Evolução das Regras, 1947-59

Como era jogado o voleibol

1947. Somente jogadores da linha de frente (ataque) podem trocar de posição para atacar e bloquear. Entre 18-20 de abril, 14 federações fundaram a FIVB, com sede em Paris. O francês Paul Libaud foi eleito o primeiro presidente. As regras do jogo – americana e europeia – foram harmonizadas. A quadra com as medidas de 9m x 18m; e a altura da rede estabelecida em 2,43m para homens e 2,24m para mulheres. Somente na Ásia as regras eram diferenciadas: ”a quadra medindo 21,35m x 10, 67m, e a rede medindo 2,28m para homens e 2,13m para mulheres; não havia rotação dos jogadores na quadra, onde atuavam 9 atletas em três linhas”. 

1948. O primeiro campeonato europeu masculino foi realizado em Roma e teve como vencedora a Tchecoslováquia. Após a guerra, as regras foram reescritas e simplificadas para facilitar a interpretação. Em particular, uma melhor definição da ideia de bloqueio, e a zona de saque limitada. Também estabeleceram que cada um dos jogadores se colocasse em suas respectivas posições durante o serviço; os pontos consignados incorretamente por um sacador deveriam ser anulados; os contatos simultâneos de dois jogadores deveriam ser considerados como um só toque; tempos para descanso seriam de um minuto, exceto em caso de lesão (até 5min); e o tempo entre um set e outro foi fixado em 3 minutos.

1949. Primeira versão do campeonato europeu feminino em Praga (Tchecoslováquia), vencido pela URSS. Na mesma cidade foi também realizado o primeiro Campeonato Mundial masculino, vencido também pela URSS. O Comitê Olímpico Internacional negou a inclusão do voleibol nas Olimpíadas.

Década de 50, Curiosidades

1. Velocidade da cortada – uma bola bem cortada podia adquirir a velocidade de 160 km/h. O Professor McCloy, da Universidade Estadual de Iowa, EUA, registrou velocidades de mais de 160km/h.

2. Cortada balanceada – quando a bola está longe e você não pode colocar-se atrás dela, use um movimento balanceado giratório (de braço). Bata na bola com a base da mão, mantendo a palma e os dedos ligeira e rigidamente curvos (acompanhando a curvatura da bola), semelhante ao que ocorre no saque balanceado (cortada de gancho).

3. Linha de ataque – (…) alguns a denominam de bloqueio ou linha de limite. O propósito desta linha é evitar que os jogadores excessivamente altos que estejam na defesa venham à rede para bloquear todas as bolas, o que não é válido. Os jogadores de defesa podem bloquear a bola, mas em cima ou atrás da linha de bloqueio.

4. A bola – o jogo oficial é praticado com uma bola esférica composta de um invólucro de couro flexível, de cor uniforme, ‘sem cordão’, de 18 gomos ou um invólucro de borracha apenas, com não menos de 65 cm e não mais de 67cm de circunferência, contendo no seu interior uma câmara de ar de borracha ou material similar. Bola de couro, com pressão entre 0,48kg/cm2 e 0,52kg/cm2 e bola de borracha (0,47 e 0,49). Peso: masculino (250g a 280g) e feminino (230g a 250g).

5. Cuidados com a bola – depois de corretamente cheias e após o uso, as bolas devem ser guardadas em compartimentos frescos e limpos. Não devem nunca ser “chutadas”, servir de assento, ou golpeadas contra superfícies ásperas e irregulares. Recomenda-se o uso de sebo de sela para mantê-las limpas e para reservar o couro. De acordo com as decisões da CBV, a bola deve ser branca, possuir 18 gomos e estar dentro das pressões limites.

6. Saque – (…) o saque pode ser dado saltando ou na corrida. O jogador, após haver sacado, pode cair sobre o campo de jogo ou sobre a linha de fundo.

