Professor de Vôlei (III)

3. Cursos de Formação Continuada

Guilherme, 10.7.2009 – Realmente a proposta do minivolei se perdeu pelo interesse mercantilista e se tornou até bem rentável visto que eu consigo montar quadras de minivolei por menos de R$ 250,00, muito abaixo do que é cobrado pela federação. Estou agora mesmo finalizando a remodelação da quadra do Colégio Pedro II no Rio de Janeiro ( Engenho Novo) onde trabalho, com a montagem de 3 quadras dentro dos 3 espaços de 9 x 6 metros da quadra de Voleibol. Quando me referi ao conhecimento, o mais profundo possível, quis dizer exatamente o que você salientou. O professor ou a pessoa que trabalha na iniciação não está devidamente preparada. Num dos dois cursos de especialização de Voleibol que fiz, ( o de nível 3 da Confederação) fui perguntado ao final do curso por que eu havia decidido fazê-lo já que eu não era um dos ex-atletas e nem alguém do meio. Respondi que era exatamente para adquirir o conhecimento necessário daquilo que um atleta de voleibol precisa saber no alto nível para poder ludicamente mostrar às crianças iniciantes o caminho melhor  para se atingir o ápice. Talvez desta forma o futuro atleta consiga chegar com uma condiçao melhor e com muito menos erros a serem corrigidos já que isto também não é devidamente observado. Na maioria dos casos prefere-se ceifar aqueles que têm algum defeito. Não se corrige o jovem com alegações de não terem tempo para isto, eu diria que é mais por falta de não se saber corrigir. Um grande abraço e aguardo com bastante interesse o lançamento de seu site para continuarmos a trocar informações.

Roberto Pimentel, 10.7.2009 – Imagino que tenha ganho um grande parceiro nesta cruzada. E você citou algo que outrora muito me marcou. Trata-se da empáfia de alguns treinadores que, às vezes prestam um plantão nos cursos da Confederação e, nesta condição, parecem estar prestando um grande favor aos simples mortais que vão ali para arender e pagam por isto. Taxar um professor ou mesmo um indivíduo que não tenha sido federado – “não é do ramo” ou “do meio” – não dá direito a ninguém de ser tratado com tanto desprezo. Um amigo meu já passou por tamanho descalabro. É uma pena que continuem a ser solicitados pela entidade para instruirem os agentes educadores “do ramo”. E, mesmo assim, conheço vários que nunca jogaram voleibol, foram iniciados treinando mirins, infantis, simples auxiliares. Mais tarde, talvez por obra do “espírito santo”, tornaram-se os donos da verdade e acham que podem espezinhar os que lhe vão suceder. Realmente é uma pena! E tenho certeza de que são resquícios dos tempos de ditadura a que estivemos submetidos. Duvido que em algum curso no Brasil vão lhe dar informações a respeito da iniciação para crianças e até mesmo para adultos. Eles NÃO SÃO DO RAMO. Querem esquecer que um dia já tiveram que fazê-lo e não souberam. Podem até imaginar que se foram campeões com as suas equipes, receberam o diploma de capacitação. Pobres coitados… Se precisar de ajuda imediata no Pedro II fale-me. Creio que numa quadra com as dimensões do basquetebol você poderá dispor de 4 campos, abrigando pelo menos 36 alunos em prática constante. Ainda a respeito de seus primeiros dizeres (1ª aparição) aconselho-o a não se preocupar com a perfeição dos movimentos técnicos. Seria de bom alvitre que os alunos absorvessem as instruções para que possam se divertir e jogar. Para tanto, alguns detalhes podem facilitar a tarefa do professor. Posteriormente, a pouco e pouco, tem início as primeiras instruções para a melhoria da técnica individual, lembrando que pode ser feita “brincando”. Nada de coisas chatas! 

