando início aos artigos verão nas próximas postagens uma versão não acadêmica de uma tese sobre o Treinamento de Defesa. Está colocada não como verdade, mas para ser criticada sobre vários olhares. Lembrando que apesar de alguns exemplos se referirem ao alto nível,  representa uma sugestão de como treinar a partir das equipes principiantes e em formação. Seria uma mudança de mentalidade a ser operada nos agentes educadores (e treinadores).

Até lá!

 

Rápido e Devagar, Duas Formas de Pensar

Roberto Pimentel

Como funciona a nossa mente

 

– O medo de perder é mais forte do que o prazer de ganhar?

Uma pessoa mais bonita será mais competente?

 

 

Daniel Kahneman, psicólogo judeu autor do livro “Rápido e Devagar, duas formas de pensar”, desenha um mapa do nosso modo de pensar e oferece métodos para combater os erros que cometemos de modo inconsciente e para melhor aplicar a nossa capacidade de raciocínio analítico. Incentivo a leitura dos estudos sobre a tomada de decisão conduzida por este psicólogo, prêmio Nobel de Economia, relembrando aos leitores o artigo postado em 9/5/2010 sob o título “Importância de um Bom Ensino (I)”, Ali fizemos coro aos ensinamentos de Eleanor Duckworth, na sua obra “Importância de não aprender e o ato de ter ideias maravilhosas” (The Having of Wonderful Ideas, 1972). Assim ela se expressava sobre o aprendizado:

“Penso que a inteligência não pode desenvolver-se sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem as ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, novas ideias ocorrem, e mais ela pode coordenar para construir esquemas ainda mais complicados”.

A arte de ensinar

Na formação esportiva, onde o ajustamento motor é dominante (ou indispensável), é grande o risco em proceder por adestramento para parecer ganhar tempo ou simplesmente por dificuldade de utilizar outra modalidade de aprendizagem. Tenho adotado algo como a interação, a negociação e a construção conjunta de vivências, que habilitem a criança (e adultos) a aprender a linguagem proposta. Para tal há sempre uma exigência de um elemento de interdependência e a capacidade de fazer descobertas acidentais. Hoje, tenho certeza que caminhei sempre por intuição nesse sentido, especialmente quando me recordo das atividades motoras a que era chamado a participar. (…) Por isto, quando me iniciei propriamente dito no voleibol aos 18 anos, tive um aprendizado acelerado, derrubando mitos: “Quem não aprendeu antes, não aprende mais”. Todas aquelas vivências se somaram às novas atividades, com independência e descobertas acidentais, pois não foi tão necessário alguém dizer-me o que fazer ou como criar algo. Por exemplo, que melhor exercício existe para aprender a antecipar-se do que o jogo de xadrez, que aprendi a jogar aos 8-9 anos? Sobre o mesmo assunto, consignamos em vários artigos os conceitos pedagógicos da novel teoria neural divulgada por Daniel Coyle em seu livro “O código do talento”.

Agora, chega-me às mãos essa obra-prima (Financial Times) de Kahneman, a qual devoro por dias na busca de um aprimoramento que me conduza a um  aprender a ensinar mais eficiente. Resumindo, bons autores, bons ensinamentos. Aproveitemo-nos todos. Vejam alguns dos tópicos que selecionei em minha primeira abordagem às páginas (609) em sua visão inovadora sobre como nossa mente funciona e como tomamos decisões:

  • Nossa mente funciona de duas formas: uma rápida e intuitiva, e outra devagar, porém mais lógica e deliberativa.
  • A tomada de decisão é uma crença ilusória; estamos sempre expostos a influências que podem minar nossa capacidade de julgar e agir com clareza.
  • Por que o medo de perder é mais forte do que o prazer de ganhar?
  • Por que assumimos que uma pessoa mais bonita será mais competente?
  • De que modo o humor influencia o desempenho de uma tarefa?

