Mundiais de Voleibol no Brasil, 1960 (I)

Em lance da partida, Marly ultrapassa o bloqueio duplo das adversárias, mas não consegue evitar a derrota por 3x0 na partida contra a Tchecoslováquia no Maracanãzinho, no dia 4 de novembro.

História dos Campeonatos Mundiais de 60          

O País sediou o IV Campeonato Mundial masculino e o III Campeonato Mundial feminino. As finais foram disputadas nas cidades do Rio de Janeiro e de Niterói no mês de novembro. No masculino, medalha de ouro para a URSS, seguida da Tchecoslováquia, Romênia, Polônia e o Brasil em 5° lugar. O jogo entre estas duas últimas equipes no ginásio do Caio Martins, Niterói, foi concluído em torno das 2h da madrugada, com vitória polonesa por 3×2. Na versão feminina as russas foram tricampeãs, seguidas pela surpreendente equipe do Japão, Tchecoslováquia, Polônia, Brasil e Estados Unidos.  

Nessa década, soviéticos e tchecos continuaram a dominar as competições mundiais. Mas começavam a surgir seleções fortes de outros países, como a japonesa, a búlgara e a romena. Reflexo dos Mundiais, houve incremento do número de praticantes do esporte: surgiram  as “peladas” em terrenos baldios, especialmente em Icaraí e Santa Rosa, bairros do entorno do Caio Martins, além da prática nas Redes da Praia de Icaraí. O voleibol virou mania entre os jovens em Niterói e a Prefeitura tornou a incentivar a prática através de novas versões dos Campeonatos Colegiais. A partir da prática nas escolas, começam a surgir novos adeptos e grandes valores, inclusive com passagem nas seleções nacionais ainda nesta década.      

Colocação Geral        

Masculino: 1) URSS, 2) Tchecoslováquia, 3) Romênia, 4) Polônia, 5) Brasil, 6) Hungria, 7) Estados Unidos, 8) Japão, 9) França, 10) Venezuela, 11) Argentina, 12) Paraguai, 13) Uruguai, 14) Peru, 15) Índia, 15) México, 15) Rep. Dominicana. (estes três últimos não compareceram, apesar de inscritos)    

Feminino: 1) URSS, 2) Japão, 3) Tchecoslováquia, 4) Polônia, 5) Brasil, 6) Estados Unidos,7)Peru,8)Argentina, 9) Uruguai, 10) Alemanha Ocidental, 11) Paraguai (não compareceu apesar de inscrito).     

Antecedentes. Ainda em Paris, no ano de 1956, na seção de abertura do Congresso Mundial de Voleibol, dezenas de delegações participantes apresentaram suas credenciais e, após as proposições protocolares, iniciaram os debates em torno de vários itens constantes da Ordem do Dia. Desses, o que maior importância suscitava era o que indicaria a colocação dos países nas várias séries de cada categoria. No dia seguinte, o Congresso trataria da próxima sede para os Campeonatos e já se previa um duelo acirrado entre a Polônia, já com prioridade antecipada, e o Brasil, solicitador há um mês. Os observadores acreditavam que a Polônia, além da simpatia óbvia de todo o bloco da Cortina de Ferro, contaria ainda com o apoio de muitos países europeus interessados em não sair do continente. Todavia, havia esperança de que a própria Polônia abrisse mão em favor do Brasil, possibilidade que veio a se concretizar. Gil Carneiro participou de dois outros congressos na Europa para consolidar o Brasil como sede do Mundial. O país concorrente – Polônia – aceitou as condições oferecidas pelo Brasil, contribuindo dessa forma para que pudéssemos patrocinar o certame. A quantia de Cr$1.250.000,00 oferecida para transporte da delegação polonesa foi aceita e, no caso do campeonato ter saldo favorável, o Brasil se comprometeu a aumentar a cota da Polônia. Gil teve também a ajuda do russo Savin, pai do excelente jogador que brilharia no cenário mundial na década de 80. Ficou também acertado que o país não poderia arcar com despesas de hotel para as delegações e que as mesmas seriam alojadas em dependências modestas, no próprio ginásio, caso contrário o Brasil não poderia realizar o evento. Gil conseguiu os votos da URSS, França, Tchecoslováquia e Iugoslávia, países que comandavam a FIVB.           

Confederação Brasileira de Volley-Ball. Para viabilizar os campeonatos, a primeira providência foi empossar na presidência da CBV alguém de prestígio e suficiente crédito para alavancar todas as providências e dar credibilidade à estrutura que teria que ser montada. Esta pessoa foi o Sr. Paulo Monteiro Mendes, na época presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, localizada em Volta Redonda (RJ). A sede da companhia ficava na cidade do Rio de Janeiro e, ela mesma, já desenvolvia apoio ao voleibol, com uma equipe competitiva formada em 1957-58, com excelentes atletas – Quaresma, Borboleta, Roque, Afonso, Newdon – integrantes da seleção de 60. Todos eram funcionários da CSN e participavam dos seus eventos esportivos. Era o início de uma profissionalização no esporte, como veremos.           

 Sedes. Foram, então, criadas três sedes para a fase classificatória na qual também o país-sede – o Brasil – participaria. Assim, as equipes foram distribuídas por Belo Horizonte (MG), São Paulo (capital), Santo André (SP) e Santos (SP). O Brasil (masculino) classificou-se jogando nesta última. A fase final desenvolveu-se em Niterói (RJ) no ginásio do Caio Martins e Maracanãzinho, no Rio de Janeiro (DF), sendo que todas as equipes estavam concentradas no ginásio do Caio Martins, em Niterói, exceção da URSS (masculina), que utilizou um hotel de Copacabana, no Rio.     

A seguir veremos como a “diplomacia brasileira” através de José Gil Carneiro de Mendonça conseguiu trazer para o Brasil esses Campeonatos Mundiais. Aguardem.

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