Busca de Novos Métodos de Treinamento na Formação

Pensando o Vôlei… Volley thinking
– Vale a pena treinar?
– O quê treinar?
– Como?
– Quanto?
– Quando?
Conceitos e Métodos – O Circuito do Ensino – Aprender Brincando e Jogando – Valor da Defesa – Circo de Matsudaira – Criatividade nas Aulas e Treinos – Liberdade de Ter Ideias Maravilhosas – Líbero, Antes e Depois – Importância da Dúvida.
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Conceitos e Métodos
O Circuito do Ensino. Daniel Coyle é autor do livro O Código do Talento, que trata de uma ideia simples: a fábrica de talento. Esta consiste no acesso a um mecanismo neurológico no qual certos padrões de treinamento direcionado constroem uma habilidade. Trata-se de uma zona de aprendizagem acelerada, zona essa à qual podem ter acesso aqueles que sabem como fazê-lo. Em suma, decifraram o código do talento. Este se baseia em descobertas científicas revolucionárias sobre um isolante neural chamado mielina, atualmente considerado por alguns neurologistas o Santo Graal da aquisição de habilidades. (Leia mais O Circuito do Ensino)
Aprender Brincando e Jogando. Os internautas que me acompanham conhecem a máxima em que me apóio sobre a metodologia a empregar nos treinamentos, mesmo para adultos. Sempre que possível divertir-se jogando previne uma série de contra tempos e desgastes nervosos, quebrando as inefáveis monotonias a que estão submetidos os treinandos em qualquer circunstância. Este um dos piores defeitos do adestramento, em que se ensina o automatismo, e não fazer com que se adquira uma aptidão geral para a aprendizagem motora. O mais importante é o trabalho de tatear efetuado pelo indivíduo, e muito mais, a resultante desse trabalho, i.e., a aquisição de habilidades motoras. É um grande erro pedagógico querer acelerar os processos de ações intempestivas e invasoras. O papel do educador é o de suscitar, de favorecer as tentativas, os erros e o ajustamento, e não o de substituir o mecanismo educativo desse processo adaptativo por suas técnicas (Le Boulch). Quando uma experiência é bem sucedida no decorrer do tatear, ela cria como que um apelo à potencialidade e o indivíduo experimenta a necessidade de repetir esse ato bem sucedido até que possa fazer parte do automatismo. A atmosfera da alegria das sessões certamente contribui para a criação (C. Freinet). (Leia mais em Categoria/Metodologia e Pedagogia)
Tese Inovadora
I – Justificativa
II – Metodologia e Pedagogia
III – Prática e Avaliação dae Resultados
IV – Conclusão
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Parte I – JUSTIFICATIVA
Valor da Defesa
O emocional e os números
Quem jogou e quem quer se iniciar no voleibol é principalmente atraído pelos lances espetaculares, especialmente as cortadas de ataque. Pouquíssimos emprestam atenção aos lances de defesa. É bem possível que nos EUA os treinadores de base tenham despertado sua atenção para esse detalhe e consequentemente valorizado o treinamento específico. A tal ponto que nos jogos entre profissionais na década de 70 disputados entre equipes constituídas de cinco atletas, sendo uma mulher, sem rodízio, os lances mais aplaudidos eram referentes às defesas. Ao final da partida, o destaque era sempre o que mais defendera.
Um segundo aspecto nos é oferecido pela Regra do jogo em que cada erro corresponde a um ponto – pontos por raly. O locutor de Tv e alguns comentaristas muitas vezes afirmam que, a partir do vigésimo ponto, todos os pontos são importantes. Já refutei a sentença em postagem neste Procrie quando considerei que cada ponto, a partir do primeiro, é importante, pois pode fazer falta no final do set. Qual seria o ponto mais importante: o primeiro ou o último? Nesse caso tenho certeza de que o emocional prevalece sobre os números, pois os atletas são compelidos por seus treinadores a não errarem nos derradeiros momentos de um set (decisivo). Há aqueles que apelam: “Pelo amor de Deus, entra lá e não erre o saque”!
Por último, uma indagação: “Por que o líbero é o melhor defensor”?