A Máquina associativa

  • O trabalho mental que gera impressões, intuições e diversas decisões ocorrem silenciosamente em nossa cabeça. Normalmente nos permitimos nos guiar por impressões e sentimentos, e a confiança que temos em nossas crenças e preferências intuitivas em geral é justificada, mas nem sempre. Muitas vezes estamos confiantes quando estamos errados, e um observador objetivo tem maior probabilidade de detectar nossos erros do que nós mesmos.
  • Aperfeiçoar a capacidade de identificar e compreender erros de julgamento e escolha, nos outros e afinal em nós mesmos, propicia uma linguagem mais rica e mais precisa para discuti-los. Pelo menos um diagnóstico mais apurado pode sugerir uma intervenção para limitar o dano que julgamentos e escolhas ruins muitas vezes ocasionam.
  • A normalidade de uma multiplicidade de eventos poderá ser alterada por um evento. Esses eventos parecem normais porque convocam o episódio original, vão recuperá-los da memória e são interpretados em conjunção com ele.

Atenção e esforço

  • Esforço mental: à medida que você se especializa numa tarefa, a demanda de energia diminui. Na economia da ação, esforço é um custo, e a aquisição de habilidade é impulsionada pelo equilíbrio de benefícios e custos.
  • Custo & Benefício: os neurocientistas identificaram uma região do cérebro que avalia o valor global de uma ação quando ela é completada. O esforço que foi investido conta como um custo no cálculo neural.
  • Linha de base: conjunto inicial de dados ou observações utilizados como referência em um estudo.

Priming, ideia, efeito ideomotor

  • Conceito de priming: associação (rede) de ideias que se sucedem em nossa mente de um modo razoavelmente ordenado.
  • O que é ideia? … “nódulos numa vasta rede, chamada memória associativa, em que cada ideia está ligada a muitas outras”.
  • Ideias ativadas: a máquina associativa retrata apenas ideias ativadas, mas não considera (nem pode) informação que não detém.
  • Efeito ideomotor: é um fenômeno de priming, em que uma ideia influencia uma ação; funciona nos dois sentidos.

O que você vê é tudo que há

A notável assimetria entre os modos como nossa mente trata informação que está presentemente disponível e informação de que não dispomos. O perigo das conclusões precipitadas: o que você vê é tudo que há.

  •  “Aparentemente não se deram conta da pouquíssima informação que tinham”.
  • “Eles tomaram essa grande decisão com base em um bom relatório de um único consultor”.
  • “Eles não queriam mais informação que pudesse estragar a história deles”.

Voltaremos ao assunto e, até lá, discutamos como ser um bom professor ou treinador.

Defesa em Voleibol – Lição II

Atletas POLONESAS ROUBAM A CENADURANTE mUNDIAL DE VOLEI
Atletas polonesas roubam a cena durante mundial de vôlei. Foto: Fivb/Divulgação.

Revendo Métodos e Conceitos Pedagógicos 

Após  observações sobre a maneira comportamental em DEFESA de atletas de alto nível – p. ex. final da Superliga feminina – animei-me ainda mais a levar aos respectivos treinadores minhas pesquisas e, se de acordo, compartilharmos novas experiências pedagógicas no que se refere ao respectivo treinamento. Seria de bom alvitre não deixar de considerar o significado pedagógico dos exercícios a serem propostos na formação de bons hábitos, daí a razão de buscarmos ajuda em bons conselheiros como verão a seguir. Tenho certeza de que encontraremos juntos formas de treinar para evitar aquilo que mais vimos durante os jogos, em masculinos ou femininos, atletas literalmente plantados no chão, pernas e pés paralelos e, muitas vezes, quedando os joelhos ao chão, inertes para qualquer ação. Podemos, inclusive, chamar a isto de “aprender com os erros”. Se conseguirmos, talvez venhamos a realizar a proeza de somar 25 pontos (de defesa) em uma só partida! Que tal?

A vontade e o primeiro movimento

Atleta em posição de expectativa E Deus criou a mulher
Foto: Fivb/Divulgação.

