O Bom Professor – Parte I

Teoria mielínica

Retornando ao tema a que nos propusemos anteriormente – a Arte de Ensinar – repassamos aos leitores a teoria neural divulgada por Daniel Coyle em “O Código do Talento”, chamando atenção para textos de caráter pedagógicos (ver “Pensar e Aprender – I”, 2/fev./2010) que trata do processo de andaimização para o ensino de crianças. Ali está caracterizado o valor de uma observação adequada e especial do professor sobre o aluno. A tese defendida por Coyle: a habilidade é um isolante mielínico que recobre os circuitos neurais e cresce em resposta a certos sinais. Antes de entrar propriamente no assunto, ele faz um preâmbulo ressaltando a importância primacial do pedagogo, inclusive suas virtudes e qualidades. 

Aprender a Ensinar. A habilidade de ensinar excepcionalmente bem é um talento como qualquer outro: parece algo mágico, quando na verdade é uma combinação de habilidades – um conjunto de circuitos mielinizados (pré-estruturados) produzidos mediante um treinamento profundo (de qualidade). Excelentes professores se concentram no que o aluno está dizendo ou fazendo e, graças a essa concentração e ao seu grande conhecimento do assunto, são capazes de enxergar e reconhecer o esforço hesitante e desajeitado que o aluno mal consegue articular na tentativa de um dia atingir a mestria. Uma vez identificado esse esforço, estabelecem um contato mais estreito com ele por intermédio de uma mensagem direcionada. As palavras-chave na descrição acima são conhecimento, reconhecer e contato mais estreito.

Os grandes treinadores constituem-se numa espécie de “serviço de entrega do circuito neural”, dizendo a esse circuito com grande clareza que dispare aqui e não ali. Seu trabalho é uma longa e íntima conversa, uma série de sinais e reações voltados para um objetivo comum. O verdadeiro talento consiste não num tipo de sabedoria universalmente aplicável que ele pode transmitir a todos, mas sim na capacidade elástica de identificar o ponto ideal no limite da habilidade individual de cada um e de enviar os sinais adequados que ajudarão os circuitos a disparar na direção do objetivo certo infinitas vezes (o destaque é meu). Como qualquer habilidade complexa, é na verdade uma combinação de diferentes qualidades denominadas por Coyle as quatro virtudes. A compreensão dessa teoria nos leva a discutir mais uma vez sobre o que vimos dizendo:

  • Repetir, repetir, repetir, é tão importante? 
  • Como identificar o ponto ideal da habilidade individual?
  • Como treinar?

 Paralelamente ao tema de hoje, em outra oportunidade fornecerei exemplos práticos de como conduzir os exercícios nesta direção, além de  discutirmos a atuação de professores e treinadores na Iniciação desportiva.

 Boas leituras…

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