A resposta soa óbvia, mas existe um desdobramento que nos parece importantíssimo para o desenvolvimento de nossa tese. Imagina-se que todos responderiam dizendo que o indivíduo apto a se constituir como líbero deve possuir algumas características inatas que o levem a se tornar um exímio especialista na função. Como está impedido de atacar, e até de sacar, sua participação no jogo está devidamente demarcada: ele só defende! E, consequentemente, seu treinamento é voltado exclusivamente para se tornar um perito em defesa ou recepção de saques, nada mais. Certamente, o criador do voleibol não gostaria de ver sua obra tão deturpada, uma vez que a ideia primitiva era de rodízio de funções entre os componentes. Todavia, através dos anos as competições tornaram imperiosas as especializações. Antes do advento da manchete no Brasil (1964), os três (depois dois) levantadores eram os principais artífices em defesas, pois basicamente tanto estas, quanto as recepções de saques eram realizadas “de toque” (por cima) com ambas as mãos. Considerando-se ainda, que este toque deveria ser perfeito, sob pena de punição pelo árbitro (“dois toques”). Por outro lado, à época, o voleibol dividia espaços nos raros ginásios com o basquete, o que lhes conferia reduzido tempo para treinamento, além de horários exprimidos com as diversas divisões em cada modalidade. Em suma: técnicos do alto nível e mesmo treinadores das categorias de base jamais tiveram vislumbre ou preocupação em treinar defesa por gerações. E o que acho incrível, até nossos dias!
E para concluir, sabe-se que quem dita métodos e programa de treinos invariavelmente são os treinadores das seleções nacionais de plantão, os demais, copiam. Especialmente, quando são vitoriosos. Mas quem disse que também aqueles (da seleção) já não têm suas receitas técnicas construídas desde seus tempos de atletas? Estaríamos confundindo o ponto de partida com o ponto de chegada?
Circo de Matsudaira

O Voleibol transformado em ESPETÁCULO!
A foto ao lado refere-se à partida entre os selecionados de União Soviética e do Brasil, Maracanã (1983), com recorde de público de 90 mil espectadores. (Leia mais História do Voleibol no Brasil, vol. II, pág. 163-164)
Antes, no Japão, Yasutaka Matsudaira realizou façanha que surpreendeu e encantou o mundo quando levou o país a se tornar campeão olímpico em 1972 com a equipe masculina. Anteriormente (1964), as moças conquistaram a medalha de ouro na própria casa. Para isto, foram precisos oito anos de treinamento e aperfeiçoamento em novas técnicas e táticas não conhecidas no ocidente, entre elas o jogo de ataque fintado, o saque de longa distância balanceado e a técnica defensiva aprimorada ao extremo. Dizia-se até que para eles “não existia bola perdida”. O principal encantamento – as fintas e ataques rápidos – foram imediatamente incorporadas aos cardápios de treinos no mundo, enquanto que saques e defesas invariavelmente postos de lado, e a não ser por um ou outro detalhe, logo esquecidos. A técnica do saque seria substituída em 1982-84 com o emprego do saque com salto (viagem ao fundo do mar), mas até o momento espera-se que treinadores despertem de sono profundo. Resta saber que a federação japonesa produziu um filme de 20min contando essa verdadeira epopeia, exibido no Brasil em 1975 durante curso na EsEFEx. Espero que o tempo não tenha danificado o DVD que copiei, e que algum dia possa mostrar aos novos treinadores e internautas como os japoneses treinavam defesa e mantinham sua elasticidade. (Leia mais Valorizando Defesas em Detrimento de Ataques – Lição VII; História do Voleibol no Brasil, vol. II, pág. 145-147.)
Criatividade nas Aulas e Treinos
Cada vez mais me convenço da inutilidade dos treinamentos de defesa da forma como são aplicados. Possuo longa e profícua experiência no voleibol como atleta de excelente nível técnico, treinador. Tenho repetido que ao ver uma equipe atuando duas ou três vezes posso adiantar como ela é treinada, ou seja, o que falta de técnica individual a seus integrantes. No caso masculino, invariavelmente as bolas atacadas pelos adversários que ultrapassam os bloqueios não são defendidas. Os esquemas táticos de defesa empregados pelas equipes permanecem os mesmos da década de 60, em nada se diferem uns dos outros, inclusive no alto nível. Assim, os principais erros procedem de falha humana, ou de treinadores que não procedem a métodos de treinamento mais adequados a partir da Formação. Daí as expressões mais ouvidas no alto nível em qualquer desporto: “Não tenho tempo para treinar”! Deveriam aprender isto na Formação”!
