Voleibol vs. Queimada
Historicamente sabemos que existem e também são colocadas muitas dificuldades para o ensino do voleibol nas escolas, desde condições materiais às premissas de que as próprias crianças ainda não reúnem as condições psicomotoras necessárias para um satisfatório rendimento das aulas. Então, o futebol e o jogo queimada passam a ter prevalência por comodidade. Para desfazer alguns rótulos, proponho um acompanhamento mais detalhado e profícuo dos pontos abordados neste trabalho, que não tem fim. Ele apenas começa aqui. Deixo minha certeza de que o profissional de Educação Física é o ÚNICO que reúne as condições para ministrar aulas e treinamentos pertinentes à sua área de atuação. Contudo, é importante que esteja preparado e assim o queira. Inicialmente, os conselhos dados dizem respeito a anotações práticas entre aulas para colegiais e não em treinamento competitivo. E uma advertência. O discurso que se segue é, obviamente, tanto para estudantes de sexo masculino quanto do sexo feminino, até por que em nossa língua as expressões neutras são ”válidas e tendenciosas” para o sexo masculino. Não vai nesse uso gramatical qualquer discriminação de sexo. Limito-me a fazer sempre a preferência pelo feminino, até como uma homenagem às mulheres e, especialmente, às “minhas primeiras professoras”. A elas se destinam os conselhos nesta pequenina obra. Mas valem também para as vestibulandas e alunas das universidades, a quem gostaria que entendessem melhor como funciona a alquimia dessas minhas questões. Esclareço que este ensaio trata apenas de uma série de considerações a respeito da maneira de apresentar uma situação de voleibol aos alunos. Fique claro, igualmente, que não estarei dizendo a ninguém o que colocar em pauta. Isto ocorre por conta de cada um. O tipo de questões a que me refiro é o que se efetua com certeza nas faculdades de Educação Física. Dado que minha experiência é limitada, é natural que a maior parte dos exemplos se refira a temas já estudados. Então desperto para algumas questões que constituem óbices a uma boa iniciação e devem ser enfrentadas de modo que o jogo se torne animado e divertido. Assim, participe!
Conhecendo suas alunas – Emoção e inteligência andam juntas[1]
A célebre frase “Penso, logo existo”, de René Descartes, ganhou nova versão: “Sinto, logo existo”. Os estudiosos asseguram que a emoção, por mais contraditório que pareça, pode e deve ser utilizada no ambiente em que se vive, como forma de alcançar melhores resultados, seja qual for a sua área de atuação. Estamos acostumados com a emoção sendo uma coisa dissociada da razão. A maioria das situações que enfrentamos no dia a dia, no entanto, não tem fundo lógico, mas emocional. Atualmente, nas mais diversas atividades, valoriza-se muito mais a capacidade que temos de crescer como equipe. “Quem é pouco inteligente emocionalmente tem dificuldades de colaborar e de crescer com o grupo”. Na prática, o que identifica uma pessoa emocionalmente inteligente é a existência de um forte senso de equipe, que permite que as diferenças pessoais e conflitos sejam amplamente utilizadas para maximizar resultados. Mas não é apenas a capacidade de trabalhar em equipe que torna uma pessoa inteligente emocionalmente. Mesmo porque o conceito de emoção inteligente é razoavelmente novo em nossa cultura e é preciso reavaliar antigos ensinamentos que levavam a crer que razão e emoção têm que andar separadas e que a emoção só atrapalha a razão. Para isso, o primeiro passo é reaprender a identificar as emoções e não mais ignorá-las.
Quadro emocional – Consiste na utilização de quadros com fotos dos participantes de uma equipe afixadas, onde pinos coloridos indicam o estado emocional de cada um, dia após dia. Uma atleta que esteja sentindo-se mal emocionalmente escolhe e coloca o pino vermelho ao lado de sua foto. O verde indica bem estar e o amarelo alerta. A intenção é deixar todos à vontade para expressar suas emoções, não apenas para as colegas de equipe, como também para a equipe técnica. De acordo com o indicativo oferecido, pode haver, inclusive, alteração da rotina de exercícios ou de jogo. Tarefas que possam requerer grande atenção não são indicadas, p.ex., para alguém que tenha alertado com o sinal vermelho, uma vez que pode estar sujeita a cometer erros. Esta técnica deve ser usada em todos os escalões da equipe.
Valorização das emoções nas atividades – É muito mais fácil e produtivo lidar com alguém quando se conhece o seu estado emocional. Quando se fala da emoção ela deixa de ser “tabu”. Identificada a emoção, é preciso aprender a gerenciá-la. É neste momento que começa a parte mais delicada do desenvolvimento da inteligência emocional. “Os estímulos do cotidiano têm influência no âmbito emocional. Em geral, acredita-se que a cada estímulo corresponde uma resposta no mesmo nível. Mas é possível criar respostas diferentes do estímulo”. Em outras palavras, aprender a racionalizar a emoção ou a processá-la de forma inteligente é a chave do que os especialistas chamam de inteligência emocional. Ao perceber-se diante de uma situação de conflito ou tensão, uma atleta emocionalmente inteligente não se deixa levar pelo impulso, nem “paga na mesma moeda”. Busca detectar que tipo de resultado atingirá com as variadas reações que possa perceber e escolhe a que mais se adequa ao resultado a que se quer obter. Não se trata de dissimular emoções ou reprimi-las, mas de aprender a expressá-las adequadamente. Observa-se que quando a emoção das integrantes de uma equipe é levada em consideração, os resultados são, em geral, mais positivos. Para os psicólogos, são justamente as líderes de uma equipe que mais necessitam de orientação neste sentido. “Tem que haver programas voltados para a equipe técnica, que é quem gerencia a equipe. Essas pessoas precisam, antes de qualquer um, a aprender a lidar com as suas emoções”. Observa-se, ainda, que as pessoas mais antigas têm mais dificuldade de lidar com as próprias emoções e também com as emoções alheias. Já as mulheres, em particular, demonstram inteligência emocional mais desenvolvida do que os homens. Para identificar uma atleta emocionalmente inteligente dentro de uma equipe é simples: “basta detectar aquela que atrai pessoas e cativa a confiança com facilidade. As grandes líderes são emocionalmente inteligentes porque escutam muito, têm direção e sabem comunicar com muita elegância”.
Métodos de avaliação – Esta avaliação começa a ser levada em consideração, embora ainda de maneira tímida. No caso de uma candidata à liderança (a levantadora, p. ex.) é fundamental que seja submetida a atividades em grupo que permitam avaliar sua criatividade, capacidade de interação, de agir e reagir. Características a serem consideradas: 1. Conhecimento das próprias emoções; 2. Sensibilidade para reconhecer as emoções alheias; 3. Conhecimento das formas de expressão de emoções mais adequadas a cada circunstância; 4. Habilidade para trabalhar em grupo; 5. Capacidade de cativar a confiança das demais no ambiente de atuação.
[1] Com base no artigo de Letícia Kfuri, “Emoção e inteligência andam juntas”, Jornal do Commércio, 21/5/2.000.


4.6.2013 – (Velasquez) Excelentes questões! Você simplesmente ganhou um novo leitor. O que você poderia sugerir em relação à sua publicação que você fez alguns dias atrás?
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