Guilherme, 10.7.2009 – Realmente você acertou em cheio como eu me senti fazendo o primeiro curso de especialização onde estavam vários figurões do Voleibol, alguns campeões olímpicos inclusive. E a dificuldade que alguns apresentavam diante de um probleminha simples era gritante mas prontamente abafada pelo Coordenador do curso ( o da empáfia). Claro tambem que nem todos os figurões tinham o mesmo comportamento. Sete anos depois encontrei-me com este mesmo Coordenador em um outro curso e percebi que alguma coisa havia mudado. Estava um pouco mais humilde e durante o curso confessou que precisava mudar a forma de apresentar o curso, dando uma maior importância à iniciação. Agradeço seu conselho e vejo que sempre estive num caminho adequado pois não tenho muito esta preocupação. Meus alunos tem a total liberdade de criar e sempre lhes apresento jogos e brincadeiras em que a exímia execução não faz parte do contexto. Tenho sempre o cuidado de apresentar o movimento de forma lúdica conforme aprendi com aquele que foi um de meus inspiradores ( Prof. Afonso MacDowell da UFRJ, deve ter sido de seu tempo também). Agradeço a sua ajuda e pode contar também com minha humilde colaboração. E lembre-se de me enviar o endereço do site quando estiver no ar.

Roberto Pimentel, 11.7.2009 – O minivoleibol na UFRJ?

Um pouco de história (experiência) sempre pode ajudar a construir o futuro e saber onde se está pisando. Isto ajuda a alicerçar os nossos pensamentos e idéias, que vão clarear os passos péla vida. Penso que conheço relativamenet bem o Professor Afonso e ele a mim, provavelmente desde 1959, desde o Botafogo. Ele é uma ou duas turmas após a minha na antiga Escola Nacional de Edução Física e Esportes (atual UFRJ). Conclui o curso em 1967. Sou pioneiro do minivoleibol no Brasil. A primeira manifestação deu-se em Recife (PE) em janeiro/1974, no primeiro dos dois cursos que ali realizei com o patrocínio do SESI-Nacional. Um outro curso (3 dias) foi em Santo André, em instalações também do SESI, com a participação de professores que se tornariam famosos no cenário esportivo do País, como Walderbi Romani (ex-técnico de seleção brasileira) e José Brunoro, que as novas gerações aprenderam a admirar por seus excelentes trabalhos em diversas áreas até nossos dias. Por diversos anos ofereci-me a universidades para realizar palestras e aulas-demonstração da metodologia que estava desenvolvendo e colocando em contraponto ao que se fazia em matéria de iniciação, inclusive na UFRJ. Somente o Paulo Matta, em 81, convidou-me para tal, no curso de técnica da UERJ. O Célio, na Gama Filho, junto com o seu auxiliar de ensino, o professor Luís Washington Cancela, também do Pedro II (São Cristóvão). Este, posteriormente, adquiriu o equipamento que produzo: três redes e os respectivos postes e bases para sua instalação. Algum tempo depois, o professor Vasco, adjunto na UFRJ aceitou meu oferecimento e lá estive em duas ocasiões. Na primeira, o Afonso estava aposentado; na segunda, havia retornado á cátedra, e assistiu minha aula sem qualquer manifestação ou comentário. Daí para frente, nada me foi dito nem perguntado. Ignoro… Existem mais coisas sobre o mini voleibol e sua metodologia que conto no livro que estarei lançando em breve sobre a História do Voleibol no Brasil.

Guilherme, 11.7.2009 – Estudei na UFRJ entre 1976 e 1980 e em nenhum momento foi mencionada a palavra minivoleibol. Fiz ainda a minha primeira especialização em Voleibol na UFRJ (1978) e também neste curso não houve menção alguma. Apenas bem mais tarde eu vim a conhecer esta metodologia através do Prof. Marco Aurélio por meio da Confederação que fazia demonstrações nas Escolas para vender o produto. Trabalho atualmente na Coordenação dos Jogos Estudantis de Duque de Caxias e consegui desde o ano passado implantar como uma das modalidades infantis o minivoleibol para desta forma obrigar aos professores das escolas do município utilizar de um meio lúdico para despertar o interesse de seus alunos pelo voleibol. Esta infelizmente tem sido a única maneira de conseguir que os professores trabalhem da forma adequada, pois o que se observava nos anos anteriores era uma sucessão de erros e de exigências absurdas que os professores impunham a seus alunos. O minivolei é jogado na categoria sub 12 e no voleibol infantil (até 14 anos) utilizo a mesma regra que a Federação Carioca utiliza no mirim, ou seja, a proibição do sistema 5 x 1, do líbero, do saque saltado e de 2 substituições no segundo set. Estou agora, se achar tempo, preparando uma apostila do minivolei para os professores já que temos um site específico dos Jogos e, através dele, coloco alguns textos para a reciclagem deles e gostaria de sua colaboração. Caso queira visitar o site acesse http://www.jogosestudantis.com.br.

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