Professor de Vôlei (V)

Poder Pùblico

Roberto Pimentel, 15.7.2009  Vejo que coordenar ou administrar eventos é complexo, especialmente quando se está servindo a um órgão público. Sua posição é delicada, não tem garantia alguma se estará no cargo no dia seguinte. E todos os participantes sabem disso. Dessa forma, fica muito difícil permanecer na função com independência, pois terá que ter muito “jogo de cintura”. Pelo que consta do site, são muitos os personagens no staff administrativo e, com certeza, cada um com vários interesses. Diz-se com muita propriedade que “nada dá certo quando o poder público comanda qualquer coisa neste País”.  Torço para que vocês sejam a exceção, mas se continuarem a agir da forma que estão fazendo, nada mudará. Aliás, com a entrada de novas modalidades o problema se agravará, uma vez que estará visando o aumento de participantes, quando o problema real está no docente e a direção pedagógica da escola. E, também, na organização do evento que repete os mesmos erros filosóficos e pedagógicos de nossos tempos: a exclusão de muitos em favor de uma minoria. Por que não organizar eventos de caráter INCLUSIVO? É a única fórmula que conheço para uma perspectiva de incremento no número de participantes, o que daria o mérito à Secretaria de produzir a inclusão de todos os alunos, não só os mais talentosos. Pela excelente descrição que nos brindou, uma verdadeira avaliação, percebo que um diagnóstico concreto conduziria suas ações para aspectos menos competitivos – onde o tom não deveria ser a competição, a busca dos talentosos, mas a QUALIDADE do ensino na própria escola. E esta qualidade deverá passar sempre pelo atendimento de TODOS, e não somente os selecionáveis. Este é o principal erro do modelo a que estamos acostumados e que copiamos ano após ano. E ainda proclamamos que o “esporte educa…”

Certa feita estive com uma diretora de escola particular famosa em Niterói e conversamos sobre este assunto. Ela dizia que o educandário estava ótimo no quesito Educação Física, pois as equipes femininas eram participantes e vencedoras em campeonatos cariocas. Congratulei-me com a escola por ter duas equipes de destaque (24 atletas) e indaguei-lhe a respeito dos 376 alunos restantes, objeto de meu interesse. Calou-se!

Proclamam que tais atividades tiram as crianças das ruas, contribui para socializá-las, é um direito constitucional etc., mas, na prática, as ações são efêmeras e pouco eficazes. Repetem-se as mesmas fórmulas excludentes. Aliás, como relata, já não se consegue manter os mesmos praticantes, que se desencantam e tomam outros caminhos. Não mais acreditam no que estão fazendo, saem em busca de outros divertimentos ou atrações. Se tal acontece no nível de competição (entre os selecionados na escola), imagine quanto aos demais.  

Um “recomeço”. Mantenha o que vem fazendo e produza novo evento utilizando somente o minivoleibol (tem a preferência das meninas) sem a preocupação de competições e vencedores, mas verdadeiros Festivais de congraçamento (os gastos são mínimos). P. ex., a escola que se apresentar com maior nº de componentes – alunos, pais, professores de outras disciplinas e afins – recebe um carinho especial (menção). Tem o mérito de aproximar da escola os responsáveis. Estes Festivais poderiam ser mensais, somente aos sábados. Os professores teriam que ter instruções preliminares (um curso lhes faria bem), mesmo os mais iluminados, para aprenderem a dar aulas para muitos alunos ao mesmo tempo. Provavelmente com professor gabaritado (em quem acreditem), não importa se da própria comunidade (consulte a todos) ou renomado, importante é que tenha conhecimento “profundo” e uma experiência neste mister. Certamente, não encontrará fácil este indivíduo no mercado. Tem até técnico da seleção nesta empreitada, mas…

Existe um colégio em Niterói que utiliza o minivoleibol há mais de 25 anos – as redes ficam disponibilizadas no pátio 24 horas. Os próprios alunos organizam os seus torneios sem interferência de qualquer professor. Cada turma (ciclo) tem a sua organização. Ao longo destes anos, quando o aluno opta por atuar na equipe do colégio, faz a alegria do professor responsável, pois já sabe jogar e tem uma experiência de vários anos. Dali surgiu, por acaso, um campeão mundial infanto-juvenil, o Leonardo. Este fato passou despercebido para os docentes, uma vez que a orientação sempre foi que o aluno fizesse a sua própria escolha e atuasse (fora da aula de EF) por sua vontade. E como jogam…!

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