Soprador de Talento?

Mapa com cidades, clique na figura.

O Bom Treinador

Colhi no sitio português do Sovolei a entrevista de Daniel Lacerda, sobre o projeto de Formação de seleções em Portugal. Veja abaixo o inicio e a conclusão da entrevista, que está na íntegra no próprio site: Selecções – Formação, Daniel Lacerda em entrevista, 25.3.2012:

“Depois de encerrado o ‘projecto’ Resende para os escalões jovens masculino, o Director Técnico Nacional, Daniel Lacerda, em entrevista ao site da FPV fala sobre dos Centros(?) de Formação, dos seus objectivos e do seu trabalho no  desenvolvimento de atletas no trajecto para as selecções nacionais”.  E encerra a entrevista concluindo: “É evidente que a competição faz parte do trabalho com estes jovens atletas, mas o nosso objectivo fundamental é formar e estas competições servem para aferirmos a nossa competência e da qualidade desenvolvida ao longo destes anos”.

Comentários – Na oportunidade, teci comentários para provocar um fórum de discussões que naturalmente parece não ser natural em Portugal. Muito embora tenha milhares de visitantes ao blogue nos primeiros dois anos – 6 mil oriundos de 64 cidades – não encontro guarida em meus questionamentos. Daí minha intenção de provocar as discussões por cá. Vejam o que escrevi em duas oportunidades:

1. Por que C. Ronaldo, Messi, Neymar são tão talentosos? Como formar talentos em qualquer desporto ou atividade humana?
Compartilhem no Procrie uma série de artigos sobre o treinamento: “Melhores Treinos, Melhores Atletas”. Ali buscamos respostas para as questões ainda não respondidas: Como se adquire talento? O talento depende de prática diferenciada ou é uma predisposição genética? Imagino que a busca de respostas certamente contribuirá para o desenvolvimento de seus atletas.

2. Permitam-me a observação, mas não vejo o treinamento de seleções como útil à formação de um jovem atleta. Se observarem o planejamento e assistirem os ensaios, perceberão um comportamento diferenciado dos treinadores e, especialmente, entre os atletas. É muito diferente do aconchego e a intimidade consentida entre amigos do clube. Além disso, o atleta poderá tirar maior proveito com o seu já conhecido treinador, desde que este tenha as principais características: conhecimento, reconhecer e contato mais estreito. O talento de um treinador consiste na capacidade elástica de identificar o ponto ideal no limite da habilidade individual de cada um. Em treinamentos de seleções o objetivo do treinador é outro e, assim se o atleta não tem técnica aprimorada, inevitavelmente será descartado. Em resumo, treinar no clube é uma coisa, na seleção é outra bastante diferente. Além disso, tenho certeza de que possuem treinadores capazes tanto nos clubes quanto a serviço da Federação. De forma genérica, muitas vezes é questão de oportunidade, simpatia, conveniência ou sorte. Assim, se treinassem com denodo e qualidade em seus próprios clubes, paradoxalmente poderiam ascender muito mais rápido ao estrelato, inclusive superando aqueles. Tudo depende de “Como Treinar”.

Fórum – Como venho tentando debater sobre Métodos de Ensino recorro aos interessados, brasileiros ou não, dialogarmos sobre o tema e após lançar dúvidas, experiências, teorias, garimparmos algo de positivo. Isto é, façamos um exercício de pensamento lógico, ainda que não conheçamos muitas das facetas do problema. Estaremos discutindo “em tese”, isto é, não se trata do caso específico português, pois no Brasil e outros países também assim procedem. As demais circunstâncias que caracterizam projetos da natureza, outros saberão resolver com maestria. Aos que optarem pelo anonimato estejam certos de que os respeitarei quando de suas apreciações. 

Que estratégias de ensino empregam? Treinar muitas vezes seria suficiente? – Recordando, já dissemos que a habilidade é um processo celular que se desenvolve mediante o treinamento profundo (D. Coyle) ou apurado. Sabemos como a ignição (motivação, interesse) fornece a energia inconsciente para esse desenvolvimento. Falta-nos apresentar o terceiro elemento constitutivo do processo de aprendizado, isto é, os indivíduos com o impressionante dom de combinar essas forças para desenvolver o talento em outros. E por que seriam tão importantes? Não bastam os ensinamentos que a universidade promove e a experiência (provável) de cada treinador? Ou não seria tão simples assim! (Vejam “Melhores Treinos, Melhores Atletas” e “Como Produzir Talentos?”)

Como são os bons professores? – Resumidamente, são de temperamento contido, reservado, quase todos mais velhos com anos de aulas. Todos com olhar semelhante, firme, profundo, imperturbável. Ouvem muito mais do que falam. Resistem a pronunciar palavras de incentivo e grandes discursos. Passam a maior parte do tempo realizando ajustes pequenos, objetivos e muito específicos. Mostram-se incrivelmente perceptivos em relação a quem quer que estejam ensinando, sempre adaptando as mensagens à personalidade do aluno. São, por assim dizer, sopradores de talento ao ouvido de seus pupilos.

 —————— Continua… “Treinador Brilhante”. Aguardem.

 

Um comentário em “Soprador de Talento?

Deixe um comentário