Vagas abertas para a seleção brasileira

O site português sovolei publicou em 22 p.p. o Ranking FIVB, o Top 10 depois dos JO. Foram registrados alguns comentários, inclusive de minha autoria e, a partir deles, construí este texto para melhor fixação dos leitores sobre o tema à epígrafe, especialmente sobre a equipe masculina, em face da decepção nacional por não ter conquistado a medalha de ouro. Afinal, o Brasil deveria ser campeão olímpico pela 3ª vez? Mas o retrospecto recente de suas atuações na Liga Mundial não o apontava como favorito, mas sim Polônia (campeã da Liga Mundial), Rússia, Itália e EUA. Bem, vejamos o top publicado em relação ao masculino e algumas intervenções e observações de internautas portugueses no sovolei.
1º Brasil 300.00 – 2º Rússia 276.50 – 3º Itália 235.50 – 4º Polônia 230.75 – 5º USA 203.00 – 6º Cuba 190.50 – 7º Séria 155.00 – 8º Bulgária 152.50 – 9º Argentina 144.00 – 10º Alemanha 115.75 – 38º Portugal 12.75.
Roberto Pimentel … Percebam o relativismo de uma vitória ou derrota mesmo quando se trata da maior competição mundial, os Jogos Olímpicos. As atletas brasileiras foram recebidas em solo pátrio com direito a desfile em carro aberto pelas avenidas de São Paulo. Enquanto isto, os rapazes, que conquistaram SOMENTE a medalha de prata, pouco ou nada foi comentado em seu desembarque. Sem falar no vôlei de praia, também medalhistas de prata no masculino. No entanto, a partir de 1984, quando foram vice-campeões olímpicos, a imprensa criou o mito de “geração de prata”, feito marcante na história do voleibol no Brasil. Por que a mesma medalha não produziu os mesmos efeitos atualmente? Parece que o tupiniquim acostumou-se a ganhar e um segundo lugar é considerado inviável e deprimente, até pelas circunstâncias da partida final. Vejam que se focarmos o ranking mundial continuamos já há algum tempo no topo e os demais é que se revezam vez por outra nas colocações a seguir. Este é um feito que a imprensa não consegue entender e manifestar-se. Provavelmente carece de profissionais mais qualificados em suas observações. Aliás, dado que os jogos foram transmitidos por diversos canais de TV, atrevo-me a dizer que locutores e comentaristas é que realmente fazem a cabeça do público leigo. Inicialmente, deveriam dar (transmitir) a notícia, agora interpretam e comentam com a ajuda de ex-medalhistas. Enquanto isto, outros colegas seus – jornalistas – lutam pelo direito de somente eles serem qualificados para atuarem no setor.
Internauta… Entendo o que diz Roberto, mas julgo que o mau trabalho do Bernardinho nesta final (muitas substituições desacertadas, quer no tempo quer nas opções) pode ter desiludido muita gente aí no Brasil e daí esta indiferença.
Roberto Pimentel … É bem possível que tenha razão em um ponto, meu caro. Mas existem outros, que somente quem acompanha ou frequenta a sacristia pode melhor dizer. Não me atreveria a tanto de sacrificar a competência do técnico brasileiro tantas vezes alardeada, mas de fato cometeu um erro capital ainda na fase de preparação da equipe. Aliás, em parte um risco calculado e, em outro, uma emoção irrefreável pelo reconhecimento ao maior atleta nacional – Giba – de se despedir em uma Olimpíada. Assim, as substituições improváveis, os tempos, tudo isto parece ter sido fruto do desespero (emoção) de que foi tomado, uma vez que estava com a medalha no peito e deixou-a mudar de lado. Deve ter-se perguntado todo o tempo dos três sets derradeiros, “o que posso fazer”? Até mandar o fisioterapeuta passar algo milagroso no joelho do Dante ele fez, mas diante do ajuste da equipe russa e do desempenho de seu gigante Muserskiy, qualquer paliativo seria ineficaz àquela altura, com os atletas que tinha em condição de jogo. Digo isto, porque Vissoto, Giba e Dante já estavam fora de combate. Quanto ao Ricardo, nem seria o caso, pois além de levantador não tem o mesmo entrosamento com os atacantes e Bruno nunca esteve tão bem numa partida. Assim, sobravam-lhe Rodrigão, Wallace e Thiago, este demasiadamente inexperiente. Nessa altura, a única solução seria o ace nos saques, ou os bloqueios ao gigante, o que não aconteceu. Ou tentar de tudo para parar o jogo com as substituições, tendo inclusive sacrificado Rodrigão para atuar exclusivamente no bloqueio na posição IV. Parecia que no 3º set, que poderia ser decisivo para nossas pretensões, a água milagrosa devolvesse a segurança necessária ao joelho de Dante, o que não ocorreu.