Por que tudo isto? A meu ver, má colocação dos defensores e, na maioria das vezes, a posição não muito adequada dos braços (estão dispostos para defesa por manchete) e o consequente receio de uma bolada (medalha) que acarreta as sucessivas esquivas, especialmente em bolas na altura do peito ou rosto. É o que chamo de esconder-se atrás do bloqueio. Este estudo – verdadeira tese não acadêmica – está lançado online inclusive para debatermos o assunto de forma livre e cristalina. Aos que se juntarem, sejam bem-vindos, pois não creio que tenham encontrado nada similar e desfrutem de oportunidade ÚNICA de aprofundamento na matéria. Mais do que tudo, compartilharemos informações, conhecimentos e estaremos nos comunicando. Quer mais? Não se esqueçam que nossas descobertas deverão fazer parte dos treinos e aulas na Formação e mesmo nas aulas escolares. Aprenderão brincando e se divertindo!
Liberdade de Ter Ideias Maravilhosas
Penso que a inteligência não pode desenvolver-se sem conteúdo. Fazer novas ligações depende de saber o suficiente sobre algo em primeiro lugar para ser capaz de pensar em outras coisas para fazer, em outras perguntas a formular que exigem ligações mais complexas a fim de compreender tudo isso. “Quanto mais ideias uma pessoa já tem à sua disposição, mais novas ideias ocorrem, e mais ela pode coordenar para construir esquemas ainda mais complicados”. (Leia mais Importância de um Bom Ensino)
Líbero, Antes e Depois

É certo que a atleta consagrada da foto jamais figuraria em um time de voleibol devido à sua estatura (1,69m) caso não fosse alterada a regra do jogo em 1992 após as Olimpíadas de Barcelona. E por que alteraram a regra? Invariavelmente os ataques preponderam sobre as defesas e a solução foi permitir (não é obrigatório) que jogadores mais ágeis atuassem somente na função de defensor (não podem atacar), e ao mesmo tempo não prejudicassem o número de substituições permitidas em cada set (6). Para chegar a ser a melhor do mundo na função o que foi preciso? Como foi treinada? Por que outras não atingiram tanta excelência? Enfim, como prospectar e produzir novos talentos? De uma coisa sei, facilitou-a o fato de atuar no futebol com seus irmãos e amigos desde tenra idade e possuir um jeito todo descontraído de ser, quase moleca. Por outro lado, para estar no time, tem que ser a melhor entre as baixinhas. (Leia mais Teoria vs. Prática)
Continua… (em desenvolvimento)
II – Metodologia e Pedagogia
III – Prática e Avaliação de Resultados
IV – Conclusão
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Bibliografia:
Psicologia Pedagógica, L. S.Vigotski – Como as Crianças Pensam e Aprendem, David Wood – O Código do Talento, Daniel Coyle – O Código Cultural, Clotaire Rapaille – Rumo a uma Ciência do Movimento Humano, Jean Le Boulch – Rápido e Devagar, Duas Formas de Pensar, Daniel Kahneman – História do Voleibol no Brasil, Roberto Affonso Pimentel.

13.6.2013 – (down.admin5)… 分析的很透彻,很欣赏你的看法,学习了。
Análise muito minuciosa; aprecio muito as suas opiniões e aprendo.
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Quem jogou e quem quer se iniciar no voleibol é principalmente atraído pelos lances espetaculares, especialmente as cortadas de ataque. Pouquíssimos emprestam atenção aos lances de defesa. É bem possível que nos EUA os treinadores de base tenham despertado sua atenção para esse detalhe e consequentemente valorizado o treinamento específico. A tal ponto que nos jogos entre profissionais na década de 70 disputados entre equipes constituídas de cinco atletas, sendo uma mulher, sem rodízio, os lances mais aplaudidos eram referentes às defesas. Ao final da partida, o destaque era sempre o que mais defendera.
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Os treinadores de alto nível definem estratégias levando em conta as características do grupo chegando a ponto de não optar pelo bloqueio triplo confiando na sua defesa, mas grande parte opta pelo bloqueio triplo sempre que possível.
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