Teoria do Conhecimento

Aprender a Ensinar

“Ensinar não é uma ciência, mas uma arte”. Ensinar está em correlação com aprender. Eu me faço criança quando em aula e isto parece ser um diferencial. Tento ler na face do aluno, tento ver as suas expectativas e dificuldades, ponho-me no seu lugar. Questões metodológicas e pedagógicas serão tratadas à luz dos escritos de renomados mestres, e perfeitamente aplicáveis em sala de aula ou mesmo em comunidades, transportando-nos da teoria à realidade de cada grupo de pessoas.

Teoria do Conhecimento. No desenvolvimento de meus projetos, nas experiências de minhas próprias aulas e no diálogo com professores em variadas regiões do país, tenho me colocado como um pesquisador, pois andei formulando hipóteses e, mais ainda, confrontei-as com a prática e com a metodologia vigente nas universidades, com o fito de avançar na formalização das ações e dos fatos. Trata-se de um processo epistemológico – teoria do conhecimento – em psicocinética.

“A ciência do movimento humano só progredirá de fato na medida em que for simultaneamente teórica e prática”.

Quando Le Boulch descreve sumariamente este processo, isto me leva a imaginar um de nós com um texto ou página de livro assistindo uma aula de educação física numa escola. Tente compatibilizar as duas coisas: texto e prática. Descobrirá que existe um verdadeiro abismo entre o que dizemos, o que lemos e o que praticamos. Para tanto, venho desenvolvendo um projeto calcado em buscas na Psicologia Pedagógica em que objetivo realizar concretamente esta ponte entre a teoria e a prática. A tarefa é árdua e lenta e impossível de ser concretizada por um só indivíduo. Mais uma vez peço sua colaboração e empenho compartilhando comigo seu conhecimento e experiências.

“O conhecimento é essencialmente o fruto da colaboração entre o que é sensível e o que é racional. Ele é elaborado em três estágios: da observação vivida ao pensamento abstrato, do pensamento abstrato à prática”.

Dessa forma, pretendo instiga-lo a uma colaboração estreita, muito próxima, especialmente quando se trata de profissionais menos experientes, ávidos por resolver os problemas que descobrem em suas práticas diárias, mas que ainda não têm em geral uma formação suficiente no plano científico. Quase sempre serão levados naturalmente a resolver estes problemas práticos aplicando certo número de ‘receitas’ técnicas que representam outras fórmulas dogmáticas, as famosas receitas-de-bolo.

Quer um exemplo? Os inúmeros cursos de voleibol que conhece praticados em todo o país. O interessado recebe uma apostila (cartilha), é instado à frequência plena às aulas (curta duração), sem direito à contestação à quase leitura da matéria (“está tudo na apostila”). E para culminar, uma “prova” de aptidão para o esporte, constante de execução de saque, cortada etc. A seguir, o certificado de conclusão, verdadeira conquista! Com ele, sabe-se lá, podem-se pleitear melhores salários, pois enriqueceu o currículo. E depois, o que acontece com a prática diária?

Estou falando em tese e não pretendo denegrir as evidentes vantagens dos cursos. Chamo a atenção tão somente para o fato de que existem “cursos e cursos”, cabe ao interessado discernir e avaliar se valeu a pena no sentido da aquisição de conhecimento. Se o interesse era o diploma, é outra história.

Tudo o que foi dito nos traz de volta às minhas intenções. A mim interessa um diálogo construtivo a respeito do ensino do movimento, seja ele direcionado ao voleibol, basquete, futebol ou outro qualquer desporto. As bases científicas, a metodologia e pedagogia sempre surgirão se rebuscarmos e nos mostrarmos curiosos e interessados. Quais são elas, o que é melhor para o meu grupo em determinado momento, como evoluir e outras indagações, é o que quero descobrir junto com você.

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