Para a aquisição de um comportamento consciente tenha-se em mente que antes de cometer algum ato temos sempre uma reação inibida, não revelada, que antecipa o seu resultado e serve como estímulo em relação ao reflexo subsequente: “Todo ato volitivo é antecedido de certo pensamento, isto é, acho que pego um livro na estante antes de estender a mão para ele”. O fato básico é que a noção anterior do objetivo corresponde ao resultado final. Não estaria implícito aqui todo o mistério da vontade?

Assim também, quando penso em apanhar uma bola o estágio conclusivo depende do primeiro passo: de preparar-me em expectativa. A execução do primeiro movimento determina se toda a ação será executada. Logo, na minha consciência deve haver a noção sobre o primeiro movimento como réplica efetiva para todo o processo. Essa concepção do primeiro movimento que antecede o próprio movimento é o que constitui o conteúdo daquilo que se costumou denominar “sentimento do impulso”. Este sentimento é uma modalidade de concepção antecedente sobre os resultados do primeiro movimento físico que deve ser executado.

Lembro-me, quando ainda na prática competitiva do voleibol, aguardando a execução do saque adversário me auto estimulava em diálogo silencioso: “Tomara que o saque seja em mim ou na minha direção”! A ação subsequente já não habitava meus pensamentos, uma vez que estava alojada na memória operacional: “se for curto avanço uma das pernas e em seguida, flexiono-as a fundo; se longo e forte, recuo uma das pernas, flexiono-as, e deixo-me cair em rolamento para trás”. Lembro que na época – início da década de 60 – não se empregava a manchete no Brasil. Em suma, a preparação em expectativa (sentimento de impulso) pressupõe um mínimo de técnica (réplica) para que o executante tenha êxito na ação: “o ato volitivo é antecedido de certo pensamento (diálogo interno), que determina o primeiro passo”. Noutros termos, toda a vivência consciente e o desejo, incluindo o sentimento de decisão e de impulso, são constituídos pela comparação das concepções sobre os objetivos que competem entre si. Uma dessas concepções chega a dominar, associa-se à concepção sobre o primeiro movimento que deve ser executado. E esse estado de espírito passa ao movimento. (D. Wood)

Formação de bons hábitos

Fundamento Defesa e Recepção
Foto: Fivb/Divulgação.

Relembre um de seus despertares em dia frio e os momentos que antecedem sua saída da cama: com certeza já travou um diálogo interno – o famoso mais um minutinho – que o faz adiar o ato de se levantar. Ou, então, realize o seguinte experimento com um dos seus alunos: coloque-se a 3m dele segurando a bola numa das mãos, tendo o braço esticado na horizontal. Repentinamente, deixe a bola cair para que ele tente alcançá-la antes que toque o solo. Esta é sem dúvida uma ação capaz de formar novas reações no organismo do indivíduo e à sua própria experiência – a base principal do trabalho pedagógico. “Não se pode educar o outro, mas a própria pessoa educar-se. Isto implica modificar as suas reações inatas através da própria experiência – os ensaios, as resoluções de problemas. Afinal, não duvide, toda riqueza do comportamento individual surge das experiências”.

Finalmente, ainda considerando a formação de bons hábitos, indaga-se: “Qual o primeiro movimento físico que deve ser executado pelo atleta logo após o sentimento de impulso”? Algumas observações simples podem ser realizadas, por exemplo, a partir de lançamentos sucessivos da bola para um indivíduo que a recolherá ou rebaterá sem deixar tocar o solo. Dependendo da posição que ocupam em dado momento (frente um para o outro, ao lado ou atrás) a distância entre eles, a trajetória e a velocidade do lançamento, pode-se criar um novo hábito a partir de novos motivos. Na prática, conduzi um grupo de atletas do América F. C. a tomar consciência desse “despertar” para o sentimento do impulso. Desde o início de nossos treinos percebi que nenhum deles atentou para o fato. Imagino que raríssimos treinadores no Brasil percebam esse detalhe, fundamental para uma boa técnica de defesa. Se percebem, tenho certeza de que ainda não aprenderam a ensinar.