7. Inovação do jogo – em todo jogo internacional são jogados três sets vencedores.

8. Jogo na rede – (…) o dois toques (proposital) no bloqueio deve ser punido.

1951. Em seu terceiro Congresso, a FIVB decidiu que será permitido ao atacante “invadir” com as mãos durante o bloqueio, mas somente após a fase final da cortada. Esta recomendação passou a ser cumprida somente após as Olimpíadas de 1964.

1953. Em seu quarto Congresso, a FIVB definiu as ações e terminologia da arbitragem.

1955. A USVBA organizou oficialmente a prática do jogo nos EUA com vistas aos Jogos Pan-Americanos. Mexicana: Equipe do México realiza cortadas de “tempo”, no meio da rede (Pan-Americano de 55).

1957. Após a realização de torneio demonstrativo durante o 53° Congresso do COI, seus membros decidiram pela inclusão do voleibol nos Jogos Olímpicos de 1964, a serem disputados em Tóquio, Japão. Atribuições foram dadas para a inclusão de um segundo árbitro: a duração dos pedidos de tempo foi limitada para 1 minuto e 30 segundos. Modificadas as regras do vôlei feminino pela Divisão de Esportes das Moças e Mulheres da Associação Americana de Saúde, Educação Física e Recreação para que se igualassem às regras do masculino da USVBA.

Regras. As Regras Oficiais[1] foram resumidas por João Lotufo (“Voleibol”, 1957, p.8) a título de ilustração e mais rápida compreensão, inclusive do que era essencial:

  • Um sorteio determina quem dará o saque.
  • Cada jogador do quadro dará o saque por sua vez e fará uma tentativa para atirar a bola para o campo adversário sem que toque a rede.
  • O jogador que dá o saque não deve ter contato com o campo ou a linha que o limita.
  • Não há restrições quanto ao modo de dar o saque, a não ser que o sacador deve permanecer na área do saque, com um dos pés, pelo menos tocando o solo e que a bola seja claramente batida.
  • É declarado o rodízio quando a bola do saque tocar a rede.
  • Se o jogador tocar a bola ou for por esta tocado, considera-se como se tivesse jogado.
  • É permitido sair dos limites (da quadra) e apanhar a bola.
  • A bola não poderá ser agarrada. Deve ser claramente batida.
  • A bola que toca o corpo mais de uma vez, simultaneamente, é legal.
  • O quadro (time) perdedor tem o direito ao saque na partida seguinte.
  • É permitido jogar bola usando qualquer parte do corpo acima dos quadris.
  • A bola é conservada em jogo ao bater na rede e passar ao campo contrário. No saque, porém, a bola não pode tocar a rede; se a bola não passar nitidamente sobre a rede, ficará de posse do outro quadro.
  • A bola que é enviada à rede por um dos quadros pode ser recuperada uma vez que a rede não seja tocada por nenhum jogador.
  • Um jogador pode bater na bola 2 vezes numa jogada, mas não consecutiva.
  • A bola deve ser devolvida para o campo adversário após o terceiro contato.
  • Os jogadores não podem tocar a bola ou passar além da linha de centro. Isto ocasiona a perda da bola se o quadro que sacou comete a falta e conta um ponto para quem saca no caso dos oponentes cometerem a falta. Se ambos os quadros tocam a rede simultaneamente, a bola é declarada “morta” e é dado novo saque.
  • Os jogadores de linha final – da defesa – têm a liberdade de mover-se no seu campo, mas não podem correr para a rede e cortar ou matar a bola.
  • Quinze pontos representam vitória, uma vez que haja diferença de dois pontos. A contagem pode ser de 15-13, 16-14, 17-15 etc.

1958. Os tchecos inventaram a manchete (bagger). Barreira: ainda vigorava a barreira para o saque; foi abolida a seguir. Os três atacantes postavam-se, juntos, entre o sacador de sua equipe e a rede, dificultando a visão dos adversários. Era, inclusive, permitido levantar os braços e movimentar-se. O 4° jogador (defesa-centro) também se juntava ao grupo, respeitando a posição de rodízio, isto é, atrás do seu correspondente e à esquerda do sacador. O sexto jogador (defesa-esquerdo) não participava da operação, dando a cobertura necessária contra uma possível devolução imediata da bola.