Como disse, perdeu em apostar que alguns atletas teriam tempo de se recuperar fisicamente e, assim, seu trabalho ficou comprometido profissionalmente. Contudo, sobra-lhe crédito por ter arriscado. Fê-lo e conquistaram a medalha de prata, quando aqui no Brasil achávamos que não chegaria a tanto pelo retrospecto do prelúdio olímpico, a Liga Mundial. Sob este ponto de vista, foi mais vitorioso do que todos, pois superou todas as expectativas, inclusive dos concorrentes mundiais, como EUA, Polônia, Itália e a própria Rússia, completamente assustada até metade do 3º set. Imagino que a saída por contusão do Dante foi determinante. Assim, todos contribuíram em muito para a posição honrosa de 1º no ranking mundial, o que a meu ver, muitos perseguem e não conseguem.
Por fim um detalhe não menos importante. Já presenciei por duas vezes parte dos treinos do Brasil e, continuo afirmando que ainda não sabemos treinar a defesa. Certa feita conversei com o Bernardo após um dos treinos sobre o treinamento de um canhoto (atacante) e ele confessou-me que não tinha tempo para treinar. Mas deu para perceber como atuavam os jogadores em fase de defesa. E pasmem, mesmo o melhor do mundo, o Sérgio, ainda comete pequenos erros (para mim) primários. Mas, vida que segue e não me arvoro salvador do mundo e tão pouco dono da verdade, todavia as minhas convicções eu tenho condições de argumentar e mostrar na prática.
Internauta … Roberto será que o Brasil não está a viver à sombra da bananeira com os resultados anteriores. Esses jornalistas brasileiros que criticam não estarão eles a antever um futuro sem vitórias? Mesmo sendo um ignorante neste campo, parece-me que os rankings são como as estatísticas. Senão vejamos o que fez este ano o Brasil masculino para se manter em 1º; na liga Mundial se não me engano ficou em 6º e agora fica em segundo. A mim parece-me que o atacante que fazia todos os pontos de uma equipa deixou de ser o melhor, porque o distribuidor deixou de lhe colocar a bola como ele tanto gostava. Não estará na altura de começar a renovar? E o melhor será não falar de Portugal, estamos cada vez melhor, pelo menos temos algum sangue novo, e sem menosprezar alguns dos velhos…
Roberto Pimentel … Não disse que os jornalistas criticam, mas que a imprensa não alardeou o feito da medalha de prata. As bananeiras, o pau-brasil e o ouro, que agora está sendo derretido para sustento de muitos, já quase não existem na antiga colônia portuguesa. Viver à sombra da bananeira é uma expressão demasiadamente pejorativa, que pode até ser interpretada como xenofóbica, o que peço evitar. Prefiro que imagine que estamos na praia, à sombra do coqueiral, jogando voleibol e saboreando um chopinho, aliás, como devem estar os patrícios neste momento no Algarve. É preferível nos atermos ao tema exprimindo conceitos e pensamentos respeitosamente. O voleibol no Brasil está sempre evoluindo, isto é, passa por um processo de renovação de valores e, portanto, não se pode esperar que repentinamente ofereça as mesmas performances de quatro ou oito anos atrás. É assim em todos os países e, certamente, em todos os desportos coletivos. É como alguns dizem “uma boa safra de atletas”, cujo significado está na eclosão de muitos talentos numa mesma geração. Olhando para a história, o fato se reproduziu na antiga URSS e Tchecoslováquia (até início da década de 60), notabilizaram-se posteriormente com o Japão, na década de 80 os norte-americanos, a Itália nos anos 1990, apesar de nunca ser campeã olímpica, e só daí em diante o Brasil entra para essa elite de campeões. Sem falarmos no voleibol de praia, amplamente dominado por longos anos por americanos e brasileiros.