As primeiras instruções ao indivíduo devem ser no sentido de levá-lo a descobrir e a tomar conhecimento teórico específico. Deve aprender a pensar aquilo a que se dispõe realizar; criamos nele o diálogo interno. A seguir, passamos à prática regular com exercícios simples e repetitivos – deixar a bola cair da mão a uma distância de 3m – e observar como e quando o indivíduo se desloca; em que altura toca na bola e, finalmente, como realiza este toque. A pouco e pouco foram formando-se novos hábitos e através de brincadeiras e desafios – componente emocional – alcançaram níveis nunca antes imaginados. Esses e outros detalhes contribuíram para ao final da temporada receberem os maiores elogios dos próprios adversários. Ainda na década de 60, fui contemplado quando o saudoso Adolfo Guilherme, técnico mineiro consagrado, indagou-me após um de nossos jogos: “O que fazem vocês que tanto defendem”? Em outras palavras, “Como treinam para defender tanto”?

Exercícios-chave, educativos, transferência (transfert)

DEFESA Atletas AMMERICANAS ver punhos
Atletas americanas tentam efetuar defesa. Foto: Fivb/Divulgação.

Ensina-nos Jean Le Boulch abandonar as tentativas inúteis de procurar exercícios-chave com alto poder de transferência. Suas observações tenderam a mostrar que a aprendizagem adquirida relativamente a uma parte da situação não o é relativamente a esta mesma parte inserida num todo novo. Em outras palavras, “as partes reais do estímulo objetivo não são necessariamente partes reais da situação vivida pelo indivíduo”. A consequência desta opção na aprendizagem é imediata e pode ser traduzida por aquilo que expressou M. RYAN (EUA), treinador de atletismo por ocasião de um congresso mundial após uma pergunta que lhe solicitava exercícios próprios para facilitar a aprendizagem do salto com vara: “Apenas o salto com vara prepara para o salto com vara e qualquer exercício que se lhe avizinhe, quanto mais próximo, tanto mais prejudica a aprendizagem”. Esta é uma concepção a que nos associamos de bom grado, mas repõe em discussão a utilização dos chamados exercícios educativos que ainda precedem a aprendizagem de um gesto técnico complexo nas progressões de muitos instrutores.

Fábrica de talentos

MiniSG3
Alunos divertem-se no recreio. Foto: Roberto Pimentel.

Nas viagens feitas às fábricas de talento, Daniel Coyle (O código do talento) testemunhou uma série de saltos significativos no nível de habilidade dos alunos. Como se percorresse uma série de dioramas, ia encontrando espécies cada vez mais evoluídas: os pré-adolescentes (que eram muito bons), os adolescentes de 15 a 17 anos e, por fim, os adolescentes acima dessa faixa, verdadeiros ases. Ele conheceu isto com o nome Efeito Caramba. A rapidez com que progrediam era assombrosa: cada grupo era incrivelmente mais forte, mais veloz e mais talentoso que o anterior, o que não o impedia de exclamar: “Caramba“! Coyle observou que existe um padrão, uma regularidade na percepção do próprio talento por seu detentor que a torna característica do processo de aquisição de habilidade. Daí vem uma importante questão: qual a natureza desse processo capaz de gerar duas realidades tão díspares? Como esses indivíduos, que parecem ser iguais a nós, de repente se tornam talentosos, embora não tenham consciência disso, ignorando a verdadeira dimensão desse talento?

Aprender a ensinar

Jogando na rua
Figura: Beto Pimentel.

