Conversa com um Professor

Mensagem de um internauta

Estou feliz e orgulhoso pela oportunidade que me oferece de poder conversar um pouco com você a respeito de nossa atividade – o aprendizado do Movimento – que realizamos através e para o voleibol.

Técnicos de Voleibol. A formação de um técnico em voleibol visa tão somente desenvolver indivíduos para aquele esporte. Na minha visão, o professor tem uma missão muito ampliada e que não é percebida ou valorizada pela sociedade. Calcado nesta premissa, dei início á divulgação de uma metodologia que contempla um repertório de exercícios que ajudam o educador no início da aplicação do método. Esses exercícios jamais devem ter o significado imperativo de um programa e podem ainda ser questionados em consequência de outras experimentações. Entretanto, mais que os exercícios em si, é seu significado e alcance que estão em jogo e que gostaria de precisar, garantindo a cada educador encontrar sozinho os meios adaptados a seus diferentes grupos de alunos, às suas condições de trabalho e à sua própria personalidade. Em contrapartida, o que é passado nos atuais cursos de voleibol são informações e conhecimentos “estáticos” pouco digeridos pelos futuros técnicos que, à medida de seus sucessos esportivos, tornam-se auto-suficientes.

Para estar sempre aprendendo a ensinar é necessária uma busca incessante pelo conhecimento. A criança não é um adulto em miniatura. Cabe ao seu educador proporcionar ao grupo condições para experiências levando em conta seus interesses. E, na forma de realizar essa tarefa, cumpre observar que as explicações, as demonstrações, nem sempre ajudam a criança, mas ao contrário, perturbam-na e limitam sua própria experiência. O tatear experimental é, então, uma aplicação desse princípio pedagógico fundamental.

Trabalho de Base e Formação. Acredito que a educação pelo movimento assumirá o seu verdadeiro lugar na escola primária quando o professor se der conta de que ela permite, associada a outros meios educativos, uma aprendizagem mais facilitada do “saber fazer”. Estamos trabalhando nesta convergência. Temos projetos para secretarias de educação focados para a realização dessas pesquisas no Ensino Fundamental que pode ser implementado imediatamente, passando pela formação dos mestres e educadores em geral. Será necessário, além de um curso inicial, um acompanhamento durante o ano letivo. Paralelamente, desenvolvendo outros projetos em áreas comunitárias (praia, praças etc.) contemplando 300 crianças de 8-13 anos de idade. Ambos podem estar interligados, complementando-se na divulgação da nova metodologia. Tudo isto fazendo parte da missão do Centro de Referência de Iniciação Esportiva – CRIE que já lançamos, uma experiência inédita no País. O Procrie tem propostas vanguardistas e independentes. Propõe-se à pesquisa e busca de metodologias que nos auxiliem na difícil tarefa de educar pelo movimento.

O Futuro do Esporte. Parece-nos que tudo tem início na formação do educador, seja ele mestre, técnico, instrutor ou leigo. A partir de seus conhecimentos – não de resultados competitivos ou de modelos copiados – ele poderá conduzir o seu grupo através de técnicas pedagógicas mais adequadas. O trabalho não deverá ter um significado imperativo de programa. São apenas sugestões a serem trabalhadas na fase escolar permitindo ao educador encontrar, ele mesmo, os meios adaptados para cada criança ou para um grupo de alunos, sempre respeitando suas condições de trabalho e sua própria personalidade. Nessas condições, VOCÊ estará auxiliando e contribuindo na construção de descobertas e avanços na área. FAÇA PARTE DESSE TIME. Entre para o CRIE!

Vôlei para homens

– “A quantidade de alunos na divisão masculina é o nosso maior problema, pois a maior parte em nosso estado faz futsal e natação, então só conseguimos dois níveis no masculino”.

– Cada região desse extenso País tem suas características culturais. É bem possível que a não aceitação do voleibol esteja nessas raízes. Verifique como era no passado e indague a respeito, especialmente nas áreas mais pobres. Lembre-se do que dizem os MACHISTAS: “futebol é para homem!” São pequeninas grandes coisas que dificultam um avanço. Como é do local, tenho certeza de que poderá realizar uma pesquisa nesse sentido e, descobertas as causas, sugerir e implementar mudanças, sem radicalizar. Imagino que nada melhor para atrair HOMEM do que uma MULHER. Assim, proceda a uma co-educação, desenvolva trabalhos, inclusive sociais – festas, bailes, teatro, cinema – com a participação de meninos e meninas. Valorize a participação deles e consiga que sejam arautos das suas realizações. O esporte será uma consequência. Aqui no Rio de Janeiro também a participação das meninas é muito grande, em torno de 85% de qualquer curso aberto ao público. Seria interessante criar formas de atraí-los. Uma delas consiste em proceder a DESAFIOS. Daí a importância de uma boa educação escolar, com turmas mistas e jogos entre meninos e meninas participando igualmente.