1959. No Congresso da FIVB, em Budapeste, ficou decidida a proibição da “barreira” quando da execução do saque e a limitação da “invasão” por baixo com o pé (bastava tocar a linha). Jogo: Melhor de três sets vencedores a partir de 1957. Ataque: Puxadas e batidas (cortadas de mão fechada); a seguir, foram proibidas; cortadas com corrida (salto numa perna): alguns poucos jogadores realizavam este tipo de ataque; as passadas eram similares à entrada em bandeja do basquete. Tática: Sistemas de jogo – inicialmente, 3×3, até o 4×2. Na época as equipes tinham suas “duplas” de jogadores; a cada atacante correspondia um e somente um levantador. Dizia-se que o jogador tinha que carregar seu material de jogo na maleta e o seu próprio levantador, geralmente baixinho. Introdução do sistema 4×2 com Paulo Azeredo, técnico do Fluminense, no Sul-Americano de 1951. Toque: A exigência da perfeição na recepção caracterizou algumas providências táticas, pois quem tinha dificuldades no toque era caçado durante todo o jogo. Assim, ele era escondido da recepção, como é ainda hoje. Recepção (do saque): Realizada com o emprego de rolamentos para trás (saques mais fortes); sacrificava o jogador que estava na rede (atacante), uma vez que deveria, imediatamente, se apresentar para a cortada. Era uma medida tática de quem sacava, pois, invariavelmente, eliminava aquele jogador de um possível ataque. Quando realizada com defeito, poderia originar um xeque, isto é, a bola ultrapassava a rede e propiciava um ataque imediato do adversário. Lavadeira: Proibida a lavadeira, que consistia num toque de bola carregado, de baixo para cima, com ambas as mãos em pronação (1952); tem este nome por causa do mesmo movimento feito no basquete, em arremessos à cesta, por baixo, estando a bola próxima aos joelhos do atleta; muito usado à época para cobrança de arremessos livres (faltas) no garrafão. Saque: Já existia o saque balanceado, também chamado americano (equipe americana, Pan-Americano de 1955); também o saque tênis (saque por cima). Jorginho usava inclusive o saque americano “com corrida”, que consagrou o russo Yuri Pojarkov no Mundial de 60, no Rio. Xeque: “Bola de graça”, ou bola que vem de xeque; ataque realizado por um jogador de rede quando sua equipe recebe a bola graças a um erro do adversário (ver Recepção). Largada: Ataque com leve toque na bola, principalmente com a ponta dos dedos, estando a mão ligeiramente aberta; o atacante procura direcioná-la para a zona da quadra adversária menos coberta pelos defensores. Quase sempre era realizada “atrás do bloqueio”, o que levou muitos técnicos a alterar o sistema defensivo, colocando um defensor na cobertura do bloqueio. Largamente empregado pelas equipes femininas da Rússia. Explorar (o bloqueio): O atacante arremessa propositalmente a bola contra as mãos do(s) bloqueador(es), visando uma trajetória para fora de jogo. Às vezes, até para o alto, tudo dependendo do momento: altura e proximidade da bola em relação à rede. Jogadores mais técnicos usavam o recurso de aproveitar o bloqueio (errôneo) de bolas impossíveis de serem cortadas para recuperar a bola com um leve toque na mão do bloqueador e, assim, ter direito aos três toques seguintes. Ataque: Com força: normalmente dirigido à diagonal ou paralela. Indicativos da trajetória da bola em relação às linhas laterais da quadra. Cravada: cortada violenta, de cima para baixo, antes da linha dos 3m. Sem força: ataque dito técnico, em que o atleta tem visão perfeita da colocação dos adversários e os ilude com sua habilidade e inteligência. Também denominada meia batida.

[1] Mantida a terminologia empregada pelo autor citado.

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