O que importa é o trabalho de tatear efetuado pelo indivíduo, muito mais do que a resultante desse trabalho – aquisição ou aprimoramento de habilidades motoras. Portanto, é um grave erro pedagógico querer acelerar os processos de aprendizagem por meio de uma ação intempestiva e invasora. O papel do educador é o de suscitar, favorecer as tentativas, os erros e o ajustamento… , e não o de substituir o mecanismo particularmente educativo desse processo adaptativo por suas técnicas. Tocamos aqui no cerne do problema: “a parte que cabe ao mestre”. É preciso propor, mas não impor, porém é preciso propor ao indivíduo no momento oportuno, no momento em que ele estiver sensibilizado, pronto para receber, aí está a parte do mestre, parte delicada sem dúvida. (Le Boulch).

VoleiBeneCanto do Rio

Aqui reside a grande diferença entre a metodologia empregada pelo falecido Bené no Fluminense F. C. (Rio de Janeiro) e os demais treinadores: “Aproximando sistematicamente as condições de jogo aos treinos observava discretamente o trabalho de cada indivíduo na busca de suas próprias soluções diante de algum obstáculo”. Metodologia similar realiza-se em algumas escolas de Niterói sob inspiração do Autor. Vemo-los na foto quando receberam uma Comenda do Clube Canto do Rio pelos serviços prestados ao voleibol niteroiense.

Afinal, ensinar não é uma arte?

PS: A importância de um comentário em mandarim, recebido em 26.4.2013:

Chinês Mandarim

 Aprecio muito as suas opiniões, beneficiam a aprendizagem.

Defesa em Voleibol – Lição I

Roger Federer BiomecânicaTreinar, treinar, treinar… Será mesmo que resolve?

Muitas vezes ainda vamos ouvir a expressão acima como condicionante para o apuramento da técnica do atleta. Todavia, tenho minhas dúvidas. É bem possível que a maioria dos profissionais do ramo em que atuam tenha plena consciência do que realizam e, de forma consciente, pratiquem os seus saberes no desenvolvimento de suas equipes. Contudo, observando com olhos mais argutos o desenrolar da partida final da superliga brasileira feminina realizada neste domingo, considero que meus argumentos em prol da relevância de treinos profundos de Defesa devem ser urgentemente elaborados e intensificados no alto nível. Daí a série sobre o tema que estamos desenvolvendo e colocando-nos à crítica. Alguns equipamentos modernos poderão contribuir para revermos a metodologia de ensino em muitos aspectos e para que se tenha um olhar pedagógico mais penetrante e conclusivo no que ocorre à sua volta. 

Nota:

  1. Como os artigos foram surgindo ao acaso, decidimos refazer os títulos de modo a facilitar a leitura e compreensão dos leitores. Assim, acrescentamos aos respectivos títulos a notação indicativa da sequência:  “Lição I, II, III…”  
  2. Com base no artigo Lição de Biomecânica, de Alexandre Salvador, em Veja, 3/4/2013). A “Lição” teve como fonte Ludgero Braga Neto, doutor em biomecânica pela Universidade de São Paulo.

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Feitas as ressalvas acima, passemos a discutir e a tentar a responder a algumas questões, analisando suas nuances:  

– De que adianta repetir um mesmo exercício por horas a fio se não há olhos de ver o que pode ser corrigido?

– Alguém pode aprender a realizar um movimento em frente à TV?

Dando continuidade ao estudo de como treinar DEFESA, e como já afirmamos neste Procrie, não percebemos avanços ou qualquer melhora nesse deserto de ideias. Para atenuar o quadro, além das postagens sobre a metodologia que Daniel Coyle (O Código do Talento) nos propõe, agora se somam as lições da biodinâmica em breve artigo assinado pelo douto professor Ludgero Braga Neto.  

Repetir, porém de forma correta

O artigo publicado em Veja  se refere à análise em ultra câmera lenta dos movimentos de grandes tenistas – no caso Roger Federer – e como é possível entender por que não adianta na maioria das vezes repetir um mesmo movimento com a postura equivocada. Isto é válido para qualquer desporto e explica abandonos precoces ocasionados por uma prática mal conduzida. Ensina o Doutor Ludgero: “Tanto para cientistas quanto para amadores, nenhuma arma foi mais decisiva para escrutar as artes de Federer que os avanços tecnológicos nas transmissões esportivas pela televisão”. E conclui: “É preciso aprender uma nova linguagem, descobrir os movimentos corretos, e as imagens detalhadas em vídeo são o atalho ideal para identificar essas nuances”.