A CBV, com uma gestão eficiente, promoveu pela segunda vez a vinda dos melhores jogadores que atuavam no exterior através de uma competente administração de seus eventos e parcerias comerciais, o que alavancou o nível da competição – Super Liga. Os resultados desse trabalho se revelaram na espetacular atuação na decisão olímpica feminina contra os EUA. Considere-se que duas das melhores jogadoras americanas (e do mundo) atuaram no Brasil. No masculino já não acontece o mesmo, mas o nível da competição está garantido pela difusão dos melhores jogadores por diversas equipes, o que torna o campeonato altamente competitivo. A continuar, e considerando ainda o foco nos atletas da base, cujas seleções nacionais estão entre as primeiras no ranking mundial há muito, creio que melhor não pode estar. Agora é continuar a pelejar para que coincida também uma “boa safra”. Enfim, temos uma entidade respeitada por sua qualificação (ISO), competente e patrocinada pelo Banco do Brasil, o país produz técnicos disputados no exterior – Itália, Turquia – e um Centro de Treinamento de dar inveja a muitos. O que nos falta? Seriam resultados aparentes, ou constantes? Como acham que o Japão sagrou-se campeão olímpico, tanto no masculino como no feminino? Ou qualquer outro país? Ou então, por que a Itália, no seu apogeu – eneacampeã na Liga Mundial – jamais alcançou a medalha de ouro olímpica? Como este país, com o maior campeonato do planeta e o mais rico não tem uma representação à altura de suas tradições? Seus técnicos são disputados por outros países (Polônia, Portugal, Turquia), o que lhes confere saber e credibilidade, e mesmo assim, seus atletas tornaram-se apáticos nos vários enfrentamentos, inclusive com o Brasil.
Como já informei, “jogo é jogo, treino é treino”. A Liga Mundial é uma competição milionária colocada pela FIVB para divulgar o esporte e prover que as seleções nacionais possam manter seus atletas em atividade, constituindo-se assim, em oportunidades de ganho (dinheiro), mas também de ganho de experiência para o surgimento de novos atletas de ponta. É anual e nos anos em que se realizam os Mundiais ou Olimpíadas, constituem-se no que se chama prelúdio dessas competições. Para os países que estão nas primeiras posições do ranking é uma ótima oportunidade para promover a renovação por todos almejada, muito embora o regulamento da competição preveja a presença de determinado número de expoentes de seleções imediatamente anteriores aos jogos.
Enfim, estão de parabéns todos uma vez mais pelo empenho, dedicação e resultados alcançados, dignos de um país que está no topo do voleibol mundial.
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Sutilezas da mente humana – Vejam como a nossa mente muitas vezes nos prega peça. Diante de um mesmo fato, cada indivíduo interpreta a realidade (o que ele vê) a seu modo. O que teria se passado na cabeça do técnico russo Vladimir Alekno quando fez a troca de posição do central Dmitry Muserskiy (o gigante) para a posição de oposto, o que resultou na vitória de sua equipe e a medalha olímpica.
Deu no site Terra: A derrota para a Rússia na final do torneio masculino de vôlei dos Jogos Olímpicos ainda não foi bem digerida pela Seleção Brasileira. A mudança feita pelo técnico Vladimir Alekno, que resultou na ida do central Dmitry Muserskiy para a posição de oposto, foi classificada como “desesperada” pelo assistente técnico de Bernardinho, Rubinho, na entrevista concedida na manhã desta quinta-feira. “Foi uma situação que não havia acontecido nenhuma vez nessa temporada (a troca de posição de Muserskiy). Na Liga Mundial, ele havia jogado apenas dois sets dessa forma, e na Olimpíada nenhuma vez. Na verdade, isso foi uma última tentativa. Acho que foi uma atitude desesperada do técnico russo, não foi uma atitude de mestre”, disse Rubinho.
E você, o que acha?

2.9.2012 – (majestic seo)… Matéria magnífica. Entendo seu material já postado e você está extremamente fantástico. Adorei o que você está dizendo e a maneira como o faz. Você torna divertido e ainda toma cuidado para manter sábio. Estou ansioso para ler muito mais de você. Este é realmente um site valioso.
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Boas. Não foi minha intenção ofender ou criar aqui uma guerra de linguagem. Percebo que o Roberto percebeu o sentido da frase:”Prefiro que imagine que estamos na praia”. Quanto à sua questão, na minha modesta opinião, eu acho que desperada ou não, o técnico brasileiro não é um aprendiz como eu, por isso tinha que ter uma resposta mais eficiente, e não só estes, mas também os jogadores brasileiros.
Como disse uma vez uma treinadora a uma adolescente, quando esta dizia, “perdemos porque o árbitro nos roubou” a treinadora perguntou-lhe “quantos pontos o árbitro roubou” e a atleta responde: “oh! 1 ou dois”; a trenadora responde-lhe: “e os outros 23 ou 24 quem os perdeu”? Desesperada ou não os técnicos brasileiros não tiveram resposta, não é voleibol de formação que um atleta consegue fazer a diferença.
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8.9.2012 – (new samsung)… Definitivamente, este blog é muito informativo e bem projetado. Realmente você já me motivou fortemente em meu novo projeto por este artigo. Serei um leitor constante do seu blog e quero dizer-lhe que suas habilidades de escrita são soberbas.
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