Estatísticas vs. câmeras modernas?

Nem sempre estou atualizado, mas penso que estatísticas em voleibol (como na vida) têm valor relativo e na maioria das vezes sua interpretação requer muito bom senso. Em voleibol, foram possivelmente criadas pelo alemão (oriental) Horst Baacke e até hoje se encontra em uso. Creio que pretende dimensionar erros e acertos dos atletas em suas respectivas intervenções durante uma partida. Para observar a equipe adversária, criaram os espiões oficiais, com cadeira cativa nos ginásios, sempre atrás das quadras, que com suas câmeras de vídeos permitem ângulos estratégicos para os treinadores.

Todavia, não se podiam revelar com extrema precisão e minúcias o que as câmeras lentas de hoje nos apresentam ao paralisar instantes velocíssimos. “As câmeras modernas permitem a jogadores e técnicos ver a realidade sobre seus golpes, e não mais seguir cegamente regras baseadas em impressões” disse a Veja John Yandell, americano fundador do site Tennisplayer.net, com um banco de dados de 65 mil vídeos dos melhores tenistas do mundo. O efeito produtivo dessa tecnologia verdadeira revolução no ensino e esmero técnico individual, reflete-se na possibilidade de uma redescoberta visual de qualquer esporte ao evidenciar as jogadas mais repetidas dos grandes craques – os fundamentos -, uma espécie de repertório da perfeição em seus movimentos. Considere-se, ainda, que “estudos recentes de neurolinguística já comprovaram que a grande maioria das pessoas aprende por estímulos visuais. Daí a relevância da análise em vídeo”, concluiu o doutor Ludgero Braga Neto.

Assimile bem

Diz um provérbio alemão: “Você se torna inteligente graças a seus erros”. Daniel Coyle resgata outro pensamento em suas propostas de treinamento profundo, ou de qualidade: “Tente de novo. Erre de novo. Erre melhor”. Isto deve estar arraigado na sabedoria oriental muito propalada pelos japoneses quando afirmam: “Nas derrotas é quando mais se aprende”.

Para uma boa assimilação de movimentos, especialmente para os mais jovens indivíduos, a imitação não precisa ser consciente. Na verdade, na maioria das vezes não o é. Vejam a história contada por Doyle em O código do talento: Na Califórnia, conheci uma tenista de oito anos de idade chamada Carolyn Xie, uma das mais bem-classificadas no ranking de sua faixa etária em todo o país. Xie tinha o estilo típico dos prodígios no tênis, a não ser por uma coisa. Em vez do habitual revés com as duas mãos, próprio da idade, ela executava backhands empunhando a raquete com uma só mão, exatamente como Roger Federer. Não de um jeito que lembrava um pouco o de Federer, mas do mesmo jeito que ele, incluindo o abaixar da cabeça como um toureiro no fim, marca registrada do campeão suíço. Perguntei como ela tinha aprendido a rebater daquela maneira. “Não sei, só faço e pronto”, respondeu-me. Perguntei ao técnico dela, ele também não sabia. Depois, enquanto conversava sobre o que fariam à noite, a mãe de Carolyn, Li Ping, mencionou que assistiriam a uma fita na qual tinham gravado a partida de Federer. Aliás, todos na família eram fãs antigos de Federer, tinham visto e gravado quase todos os jogos televisionados do tenista. Carolyn, é claro, via as fitas sempre que podia. Ou seja, em sua curta existência, tinha visto Roger Federer bater de revés dezenas de milhares de vezes. Tinha observado o backhand e, sem saber, simplesmente assimilou a essência desse golpe.